segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O amadurecimento de Parreira




Fiquei bem animado com a entrevista que li esta semana do Parreira, sobre a seleção em 2014. Ele disse muitas coisas que tenho pensado e algumas que tenho me esforçado pra dizer aqui por este espaço. Parreira tem mostrado um amadurecimento que me agrada. Até porque, muita gente vai envelhecendo no futebol e nem coragem tem de reparar seus furados conceitos. Desde os 26 anos numa Copa do Mundo, com origem na preparação física, Parreira não conseguia aglutinar em seu trabalho o tamanho da importância técnica e da habilidade em seus conceitos. Ou seja: Parreira trazia a prancheta para os jogadores. E não o inverso, como manda o futebol. Sorte a nossa que em 1993, num momento de quase desespero, foi obrigado a lançar mão de Romário, que lhe mostrou que sem o talento e a habilidade, não haveria equação matemática ou banco de dados que trouxesse o título conquistado um ano depois. O mesmo serviu até pra Zagallo, com sua inseparável paixão defensiva. Não vou postar toda entrevista aqui, mas divulgo o link da mesma para que vocês possam ler na íntegra, pontos de vista e a bela leitura que Parreira faz do que nos espera e de qual seria o comportamento mais adequado e as estratégias que pretende usar em comum acordo com Felipão. Parreira, repito mais uma vez, foi  magnífico nestas suas respostas na entrevista.



ESTADUAIS

Seguem sem maiores surpresas os Estaduais pelo Brasil. O Corinthians começa a ser reerguer, ou pelo menos tentar, mas o Palmeiras parece sentir ainda aquele peso incômodo que acompanha um time que caiu. Falta sorte, moral e qualidade. Sobre o Santos, destaque para aquele maravilhoso chapéu do Neymar, realmente fora do comum. Mesmo que um troglodita qualquer o tenha ameaçado, julgando ter sido humilhado. Quem não tem talento pra superar seu adversário, que se retire de campo. Ali é o pedaço de quem sabe. E não de quem quer destruir o que sabem com esse papo de humilhação a uma agremiação que eles não estão nem aí pra ela.  Em relação ao Estadual do Rio de Janeiro, os primeiros tropeços já eram previsíveis, como no caso de Flamengo e Botafogo. As primeiras rodadas, eu já havia dito, trazem maiores possibilidades de “zebras”, devido ao sobe e desce do condicionamento físico e da imperfeição técnica. Hoje, contra o Volta Redonda, quase pintou mais uma para o Flamengo. A coisa foi resolvida nos últimos 10 segundos. Ufa, ufa!

O Vasco está dando certo e vem se empenhando e se organizando com um bom trabalho de Gaúcho, por enquanto. Os demais times pequenos, sem maiores novidades.

Até porque, nós sabemos que o Campeonato Estadual, desde a Federação, dispõe de pouca grana e tem dono. Tem dono inclusive nos times pequenos. Onde o mais alienado torcedor percebe facilmente de que forma e como gira o carrossel dos comandantes desses times. Se fosse de outra forma, haveria novidades e progressos. Mas, a porteira é fechada mesmo. Ali só entram os “amigos do Rei”

Ah, ia me esquecendo, tivemos nosso primeiro clássico. E se tratando de primeiro clássico, não achei dos piores. Se a entrevista do Abel foi sincera, ele atingiu seu objetivo. Pois estava louco pra empatar, segundo disse durante a semana. Oswaldo está às voltas com outro louco, o Abreu. “Ídolo”, que eu já tentei entender em várias línguas e seitas, como ele conseguiu conquistar a torcida do Botafogo a esse ponto. O desempenho dos técnicos hoje não fugiu a regra habitual do mercado. É como numa luta de boxe medíocre. Fica um esperando o que o outro vai fazer. Se estiver na frente, mantém mesmo tomando sufoco e jogando mal, se estiver atrás, parte pra cima com tudo. Geniais, não é? A diferença do jogo foi Seedorf, pois nenhum outro jogador, ao menos dos que estavam em campo, faria um toque daqueles com tamanha visão e habilidade, permitindo o empate do Botafogo, que por pouco não acabou virando o jogo. Se o Fluminense poderia ter decidido antes, matado o jogo, ficou claro, né? Wellington Nem fazia uma grande partida, no entanto, diferente de Fred, que aprendeu nas categorias de base o que fazer diante de um goleiro, ele, Nem, e mais uma série de jogadores, não tiveram a mesma sorte. Não aprenderam como se dribla ou se tira uma bola de um goleiro. E depois, o futebol do passado é que era fácil.

Bem, essa semana já começa o ritmo de carnaval e provavelmente até o final de fevereiro já começaremos a ver jogos melhores e mais bem disputados. Tomara!

P.S. Libertadores começando em Janeiro/Fevereiro? É triste!

Aquele abraço,

Fernando Afonso

domingo, 20 de janeiro de 2013

Campeonato Carioca X Estadual – O que mudou













Antes de mais nada, um excelente 2013 aos leitores e amantes da bola. E agora vamos aos trabalhos. Sem saudosismo, num paralelo pragmático do Campeonato Carioca, de quem presenciou antes dos anos 90, e hoje, eu confesso que dá saudade do Rio antigo. Não que as primeiras rodadas fossem um primor. A diferença era que aqui se jogava com os clubes do antigo Estado da Guanabara. Dos antigos, hoje só estão figurando nos pequenos, Madureira, Olaria e Bangu. E é bom lembrar que o Bangu foi campeão 2 vezes, 33 e 66. Sendo que em 66, pessoal, era ruim de ganhar do Bangu. O Flamengo que o diga, como na foto acima.



Havia uma certa rivalidade, pois clubes como São Cristovão, campeão Carioca de 1926, Campo Grande, Bonsucesso, Portuguesa e o glorioso América, que de pequeno não tinha nada, faziam jogos bem disputados contra os grandes. Quantos títulos foram arrancados das mãos do Botafogo, do Flamengo, etc. Era interessante ver o São Cristovão ter jogadores como Ivo Sodré, que era guarda de trânsito e nas horas vagas treinava e jogava pelo São Cristovão (Obrigado pela correção Antonio Gonzalez). Até em times grandes, como o Flamengo, os jogadores dividiam seu tempo entre servir o exército e o clube, como foi o caso do lateral esquerdo Rodrigues Neto, quando começou.

Eu vi o Bangu encher mais de 3 setores de arquibancada nos anos 60, 70. Fora uma decisão de Campeonato Brasileiro, em que foi ceifado em pleno Maracanã, no jogo com o Coritiba, em 85. Isso sem falar na polêmica final do Estadual, de 85 também, contra o Fluminense. Resumindo, era tudo em casa, mais divertido, com muito maior presença de público, rodadas duplas no Maracanã nos tempos que as torcidas conviviam numa boa e tome rivalidade e gozação.

Já no atual Estadual, os times do interior, mesmo com esforço de Friburguense, Volta Redonda e Americano, os mais tradicionais, digamos, não representam bem a cara da cidade, como se vê no futebol paulista do interior. A torcida reúne poucos adeptos fiéis as cores do time. Nas arquibancadas você vê uma torcida quase mista. Era justo para ser o contrário, devido à distância do centro dos maiores clubes. Eu acho que a TV disseminou mais as torcidas dos grandes clubes e diminuiu espaço do interior. Sem falar nos Audax’s e Quissamã’s, assim como outros, que são montados em cima de idéias financeiras dos empresários e na maioria das vezes, logo desfeitos.

Mas, não vamos comparar o nível técnico, né gente? Nem tampouco o preço dos ingressos. Havia jogadores de muito mais qualidade. A diferença fica por conta dos valores que alguns recebem para jogar esse Estadual e a aptidão física, que chega a ser parelha a dos grandes clubes. Dá tristeza falar dos Estádios, até porque, você assistia um Vasco e Bonsucesso no Maracanã, a preços populares e ninguém arrancava grama ou tinha tanto prejuízo por causa disso, além do público muito superior ao de hoje em dia. Paciência. São os novos tempos. É o novo jeito de ver futebol. Desde que não maltratem a bola...

Nesta primeira rodada, nenhuma surpresa. Todos fizeram seu dever de casa. Também, nada que se aproxime de algum espetáculo, o que é natural.

Em São Paulo sim o Corinthians já começou tropeçando contra o Paulista de Jundiaí. É tão absurdo um time ser Campeão Mundial há 4 semanas atrás e estar disputando primeira partida contra o Paulista de Jundiaí, que creio que cada jogador do Corinthians, reserva ou titular, tenha que passar por uma boa sessão de terapia antes de entrar em campo. O choque deve ser brabo.

Faço aqui uma crítica habitual e antiga a esse calendário absurdo. Os clubes tinham necessidade de, no mínimo, mais 2 semanas para se prepararem. Sou contra o fim dos Estaduais, mais ainda contra esse calendário criminoso e que nem lucro ele visa, porque, na verdade, aquilo que pensam que estão ganhando, ta escoando pelo ralo com a queda do nível dos jogos e as conseqüências físicas dos jogadores ao longo da temporada.

Não podia deixar de fechar essa coluna, sem ironicamente, agradecer ao nosso futebol Sub-20 pela brilhante trajetória no Sul-Americano. Só para vocês terem uma ideia, vou reproduzir um pequeno trecho da declaração de um dos jogadores, que não posso afirmar se é sincera ou não:

- Vi jogadores chegando atrasado, treinando de sacanagem... O time perdia ou empatava e parecia que não estavam nem aí, chegavam cantando músicas. Isso incomodava. Parecia que não queriam nada.
Visivelmente chateado com a atitude de alguns companheiros, Marcos Júnior prosseguiu com o desabafo.
- Alguns jogadores pareciam que não queriam jogar, pareciam que estavam em outro lugar, de férias. E quando alguns não querem, não adianta. O Brasil não merecia mesmo passar de fase. Não foram todos, mas isso aconteceu. Foi uma tragédia. Fiquei muito triste de ter sido eliminado.”


E parabéns também ao treinador que também não fugiu a regra dos últimos. Na minha ingenuidade, eu pensei que seria um Leandro, ex-Flamengo, um Andrade, um Delei, um Eduzinho ou um Zico. Futebol de base exige experiência e conhecimento prático. Mas,  escolheram o Emerson Ávila. “Eles” devem ter suas razões.

Que o sol volte a brilhar.


Abração a todos!