segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CRÍTICAS E ABISMOS




















Poucas novidades e realidade dura nesse Brasileirão 2013. Nunca é bom um time disparar como o Cruzeiro disparou. E olha que ele ainda deu uma colherzinha de chá, mas tanto Botafogo, com uma inexplicável apatia e aparente indiferença as suas cores, quanto o Grêmio, não se animaram em fazer o dever de casa. A emoção num péssimo campeonato desses acabou ficando de cabeça pra baixo. No virar da tabela. Ali estão em 18º e 16º lugar, Vasco e Fluminense, começando a viver um trauma já conhecido por suas torcidas.

Enquanto o Fluminense teve ao longo da competição jogos e situações bem mais fáceis de escapar da posição amarga que se encontra, além de mais recursos e opções, o Vasco parece ter esgotado todas. A começar pelos goleiros. É inacreditável, tendo os ex-goleiros Marcio e Carlos Germano trabalhando na preparação dos goleiros do clube não terem avaliado corretamente os atuais. Goleiros sem fundamentos básicos para a posição. Em muita equipe de 3ª ou 4ª divisão você adquire por empréstimo um bem melhor. É posição chave. Assim como era a de Dedé e assim como são as da zaga do Fluminense e porque não de seu ataque que chega a uma marca talvez inédita em sua história: completará domingo 5 meses sem marcar mais do que 2 gols em uma só partida.

O Vasco demitiu o seu técnico hoje. Não creio que seja o caso de demitir Luxemburgo. Já erraram ao demitir Abel. Mas me espanta no treinador insistir em soluções que já provaram não dar certo. Os 2 clubes irão sim passar muito apertado. Dias de muita agonia e muita conta. Eu não faço a menor ideia e não tenho o menor palpite. Aliás, sou contra clubes que já alcançaram mais de 3 títulos brasileiros caírem sem uma repescagem anterior. Isso é contraproducente no futebol. Além do mais, aqui não é a França ou a Holanda, onde há exposição igual e você atravessa de metrô pequenos percursos para jogar com adversários. Aqui é prejuízo e nome na lama na certa. Desgaste total para imagem do clube. Sofrimento e tristeza para suas torcidas.


ROGER X ALEX

Vale tocar na notícia que li sobre um desentendimento do jogador Alex, do Coritiba, e o hoje comentarista, Roger. Alex teria acusado Roger de, tendo sido vitrine no passado, hoje abusar e atirar pedras em demasia com vontade. Não ouvi qualquer resposta de Roger sobre até o momento. De qualquer forma, sem saber quem está com a razão, admiro muito Alex, mas o que tenho visto dos comentários de Roger na TV tem me agradado bastante. Principalmente pela sinceridade. Se o negócio é virar ex-jogador e ir pra TV cumprir um código de honra, que na verdade é um código entre amigos, e contar historinha pra gente ouvir, melhor escutar um repórter com notícias do campo.

O brasileiro precisa aprender a lidar com as críticas. Se você é profissional em qualquer setor ou função na vida, está sujeito a críticas e elogios. Se só sabe conviver com os elogios, não é um profissional. As críticas engrandecem. Se estiverem certas, te ajudam a progredir. Se erradas, no mínimo a refletir e conhecer melhor as pessoas. Complexo idiota e corporativista.


Vamos à reta final!


Abraços!


domingo, 20 de outubro de 2013

O FUTEBOL SEM DIETA DE WALTER


















Amigos, é com algum atraso que falo sobre o jogador que, pra mim, é até o momento o melhor no Brasileirão. Apesar de Paulo Baier também ser a surpresa de todo ano, ele não tem a regularidade, os recursos e a força do Walter, do Goiás. Num time bem montado e não sendo tão dependente do rendimento dos demais, quando a coisa está feia ele chama a responsabilidade criando ou definindo, como hoje na vitória contra o Atlético Paranaense. Naturalmente chama a atenção seu porte físico surpreendentemente avantajado.


Tivemos no passado jogadores como Claudiomiro, do Internacional, Jeremias, do América, o próprio Coutinho que jogou ao lado de Pelé, que desafiavam os nutricionistas. O peso nem sempre é obstáculo pra todos. Evidente que poderia render mais, mais leve. Mas não se briga com o biotipo, que não perde explosão e se mostra eficiente em 90% dos jogos. Ele podia ser um jogador de força, mas como a maioria que tem por aí, sem um bom domínio de bola, uma ótima colocação, muita seriedade, simplicidade e regada a um arremate certeiro. Isso tudo o torna diferenciado neste fraco Campeonato Brasileiro.

Na 30ª rodada pouca coisa mudou na parte de cima. Se o Cruzeiro é derrotado e vai mal, como há 4 jogos, seus concorrentes diretos não têm força para se aproximar. As emoções ficam por conta dos retardatários. Usando de sabedoria e competência, Jayme já afastou o Flamengo do sufoco. Mais duas vitórias e creio não haverá mais perigo. É um time fraco, mas que ainda conta com o estupendo futebol de Léo Moura, a seriedade e esforço da garotada e de jogadores como Val. Aquele que não tem pinta de jogador, não é tão bonito fisicamente como alguns do Fluminense, por exemplo, mas que luta com tudo suor pelo seu time.

Já o Fluminense, começa a ir caindo. Sua situação pode ser melhor do que a do Vasco na tabela, mas suas medidas paliativas vão se esgotando. O time continua lento, sem criatividade, com raríssimas jogadas de penetração e agora, para piorar, com a bola queimando nos pés dos garotos e os nervos começando a ficar claramente à flor da pele. Como citei o Vasco, também é dramática a situação da Cruz de Malta. Já existe a revolta da torcida e as soluções vão se limitando somente à luta e correria. Ou, jogando nas costas do craque Juninho Pernambucano a bola sagrada que os livre do sufoco.

Fechando com o Botafogo, já que falei praticamente só do futebol do Rio, apesar de um rendimento positivo desde o início do ano, ainda é um time irregular. Mesmo com Seedorf trazendo a tônica da categoria e seriedade aos jogadores, alguns ali parecem que têm dificuldade de abandonar a máscara e não se doam como o time necessita. Principalmente nesta reta final.

No mais, é torcer para que o bom senso prevaleça e a TV não force barra para jogos às 16:00. Será que ela iria se responsabilizar pela morte por exaustão de algum atleta, em fim de temporada, jogando num sol de 15:00, em uma cidade do Nordeste ou mesmo do Sudeste?


Boa semana a todos!


domingo, 13 de outubro de 2013

E SEGUE TUDO EMBOLADO




Antes de falar do Brasileirão, vamos dar um pulinho ali “perto”, na China, pra tentar entender esses dois jogos já no final do ano. O da Coréia, ainda existe o argumento de um possível enfrentamento com uma seleção classificada e que tem em seu estilo de jogo ainda uma incógnita. Não creio que vá surpreender, mas pode atrapalhar. Agora, essa ideia de jogo na China, contra Zâmbia, já fica cheirando a retorno financeiro. Não há nada que se vá trazer de lá como experiência e aplicar na Copa do Mundo. Acho muito difícil. Ao menos o Neymar está lembrando dos beques do Brasil e tomando umas bordoadas por trás, o que talvez não aconteça no próximo jogo. É um erro a seleção não fazer no mínimo 15 jogos oficiais antes da próxima Copa do Mundo. Principalmente contra times da América do Sul.

Voltando ao Brasil, salvo os dois extremos da tabela, Cruzeiro favoritíssimo ao título, Náutico a cair e lá na série B, por que não o Verdão já de volta à série A, o resto, tá tudo encaixotado. Poucas novidades, poucas surpresas. O nível técnico não tende a melhorar, mesmo com a aproximação do final. Menos preparo físico, menos condições pra desenvolver um jogo de melhor qualidade. E pra quem está no estaleiro há algum tempo, já se acostumou tanto com o chinelinho que nem precisa guardar. Em menos de 2 meses estará usando em alguma praia. Numa crônica rápida dos jogos, num destaque para Botafogo x Flamengo como clássico no Rio, e São Paulo e Corinthians, em São Paulo. O Botafogo só provou a si mesmo que o vacilo absurdo em duas partidas no mínimo, lhe tirou a chance de estar agora a uma vitória do Cruzeiro. O Flamengo, a certeza de que muito há de se reforçar, pra almejar um passo mais largo. Em São Paulo, Rogério Ceni desperdiça mais um pênalti ao apagar das luzes e o São Paulo retorna ao sufoco. Embora algo me diga que sua situação é mais cômoda que a do Vasco, que não suportou a pressão do poderoso Criciúma e já começa a caminhar a passos largos para a degola.

A julgar pelo jogo que fez no sábado, com aquela camisa de sinalizador de trânsito que chega a arder a vista dos espectadores e um futebol que dói mais ainda, tanto a retina quanto no peito do torcedor, o Fluminense que siga em estado de alerta máximo. Luxemburgo andou cometendo erros na quarta contra o Vasco e ontem num empate contra o Grêmio. Ambos nas substituições. Quando você está capenga, desfalcado de seus melhores jogadores e consegue achar uma fórmula ao menos razoável pra compensar, tudo que você faz é mexer pouco e não inventar. Justo o que Luxa não fez esses jogos. Substituições equivocadas na quarta feira, numa tacada só, e ontem novamente. Com sua experiência e visão de futebol, já devia ter percebido que os garotos do clube, com exceção do Biro Biro, que não veio do clube, não animam. Mesmo a situação complicada do time não serve como álibi para as fracas atuações dos estreantes. O gol do Grêmio já fora esquisito, o do Fluminense foi sem dúvida, o do personagem das crônicas do saudoso Nelson Rodrigues. Pra mim quem fez aquele gol não foi Rafael Sóbis. Foi o tal Sobrenatural de Almeida. Deem uma olhadinha lá no vídeo que vocês vão me dar razão.

No mais, meus amigos, é isso aí. Jogos embolados, grande quantidade de passes errados, furadas bisonhas, erros inadmissíveis de fundamento, tudo que o torcedor não merece e que credencia este campeonato de 2013 como um dos piores da história do futebol brasileiro.

Vamos torcer pra coisa melhorar. Se é que há como melhorar.


Aquele abraço.

domingo, 6 de outubro de 2013

A VINGANÇA DOS TÉCNICOS BOLEIROS

























No atual e fraco Brasileirão 2013, vale ressaltar também alguns destaques positivos. Uns dentro do campo, poucos, mas existem, e outros nas áreas técnicas. O trabalho de alguns técnicos, essencialmente boleiros, quem sabe começa a jogar por terra infindável mito dos treinadores teóricos.

Jayme, no Flamengo, tem provado isso nos jogos que já dirigiu. Com elenco abaixo da média consegue dar algum padrão de jogo ao Flamengo e reconhecer defeitos e qualidades invisíveis aos olhos dos estranhos ao gramado. O mesmo acontece com Marcelo Oliveira, ex-meia de qualidade do Atlético-MG e Renato Gaúcho e Vanderlei, estes dois últimos já mais manjados no futebol.

Marcelo Oliveira, como eu disse aqui semana passada, dirige o quase campeão Cruzeiro com competência e um futebol solto em um time bem armado. Vanderlei Luxemburgo, em meio a uma série de dificuldades, políticas, de elenco e médicas, vem dando nó em pingo d’água e desfazendo rótulos a seu respeito.

Aliás, para mim, Luxemburgo é o melhor técnico em atividade no país. Tenho essa opinião há algum tempo. Uma de suas maiores virtudes é tão logo percebida uma necessidade, como uma troca ou uma mudança tática, ele o faz sem protelar, sempre em busca da vitória.

Apesar de polêmico, Renato Gaúcho merece entrar nessa lista. Com tantos ou mais rótulos que Vanderlei Luxemburgo, e para muitos apenas um motivador, Renato, através da motivação e do grupo nas mãos, consegue ao menos o que muitos não o fazem nos computadores e nos quadros imantados cheios de setas.

Não estou dizendo com isso que algum treinador, basicamente teórico e sem origem na prática do campo, no meio do futebol, não tenha condições de sucesso. Ou que qualquer boleiro nato esteja habilitado para ter sucesso. Mas as chances são muito maiores.

Muitos argumentam usando o termo modernidade, mas não sabem onde ela se encaixa nesse trabalho. É evidente que você tem que ter uma boa diretoria esportiva, com vice de futebol, supervisores (atuais gerentes de futebol), um departamento médico qualificado, com uma fisiologia e psicologia bem integradas, uma preparação física de conceitos específicos e qualificados, bons auxiliares, etc, etc. Mas cada um na sua praia.

Muitos, após a perda da Copa de 74, invadiram o futebol com um discurso de que tudo precisava mudar, que os boleiros eram ignorantes e desatualizados. Na verdade foram vender seu peixe. E o vendem até hoje, tentando tirar essa diferença no diploma, no papel.

Tivemos os Parreiras sim, mas adaptados a um Zagalo e com a sensibilidade de saber que necessitava dele ao seu lado. Felipão teve de dividir tarefas para se encaixar, apesar de ter sido também jogador. E Deus sabe como. Mas é inegavelmente um treinador de sucesso. Osvaldo de Oliveira que ontem passou mal ao ver o Botafogo despencando, em minha opinião fisicamente, teve o bom senso de cercar-se de boleiros e ter um que ajuda e joga dentro de campo, que é o Seedorf.

Essa discussão volta e meia vem à tona. Aconteceu há 4 anos quando após gastar milhões com treinadores de pedigree e sobrenome, acharam um Andrade que deu um título ao Flamengo. Assim foi com Carlinhos, no próprio Flamengo, Muricy no São Paulo e Fluminense e Cuca, atualmente no Atlético.

A justiça está colocando os pingos nos “is”. Colocando cada macaco no seu galho. E provando que sem visão e conhecimento prático forjado na lida com a bola, suas chances são infinitamente menores de ao menos se manter no topo por muito tempo.

Principalmente num campeonato onde você tem que tirar um coelho da cartola, matar um leão por dia, treinar péssimos jogadores e aturar uma bola de menores dimensões e peso, conforme manda o padrão FIFA de bola na rede. E danem-se os artistas.


Boa semana!


Fernando Afonso