domingo, 31 de julho de 2016

OLIMPÍADAS É A PRÓXIMA ATRAÇÃO

ADALBERTO MARQUES/AGIF/ESTADÃO

É o que temos. Pré-temporada no futebol europeu, Campeonato Americano segue com seus altos e baixos, o Campeonato Brasileiro ainda sem merecer maiores destaques, seguindo com o baixo nível que tenho mencionado e ainda misturado com a Copa do Brasil, o que canso de dizer, duas competições do mesmo objetivo inexplicavelmente entrelaçadas no calendário. Vamos ao futebol olímpico.

Começo lamentando a contusão infeliz e corte do goleiro Fernando Prass, hoje, com 38 anos. Em 2004, a pedido de um concorrente à Presidência do Fluminense, Fernando Prass, então no Coritiba, foi o primeiro da minha lista a ser indicado a ele. Sempre achei um excelente goleiro. E hoje, além da regularidade habitual, é um goleiro experiente e sua experiência fará falta a uma zaga jovem. Sofreu uma lesão pouco comum no cotovelo, um osso chamado olecrânio, dos mais resistentes do corpo humano. Paciência e toda força a Fernando Prass. Douglas Costa foi outro que teve seu sonho olímpico interrompido.

Porém, o mais difícil é fazer qualquer tipo de previsão. Tanto em relação ao Brasil, como a outras seleções. Nossa estrela, Neymar, também é uma incógnita em sua performance. Faz dois anos que com a camisa amarela não rende o futebol que lhe deu fama. O trabalho do treinador Rogério Micale, mesmo que esteja sendo bem feito, é difícil de ser analisado hoje, pois o entra e sai da seleção, os desajustes habituais e a falta de comando ético e competente na instituição desvirtuam qualquer possibilidade de prognóstico. Mas o Brasil é Brasil e joga em casa. Sem nos confundirmos com 2014. Ali houve coisas estranhas que talvez o tempo vá esclarecer.

Quanto às outras seleções, resta apenas a curiosidade: como está sendo feito o trabalho de renovação e de base das mais tradicionais e das chamadas zebras? Sempre há expectativa de que surjam novos valores de grande qualidade técnica, porque nesse tipo de competição de tiro curto olímpico as equipes de base dificilmente apresentam um jogo de perfeito conjunto técnico e tático.

Vamos aguardar o começo do futebol olímpico e dos Jogos Olímpicos, que talvez sejam os com início mais estranho e sombrio de todos, mesmo sendo realizados na Cidade Maravilhosa.

Boa semana!

domingo, 24 de julho de 2016

A SELEÇÃO DE TITE


Baseado nas primeiras declarações do novo técnico da seleção brasileira, Tite, e de seu coordenador Edu, estou curioso para ver sua primeira convocação. Através dela, será possível nortear suas verdadeiras ideias e sua mentalidade, além da real visão sobre o futebol brasileiro.

Analisando as primeiras afirmações, a impressão é boa, embora às vezes para mim um pouco confusa, como quando se refere, por exemplo, aos setores de sua equipe ideal quando diz que a defesa não deve inventar muito e o último terço do campo é que é o lugar de liberdade, criatividade.

Bom, em primeiro o nosso sistema defensivo não possui jogadores com a mínima qualidade técnica para inventar e sequer jogar bonito. Temos hoje em dia zaga e laterais fracos e um goleiro ainda imaturo e não definitivo. De outra forma, você não pode abrir mão de criatividade. Porque inventar ou brincar, se é o caso, nem mais adiante, nem cá atrás. A criatividade, o uso dela, tem que ser feita por quem sabe e por quem sabe a hora de fazê-lo. E é justo por não fazê-lo ou por não saber a hora de fazê-lo, quando não proibido é, que o futebol brasileiro vem agonizando lentamente.

Vamos ver os jogadores que serão convocados por Tite. Eles nos darão uma ideia do que pretende. De que tipo de jogo idealiza. Eu, particularmente, fico cético porque não depende só de seu acerto na escolha. Primeiro ele tem que se livrar da ordem expressa que reina há anos no futebol de convocação sempre dos estrangeiros em primeiro lugar. E depois trabalhar com uma Confederação à margem da lei. Refiro-me a CBF, naturalmente.

No Corinthians, nas duas últimas temporadas, Tite conseguiu carregar um bom elenco e fazer um bom trabalho. Por aí ele já teve uma ideia de que jogadores que atuavam no Brasil poderiam sim ser sua base na seleção. E de sua parte, a comissão técnica, excluindo o grande desafio de se dissociar de uma entidade como a CBF que não lhe dá estrutura e representatividade (as categorias de base da seleção ainda são escolha e prerrogativa exclusiva desse órgão e os empresários que o comandam) para tentar algum sucesso em seu trabalho na seleção.

Nunca é bom esquecer aquele ditado que diz que o exemplo vem de cima. Isso explica meu pessimismo, pois quem está acima de Tite não merece a esperança do povo, nem dos amantes do futebol brasileiro no mundo inteiro.

Nota: uma passagem sobre o Brasil dos Jogos Olímpicos. Não tenho a menor previsão de sua performance. Ele já entrará em campo contrariando uma regra básica que consiste em treinar, jogar, se conhecer e serem comandados pelos melhores possíveis. Não creio que seja o caso da seleção olímpica. Já disputamos a tão sonhada medalha de ouro muito mais bem treinados e por muito pouco, como em 96, não a conquistamos. Pela primeira vez jogando em casa, pode ser que este fator supere a falta de coletividade, conhecimento e rendimento do grupo escolhido.

Vamos a uma final também da Libertadores da América, que equivale a Liga dos Campeões da Europa, com dois times pouco presentes em decisões deste porte: Independente Del Valle, do Equador, e Atlético Nacional, da Colômbia. Apesar do forte e surpreendente futebol equatoriano de uns anos para cá, a equipe do Del Valle, a meu ver, leva desvantagem pela falta de experiência. O Atlético Nacional é mais equipe e joga o segundo jogo em casa e basta uma vitória simples ou um empate sem gols para levar o título.

Não adianta adivinhar. Vamos aguardar o desfecho.

domingo, 17 de julho de 2016

FUTEBOL BRASILEIRO: DE VOLTA À REALIDADE

Paulo Sergio / Lancepress

Jamais imaginei que fosse usar um título destes em minha crônica. Mas, fazer o quê? Assistimos domingo passado a uma super Copa, que apesar das deficiências técnicas atuais, mostrou qualidade e muita emoção, principalmente ao final, na decisão.

Chico Buarque em uma de suas letras de músicas famosas dizia: “Aqui na terra estão jogando futebol”. Então, vamos lá, embora pra mim, hoje, alguns jogos estejam distantes de serem chamados de futebol.

Na 15ª rodada do campeonato mais importante do Brasil, destacamos aí o jogo do Santos com a Ponte Preta, onde a equipe santista demonstrou alguma qualidade e conjunto e a Ponte Preta valorizou sua vitória. E o Palmeiras, que tem sido a equipe mais equilibrada e de melhores valores no futebol brasileiro, além de bem comandada pelo técnico Cuca, na vitória sobre o Internacional.

Alguns jogos, pelo placar, como Botafogo e Flamengo, 3 X 3, induzem a pensar que houve bom futebol. Mas foi um placar construído em falhas de ambas as equipes, sobrando destaque apenas para o gol de empate do Botafogo, de Salgueiro, em uma jogada individual de categoria.

Cabe ressaltar a solução que o Botafogo encontrou, maquiando o velho estádio de um time pequeno, a Portuguesa da Ilha, para resolver seu problema logístico, pelo qual estão passando várias equipes do Rio por conta das Olimpíadas. Foi a solução possível diante da ausência de recursos financeiros, mas triste ao imaginar que um dia assistiríamos a Botafogo e Flamengo, duas equipes tradicionais do futebol brasileiro, se enfrentando em um estádio praticamente improvisado e longe de suas tradições, num recanto apertado da cidade.

Não menos triste o Fluminense também ter de improvisar, fazendo o mesmo no Estádio do América, na periferia de sua cidade. No jogo de hoje, no clássico tradicional contra a equipe mineira, o Cruzeiro, o maior vencedor foi a torcida do Fluminense. Pra ela pouco importou se seu time mostrou um futebol limitado e apenas baseado na força e na vontade.

Bem pior para o torcedor do Cruzeiro, com jogadores de baixíssimo nível técnico, como Bruno Ramires, que viu uma equipe sem vontade e como disse muito bem em um comentário o ex-jogador Junior, sem propósito, sem assinatura, sem cara de time de futebol. O que fica mais evidente na pouca vontade dos jogadores, que transmite um ambiente interno ruim. Seu técnico, o português Paulo Bento, não parece bem aceito pelo elenco.

Isso ficou nítido na pouca comunicação entre os jogadores e, principalmente, quando da entrada de Riascos no jogo, inexplicavelmente no banco. O colombiano mostrou logo sua irritação ao entrar, dividindo bolas ríspidas e isolando uma delas, após marcação de falta, um ato de disciplina incomum, numa demonstração de evidente insatisfação.

O Fluminense, que não tinha nada com isso, era a marca da luta de Jonathan e do único jogador técnico e lúcido do time, Cícero, e se beneficiou da permanência de Levir Culpi, que esteve por sair. O técnico, com sua experiência, optou por usar uma garotada e exercer sobre ela um comando eficiente.

O Fluminense é um bom time? Não. Mas o Fluminense é um candidato a 2ª divisão? Também não. Está recheado de garotos lutadores e se desdobrando dentro do gramado. Trabalha no limite da força física. Provavelmente, quando enfrentar equipes mais bem armadas, vai encontrar dificuldade. Mas, diante da saída de Fred, da contusão de Scarpa e de mais dois ou três valores de qualidade que perdera, creio que a alternativa de jogo, embora feia, seja esta: alta competitividade e muito suor.

E vamos em frente, na expectativa de que surjam novidades positivas em nosso futebol. A começar pelo comando. Afinal, não podemos perder a esperança.

Boa semana!

domingo, 10 de julho de 2016

PORTUGAL: O BRILHO DE UMA EQUIPE


Você está surpreso? Eu não. Se o leitor ler o último parágrafo da minha última crônica, irá entender. Fiz o alerta sobre a possibilidade real de vitória da seleção portuguesa, mesmo frisando, desde o início, que a minha favorita ao título era a França. Não só por jogar em casa, mas por ter uma equipe de qualidade e muitos recursos.

Não compartilho dos que veem o sucesso português apenas como um ato de heroísmo ou uma zebra. Engana-se quem pensa assim. Conforme disse no título, Portugal tem sim uma equipe brilhante. O fato de lhe faltarem a tradição que suas concorrentes tem e em alguns setores, como meio e ataque o time ser muito dependente da eficiência de Cristiano Ronaldo, a equipe tem sim bons valores. E como disse anteriormente, muito bem treinada, com um esquema tático impecável e como destaque principal uma forte marcação, aliada a um invejável condicionamento físico de seus jogadores. E isso ficou claro hoje. Se a França é mais time, Portugal foi mais equipe.

Cabe ressaltar que há também uma mentalidade que se combina. Jogadores que não deixam a vaidade superar sua vontade de vencer. Jogadores que se ajudam dentro de campo e conseguem se manter frios, mas absolutamente focados e determinados em cada partida. E hoje, não foi diferente. Portugal iniciou o jogo com espírito de decisão. A França levava mais perigo e atacava mais? Sim. Mas não havia um domínio absoluto e o sistema defensivo português conseguia neutralizar a velocidade impressionante de um Sissoko, a habilidade e esperteza de Griezman e Payet, que esbarravam na marcação portuguesa ou nas mãos do excelente goleiro Rui Patricio, que fez uma partida impecável do primeiro ao último minuto.

Ninguém pode afirmar que a lesão inesperada de Cristiano Ronaldo, sofrida em uma entrada desnecessariamente forte de Payet, tenha determinado, ali, o começo da conquista portuguesa. Afinal, Portugal perdia seu grande astro. Na maioria das vezes em que se perde a estrela maior, você é sim prejudicado. Ocorre que Portugal, como disse, trabalhava como equipe e não demonstrou sentir a perda. Pois até os 20 minutos do 1º tempo, quando Cristiano Ronaldo deixava o campo, Portugal já mostrava uma postura correta, dentro de seu estilo de jogo: competitivo, experiente, coordenado, mesmo muito dependente ofensivamente de Cristiano Ronaldo. Quaresma o substituiu bem. Não fez nada de extraordinário, mas trabalhou muito e teve bom acerto de passes. O 1º tempo se encerrou com a impressão de que o gol francês era questão de tempo. Mesmo, eu creio os franceses sentindo que, caso ocorresse, a França venceria com dificuldades. Mesmo sem Cristiano Ronaldo do outro lado.

Decisão é sempre um jogo diferente de todos os outros. Você não pode abrir mão da técnica. Mas tem de estar determinado e imbuído do espírito de vitória. Tem de se superar. Portugal não era só Cristiano Ronaldo. Portugal era uma equipe consciente, jogando de forma inteligente e com alguns jogadores de boa qualidade, sim. Uma prova disso foi o primeiro lance de perigo no jogo, onde Nani, um dos gigantes de Portugal hoje, num lançamento magnífico de Cedric, por pouco não surpreende a França nos primeiros minutos. O próprio Raphael Guerreiro, que parecia ser o jogador mais vulnerável, junto com Fontes, entrava no ritmo dos demais e rendia acima de suas possibilidades técnicas.

Pela França, o técnico Deschamps percebia que Payet, apesar de muito habilidoso, era anulado e acertadamente fazia entrar Coman em seu lugar. A França ganhou mais força pelos lados de campo, gerando uma dor de cabeça a mais para Portugal. As jogadas de velocidade e triangulação no lado esquerdo do ataque francês atormentavam a zaga portuguesa e davam a impressão de que o gol francês não tardaria. Ali foram criadas as melhores chances da França.

Entretanto, o técnico português Fernando Santos também acertava nas substituições, reforçando o meio campo e, mais tarde, promovendo a entrada de Éder, que não é um jogador qualificado, de boa técnica, mas que sabe jogar e se posicionou no espaço que Portugal não ocupava, dando o mínimo de retenção de bola e criação ofensiva que a equipe portuguesa necessitava, travando a bola, cavando faltas, virando uma referência que Portugal não tinha no campo ofensivo. Talvez ele tenha sido o responsável pelo o que mais faltava a Portugal aquela altura.

O time que não ameaçava o goleiro Lloris, quase abre o marcador, já no tempo extra, em uma cobrança de falta de Raphael Guerreiro, que caprichosamente bateu no travessão francês. A França parecia sentir alguma preocupação com a melhora do desempenho ofensivo português e passou a diminuir a sua intensidade ofensiva também. Até que em uma dessas tentativas a luz brilhou sobre Éder, acertando um belo chute de fora da área, decretando um título inédito para a equipe portuguesa.
O restante da prorrogação foi a prova do que tenho dito aqui: uma equipe com um sistema de marcação muito bem feito e rigoroso trocando alguns passes e se superando fisicamente, mostrando que seu trabalho no âmbito geral, desde seu planejamento, seus preparadores físicos, seu treinador, que promoveu um sistema de jogo e um esquema tático adequados as características dos jogadores que possuía, foi excepcional.

Fim de jogo e Portugal entra para a galeria dos grandes vencedores da Eurocopa, com todo mérito e merecimento. Sem ter sido zebra nenhuma, como muitos, com certeza, estão achando. Parabéns ao belo trabalho e a sensacional conquista portuguesa.

Encerro com uma observação sobre esta Eurocopa. Acho que ficou mais do que definitiva a sensação de que, ao menos para a Europa, a FIFA faleceu e a UEFA, a cada dia se torna mais realidade de comando do futebol mundial para o torcedor europeu.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

CAI A ALEMANHA. PARIS ESTÁ EM CHAMAS


Deu França. O tão esperado duelo, que na verdade merecia ser a final para muitos, foi vencido pela equipe francesa num jogo de poucas emoções, baixa qualidade técnica e marcado pela cautela e desgaste das duas equipes. Principalmente da Alemanha. 

Os primeiros minutos do duelo mostravam uma França mais cautelosa, desenhando uma linha de marcação na tentativa de ocupar o maior número de espaços possíveis. Mas, o time de Deschamps exagerava na dose. Errava ao assistir em excesso a troca de passes venenosa e planejada da equipe alemã, dando excesso de espaço para as tabelas curtas que levavam perigo a todo momento ao “arco” francês. A equipe de Joachim Löw seguia seu curso metódico, rigidamente treinado, onde a maioria das conclusões acontecem de dentro da grande área ou a 3 metros de distância da linha do gol. 

O time alemão não se importava com a quantidade de passes que tinha que trocar para obter seu intuito: chamar a marcação francesa com um jogador alemão vindo de trás para concluir a jogada. No entanto, havia uma dose um pouco excessiva de morosidade nesse toque de bola alemão. Apesar de Hugo Lloris ter salvo a França em duas oportunidades, a Alemanha parecia sentir-se soberba demais. Jogava como se o gol fosse sair a hora que ela bem entendesse. Já a França, errava ao centralizar o jogo nos contra-ataques, principalmente em tentativas verticais dos habilidosos Payet e Griezmann, que não encontravam diálogo no jogo de força de Olivier Giroud, jogador de pouca velocidade e dependente de jogadas de linha de fundo. Manobra que a equipe francesa não fazia. 

O jogo se encaminhava para um previsível 0 x 0 ao final do primeiro tempo, quando, ao meu ver, por puro descuido e grosseria técnica, Schweinsteiger fez uma intervenção estranha demais para que um árbitro não marcasse um pênalti. Não havia sentido daquela mão na frente do corpo desviar a bola. Mesmo, claramente, não tendo sido sua intenção. Griezmann bateu com categoria e colocou a França na frente, com um pé na semifinal. Achei que aquele gol, já pensando no segundo tempo, saíra num momento fundamental para a França e cruel para a Alemanha. 

A Alemanha começava a demonstrar sinais claros, já nos primeiros minutos do segundo tempo, de fadiga. Andou perdendo alguns jogadores lesionados por fadiga e perdeu o seu líbero, Boateng, jogador de pura força, que a França não explorava porque Giroud não era o jogador ideal para superá-lo. Não bastasse a inferioridade no placar, a Alemanha se via sem sua dupla de zaga titular, pois Hummels, o melhor zagueiro alemão e, para mim, um dos melhores do mundo, não jogava devido a uma suspensão.

A medida que o tempo passava, a Alemanha mostrava mais sinais de desgaste ainda. É bom lembrar que a equipe veio de uma prorrogação desgastante contra a Itália. Já a França, em casa, tinha um relógio ao seu favor e o povo a lhe incentivar. A partir dos 20 minutos do segundo tempo, Joachim Löw partiu para o tudo ou nada, colocando Mario Götze, o homem do gol da Copa de 2014, buscando o empate a todo custo. Mas a marcação francesa, a excepcional partida de Patrice Evra e do goleiro Lloris frustravam os planos da Alemanha que, até os cruzamentos de outrora, a qual seu futebol já abriu mão há muito tempo, passou a utilizar, sem sucesso. 

Veio o segundo gol Francês num erro infantil do jovem Kimmich. Por azar dele, a bola caiu nos pés de Pogba, que numa manobra técnica, inteligente e habilidosa, aliada a uma boa dose de frieza, obriga Neuer, no primeiro momento do lance, a um desvio salvador, que, entretanto, cai nos pés do esperto e ligeiro Griezmann, que dá números finais ao jogo. Daí por diante, apesar do esforço de alguns jogadores alemães em diminuir o placar e mudar o rumo da história que se desenhava, o destino parecia determinar que era dia da França e que a bola alemã não entraria.

A França parte agora como franca favorita para decisão com Portugal. Apesar de continuar considerando a França também favorita, como disse no início da Eurocopa, não me surpreenderia se Portugal contrariasse essa lógica. O time de Portugal, apesar de inferior tecnicamente, está inteiro, marca forte e tem Cristiano Ronaldo em ótima fase. E embora o vento pareça soprar na direção da Torre Eiffel, a equipe portuguesa tem condições claras de sair vitoriosa e surpreender a boa e bem treinada equipe de Didier Deschamps. Por que não? 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

PORTUGAL, AFINAL, NA FINAL



Se a Eurocopa começasse agora, poucos apostariam no fato de Portugal ser finalista da competição. Não pela fragilidade de seu elenco, que nem considero de grande qualidade, tampouco fraco, mas pela tradição de suas equipes, tanto na própria Eurocopa quanto em outras competições como vem à mente a Copa do Mundo de 1966.

A tradição pesa, sim. E Portugal não tem a tradição de chegada, como Alemanha, Itália, França e outros. Amanhã o time de Cristiano Ronaldo saberá qual dos dois gigantes enfrentará, numa semifinal que promete, entre Alemanha e França.

Sobre o jogo de hoje, foi uma partida sem grandes mistérios. Não desfazendo da boa marcação da equipe portuguesa, seu entrosamento e experiência, além da boa fase de Cristiano Ronaldo, a equipe lusitana teve sim um caminho mais fácil pela frente. A configuração de seus adversários, um a um, foi de certo ponto benéfica e nem tanto difícil para que Portugal os superasse.

Vejam no caminho que em seu grupo havia duas seleções, Hungria e Áustria, nada de sobrenaturais. Mais adiante, Croácia, Polônia e por fim País de Gales, que apesar de não ser uma má equipe, ainda está se adaptando aos primeiros lugares, competir de igual pra igual e usufruir de jogadores como Bale, um dos grandes nomes da Eurocopa até aqui.

Se você me perguntar: Portugal tem chance de ser campeão da Eurocopa?  Meu amigo, em futebol tudo é possível. Portugal não é uma zebra. Não chegaria a ser um feito do outro mundo. Mas, apesar de Portugal não ter uma má equipe, com seus setores bem compactados e uma marcação forte e, por vezes, até violenta, é pouco provável, sim. 

sábado, 2 de julho de 2016

ALEMANHA X ITÁLIA: UM DUELO DE TRADIÇÃO

 EFE

Não posso deixar de iniciar a crônica destacando o duelo de duas das mais tradicionais escolas do futebol mundial. Cada uma jogando dentro de sua característica própria. Poucos erros, a Alemanha mais fria, com maior entrosamento e variações de jogadas e uma Itália mais sensível ao jogo e mais aguerrida. Mesmo cometendo mais erros técnicos no âmbito geral.

O 1º tempo me passou uma Itália mais perigosa e insinuante e uma Alemanha mais displicente. Mas, com o passar do tempo, a Alemanha foi equilibrando, já fechando os últimos minutos do 1º tempo com as equipes rigorosamente iguais.

Pelo lado da Itália, individualmente, Florenzi fazia uma partida muito ruim, errando passes que propiciavam trocas de bolas em tabelas curtas (hoje uma especialidade alemã), que complicavam bastante a cobertura da zaga italiana. Naquele momento era difícil avaliar se a saída de Khedira, ainda no 1º tempo, com a entrada do experiente Schweinsteiger, teria sido desastrosa ou até positiva.

De qualquer forma, a Alemanha ia de pouco a pouco ganhando terreno e empurrando a Itália para trás com essa inversão de jogo e tabelas curtas e precisas pelo chão. Numa dessas tabelas, onde já havia algum excesso de liberdade para Ozil, jogador que exige marcação acirrada, veio o 1º gol alemão, apesar da força do sistema defensivo italiano, sempre uma marca registrada em suas seleções, seguido da sensação de que um empate italiano seria muito difícil de ser alcançado.

Já a Alemanha permitia, a meu ver num erro de Joachim Low, ao optar por uma escolha de posicionamento equivocada em sua zaga, que a Itália pudesse lentamente começar a chegar nas proximidades do gol alemão. A falha consistia em deixar o pesado e fraco tecnicamente, apesar de forte fisicamente, Boateng, jogar na sobra e comandar o sistema defensivo, dando uma distância muito grande para o excelente Hummels, este sim que deveria fazer essa função, e não Boateng. Hummels tem mais noção de posicionamento, cobertura e técnica, sem perder a força de marcação. Não havia necessidade de exigir sua participação no início das jogadas alemãs pelo lado esquerdo.

Apesar de Antonio Conte, muito agitado, demorar a substituir e dar maior força ofensiva à Itália, Boateng resolveu colaborar infantilmente, numa jogada típica de bloqueio de voleyball, cometeu pênalti, recolocando a Itália no jogo e reacendendo o velho espírito romano. Daí em diante, a marcação italiana se acertou mais ainda e o time chegou até a achar mais espaços para tentativas ofensivas, enquanto a Alemanha mantinha seu toque preciso e frio, triangulando a espera de um espaço para matar o jogo.

Apesar do juiz se equivocar em alguns momentos, colaborando, sem necessidade, com o rigoroso regulamento de suspensão automática no jogo seguinte pelo fato de dois cartões amarelos recebidos na mesma fase, que na verdade pune a todo mundo, equipe, torcedores e futebol, não houve maiores surpresas. Equilíbrio absoluto e penalidades máximas. A exceção até aí foi a jogada magnífica do ataque alemão, com a conclusão de Mario Gomez e a excelente percepção e reflexo de Buffon, salvando a Itália no tempo normal.

Nas penalidades máximas, surpresa total. Talvez nem Itália, nem Alemanha, tenham perdido tantos pênaltis em uma disputa desse porte na história. Começo, novamente, pegando no pé do técnico da Itália, Antonio Conte. Apesar de claramente ter colocado Zaza, especialista em cobranças de pênaltis, com esta finalidade no último minuto da prorrogação, que pouco comentei sobre por ter sido monótona e protocolar, o atacante italiano acabou isolando a bola, confirmando um erro sobre o qual me refiro há muitos anos: a insistência em colocar para cobranças um jogador que, apesar de especialista no fundamento, está frio.

Não há coisa pior do que ir para uma cobrança de pênaltis frio. O jogador ainda está se adaptando, sentindo o peso da bola, a melhor maneira de tocá-la etc. Dou sempre preferência a quem já está no calor do jogo, mesmo cansado. Entretanto, em que pese a frieza alemã, os erros começaram. Alguns por cansaço, outros pelo simples fato de os cobradores, alguns exímios como Ozil, saberem que nas metas havia dois goleiros extraordinários: Neuer e Buffon.

O equilíbrio era grande e qualquer um poderia ter fechado com a vitória após 18 cobranças, mas um pouco mais de velocidade de Neuer deteve a má cobrança mais vagarosa de Darmian. E a experiência de Buffon não foi suficiente para ter a velocidade necessária na ação e deter o pênalti vitorioso cobrado por Jonas Hector, embora também não tenha sido bem cobrado.

Passou a Alemanha para a semifinal, como poderia ter sido a Itália, por ter demonstrado até mais vontade de seguir na competição. Aguardemos agora a surpresa Islândia contra a França, que reputo como favorita ao título, após a zebra ter derrubado os inventores do futebol, que nunca mais se encontraram como tais. E Portugal e País de Gales, que surpreendem pela presença pelo fato de Portugal ter virtudes, mas avançar meio aos trancos e barrancos, encontrando caminhos mais fáceis e lutando muito, e por um País de Gales já confirmado como nova força no futebol mundial e de um excelente jogador chamado Gareth Bale.

Vamos acompanhar e torcer.