domingo, 27 de agosto de 2017

GOLEIROS: PASSADO OU PRESENTE?


A foto que abre o blog é bem sugestiva em se tratando dos lendários goleiros do passado. No caso vemos Gordon Banks, que literalmente “agarrava pra cachorro”. O goleiro inglês foi um dos que mais me impressionou pelo grau de dificuldade das defesas que fazia.

Entrou pra história a cabeçada de Pelé, na Copa de 70. Uma defesa que começou com um lançamento magnífico de Carlos Alberto para Jairzinho, que do limite, em alta velocidade, na risca da linha de fundo, cruzou em diagonal pra trás, fora da pequena área e com força para Pelé, que vinha acompanhando a jogada. Pelé testou por cima de Bob Moore e deu uma cabeçada magnífica e forte, fazendo a bola quicar e chegar ao gol com velocidade quase a meia altura, no canto direito de Banks.

Reparem, pra quem tiver o vídeo, que a jogada inicial leva o goleiro inglês para o seu poste esquerdo e a finalização o desloca, em grande velocidade, para o canto oposto e ainda com o quique, à “queima roupa”, da bola no chão. Mesmo assim Banks conseguiu acompanhar e com a palma da mão e usando a própria força da cabeçada desviou milagrosamente a bola. Naquele dia já fazia partida impecável. E o gol de Jairzinho creio só ter entrado por se tratar da maior jogada em conjunto que já vi. E a finalização perfeita e única possível, naquela jogada, para vencer Banks.

É bom lembrar que o passado não se resumia a Banks e minha avaliação foi focada nele. Mas simplesmente não faltam histórias sobre Yashin, Carrizo, Mayer, Mazurkiewicz, Andrada e o próprio Félix, que sou suspeito para falar porque o tive como exemplo, quando jogava nas categorias de base do Fluminense, e com ele aprendi que um goleiro não está no gol apenas para fazer defesas. As intervenções começam pelo raciocínio, a experiência e a leitura do jogo e dos jogadores para evitar que o lance se desenvolva e chegue até o goleiro. Félix foi um mestre nessa arte.

 

Para uma segunda etapa, coloco, digamos os goleiros modernos. Mas que já possuíam uma sorte de recursos e suportes como treinadores de goleiros específicos etc. É como se tivessem fundado uma fábrica exclusiva para goleiros. O que foi muito bom. Primeiro devido ao aperfeiçoamento e a atenção necessária que a posição exige. Depois porque a qualidade dos jogadores, mundialmente falando, caiu bruscamente. No passado agarrar no Brasil ou contra os melhores do mundo era um tormento. Porque os chutes vinham com toda a malícia possível. Com a queda da qualidade técnica, você trabalha com chutes previsíveis e retos, em que pesem bolas mais leves, rápidas e de colorido prejudicial ao goleiro.

Nesta segunda etapa temos uma penca. Podemos citar as defesas de Fillol, Schumacher, Preud’homme e muralhas como Zoff, Dasayev, Taffarel (um dos melhores que vi jogar com a camisa da seleção), Buffon, Casillas, Neuer e, por que não, Tim Howard nos últimos anos de sua carreira? Ele foi responsável por vários triunfos dos Estados Unidos. Em relação a nossos goleiros especificamente, hoje beneficiados por gramados que parecem mesas de sinuca, diferentes daqueles onde chamávamos “cheios de caminhos de rato” ou “trilhas”, como Maracanã do passado, pecam muito no aspecto psicológico, na frieza, na colocação, na saída pelo alto, quase sempre com rebotes desnecessários, e no “cantar do jogo”. É o jogador que está sempre de frente para o seu time e vê o jogo. Se for calado jamais será um grande goleiro.

No mais, a evolução dos pegadores de pênalti. Com os jogos mais medrosos, virou uma situação mais comum e eles se aperfeiçoaram. Agora, se você espera de mim que cite o maior goleiro da história, eu prefiro citar todos acima. É muito difícil. Fora outros que provavelmente me esqueci.

Nota: Se você olhar atentamente a colocação dos clubes e respectiva pontuação no Campeonato Brasileiro, talvez não demore a perceber que tem “algo de errado nisso aí”. Algo de muito errado e muito estranho. 22 jogos, afinal, são muita coisa.

domingo, 20 de agosto de 2017

TÉCNICOS "DE FORA" RESOLVEM?


A polêmica da semana parece ter sido esta. Talvez em função do Brasileirão seguir fraco e embolado como “eles” preferem. Aliás, com direito à trilha sonora. É, amigos, o Campeonato da CBF, do Marco Polo Del Nero, da mesma turma do Marin, do Teixeira etc., tem trilha sonora, sim!  Além naturalmente do Hino Nacional, que parece estar sendo pouco emocionante, pelo que temos visto nos gramados e na hora de cantarem.  As câmeras de TV parecem  esmiuçar, procurando um torcedor ou jogador que cante o Hino Nacional, ao menos com um mínimo de autenticidade.

Voltando ao assunto principal, o papo que rolou esta semana chegou até à xenofobia, além do eterno racismo, que alguém descobriu, no caso, a família do jogador Vinicius Jr., do Flamengo, no jogo pela Copa do Brasil contra o Botafogo, esta semana. Acho que já fazem ideia do que vai dar, né? Sobre a xenofobia, acusando o treinador Jairzinho do Botafogo, não faço coro, mesmo que não houvesse esta história de virem treinadores de fora. Estão cheios de “profissionais” que não exercem funções práticas do mundo da bola, como me canso de dizer, tomando espaço de gente específica do meio. Traduzindo pra você: Professor de Educação física travestido de Empresário ou dublê de Empresário e Técnico, tomando espaço de quem atuou, conhece os atalhos do campo e as manhas da bola.

Já tivemos treinadores de fora do país trabalhando aqui e ainda temos. Sem ser necessário citar nomes acho, na maioria dos casos, desnecessário. Não que não possam vir a fazer um bom trabalho, mas é mais difícil. A cultura é outra, a adaptação é mais lenta, num jogo que não pode esperar muito, e apesar do atual baixo nível, a camisa e nome pesam. Lembro bem do saudoso Didi, que foi um das exceções do mundo nesse caso. Boleiro, um mago da bola, sofria preconceito racial em seu próprio país e, pasmem, o River Plate apostou nele, pois uma geração vitoriosa daquele time, vinha em decadência, após conquistas e glórias. Na Argentina os primeiros a não acreditarem foram as mídias, estampando manchetes como:  quem é este negrinho que vem do Brasil comandar nossas estrelas? O tempo mostrou a eles. O River Plate voltou a ser tricampeão argentino.  Para aqueles que acharam um acaso, seu trabalho envolvendo renovação na Seleção Peruana  veio desfazer qualquer dúvida.

No caso do Flamengo, cansei de me pronunciar contra, lembrando que Zé Ricardo não tinha nenhuma culpa na queda de rendimento.Vamos torcer para Reinaldo Rueda dar certo! Porque este início não serve de parâmetro.

Uma boa semana a todos!

domingo, 13 de agosto de 2017

NEYMAR: CERTO OU ERRADO?


Absolutamente certo, na minha opinião. Para começo de conversa o jogador de futebol é livre. O contrato que os escravizava teve contra si uma jurisprudência com a vitória do ex-craque Afonsinho, o nosso “Prezado Amigo Afonsinho”, ganhado o sagrado direito ao passe livre no Botafogo, onde jogava, em plenos anos de chumbo, diante de uma Ditadura no país. Afonsinho conseguiu o direito, na ocasião, de ter o seu passe livre.

Evidente que não tenho detalhes acerca do contrato de Neymar com o Barcelona. Mas, com certeza, um clube deste porte toma lá suas precauções e tem organização suficiente ao fazer um investimento dessa envergadura. E não me consta que estejam pleiteando nada jurídico em termos contratuais. A bronca dos espanhóis seria uma suposta traição do craque brasileiro, hoje no Paris Saint-Germain.

Não vou entrar no mérito do tempo que Neymar atuou pelo Barcelona, que não foram quatro dias. Foram quatro anos. Nem nas glórias que participou tão expressivas como a última sobre o próprio Paris Saint-Germain. É bom lembrar que quem desequilibrou aquele jogo histórico foi Neymar. E ao final, com aquele passe fabuloso, já nos acréscimos, levou o Barcelona a um triunfo impensável. Percebam que ao final do jogo Messi, com um segundo tempo praticamente apagado, foi mais ovacionado do que o próprio Neymar.

Bom... Sentimentalismos à parte, os espanhóis talvez não lembrassem dele ou reclamassem se sua fase fosse tão boa como é. E além do mais, o jogador tem direito de procurar um espaço mais representativo, digamos, para o seu futebol. Uma vez que no Barcelona dividia as atenções e o trono com Suarez e Messi. E no PSG, haja vista a receptividade, envolvendo até a Torre Eiffel da cidade, Neymar é o ídolo máximo. Tem o direito de ganhar mais, como irá ganhar, e chances mais claras de um estrelato a sua altura. Egoísmo e outras acusações não cabem nesse aspecto. A relação de Neymar com os clubes é profissional. E, com certeza, o que Neymar tem dado aos clubes que jogou até hoje é muito mais do que tem faturado em cima deles.

Sua estreia não poderia ter sido melhor hoje, marcando um gol e participando das melhores jogadas ofensivas da equipe, com seu reconhecido talento. Bom para o clube francês. Bom para a França. Bom para a Neymar. Bom para o futebol.

Sem mais a acrescentar.

Uma boa semana a todos!

domingo, 6 de agosto de 2017

A DANÇA DOS TÉCNICOS E O FIM DO CANSATIVO 1º TURNO


Apesar de ainda faltar um jogo adiado, Ponte Preta x Fluminense jogam na quarta, chegamos ao fim do 1º turno do sempre cansativo e mal organizado Campeonato Brasileiro. Cansativo porque não se leva em conta os milhões de km² do Brasil ao planejarem uma tabela. A imensa distância entre os estádios, a inclusão de campeonatos similares e simultâneos e a economia em frangalhos do país e do futebol. Sempre imitando padrão europeu, onde em vários países, você leva menos de uma hora para ir jogar no campo do adversário. E muito menos jogam tantas Taças e Torneios ao mesmo tempo. 
A sensação que temos hoje é de uma overdose de futebol nesses primeiros meses. Ainda mais com a TV transmitindo a Série B e outras competições. Paciência. Sequer existe organização e interesse entre os jogadores para cobrar ou sugerir melhorias nesse calendário esdrúxulo. E também por parte dos torcedores em dizer: "Chega! Meu bolso não aguenta e minha emoção não é a mesma".

Vida que segue e o segundo turno também. Segundo turno que traz o Corinthians invicto como favorito ao título, seguido dos demais: Grêmio, Santos e Palmeiras, que tentam se aproximar, mas dependem de uma queda de rendimento do Timão. Na parte de baixo da tabela, apesar do Atlético GO liderar a chance no precipício para a Série B, os times estão muito próximos e creio não haver ainda favorito para o descenso. De todo modo, quem me dera que tivéssemos um Brasileirão com 16 clubes, ou mesmo 20, que fosse, em 2 chaves de 10, jogando entre si com classificação para oitavas, quartas, semi e final, a exemplo do modelo da Copa do Mundo. No meu entender seria muito melhor, mais rentável e mais emocionante.

O segundo turno já começa também com a despedida, a meu ver, absurda e injusta, do técnico Zé Ricardo, do Flamengo. Duvido que não estejam há bastante tempo forçando algum nome de maior peso para dirigir uma equipe que ainda pensam estar equilibrada depois de tantas contratações. O Flamengo não soube se reforçar do meio para trás. Apesar disso, pasme, é 5º colocado. Se Zé Ricardo montasse algum esquema priorizando a parte defensiva, para dar equilíbrio, todos veriam um Flamengo mais defensivo e o resultado seria talvez pior. Há quase um ano no cargo, Zé Ricardo provou em 89 partidas que seu trabalho deu certo. Mas, que no momento não havia elementos para que houvesse a regularidade que a torcida cobra. Vamos acompanhar para ver quem será a bola da vez ou um nome de peso. Eu penso em Luxemburgo e em Mano Menezes, se conheço como funcionam os bastidores da Gávea e os mandachuvas de lá. Ou quem sabe ainda, o comentado nome de Zico. Se o for, é sim um nome de peso. Põe peso nisso. Mas eu não faço ideia do resultado ao longo do tempo. 


O Coritiba passou vários jogos com seu time jogando pedrinha. Nitidamente abortando seu técnico: Pachequinho. Interessante a ideia. Se desinteressam, como se jogassem para perder, e às vezes o fazem mesmo, para que quando tiverem o técnico preferido, tenham um caminho muito mais longo e difícil a percorrer. E quem paga a conta é o torcedor. O mesmo fez o Atlético MG com Roger Machado. Sem avaliar o trabalho dele, era fácil perceber o desencontro e o desinteresse da equipe mineira, que tem um bom elenco. O mesmo acontecido acima com o Coritiba se passou e se passa com Atlético MG. Tendo piores consequências no Galo pelo estado físico de alguns jogadores e uma certa saturação, já anterior, neste elenco. E a infeliz escolha de Rogério Micale para substituir Roger. 

De todo modo, a mídia e o mundo da bola acham normal esse entra e sai. Lamentável. São atitudes que desmontam o planejamento de um trabalho sério e jogam na conta dos dirigentes o que ninguém depois sabe e quer cobrar: as razões pelas quais determinado treinador foi contratado e em tão pouco tempo demitido. Há exceções, às vezes provocadas pelos próprios erros do treinador, mas de costume, essa é a postura que caracteriza o entra e sai de uma função que necessita de critérios, identificação e profissionalismo dos clubes de futebol. Principalmente no Brasil.

Boa semana a todos!