domingo, 20 de janeiro de 2013

Campeonato Carioca X Estadual – O que mudou













Antes de mais nada, um excelente 2013 aos leitores e amantes da bola. E agora vamos aos trabalhos. Sem saudosismo, num paralelo pragmático do Campeonato Carioca, de quem presenciou antes dos anos 90, e hoje, eu confesso que dá saudade do Rio antigo. Não que as primeiras rodadas fossem um primor. A diferença era que aqui se jogava com os clubes do antigo Estado da Guanabara. Dos antigos, hoje só estão figurando nos pequenos, Madureira, Olaria e Bangu. E é bom lembrar que o Bangu foi campeão 2 vezes, 33 e 66. Sendo que em 66, pessoal, era ruim de ganhar do Bangu. O Flamengo que o diga, como na foto acima.



Havia uma certa rivalidade, pois clubes como São Cristovão, campeão Carioca de 1926, Campo Grande, Bonsucesso, Portuguesa e o glorioso América, que de pequeno não tinha nada, faziam jogos bem disputados contra os grandes. Quantos títulos foram arrancados das mãos do Botafogo, do Flamengo, etc. Era interessante ver o São Cristovão ter jogadores como Ivo Sodré, que era guarda de trânsito e nas horas vagas treinava e jogava pelo São Cristovão (Obrigado pela correção Antonio Gonzalez). Até em times grandes, como o Flamengo, os jogadores dividiam seu tempo entre servir o exército e o clube, como foi o caso do lateral esquerdo Rodrigues Neto, quando começou.

Eu vi o Bangu encher mais de 3 setores de arquibancada nos anos 60, 70. Fora uma decisão de Campeonato Brasileiro, em que foi ceifado em pleno Maracanã, no jogo com o Coritiba, em 85. Isso sem falar na polêmica final do Estadual, de 85 também, contra o Fluminense. Resumindo, era tudo em casa, mais divertido, com muito maior presença de público, rodadas duplas no Maracanã nos tempos que as torcidas conviviam numa boa e tome rivalidade e gozação.

Já no atual Estadual, os times do interior, mesmo com esforço de Friburguense, Volta Redonda e Americano, os mais tradicionais, digamos, não representam bem a cara da cidade, como se vê no futebol paulista do interior. A torcida reúne poucos adeptos fiéis as cores do time. Nas arquibancadas você vê uma torcida quase mista. Era justo para ser o contrário, devido à distância do centro dos maiores clubes. Eu acho que a TV disseminou mais as torcidas dos grandes clubes e diminuiu espaço do interior. Sem falar nos Audax’s e Quissamã’s, assim como outros, que são montados em cima de idéias financeiras dos empresários e na maioria das vezes, logo desfeitos.

Mas, não vamos comparar o nível técnico, né gente? Nem tampouco o preço dos ingressos. Havia jogadores de muito mais qualidade. A diferença fica por conta dos valores que alguns recebem para jogar esse Estadual e a aptidão física, que chega a ser parelha a dos grandes clubes. Dá tristeza falar dos Estádios, até porque, você assistia um Vasco e Bonsucesso no Maracanã, a preços populares e ninguém arrancava grama ou tinha tanto prejuízo por causa disso, além do público muito superior ao de hoje em dia. Paciência. São os novos tempos. É o novo jeito de ver futebol. Desde que não maltratem a bola...

Nesta primeira rodada, nenhuma surpresa. Todos fizeram seu dever de casa. Também, nada que se aproxime de algum espetáculo, o que é natural.

Em São Paulo sim o Corinthians já começou tropeçando contra o Paulista de Jundiaí. É tão absurdo um time ser Campeão Mundial há 4 semanas atrás e estar disputando primeira partida contra o Paulista de Jundiaí, que creio que cada jogador do Corinthians, reserva ou titular, tenha que passar por uma boa sessão de terapia antes de entrar em campo. O choque deve ser brabo.

Faço aqui uma crítica habitual e antiga a esse calendário absurdo. Os clubes tinham necessidade de, no mínimo, mais 2 semanas para se prepararem. Sou contra o fim dos Estaduais, mais ainda contra esse calendário criminoso e que nem lucro ele visa, porque, na verdade, aquilo que pensam que estão ganhando, ta escoando pelo ralo com a queda do nível dos jogos e as conseqüências físicas dos jogadores ao longo da temporada.

Não podia deixar de fechar essa coluna, sem ironicamente, agradecer ao nosso futebol Sub-20 pela brilhante trajetória no Sul-Americano. Só para vocês terem uma ideia, vou reproduzir um pequeno trecho da declaração de um dos jogadores, que não posso afirmar se é sincera ou não:

- Vi jogadores chegando atrasado, treinando de sacanagem... O time perdia ou empatava e parecia que não estavam nem aí, chegavam cantando músicas. Isso incomodava. Parecia que não queriam nada.
Visivelmente chateado com a atitude de alguns companheiros, Marcos Júnior prosseguiu com o desabafo.
- Alguns jogadores pareciam que não queriam jogar, pareciam que estavam em outro lugar, de férias. E quando alguns não querem, não adianta. O Brasil não merecia mesmo passar de fase. Não foram todos, mas isso aconteceu. Foi uma tragédia. Fiquei muito triste de ter sido eliminado.”


E parabéns também ao treinador que também não fugiu a regra dos últimos. Na minha ingenuidade, eu pensei que seria um Leandro, ex-Flamengo, um Andrade, um Delei, um Eduzinho ou um Zico. Futebol de base exige experiência e conhecimento prático. Mas,  escolheram o Emerson Ávila. “Eles” devem ter suas razões.

Que o sol volte a brilhar.


Abração a todos!

5 comentários:

  1. Como eu odeio o "Cariocão". Aumentaram o número de times, campos horrorosos, Seedorf jogando contra o Quissamã.. pelo amor de Deus! 40 reais pra ir no Engenhão é sacanagem. Vergonha e preguiça desse campeonatinho de merda.

    O Brasil sub 20 foi triste de ver. Que molecada sem sangue mesmo! NINGUÉM ali me enche os olhos pro futuro.

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    1. Isso aí, Fabio Coelho. A TV tem a fórmula para isso, eu creio. Mas, prefere ganhar de outra maneira.
      Abraços

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  2. Fernando, acho que o último suspiro do grande Campeonato Carioca foi em 1995.

    Depois de 95, o que se vê é isso: fórmulas de disputa estapafúrdias, excesso de clubes, estádios vazios, ingressos caros...

    Se é pra continuarem desse jeito, eu prefiro que acabem logo.

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    1. Pois é, PC Filho. O de 95 devido ao Centenário e divulgação, movimentou o campeonato. Embora muitos jogos tenham sido à sombra.

      Quanto a acabar com o estadual, prefiro que acabem com a Copa do Brasil que é um campeonato político e mata qualquer planejamento.
      Abração

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  3. Gostaria de ver o Rio-SP de volta! Copa Nordeste deu um outro ânimo a várzea de lá que acabou ficando melhor que aqui, pelo menos com estádios sempre lotados.

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