sábado, 16 de dezembro de 2017

GRÊMIO E FLAMENGO DECEPCIONAM: FUTEBOL VIRA-LATAS ESTÁ DE VOLTA




Embora já passados alguns dias, vou começar com Flamengo e Independiente numa análise mais rápida. O Flamengo não jogou como Flamengo. Alguns jogadores como Lucas Paquetá, o próprio Everton e Cuellár, estiveram ausentes da raça rubro-negra. Mais uma vez o Flamengo fez sua torcida sofrer, sedenta que estava das frustrações das derrotas dos anos anteriores. O Independiente jogou com autoridade, se impôs em campo, criou muitas jogadas com Benítez e, literalmente, em alguns momentos fez o Flamengo correr atrás deles. Chances o Flamengo só soube criar uma ou outra na manjada bola na área. No mais, rodou, rodou, rodou e não achou a facilidade que sua soberba esperava deste jogo. O Independiente deu mais uma lição ao Flamengo de como se joga uma decisão. E o Flamengo, mais uma decepção com direito a cenas bizarras de má educação, violência e total desespero. Não apostaram tanto em Rueda? Não disseram que César era capaz de salvar o Fla? Quanta bobagem...

Indo para o Mundial de Clubes, não posso falar da decisão sem lembrar de Grêmio x Pachuca. O Grêmio sofreu pra vencer o time mexicano, esteve perto de tomar um gol que não conseguiria tirar a diferença depois, e foi salvo pela jogada individual de Everton, que tanto clamo e que devia jogar de cara. Na decisão com Real Madrid veio à tona o complexo de inferioridade do atual futebol brasileiro, prova de sua atitude após a partida numa resignação absurda. Numa indecorosa e inesperada escalação de Renato com 3 volantes, o Grêmio também não jogou como o Grêmio. Esse não é o time copeiro. É um time que joga na espera do erro adversário. E fica de boca aberta, assim como o neurótico locutor da partida na Rede Globo, repetindo inúmeras vezes com admiração: “Real Madrid: timaço. Modríc! Bale! Kroos! Ronaldo! Sergio Ramos entre outros...” como se fossem jogadores de outro planeta. Como se não rendessem dessa forma por estarem inseridos num clube organizado, que treina muito menos que os nossos em matéria de intensidade, mas que o faz corrigindo seus erros, exigindo pontaria, precisão nos passes e domínio dos fundamentos. Coisa que os cones e chapeuzinhos não fazem nos gramados brasileiros.

Jogador tem radar próprio. Não precisa de marcações artificiais em treinos daqui ou dali. Ele se acha, não precisa de cones. Senão vai se tornando o que temos visto: um futebol de robôs. Criando jogadores de totó, de pebolim. Com um jogo previsível e manjado. Estou desmerecendo o Real Madrid? Evidente que não. Mas ele é invencível a ponto do Grêmio passar o jogo quase todo se defendendo, fechado em seu campo de defesa, jogando de maneira covarde e sem objetividade, sem arriscar, sem driblar, sem ao menos limpar uma jogada pra defini-la?

“Ah, mas eles tem o Modríc!” É? Mesmo no atual desacreditado futebol brasileiro, temos uma séries de “Modrícs”, “Ramos” e outros mais por aí. Mas eles não tem a confiança de um Robinho, com mais de 34 anos, por exemplo, que sozinho num jogo desse, talvez preocupasse mais que CR7 e as estrelas do Real e também Luan. Este dotado de excelente técnica e controle de bola, parecia pedir no jogo final: “por favor, não entrem forte em mim. Por favor, abram caminho para eu passar. Não quero tentar o drible”.


Com isso os outros também não tentavam. Placar magro, resultado justo. Pros que acham que o Grêmio jogou com garra suficiente, lembrem que se não fosse seu goleiro Grohe, a pancada seria maior. Mas não só por diferença de qualidade e organização. Pelo velho complexo de inferioridade que vende uma ideia falsa de que o Real Madrid não pode ser batido. De que o Real Madrid é invencível e ninguém deve se atrever a driblar seus jogadores, impor seu jogo e até mostrar mais qualidade do que muitos deles. Para um país vivendo a vergonha que está, no aspecto político, no esportivo, creio que fechamos à altura. De forma melancólica, covarde e medíocre.

Boas festas a todos! 

domingo, 10 de dezembro de 2017

AO FINAL DE 2017 GRÊMIO E FLAMENGO REPRESENTAM O BRASIL


Fechando o ano, teremos duas atrações de clubes de massa, um deles com a maior torcida do Brasil e do mundo, o Flamengo, e o Grêmio, a maior do Rio Grande do Sul e certamente uma das 10 maiores do país. O Grêmio parece ter a tarefa mais difícil, um mundial de clubes nos Emirados Árabes. Começa enfrentando um daqueles times chatinhos, que você tem de ter paciência e nunca sabe exatamente como ele joga e o que esperar dele, e depois o todo poderoso Real Madrid. As chances do clube gaúcho são grandes. Uma equipe que joga um futebol diferente da escola gaúcha, à base de toque, movimentação, bolas no chão e alguma categoria por parte de Luan, Léo Moura, mesmo sendo reserva, e do meia Artur, que infelizmente é a grande perda do Grêmio para esse Mundial. Uma surpresa agradável numa posição onde os brucutus se destacam. Jogador de fácil visão de jogo, excelentes recursos técnicos, passe preciso e desenvoltura e rendimento que prometem muito. Não há um substituto dito ideal para este jogador. Eu usaria, talvez, Cícero, se fosse possível. Mas parece que uma burocracia idiota permite que ele dispute a mesma competição que leva ao Mundial mas não que ele jogue o Mundial. Vai entender!

Uma das minhas maiores preocupações também é o efeito dessa mini paradinha. Deus queira que tenha servido como descanso. Reposição física e energética para essa batalha. Porque às vezes influi negativamente no Grêmio. Como Brasileiro e fã do futebol do Grêmio e do trabalho de Renato Gaúcho na equipe, torço para que isso não aconteça. Torço para o bicampeonato do Grêmio de futebol porto-alegrense.

Sobre o Flamengo, joga em casa, bem à moda rubro negra. Com a massa e aquele “vento negro” como chamavam os antigos, que arrasta um ciclone pra cima do adversário e toma conta das quatro linhas. É como se baixasse um espírito que afetasse todos os jogadores e os presentes no estádio. Normalmente ninguém segura. O time às vezes mesmo mal numa partida, ressuscita devido a uma jogada ou um apito, uma nuvem que vem sei lá de onde. O perigo é que às vezes isso custa a acontecer ou não acontece. E a torcida impaciente, sedenta de ver o Flamengo como ela sempre intitulou: “o maior clube do mundo”, não conseguir o que ela espera dele. Aí todos os orixás, digamos assim, jogam contra. Isso aconteceu recentemente, vamos dizer assim, como Santo André, América do México e com o próprio San Lorenzo este ano. O gol segue uma incógnita. O menino César (26 anos é um menino no gol) foi irresponsavelmente alçado a herói por um jogo. Ninguém queria ouvir falar em Muralha. Apesar de Muralha ter dado motivos pra isso, tenho dúvidas se a decisão foi acertada. Tomara que o menino se saia bem, porque tenho certeza que a própria mídia que o chamou de herói e a torcida que assinou embaixo, pode transformá-lo em vilão. Posição de goleiro, meu amigo, é pra lá de misteriosa e tem que ter um conhecimento profundo sobre ela. Inclusive porque o responsável pelos gols que o Flamengo vem tomando, passando por Diego, Muralha e Cesar, é culpa de uma defesa que é uma verdadeira peneira. Capaz de finalizações precisas de cabeça como Réver e Juan no ataque, e brechas vez por outra na marcação. Isso vem de um defeito desde a época de Zé Ricardo e que piorou com Rueda. O Berrío voltava pra fechar e ajudar na marcação. E o Márcio Araújo, mesmo limitadíssimo, tentava cobrir as subidas do impetuoso Willian Arão.

Portanto, Willian Arão, Everton, Diego, Vizeu e um pouco o Paquetá saem muito mas não ajudam na volta como deveriam, expondo demais a zaga. E esse foi o motivo da derrota do primeiro jogo. Porque não vi nada de mais no Independiente, a não ser velocidade e disposição. É um time que tem uma defesa fraca, principalmente em jogadas pelo alto. Não tem um jogador sequer de bom nível na armação. São mais ou menos todos iguaizinhos na qualidade e limitação. Em todo caso, é futebol argentino. O máximo de cautela é sempre pouco. O “já ganhou” inevitável de conter a essa altura, pode prejudicar o Fla. Em todo caso, para mim, o Flamengo é o favorito sim, sem nenhuma demagogia.

Por fim, creio que a mídia e a direção desmoralizada do futebol brasileiro, dependentes do que ocorre no país, têm uma chance de ouro de fechar o ano com matérias de alto índice de audiência e credibilidade, sem nenhum poder contrário de contestação no futebol brasileiro. Pois já com o Corinthians campeão brasileiro, o Flamengo se tornando campeão da Sul-americana e o Grêmio do Mundial, quase metade da população brasileira teria um Papai Noel generoso amansando os mais descontentes e raivosos, lembrando aquele refrão e revivendo mais ou menos aquela época do “Pra Frente Brasil”.

  



domingo, 3 de dezembro de 2017

SORTEIO DOS GRUPOS DA COPA: A SORTE ESTÁ LANÇADA



Exaltando em primeiro plano a foto da crônica, provavelmente histórica, entre o Presidente Russo Vladimir Putin, o incontestável rei do futebol, Pelé, e, para mim, um dos cinco maiores da história do futebol, Maradona. Cercados também de grandes jogadores como foram Lottar Matthaus, Eto’o, Puyol e outros. A primeira novidade foi a melhoria no suspense com que tratavam esse sorteio em épocas passadas. Atenções voltadas para os novos comandantes da FIFA e de todas as federações dos países participantes, exceto do Brasil e, como todos sabem, só há um lugar onde o nosso Presidente não corre o risco de ser preso: no seu próprio país. Ficamos, pois, órfãos, pela primeira vez, do Cartola mor durante o sorteio das chaves.

Li algumas entrevistas e assisti outras interessantes, como as que fizeram com Tite, por exemplo. Tanto as perguntas quanto as respostas eram, de certa forma, inusitadas. A certa altura, Tite foi perguntando: “Que grau de dificuldade você espera nesta Copa? ” Creio que se tivesse no lugar dele, devolveria a pergunta ao repórter. Independente da qualidade de Tite, não há como ter noção alguma de grau de dificuldade. Salvo em relação à altitude, que não é o caso, mas a temperatura, que apesar do evento se dar no verão europeu, Rússia é Rússia. Calor não fará, provavelmente.

Sobre o que esperar do rendimento das seleções, vamos ficar brincando aqui de dança das cadeiras. Simulando adivinhações que não levam a lugar nenhum. Tipo: “seleção A se classificar em 1º ou 2º, “deve” pegar tal país, e a final tem uma boa chance de ser entre país A e país B”, são conjecturas, perda de tempo. Achei no geral os grupos equilibrados. Dois grupos interessantes, que chamam minha atenção, são os Grupos F (Alemanha, México, Suécia e Coréia do Sul) e B (Portugal, Espanha, Marrocos e Irã). Parecem interessantes as misturas dos países e escolas de futebol distintas.
O próprio grupo do Brasil não é a moleza que muitos disseram. Suíça tem um padrão de jogo à inglesa e uma tradição de forte marcação. O esquema ferrolho suíço foi batizado com a sua marca registrada. Costa Rica fez uma excelente Copa de 2014 e tem boas chances de manter aquele grupo que jogou um futebol ousado, aplicado e veloz. A Sérvia, que nos remete ao passado da Iugoslávia, ao estilo de futebol tcheco, nunca foi cachorro morto. Há tempos atrás era osso duro para nossa Seleção, pois eram escolas que jogavam ofensivamente e que apresentaram ao mundo jogadores como Dragan Dzajíc, que foi chamado por Pelé de “O Mago do Futebol”, Vladimir Petrovíc, Oblak, Prosinecki, Savicevíc e o próprio Petkovíc entre outros, mas, com a dissolução da Iugoslávia e outros países vizinhos, estas escolas sofreram alguma perda de característica, porém nem por isso devemos desconsiderar sua história de bom futebol. Eram países de jogadores habilidosos que sabiam, ao menos antigamente, tratar muito bem a bola. Apesar de tudo, hoje, Sérvia é uma interrogação.

No mais, espero uma Copa muito organizada, confio muito na seriedade e competência da Rússia. Mas sobre favoritos ou favorito, não tenho. Não tenho como apontar e ter nem sequer um palpite do país campeão da Copa 2018.

BRASILEIRÃO 2017

Sobre o Brasileirão 2017 que se encerrou oficialmente hoje, não tenho muito o que falar, infelizmente. Seu campeão já saiu há 3 rodadas e qualidade técnica das equipes e suas atuações estiveram muito abaixo do que merece ver o torcedor brasileiro. Iria até além: graças a Deus terminou o Brasileirão 2017.

Boa semana!



quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O GRÊMIO DE RENATO GAÚCHO CHEGA AO TRI DA LIBERTADORES


Não costumo usar esta expressão tão comum: “o time de fulano; o time de cicrano”. O time é do povo, é do clube. O treinador é responsável pelo seu comando e seu desempenho num todo. Em se tratando desse Grêmio, o treinador teve uma participação mais efetiva e clara.

Os reforços que solicitou, o trabalho que começou com a parceria de outro grande treinador, Espinosa, que por caprichos do destino foi seu treinador há 34 anos, quando o jovem ponta, raçudo, objetivo, driblador e técnico, com uma equipe que tinha Paulo Cezar Caju, Mario Sergio, De Leon, Tarciso e outros, que formavam uma time técnico, abusado e confiante em si mesmo. Confiante o suficiente para vencer a Libertadores e se tornar Campeão Mundial, derrotando o Hamburgo, bem ao estilo da raiz do futebol brasileiro.

Esse time atual pode não ser tão técnico quanto aquele. Mas um elenco forte e bem escolhido, jogando com bola no chão, jogando bonito, jogando com raça e muitas vezes até com excesso de troca de passes. Que quando eram em demasia e improdutivos o complicava.

O time do Lanús fez um primeiro jogo melhor, em Porto Alegre, assim como o Grêmio fez um segundo jogo, principalmente no primeiro tempo, impecável. Dizer se o Lanús sentiu ou não o peso da camisa e a estreia num tipo de decisão desse porte é muito difícil. Eu acho que ele foi até aonde pode. E pode ir muito longe.

Ontem era noite do Grêmio, que, na realidade, merecia sair com um placar mais elástico, se não fosse o destoante Barrios e o excepcional Luan desperdiçarem um final de jogo mais tranquilo, deixando de aproveitar oportunidades claras de aumentar o placar. Vale lembrar a liberdade que Renato sempre deu para que os jogadores sob seu comando fizessem jogadas individuais, que são  a nossa marca, como fez Luan, no segundo gol. Um gol de craque, que normalmente põe o adversário em seu devido lugar. Muito importante também para o Grêmio um goleiro entrar na reta final na grande forma que entrou Marcelo Grohe.

O time merece todas as honras pela conquista e o Brasil e o futebol agradecem. Assim como agradecem e acho que tem obrigação em reconhecer em Renato um grande treinador. Um grande boleiro, sim. Longe do rótulo ignorante que lhe deram por anos, quando levou o Fluminense pela primeira vez em sua história à famosa decisão com a LDU, perdida nos pênaltis.

Técnico competente, com visão de futebol, que sabe o que faz quando treina um time. Sem essa de ser o “treinador do rachão” e de fórmulas mágicas como exigia a torcida do tricolor carioca quando assumia o time, justificando a escolha correta do patrocinador e do clube. Dirigir bem uma equipe está longe de falar cinco idiomas, aprender em livros em uma faculdade e achar que o lado científico é assunto exclusivo do treinador. Há uma comissão técnica por trás com vários departamentos especializados, que vale a pena lembrar aquela máxima, de “cada macaco no seu galho”.

Repetindo, como sempre: para ser um grande técnico de futebol você tem de entender de futebol. Tem de gostar de futebol. E, principalmente, ter jogado esse jogo, que só entende por completo quem o conhece não só na teoria, mas também na prática.

A torcida fica para que hoje, o Marcelo Grohe que ainda pouco fez a homenagem em nome do time do Grêmio, transmita seu bom momento para o camisa 1 que Rueda escolher no Flamengo, contra o Junior Barranquilla. Que, por mim, deveria ser o Muralha. Sim, o próprio. É arriscado demais nessa posição colocar um garoto que está sem ritmo de jogo. O mais experiente normalmente se supera nessas horas.

Vamos aguardar. Parabéns, Grêmio! Parabéns ao grande treinador, Renato Gaúcho!

domingo, 26 de novembro de 2017

A DUZENTOS DIAS DA COPA DO MUNDO DA RÚSSIA


Isso é um sopro. Num piscar de olhos o mundo vai se ver diante das telas ou “in loco” do maior evento de futebol do mundo. Evento este que a FIFA, hoje em dia com sua moral e credibilidade muito abaixo de outros tempos, envolvida em acusações, corrupções de toda natureza, ainda pode protagonizar até no sorteio dos grupos, que acontecerá em breve, uma mancha negra no capítulo das Copas do Mundo.

Refiro-me a mais do que estranha notícia vinda de Lima, no Peru, de que os políticos locais pensam em criar uma liga própria contrariando o regulamento da FIFA, o que, neste caso, daria uma brecha, digamos, para Itália ou Chile. Isto não cheira bem. O Peru já tem um episódio amargo em sua história, na Copa de 78. Perder da Argentina, na Argentina, é absolutamente normal em uma Copa. De 6 a 0 e da forma como foi, jamais. Tanto é que para os que não se lembram sua delegação foi recebida em Lima com o povo atirando moedas nos jogadores. Torço muito para que não haja qualquer mudança. Do contrário, a Copa já começa com o pé esquerdo.

Sobre a perspectiva de favoritos e de uma grande Copa do Mundo, por hora, no aspecto técnico, vejo uma baita interrogação a minha frente. Todas as equipes presentes estão em renovação. Não há grupo no topo da experiência e do conjunto, como a duas últimas seleções campeãs mundiais, Alemanha e Espanha, por exemplo. Mas, no sentido organizacional e de estrutura para que seja jogado um bom futebol, aí eu levo muita fé. Os russos são sérios e hoje a Rússia é outra. Mais comunicativa com o mundo inteiro e pronta para oferecer uma grande Copa do Mundo no que depender dela.

O mundo passa por um momento um tanto tenebroso nas relações entre os países e na política deles. Além de atos bárbaros e a predominância de crimes em massa e perda de valores. Um evento desse porte pode unir nações e melhorar o astral do nosso planeta por um tempo.

FINAL DO BRASILEIRÃO

Como já mencionei na edição passada, o Corinthians já marcou sua estrela de Campeão Brasileiro de 2017. A luta são por vagas na Libertadores, na Sul-Americana e contra o rebaixamento. O critério de colocação de acesso à Libertadores cada vez é mais ridículo. Antes era um time, depois três, quatro e podem ser até nove? Isso não é solução financeira alguma, pois a ideia só pode ser essa. E ainda causa um prejuízo enorme na qualidade do campeonato, se é que isso ainda é possível, acomodando certas equipes pelo fato de não precisar fazer muito para alcançar tanto.

Chamo a atenção no grupo dos ameaçados de rebaixamento e já rebaixados e também nos intermediários. Já cansei de ver jogos “estranhos” na minha vida. Jogos em que os jogadores “correm para não chegar”, não se esforçam como de costume e que arbitragens desenham um resultado. Lamento. Minha experiência e minha visão de futebol não me permitem calar sobre a certeza de que muitos jogos nesse campeonato foram e são acordados. Como lamento pelo povo que é constantemente enganado e se deixa enganar.

Peço a Deus que não demore muito para que a podridão venha à tona e essa fruta comece a cair de podre e possamos ter de fato um futebol mais limpo, como gostaríamos de ver o nosso próprio país.

Boa semana!

domingo, 19 de novembro de 2017

CORINTHIANS: UM CAMPEÃO ANUNCIADO


Acredito que mais que anunciado, não é? Se você entrou naquela de achar que o time tinha esquecido seu jogo, que as jogadas não encaixavam mais ou que o gás tinha acabado, enganou-se. Não sei por que relaxaram daquela forma (tenho dúvidas sobre as razões), mas lembro que isso já aconteceu em campeonatos anteriores, principalmente quando um concorrente ou dois se desgarravam na liderança da classificação.

O que importa é que o Corinthians é campeão sem a menor injustiça. Em um campeonato que tem no máximo quatro, talvez cinco boas equipes, ele é superior a seus adversários. Um time compacto, equilibrado, com uma boa mescla de idade, experiência e juventude atuando juntas, e, principalmente, alguns jogadores de qualidade como seu goleiro Cássio, o lateral direito Fagner, o meia-atacante Claysson, os meias Rodriguinho e Jadson, o eficiente Balbuena e Jô, embora deficiente tecnicamente, não tendo a qualidade técnica de um grande centroavante, mas sendo importante para a definição das jogadas dentro do sistema e do esquema de jogo traçados. O treinador, Fábio Carille, não pode ter seus méritos ignorados pelo fato de já ter uma base anterior montada por Tite e outros treinadores que lá passaram. Teve sua participação, sim.

No título conquistado na quarta-feira, aliás, tivemos um bom paralelo entre Carille e Abel. Enquanto o treinador corintiano tentava segurar a ansiedade de seu time, na tentativa de superar a falha de tomar um gol logo a 1 minuto de jogo, o treinador tricolor já pensava na melhor maneira de garantir o resultado, que no campo se desenhava claramente favorável ao Corinthians. Bem, mas vamos reconhecer que Abel não tinha o elenco, a estrutura e a filosofia de futebol do Corinthians. Sim, é verdade. E, apesar de não concordar com muitas das soluções que tentou e ainda tenta encontrar para resolver inúmeros problemas, no compito geral, acredito que o Fluminense estivesse até mais abaixo com outro tipo de treinador. Mas o clube das Laranjeiras não consegue resolver seus problemas internos de comando, competência e filosofia de futebol, que geram outros e mais outros. E exaustivamente já citei aqui que não será usando uma garotada como alternativa, ou com outras intenções, que o Fluminense vai chegar a algum lugar ou até mesmo empurrar suas gravíssimas deficiências com a barriga por muito tempo.

É muito triste, da metade do segundo tempo em diante, ver Abel recorrer a três centroavantes altos, fortes, mas sem qualidade técnica alguma, e apenas um meia qualificado, Scarpa, para servi-los. Erro grosseiro cometido por muitos treinadores, inclusive, redundando na desarticulação total da harmonia do time, que já nunca foi boa. A correria dos garotos só fez aumentar diante do olé e do banho de bola que o time corintiano passou a aplicar já com o resultado sacramentado. Lindo de se ver por parte do Corinthians. Triste por ter de ver garotos ainda com idade sub-20 ou recém saídos dela correndo atrás de um time bem a frente em todos os aspectos.

Por fim, não podemos deixar de citar a saúde financeira do Sport Club Corinthians Paulista. Ela foi e tem sido muito mais fundamental que a tal Arena Itaquera, que em times de massa como Corinthians e Flamengo, muitas vezes funciona até como uma pressão contrária.

Boa semana a todos!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL: TRIUNFO SUECO. A IRRECONHECÍVEL ITÁLIA ESTÁ FORA DA COPA



O tempo vem avisando aos Italianos e fãs de seu futebol. As últimas seleções montadas, como a de 2014, tiveram performance abaixo da crítica. Nomes novos, revelações... praticamente nenhuma. Um fastio, digamos assim, de novos valores, e um trabalho de renovação que se existiu, foi muito abaixo do esperado. Já há um bom tempo a Itália vem jogando em cima da fama que construiu no passado, na tradição de sua camisa. O resultado está aí. Os campeonatos Italianos também cansaram de dar sinais de fadiga e mau futebol. As grandes equipes italianas, famosas no mundo inteiro, jogando um futebol pálido e medíocre por muitas vezes. Se eu perguntar ao leitor qual foi o último grande centroavante Italiano ou pelo menos o último artilheiro da Itália, você vai ter que recorrer a uma boa memória. A seleção Sueca de nível apenas razoável, fez o seu papel. Sua maior determinação e organização lhe deram, com toda justiça, a vaga tão sonhada para a Copa da Rússia de 2018. Fez bonito em casa, vencendo por 1 a 0, e abrindo uma importante vantagem ao jogar o peso da responsabilidade para uma escola de futebol que, apesar das conquistas e glórias de sua história, tem lá suas dificuldades com emocional e com jogos em casa.  A Itália costuma ser mais fatal fora de seus domínios. Mas hoje não tinha jeito. Em momento algum dos 97 minutos de futebol a Itália teve um futebol que lembrasse a Itália. Jogadores absolutamente sem estilo e visivelmente sem qualidade. Alguns jamais poderiam vestir a camisa da Seleção Italiana de tão fracos e amadores. Triste ver um Buffon que tanto se esforçou e tanto ajudou a Itália, se despedir dessa forma. Um time sem rosto, um time sem uma jogada lúcida de trama de criação ofensiva, sem explorar os extremos do campo. Sequer uma jogada de linha de fundo. Um amontoado de camisas azuis lutando desesperadamente contra seus próprios limites e a bravura e resistência da seleção Sueca. Que, diga-se de passagem, também tinha vários pecados de qualidade técnica e lucidez. Mas fez por merecer. Como disse antes, foi mais organizada e está de parabéns. Garantiu sua vaga depois de longa ausência na Copa da Rússia em 2018. Já a Itália, pela terceira vez (1930, 1958 e 2018) não irá figurar com sua gloriosa Azurra nos gramados russos.   


Foto: Reuters/ Max Rossi

domingo, 12 de novembro de 2017

BRASIL 3 X 1 JAPÃO. FOI VÁLIDO PARA NÓS?



Inválido não chegou a ser. Mas não é o ideal. A própria decadente Inglaterra, no dia 14, creio ser mais produtiva. Trata-se de uma escola que mesmo com deficiência técnica por não estar em seus melhores momentos, tem alguma tradição e pode exigir mais do que o Japão. Não que não seja fortuito ter pela frente o Japão, mas é uma equipe ainda muito inocente, apesar do imenso avanço em relação a décadas passadas. E normalmente, o atual futebol Japonês não se fecha tanto e não joga em contra-ataques, o que seria importante, a meu ver, como teste para a Seleção. Passamos com facilidade, levando a campo um time já com boa engrenagem de saída de bola, boa movimentação e toque de bola, apesar de acabarmos sempre dependendo da jogada fatal de Neymar. A Seleção sem Neymar é obviamente bem menos poderosa. E não é nada confortável nos apoiarmos num só valor. Há outros bons jogadores como Philippe Coutinho, Renato Augusto... mas as jogadas agudas e de decisão têm quase sempre a participação de Neymar.

Disse há algum tempo que uma das grandes preocupações era a falta de amistosos contra escolas de futebol de países variados. Desde a Copa de 2014, como frisei, estamos enfrentando cerca de 90% de adversários sul-americanos. E houve uma melhoria nossa em relação a 2014 e uma piora acentuada nos times da América do Sul. Essa situação exigia a Holanda, a própria Itália, mesmo atualmente em apuros, a França, e a Inglaterra que vamos enfrentar na terça-feira. É muito importante testar situações de jogo onde a imposição do nosso futebol encontra obstáculos, tenha dificuldades e se veja em situação diferente das que encontra atualmente. Além do mais, de um ano pro outro, mesmo estando apenas a oito meses da Copa, muita coisa muda. Muda não só no momento técnico do jogador, mas no físico, no aspecto psicológico,  nos acontecimentos do cotidiano. O astral de cada um sofre, sim, modificações.  O jogador de futebol não passa de um ser humano. Recebe boas e más notícias. Passa por momentos mágicos e sombrios. Por esta razão, um maior número de amistosos, jogos com alguma dose maior de competitividade, seriam super necessários.

Espero que na terça-feira encontremos a antiga marcação inglesa, junto com a italiana e argentina de alguns anos atrás, uma das que considero mais fortes do mundo. Precisamos de equipes que nos dificultem, que nos levem a situações diferentes para que ninguém tenha que dizer que foi surpreendido por determinada seleção.
Aproveito aqui para ressaltar minha insistência na convocação de Robinho. Não existe o menor cabimento, o menor sentido, em você levar um jogador como Roberto Firmino, mesmo com justificativas táticas, para uma Copa do Mundo e deixar um Robinho de fora, como já fizeram na última Copa. É um absurdo. Será que Robinho está velho, Tite? Você vem acompanhando os últimos jogos do Brasileiro? Será que Robinho não suportaria uma competição de tiro curto como uma Copa do Mundo? Será que a defesa adversária iria se sentir confortável e muito tranquila tendo pela frente jogadores como Neymar e Robinho? Ou será que você pensa que eles não podem jogar juntos? Quem não pode jogar junto, meu caro Tite, é Firmino com Neymar ou Firmino com Coutinho (mesmo jogando juntos no Liverpool,  podem dar algum up lá, não em se tratando de Seleção Brasileira). Tenho ciência que Robinho não faz parte dos planos de Tite. É um dos maiores defeitos e problemas dos treinadores. A mente fechada ao futebol objetivo e ofensivo que é a nossa natureza. Principalmente quando esses treinadores estão por cima, vencendo.  Se formos falar apenas de jogadores chamados “veteranos”, que não há problema algum, pois no mundo todo ainda fazem a diferença, mesmo em idades avançadas, é bom lembrar que ainda mesmo com juventude e no auge de sua qualidade técnica e maturidade como jogador, Marcelo não é mais um garotão da vida, e Daniel Alves muito menos. Em todo caso, seja o que Deus quiser.

Após a Inglaterra teremos apenas mais alguns poucos amistosos, que com certeza não nos darão ideia precisa de como estaremos, lá pra março, abril de 2018, às vésperas da Copa da Rússia. Afinal de contas, treinos não são suficientes para dosar o estágio da Seleção. Como dizia o grande mestre do futebol, Valdir Pereira, o Didi: “treino é treino e jogo é jogo”. Jamais duvidei e duvidarei disso.

Boa Semana!








Foto: PHILIPPE HUGUEN - AFP

domingo, 5 de novembro de 2017

... E DE REPENTE O CORINTHIANS VOLTA A JOGAR


Com a Arena do Corinthians abarrotada de torcedores (que fique frisado: não me acostumei até hoje com essa estranha denominação de “Arena”) houve emoção do início ao fim do clássico paulista.

Outra coisa que vejo com estranheza também, além de tantas que já são consideradas naturais, que os jogadores de hoje preferem dizer “faz parte”, foi o reencontro do timão com o Campeonato Brasileiro. Já a alguns jogos o Corinthians parecia afastado das boas atuações do primeiro turno. Enquanto perdia ou empatava, seus adversários diretos, por coincidência ou não, Santos, Grêmio e o próprio Palmeiras, não aproveitavam a vantagem.

Embora o jogo do Corinthians não tenha sido tão seguro e eficiente como no 1º turno, hoje foi melhor que as atuações que vem tendo no 2, do qual chegou a ser uma das piores campanhas. O Palmeiras na maioria das vezes não conseguia acompanhar as jogadas ofensivas e velozes. O ritmo imprimido pelo Corinthians era muito forte. Mesmo assim precisou de uma ajuda, também estranha, do musculoso árbitro Anderson Daronco e do bandeira Elio Nepomuceno em um impedimento claro no primeiro gol e, a meu ver, em um pênalti inexiste, no terceiro.

Mesmo tendo recuperado um pouco de sua qualidade de jogo na metade do primeiro tempo o Palmeiras não teve força para lidar com esse revés. De bom para o torcedor palmeirense fica a imagem da luta pelo empate até depois do 50º minuto do 2º tempo. O que terá acontecido com o Corinthians, que resolveu voltar a jogar bem, sinceramente eu não sei. Também não adianta falar sobre a CBF e a direção do Campeonato Brasileiro. Qualquer torcedor com alguma experiência percebe que existe algo de errado nesta competição.

Ainda falando deste campeonato, dos jogos que você pode ter a certeza que são disputados com a seriedade necessária, a de se lembrar a quantidade de erros nos sistemas defensivos. Zagueiros seguem marcando a bola e não o adversário. E o desarme normalmente só através do carrinho. Os goleiros, apesar de irem bem na maioria dos clubes, não aproveitam o sistemático jogo aéreo para saírem mais do gol ao invés de contarem com os cortes de suas zagas. Os meias erram passes de 2, 3 metros, quase sempre por precipitação e por não olharem a jogada. Os atacantes... Meu Deus! Haja falta de técnica e pontaria. Ao invés de tirarem a bola do goleiro, concluem quase sempre nas nuvens ou em cima dos próprios goleiros, mesmo absolutamente sós nas jogadas.

Por fim, excetuando os grandes chutadores do futebol brasileiro, como Pepe, Rivelino, Nelinho, Marcelinho etc, o aproveitamento de chutes de fora da área é lamentável. E esse problema não se dá devido à falta de tempo no treinamento. O problema é antigo. Se dá por falta de atenção e repetição desta jogada, hoje mais importante que nunca, diante dos bloqueios defensivos.
Uma boa semana!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL: A MÍSTICA DO FLA X FLU



Como diria o “imortal” escritor, dramaturgo e tricolor nato e hereditário, Nelson Rodrigues, o Fla x Flu de ontem, 01/11/2017, estava escrito há milhares de anos. Se vivo fosse, enfrentando um Maracanã acanhado, modernizado, porém desfigurado, certamente Nelson estaria lá, torcendo para o seu tricolor. Tricolor que é meu time também, afinal, não sou filho de chocadeira. Nunca neguei meu time de coração, onde, inclusive, tive a honra de, levado pelo grande mestre, o falecido Zezé Moreira,  para treinar nas categorias de base, onde comecei uma curta carreira de jogador, interrompida com o precoce falecimento de meu pai. Naquele tempo, um amador oficialmente não tinha a grana de hoje. Muito menos chegava em carro de luxo pra treinar. Morador de Copacabana, usava o ônibus 416, normalmente escondido dos demais jogadores, para fugir de um rótulo negativo no futebol e ocultar o bairro de classe média alta em que residia. No entanto, essa breve história não impede que enxergue a realidade do futebol nua e crua como ela é.

Ontem, tive intuição que o Fluminense venceria, devido às circunstâncias do momento atual dos dois times. Percepções extracampo e da história que esse clássico traz. E no começo minha impressão foi se confirmando. Aproveitando uma sobra, Marcos Jr. tocou rápido para Lucas, que livre de marcação, bateu forte, abrindo o placar para o Flu. Ironia do destino, minutos depois, o próprio Lucas, desnecessariamente, atropela Diego no ponto x, onde o meia-armador gosta de cobrar. Bola bem colocada, jogo empatado. Segue o Fluminense um pouco diferente dos outros jogos. Com seu miolo de área jogando bem postado e com razoável segurança. Abel escolheu Douglas e Richard para a proteção da zaga, que com auxílio constante de Scarpa, detinham avanços do Flamengo. A bola alta era a jogada, que o Fluminense desde a era Abel, usa com frequência até exagerada. Valeu a insistência e num escanteio cobrado por Sornoza, Renato Chaves aproveitou a indecisão da zaga do Fla e pôs o Flu na frente novamente. Fim de primeiro tempo, com alguns momentos de arranca-rabo entre as equipes, típico de um jogo decisivo. O Flu parecia mais determinado e com mais espírito de decisão.

O início do segundo tempo seguiu o estilo do primeiro. Mais uma vez, pelo alto, numa bola parada e lenta, Renato Chaves aproveita o sono de Juan, a indecisão Rhodolfo e crava no ponto fraco do Flamengo. Flu 3 x 1 Fla. Aí, a pequena torcida tricolor, numa soma estimada por mim de no máximo 10 mil torcedores, lamentavelmente, multiplicou-se por mais 10 mil e passou a acreditar na vitória. Olhando para o jogo, o desenho dava razão a ela. O Flamengo jogava do mesmo modo e esbarrava na mesma barreira tricolor. Eis que Marcos Jr., um jogador irregular, mas numa noite de boa presença, contrapondo-se a do apagado Henrique Dourado, sente o músculo da coxa e deixa o campo. Abel opta por Romarinho. Deve ter feito a escolha devido ao estado físico limitado de Wellington Silva. Mas o Flu perde com isso. E ao mesmo tempo, Rueda toma uma decisão que já devia ter tomado. Faz entrar a jovem promessa, Vinicius Jr. Do lado do Flu, Abel erra feio, tira Sornoza, que fazia uma de suas melhores partidas e faz entrar Wendell, desmanchando a boa distribuição que encontrara até então, responsável inclusive por um Flu mais presente ofensivamente que de hábito.

A “coisa” começou a mudar, a promessa Vinicius Jr. me fez lembrar o grande Silva, ponta-de-lança Rubro-negro e da Seleção Brasileira dos anos 60, que começara a bagunçar com a arrumação da defesa tricolor. Logo cobra falta de trivela, com a ousadia e esperteza dos craques, para Everton, que num toque de calcanhar genial deixa Vizeu na cara do gol, que diminui, numa linda jogada. Já ensaiando um dia de finados, dia seguinte ao jogo, a torcida do Flamengo ressurge das cinzas, abafa a do Fluminense e em maior número, agita o Maracanã. Os minutos finais eram pura emoção. O Fluminense já tentava com menos força ofensiva, e a categoria, movimentação e o DRIBLE, arma fatal e mágica, que nasceu com o jogador brasileiro, pelos pés de Vinicius Jr., reacende a movimentação de todo o Flamengo. O Flu começa a pará-lo com faltas. Até que numa destas, nos minutos finais, Willian Arão acerta uma cabeçada talvez inédita para ele. 3 x 3. O Fla x Flu é assim. O vento hora sopra para um lado e sem razão alguma, sem o menor sinal, muda de direção. A história tem provado essa magia ao longo dos anos. Talvez tenha havido de tudo neste clássico. O Flamengo ainda teve chance de virar em mais uma jogada do “diabólico”, ensaboado e esperto Vinicius Jr., mais um craque que já é vendido pelo Flamengo. Mas Diego conclui mal e Cavalieri evita uma derrota que talvez os deuses do futebol não tivessem chegado a um consenso de que seria justa. Para eles, a simples classificação rubro-negra já era o ápice da noite.

Ao Flamengo, um ensinamento que se recusa a aprender de que o craque que eles tanto alardeiam que se faz em casa, não se vende assim tão fácil, tão simples. Ao Flu, a lição que o clube se recusa a aprender há muitos anos, de que a base de um time é a estrutura do amanhã. Mas das quatro linhas, com a camisa do clube, e não em outros países, por míseros milhões. Que o Flu também aprenda que craque também se faz em casa, mas tem de ser craque, não um projeto, não um fake. E se não o encontrar, que saiba procurá-lo e ache jogadores que fazem a diferença e não apenas somem num elenco.


Aquele abraço!

domingo, 29 de outubro de 2017

ESTÁDIOS VAZIOS NO FUTEBOL BRASILEIRO




Esta crítica e esse clamor, para todos que acompanham minhas crônicas, pode até parecer repetitivo, tedioso. Mas, julgo importante bater nesta tecla. Mais que importante, é fundamental, porque se trata de um assunto gravíssimo. Vamos a ele:

Na foto acima o leitor vê duas imagens. A primeira do atual Maracanã, sua média de público em geral. A poucos minutos do outrora chamado Clássico dos Milhões, Flamengo x Vasco, deste sábado, o público estava igual ao dessa foto. E a da direita, a razão do outrora anterior, ao final de um jogo de Flamengo x Vasco, torcidas desciam uma rampa de quase 20m de largura juntas, onde parecia não caber um inseto, justificando um público de Clássico dos Milhões. Esta foto se dá nos anos 70, no colossal e sagrado Maracanã, programa de todo carioca e emoção que circulava numa cidade, num estádio e porque não num Brasil inteiro. Por várias saídas, os cerca de 140, 150 mil torcedores deixavam o maior estádio do mundo. Hoje nem maior estádio ele é, em termos de capacidade de público, e não pertence ao povo carioca e brasileiro em geral. Recuso-me a comentar, por razões óbvias, dizer que há um Fla x Flu ou um Flamengo x Botafogo, além do jogo que estou citando, com mando de campo de um destes. Deus me livre! Mudaram vários times de cidade, sem me avisar! No Maracanã ninguém tem mando de campo, sendo do Estado do Rio. Isto é uma insanidade!

Você pode até dizer, como estas torcidas caminhariam juntas após um Flamengo x Vasco hoje, descendo a rampa e deixando o estádio? Evidente que não haveria a menor hipótese, mesmo embora no passado houvesse um arranca-rabo aqui ou ali, a realidade hoje entre as torcidas de clubes de futebol é doentia. Não só no Brasil, como em grande parte do mundo, na Europa principalmente. Entretanto não vejo em grandes centros, fora do país, jogos de grande expressão entre dois times de massa serem marcados fora do dia e horário de gala. Isso tem acontecido, é bom lembrar, em outras praças do Brasil:  São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais etc, onde muitas vezes acham essa solução absurda, de agendar um calendário que esvazia o jogo. Tentam deter os crimes que normalmente acontecem nessas ocasiões. E parece que ontem, por exemplo, mais uma vez, a tática não deu certo. Houve conflito a mais de um km do estádio, com mais de 69 detidos. Como veem o crime foi longe e o maior crime não tem sido ali no palco da bola.

As torcidas têm se encontrado para se digladiar, via internet, por exemplo, tendo apenas como referência o jogo, e acertarem suas contas, digamos, faz tempo. São quadrilhas de bandidos, facções, que se digladiam até mais distante dos estádios. Quantos já perderam a vida devido a isso? E aí trata-se o crime desta forma, colocando o ingresso em torno de R$ 50,00 ou mais, bem fora da realidade econômica do torcedor. Marca-se um jogo para dias e horários secundários. O resultado é 24.813 presentes, o que também é um crime.

Você esvazia a importância do jogo e tem um grande prejuízo, mesmo diante de uma TV cúmplice dessa irresponsabilidade, em causa própria, fazer de tudo para ter lá no máximo 30 mil pessoas, bem sentadinhas, comportadas e confortáveis. O resto? O resto eles embolsam através da venda de pacotes especiais para TV, tendo seu lucro particular sem se importar que se o futebol brasileiro não mover a paixão, o que é próprio de suas raízes, cada dia estará mais distante de, no mínimo,  proporcionar um futebol digno e bonito de se ver, com todo o esplendor, que mesmo o novo e acanhado Maracanã, possa presenciar, mesmo em menores dimensões. O que naturalmente também vale para outros estádios de menor porte.

Não há jogador que conheça, que goste de se apresentar para um estádio vazio ou quase vazio. É muito deprimente. Da mesma forma muitos  podem questionar: de tonde tirar recursos para dar segurança aos torcedores e amantes do futebol voltarem a ir aos estádios, até com suas famílias, em paz? Com recursos da própria renda ou das malas de dinheiro, que somem das notícias de jornal, com 51 milhões ou até maiores quantias, comprando votos à luz do dia, em nome de Deus, para manter políticos corruptos e ilegítimos no poder. Na cara da justiça. Na cara do povo e do torcedor. Sem o menor pudor. As fontes são várias e soluções não faltam. O que falta é boa vontade, competência e, principalmente, honestidade. Tenho certeza que se isso acontecesse em um grau satisfatório, a paixão e a multidão trariam consigo de volta o espetáculo. Tanto nas arquibancadas quanto no tapete verde do gramado.

Uma boa semana a todos!


domingo, 22 de outubro de 2017

UM SHOW CHAMADO ROBINHO E BRASIL 2 X 1 ALEMANHA NO SUB-17



Vou inverter a manchete e começar pelo Sub-17, onde o Brasil derrotou a Alemanha por 2 x 1, até porque falei na coluna passada sobre o futuro das novas gerações do futebol brasileiro. Portanto, o que podemos deduzir desta vitória importante de hoje sobre a Alemanha que nos credencia a Semifinal do Mundial Sub-17? Eu fico entre a palavra “esperança”, sem perder o senso de realidade. Esperança porque, queiram ou não, apesar dos vexames dos últimos anos, não seria um 7x1 ou momentos de deturpação de nosso verdadeiro futebol que nos tirariam as 5 estrelas do peito e a capacidade de, no mínimo, ser uma grande força mundial. Os países adversários estão cansados de saber disso. Apesar de tudo, Brasil é Brasil. Não podemos nos deixar levar é pela noção de mediocridade como objetivo de garantir a vantagem no marcador, recuando o time excessivamente. Aí fica complicado. Não é o nosso estilo. E sempre que fugimos ao nosso estilo, correremos o risco de sermos impiedosamente derrotados. Ou na base da surpresa, ou de forma bastante previsível.

Além do mais, sem comparar as duas escolas, Brasil e Alemanha, a do lado de lá está se preparando e tem seu planejamento e sua estratégia provavelmente pronta para os próximos anos. Duvido muito que com uma organização que começa por ter um comando desacreditado, viciado e outros problemas mais, tenho sérias dúvidas que haja planejamento e estrutura pra manter jogadores, comissão técnica e objetivos a médio e longo prazo. A própria situação financeira já é um desafio para isso. Quem garante que daqui a 2 anos, por exemplo, você verá estes mesmos jogadores por aqui pelo Brasil? E é necessário que eles amadureçam dentro do nosso estilo, da nossa escola. Do contrário, se perderão como centenas já se perderam.

O QUE ROBINHO TEM QUE ELES NÃO TÊM?

O futebol brasileiro e suas raízes nos pés, no coração e na mente. Resumiria desta forma. Há cerca de uma semana, postei, isoladamente, no Facebook, que Robinho era, no momento, o melhor jogador em atividade no Brasil. Pouca gente entendeu, mas creio que os últimos jogos têm desfeito qualquer suspeita. Robinho sobra nos jogos. Robinho não tem medo de driblar. Tem uma agilidade impressionante. Domínio e controle de bola, malandragem, precisão e, agora, experiência. Sem perder a rapidez. Sua própria constituição física ajuda. É um moleque da bola. E um moleque da bola você só para com muita capacidade defensiva, muito cerco, muita marcação. E mesmo assim não tem a garantia que ele te derrube num só lance. Hoje, por exemplo, na vitória do Atlético sobre o Cruzeiro, quem foi o principal responsável por ela? Quem tem a tranquilidade, a sapiência, a esperteza e a sincronia com as verdadeiras raízes do nosso futebol para fazer o que Robinho fez? Lamento muito que ninguém tenha tido olhos de ver Robinho em 2014. Por mais difícil e por mais que aquela canoa fosse furada, Robinho iria incomodar bastante. Seria, no mínimo, em meio àquela tragédia, uma dor de cabeça a mais para os adversários. Parabéns, Robinho! Pela alegria e satisfação de ver que ainda existem resquícios dos monstros sagrados do futebol brasileiro encarnados em você.

Boa semana! 




domingo, 15 de outubro de 2017

O QUE ESPERAR DAS NOVAS GERAÇÕES DO FUTEBOL BRASILEIRO?


Já contando praticamente com a segunda geração pós 2010, atuando amadurecida e atualmente fazendo a base da Seleção Brasileira, noto com certa preocupação uma lacuna muito grande entre as últimas revelações do futebol brasileiro e as que estão surgindo hoje. Jogadores como Robinho, Fred, Ricardo Oliveira, Zé Roberto, Nenê...fazendo a diferença e sendo jogadores fundamentais em seus clubes e com as apostas basicamente concentradas em Vinícius Jr., do Flamengo, é, sim, preocupante. Os clubes atualmente, com exceção de Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, vivem dificuldades financeiras agudas. E atualmente as únicas duas escolas que conseguem revelar bons jogadores e mantê-los por algum tempo são as do Santos e Cruzeiro. O Corinthians até melhorou um pouco, e os do Palmeiras, não são mais uma surpresa. Estratégias, como as que fazem o Fluminense com seus jogadores de Xerém, têm claro objetivo comercial. E nenhum dos jogadores anunciados como acima da média, na verdade o são. O mesmo percebo no Vasco, no Botafogo e nos demais clubes, incluindo o próprio Norte e Nordeste.

A cultura da garotada hoje em dia sofre muita influência da globalização. A tecnologia e o intercâmbio aumentam a distância entre uma promessa e a bola. Já se vê com certa normalidade surgirem campos de futebol americano, mais quadras de basquete, vôlei e outros esportes pouco comuns no Brasil. Sem falar na idolatria mais que cristalizada que mira o futebol internacional. A legião de admiradores e fãs de PSG, Barcelona, Real Madrid etc, devido aos craques brasileiros e os poucos internacionais como Messi, Cristiano Ronaldo, que captam atenção de grande parte do mundo esportivo nacional. Vale ressaltar a clareza do sucesso das raízes do nosso futebol. Pois a maioria dos nossos jogadores que fazem mais sucesso lá fora são mais franzinos, técnicos, portanto, dentro do nosso biotipo e das nossas origens. Precisamos urgentemente recuperar nossa vocação ofensiva e técnica. Hoje, nosso futebol é dominado por estilos estranhos aos nossos. O passe, o lançamento e principalmente a capacidade de driblar não podem viver mais afastadas do aprendizado e da filosofia de todas as categorias de nosso futebol. Principalmente as de base.     

Outra deficiência grave é o que cito constantemente aqui: o amadorismo das pessoas escolhidas para lidar com o esporte. Descobrir e dirigir talentos. Profissionais, ex-jogadores de futebol deveriam participar mais ativamente. Gente que tem história com bola. Profissionais que possam aperfeiçoar promessas, corrigir erros, enfim. Uma estrutura e uma filosofia de trabalho que priorize a qualidade técnica, dirigida a revelar craques, que volte a tornar o futebol brasileiro mais qualificado. Com jogadores dominando com mais facilidade os fundamentos. Fato que temos visto raramente na grande maioria dos jogos que assistimos. Não podemos esquecer que a possibilidade disso acontecer depende de muitos debates de dogmas e conceitos equivocados e absurdos que foram criados e implantados na mentalidade do futebol brasileiro atual. E para isso acontecer tem de haver também uma limpeza ética nesta modalidade. Comando, transparência e honestidade. Obviamente com organização e dirigentes sobre os quais não pairem dúvidas sobre suas intenções e sua história no mundo do futebol.

Boa semana!

Foto:  
Jan Kruger - FIFA/FIFA/Getty Images

domingo, 8 de outubro de 2017

ELIMINATÓRIAS COPA 2018: O DRAMA ARGENTINO


Como explicar um país bicampeão do mundo, que há tão pouco tempo, na Copa de 2014 no Brasil, fazia uma final com a Alemanha, se apresentando um pouco acima do adversário, tendo as melhores chances de gol e perdendo a conquista faltando 8 minutos para o fim da prorrogação, nessa situação em menos de 4 anos? Erraram além da conta. Não se planejaram. Não se percebe renovação alguma no futebol argentino. Financeiramente o comando de seu futebol vai mal das pernas, e a Messi-dependência segue como uma sina. Valores como Aguero e Higuaín sumiram das manchetes (um deles, Aguero, que já não vinha bem, vítima de um acidente automobilístico). Seu lateral esquerdo, Rojo, preterido, e a escolha do seu treinador para substituí-lo, a meu ver, não deu certo. Não importa que Sampaoli seja Argentino. Ele não consegue armar um bom sistema, usar uma boa escalação e passa muita intranquilidade ao time, como aconteceu no jogo de quinta-feira contra o Peru. O Chile era outra história. A Argentina não tem força de ataque. Segue a Messi-dependência, a luta aliada a qualidade excepcional de Mascherano e só. Uma zaga marcando errado. De baixo nível técnico e dois atacantes de frente que não honram a tradição ofensiva do futebol argentino.

Contra o Peru, Messi deixou os parceiros incontáveis vezes em condições de selar a vitória tão esperada. Abusaram de perder gols. Nitidamente por falta de condições técnicas e pelo peso da camisa. Nesse ponto começa o desespero de Messi, que até ele passa a errar por querer decidir tudo sozinho. O planejamento feito para o jogo com o Peru foi um desastre. A Argentina se apequenou ao levar o jogo para La Bambonera. Não é de incentivo que seu time precisa. É de lucidez. E o futebol bem jogado que sempre jogou. O trabalho de Sabella foi magnífico. Um treinador experiente e conhecedor do futebol argentino que esteve há poucos minutos de uma decisão por pênaltis que poderia lhe dar o tricampeonato. Ah, o Dí Maria. Ia esquecendo de outro grande jogador, que por seguidas lesões e outras fragilidades, não consegue uma sequência boa na seleção de seu país. Além de Sabella, lembro o nome de José Pekermann, que fez um dos melhores trabalhos de base, cerca de 15 anos atrás, no futebol argentino. Faltando uma rodada para acabarem as eliminatórias, a Argentina se vê em apuros. Vai para o jogo com o Equador no tudo ou nada. E, imaginem só, até acertarem esse time, competitivamente falando, muitos obstáculos ainda aparecerão, cobrando melhor performance do futebol argentino. E isso não se resolve do dia para a noite. Tampouco só nos pés de Messi.

SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA

Soube essa semana que em menos de um ano o Brasil fará poucos amistosos, e que alguns países teriam até se recusado a jogar contra nós. Ocorre que o que mais me assusta não é esta perigosa pausa competitiva, é a mentalidade. Estamos fechando um ciclo de dois anos da Era Tite, onde predominaram adversários sul-americanos. Até a Copa, por mais que enfrentemos clubes de outras praças, com treinamento preparatório, melhoras a curto prazo, nem pensar. São utópicas. Outras escolas de futebol precisam ser testadas contra o nosso sistema de jogo e o nosso estilo. Não somente a sul-americana. E o calendário de Tite parece não prever isso.

Boa Semana!



Foto: ESPN 

domingo, 1 de outubro de 2017

FUTEBOL BRASILEIRO NO REINO DA MEDIOCRIDADE

Mateus Bruxel / Agência RBS

Antes de falar do pior, vamos ao melhor, para o Cruzeiro ao menos, que foi a conquista da Copa do Brasil, torneio que, já repeti várias vezes, sou contra. É um clone do campeonato nacional. É político. E, no mínimo, o sucesso de um impede o do outro. Mesmo assim, não há como fugir da realidade.

Tivemos uma decisão entre Cruzeiro X Flamengo com 191 minutos de futebol nos dois jogos, no total, apontando um gol irregular do Flamengo e um gol do Cruzeiro, em falha grotesca do goleiro, todos no primeiro jogo. A final teve de ser decidida nos pênaltis. Situação que virou rotina em nossos campeonatos. E apesar de normalmente decisão não ser um bom jogo, tecnicamente falando, esse foi abaixo da crítica. Mas, para o clube mineiro e sua torcida, o que importou foi a conquista.

A manchete da minha crônica pode ser contestada por muitos por causa da performance da seleção brasileira, mas eu falo do futebol jogado em nosso país. E no time de Tite poucos estão aqui. Pra citar alguns exemplos da mediocridade das partidas, tomo como base o jogo de hoje entre Grêmio X Fluminense. O time gaúcho que vinha fazendo grande campanha teve dificuldade de conciliar a Libertadores com o Campeonato Brasileiro. Vem de um excesso de jogos desgastante. Mas, a meu ver, Renato comete o erro de contar como foco principal a Libertadores e não repara que o Brasileiro está dando sopa e uma vaga pode ser logo ali.

Hoje, no jogo contra o Fluminense, começou trocou passes certinho, rodando a bola rasteirinha, movimentando-se e criando em meio a um amontoado perdido de camisas brancas chamado Fluminense. Teve a sua mercê várias chances de gol. E, apesar de Cavalieri em sua volta estar atento e bem colocado, as chances foram perdidas por absoluta incompetência. Não é falta de pontaria, não. É falta de qualidade técnica. O fundamento de finalização dos jogadores do Grêmio é ruim. Mesmo não contando com todo o time titular.

Por pouco a atual medíocre equipe do Fluminense não surpreende a tudo e a todos e senão a ele mesmo e vence a partida. Mas era pedir demais a um time de "inocentes guerreiros que estão tendo suas carreiras leiloadas",um time treinado com somente duas jogadas ofensivas, em apenas um jogador de características de definição, que é Henrique Dourado, e, mesmo assim, tendo um futebol abaixo do que é alardeado, embora seja o artilheiro. E Scarpa, com a precisão de seus passes e chutes e sua entrega contagiante. O estádio do Grêmio não estava vazio à toa. Uma equipe que a torcida já identificou empurrar com a barriga o torneio e outra largando os pedaços pelo caminho e começando a preocupar seus milhões de torcedores com mais uma luz vermelha acesa indicando possibilidade de rebaixamento.

Em outras partidas como Botafogo 2 X 3 Vitória também se viu um festival de passes de dois, três metros no pé do adversário, finalizações grotescas e a qualidade técnica, em geral, sufocada por táticas que nem existem. E a tendência é que isso venha a piorar porque entramos nos últimos 60 dias de competição e façam uma ideia e do estado físico de jogadores de pouca qualidade técnica e ainda por cima desgastados. Vários jogos hoje foram assim e, mais pra frente, também serão assim.

Existem poucos profissionais qualificados que saibam treinar os fundamentos, melhorando o desempenho dos times. Não há tática que resista quando você tem várias equipes, centenas de jogadores, com deficiências de domínio de bola, cabeceio, passes e chutes. Infelizmente a realidade do futebol que estamos vendo é esta. “Parabéns” aos que tiraram a fruta verde da árvore ainda e aos que promoveram a entrada maciça de vários “profissionais” nos clubes que nunca tiveram a menor ligação com as quatro linhas e com a bola. A não ser espoliar você, torcedor, e seu clube. Espoliar o futebol brasileiro. Enriquecer às custas da mediocridade e da desonestidade da maioria dos que comandam os clubes brasileiros na atualidade.

domingo, 24 de setembro de 2017

LIBERTADORES E COPA DO BRASIL NA RETA FINAL


A crônica é sobre a manchete acima, mas, a título de curiosidade, estou no sacrifício, neste momento, assistindo a Bahia e Grêmio, em Salvador. O jogo se encaminha para o final, com 38 minutos, e as equipes empatam sem gols. Levando em conta diversos fatores do fraco time do Bahia e do desgaste do Grêmio, assisto uma das mais horrorosas partidas que já vi.

De parte a parte você vê um passe, dois passes, um erro. Trombadas entre os próprios colegas também, erros técnicos infantis de condução de bola, de controle de bola, de raciocínio de jogo. Não vi uma jogada que prestasse ou que fizesse sentido até esse finalzinho. E o pior é que esse jogo não é exceção. É a média do que temos visto. Assustador. Mas, vamos a proposta.

O Grêmio alcançou classificação em jogo dramático, em Porto Alegre, vencendo o Botafogo por 1 a 0, na Libertadores, e se classificando para às semi-finais. O resultado acabou sendo justo, pois nas duas partidas, tanto na de ida, no Engenhão, quanto na de volta, embora não tenha havido um bom futebol, o time do Grêmio foi mais eficiente. Gatito Fernández trabalhou muito mais do que Marcelo Grohe, que passou os 180 minutos dos dois jogos, contabilizando apenas duas intervenções um pouco mais difíceis, digamos. O Grêmio levou a vaga na experiência, independente de ter feito a segunda partida na sua casa.

O chamado Grêmio “copeiro” tem agora pela frente o complicado Barcelona de Guayaquil. Time rápido, insinuante e bem equilibrado, apesar de não ser uma equipe forte. O momento do Grêmio pra mim gira na recuperação de Luan. Na tentativa do departamento médico liberá-lo. Ele é peça chave no setor ofensivo e nos contra-ataques gremistas. A outra semi-final será disputada por River Plate X Lanús, times que jogam na base da garra. Em que pese o péssimo momento pelo qual passa o futebol argentino, não se descarta a força de chegada dos dois em se tratando de Libertadores da América.

Na outra competição, essa 100% nacional, temos Cruzeiro e Flamengo decidindo em 90 minutos quem estará na próxima Libertadores do ano que vem e qual equipe embolsa mais essa conquista nacional. Já cansei de criticar a Copa do Brasil e continuo criticando. Não faz sentido dois campeonatos, no caso, Brasileiro e Copa do Brasil, existirem no calendário brasileiro. Sobre o jogo em si, vejo muito equilíbrio entre as duas equipes. O Cruzeiro leva alguma vantagem pela final em seu território. Até que ponto pode aproveitá-la vai depender dos nervos. Pois, para time grande como o Flamengo, não há intimidação em jogar em uma final na casa de qualquer adversário do Brasil.

Acho o Cruzeiro um time mais leve, insinuante e com Thiago Neves em excelente momento. E o Flamengo ainda tentando se organizar e falar o espanhol do técnico Rueda. O Flamengo terá em Guerrero e sua atuação o trunfo para levar essa Copa do Brasil. Mas eu não aposto em nenhum dos dois. Na quarta-feira, vamos pagar pra ver.

Boa semana!

P.S. Acaba o jogo Bahia X Grêmio, a que me referi, com um pênalti convertido aos 50 minutos pela equipe do Bahia. O lateral Edílson, do Grêmio, em jogada de relativo perigo, perdeu o equilíbrio e na interpretação do juiz tocou a mão na bola. Rodrigão bateu e levou o Bahia e a Fonte Nova ao delírio. Mas, não recomendo assistir o vídeo-tape de um jogo desses. Nem pensar. 

domingo, 17 de setembro de 2017

LIBERTADORES PRÓXIMA ATRAÇÃO: GRÊMIO VS BOTAFOGO



Não esqueci do Santos, não, que inclusive vem subindo de produção em suas últimas atuações. E é, sem dúvida alguma, um dos candidatos ao título da Libertadores 2017. Mas quero focar em Grêmio x Botafogo, primeiro por serem dois clubes do Brasil, duas escolas diferentes, apesar do atual Grêmio de Renato Gaúcho ter trocado o futebol força por um jogo de toque de bola, movimentação, que em alguns momentos lembra o próprio tipo de jogo dos times do Sudeste e veja só, o Botafogo de Jair Ventura, muitas vezes se aproxima mais do antigo Grêmio, mesmo sem jogar exatamente um futebol força. Mas, lembra sim, em vários momentos, o futebol predominante do sul.

Começando até por ele, Botafogo, com característica de jogo de pouca variação ofensiva. O time ataca com poucos jogadores, de forma muito esparsa, com bolas longas e sem criação no meio campo, como é a tônica da maioria dos times de hoje. Mesmo obtendo algum êxito, já há algum tempo, é muito a conta do chá. Botafogo tem tido em seu goleiro, Gatito, a quem erradamente critiquei ao vê-lo nos primeiros jogos pelo Botafogo, um paredão de humildade e frieza. Tem tido jogo inteligente, mesmo com altos e baixos, mas muito importante, de Rodrigo Pimpão. Tem feito Roger jogar acima de seu limite técnico e físico e com boas subidas ao ataque de Bruno Silva. É muito pouco. Creio que a força do Botafogo está na organização e na seriedade de objetivo e na garra impressionante que tem mostrado, além da união do time, e pode escrever que também devido a personagens que não aparecem, mas que fazem um belo trabalho fora de campo. Mas apesar da juventude de Jair, seu treinador, seu comportamento é de um profissional bem amadurecido no comando do time. Embora tudo isso some a favor, ainda acho que falta muita coisa ao Botafogo. E graças ao baixo nível do futebol em geral, as qualidades do clube mais a equipe, como citei acima, tem obtido algum sucesso. Em outras épocas, a meu ver, o time não chegaria tão longe como está chegando.

Por essas e outras, acho o Grêmio melhor. Tem um elenco mais forte, com maior variação de jogadas, faz um segundo jogo em seus domínios. Embora, individualmente, entre seus jogadores, não haja destaques de nível excepcional, nem o habilidoso Luan. Mas tem maiores recursos defensivos e ofensivos do que o Botafogo. Mas não arrisco chamá-lo de favorito. Em que pese em alguns momentos Renato Gaúcho tenha sofrido com lesões e intencionalmente poupado sua equipe em alguns jogos, há uma queda de ritmo de jogo e nível de acerto na equipe. Isso talvez iguale Grêmio e Botafogo nas Quartas de Final nesta quarta, em Porto Alegre. Torço ao menos que façam um jogo de melhor nível técnico e sem medo. Tem sido muito feia a postura das equipes de, com 10 minutos, e às vezes mais tempo, segurar resultados e se darem por satisfeitos com tão pouco, empurrando com a barriga pra chegar às finais e alcançar o topo. Medo não combina com vitória. Tomara que quem tenha menos cerimônia, mais coragem e jogue, principalmente, sem medo de perder, leve esta vaga para as semifinais da Copa Libertadores.

Um abraço a todos. 

Foto: Pedro Martins / Mowa Press

domingo, 10 de setembro de 2017

O RETORNO DO MISTERIOSO BRASILEIRÃO 2017


Acho que a foto, a tabela do campeonato atualizada, explica o título da crônica de hoje. Reparem que entre o primeiro colocado, Corinthians, 50 pontos, e o segundo, Grêmio, 43 e o 19º, São Paulo, 24 pontos e o 20º, Atlético Goianiense, 18, você vê 7 e 6 pontos de diferença respectivamente entre um clube e outro. No início e no fim da tabela. No mais, 16 clubes embolados numa escadinha, separados por um empate ou uma vitória, no máximo.

Não me lembro de ter visto uma classificação destas, reunindo 20 clubes, com distâncias tão parelhas. E por tanto tempo, pois isso vem acontecendo há várias rodadas. Eu diria, praticamente, desde o início do campeonato. Talvez me façam a pergunta: “Você vê algo suspeito nisso?”. Evidente. Tudo no Brasil de hoje é suspeito dentro e fora de campo. Não há nada que não esteja sob suspeita. É muita inocência pensar diferente.

A política de um país invade o futebol. E o futebol também influencia a política de um país. Isso já foi provado ao longo da história. E assim como no Brasil, onde a credibilidade das instituições já é zero, no futebol não é diferente. À exceção da seleção brasileira, que embora representada por um órgão contaminado, como a CBF, tem, em Tite, um comandante que consegue manter controle e blindagem em seu trabalho, sem se alienar do que ocorre no país, como ele mesmo já afirmou.

E vou mais além, os campeonatos simultâneos como Copa do Brasil e Libertadores e ainda a paralisação normal para as Eliminatórias, normalmente retomam a competição principal, no caso o Brasileiro, com um time superando maus momentos e outros despencando. Isso é e sempre foi normal. Podem questionar também o fato do nível técnico estar abaixo da média e todos estarem juntos, jogando um futebol medíocre. Mesmo assim, haveria diferença e talvez maior ainda entre um clube e outro. Resta-nos esperar essa peça de teatro fechar as cortinas para termos uma visão final incontestável do que pretendem os cartolas.

Nota: 1º jogo da Copa do Brasil - Flamengo 1 X 1 Cruzeiro

É rotina muitos erros acontecerem em partidas entre grandes clubes brasileiros, principalmente em trocas de passes. Naturalmente é devido à baixa qualidade de hoje, que eu canso de dizer aqui, e a intensidade máxima que os técnicos insistem em imprimir. Porém, esse peso tem de ser dividido não só entre jogadores e treinadores, mas também entre todos da comissão técnica, como reclamo aqui, e, reitero, sobre o trabalho, neste caso específico, de preparação dos goleiros do Flamengo.

Em toda profissão, mais ainda aquelas que estão ligadas a paixão do povo, como o futebol, somos sujeitos a críticas e elogios. Parece que no Brasil isso teima em não funcionar. Os profissionais gostam de escutar o que gostam de “ouvir”. E ponto final. Eu aqui em minhas crônicas recebo críticas e elogios de forma natural e positiva. Tiro proveito de ambos. Tanto a crítica quanto o elogio são importantes no trabalho que faço na internet e fora dela.

Mas, no futebol, quando alguém resolve criticar e dizer aquilo que não é padrão e papo comum após as partidas já se leva pro lado pessoal e o mundo parece desabar. Já passou da hora de quem trabalha no futebol e até em outras áreas se livrar desses complexos e aprender a distinguir críticas e ofensas de caráter pessoal de pontos de vista e pensamentos opostos em suas carreiras.

Boa semana!