domingo, 24 de abril de 2016

O MERCADO DA BOLA NO BRASIL












Diante de uma pergunta sobre o título acima, minha resposta é desanimadora. O mercado dos nossos jogadores, do nosso futebol, infelizmente está longe de se parecer com aquele de 15, 30 anos atrás. As razões são diversas. A do momento, todos sabem, é a crise política que deteriora ainda mais este esporte no país. Não há como negar seus reflexos nos campos, nos clubes, nas federações. Qualquer outra visão mais animadora sobre este quadro é irreal.

Domingo passado, o Brasil e o mundo viram, estarrecidos, políticos trocarem de lugar com os habituais donos dos espetáculos das tardes de domingo nas telas da TV. O Brasil viveu um pesadelo. “Ah! Mais houveram jogos. Houve futebol sim”. Houve? Onde? Como? De que jogo ou campeonato você se recorda a ponto de destaca-lo nacional e mundialmente falando?

Não há muito o que falar e muito menos prever o que ocorrerá mais adiante, caso um governo ilegítimo assuma o poder no país. Pela experiência que tenho e o movimento das massas, haverá muita luta, muito sangue derramado, fato inédito no Brasil, e futebol mesmo, nem comparado a uma Tourada de Madrid. Impossível imaginar transição ilícita e esdrúxula sem afetar seriamente o já combalido futebol e subsequente mercado da bola.

Se nos perguntassem: Mas há jogadores à disposição nos clubes, jogando bem e se destacando? Eu diria que são tão poucos, que talvez fosse melhor um bom olheiro aproveitar a situação política grave e fazer uma proposta modesta ao clube onde possa jogar esta especiaria. Numa observação rápida posso frisar apenas o nome de Lucas Lima. E só. Os demais, são apenas jogadores esforçados e dando o que podem de seu suor para garantir seus empregos e manter seus nomes.

As Federações, menos credibilidade têm ainda. Lamentavelmente, temos um gênio da bola como Romário, dirigindo investigações as quais está nitidamente implicado nelas. Campeonatos que surgem, param e voltam com datas que confundem o torcedor mais fanático. Como foi o caso da 1ª Liga, criada pelos clubes e mal planejada, com datas esparsas e péssima divulgação, vencida pelo Fluminense, no último dia 20.

Nossos clubes que ano passado conseguiram alguns momentos de bom futebol, como Corinthians e Atlético MG, caíram abruptamente com vendas de jogadores chave e reforma de elencos. O São Paulo, outrora forte, nem de longe lembra sua tradição. O mesmo pode se dizer do Santos. Os empresários brasileiros, obviamente duvidarão de mim. Evidentemente defenderão suas mercadorias e moedas de troca. Mas, o argumento é fraco, senhores. Não adianta forçar. O que vemos nos gramados e nos clubes, não me deixa mentir nem enganar o mais incauto investidor europeu ou de outro continente.

Paciência! Se não houver paz social, respeito ao torcedor, organização e o retorno do comando dos clubes aos verdadeiros dirigentes de carreira e donos da bola, ficaremos na saudade. Lembrando apenas do que fizemos. Do que conquistamos no passado. E tudo isso, vem na frente. Está acima de tudo no árduo e complicadíssimo trabalho de recuperação da moralidade de nossos clubes, dirigentes e Confederações. Pois, enquanto até aqui e no exterior estiverem cientes de que, para fazer justiça e prender corruptos que atuam há anos no nosso futebol e nos bastidores, é preciso prendê-los lá fora, em ocasiões especiais, e não os expulsando de suas tocas e os detendo em seu próprio país de origem, não haverá mais credibilidade no futebol brasileiro. Enquanto emissoras de TV, protegerem, acobertarem mal feitos e ilícitos, além de assessorarem dirigentes e empresários corruptos e sujos de lama até o pescoço, não haverá exemplo que motive uma renovação. Nada servirá de exemplo e motivará os mais novos. Não haverá, desta forma, credibilidade para erguer novamente um futebol cinco vezes campeão do mundo. E, exportador da maior quantidade e qualidade de craques do futebol mundial.

domingo, 10 de abril de 2016

FUTEBOL: RACISMO, REBELDIA E RELIGIÃO












Achei importante abordar estes três aspectos bastante comuns no futebol de hoje. Antes, como é um detalhe mais ou menos similar ao que vou dizer, abro um espaço para um breve comentário sobre o caso Fred, no Fluminense.

É fato que apesar do Fluminense não ser “o time” e ter o rendimento brilhante que alguns torcedores estão alardeando (tem inclusive enfrentado times pequenos, ficando difícil medir sua força), é nítido e factual que Levir Culpi organizou melhor e escalou melhor o time. O Fluminense deu uma boa melhorada com a chegada dele e acertaram ao escolhê-lo.

O que Fred está querendo com a briga baseada no “ou eu ou ele” eu apenas suponho, mas não tenho certeza. Ele não é mais criança e não está inteiro. E quer continuar a fazer o que bem entende, pensando em si e não no coletivo. Como Levir, com 63 anos, também não é nenhuma criança e não veio para o Fluminense para brincar de técnico, o choque é inevitável.

Penso que haverá panos quentes neste problema, pois não sei quem acolherá Fred. Entretanto, esses panos quentes podem vir a causar um incêndio mais tarde, porque eu não confio no centroavante do Fluminense como profissional nas suas atitudes.

Voltando aos aspectos citados e me dirigindo ao racismo. O mais difícil é saber dizer se ele aumentou ou diminuiu. Porque o progresso financeiro, o destaque pessoal e a fama das pessoas negras aumentaram no mundo, fenômeno que não ocorria no passado. E isto pode estar gerando mais ódio. A escravatura e submissão da etnia negra eram impostas com mais facilidade. Hoje, as coisas estão mudando. Daí, quem sabe, o aumento dos confrontos e a exposição dos racistas. Claros ou enrustidos. Não vejo outro caminho senão criminalizar penalmente, mundialmente falando, quem usar desta prática covarde, ignorante e discriminatória.

No caso da rebeldia, ela está diretamente ligada ao processo de formação dos jogadores. Hoje todos saem de uma linha de produção. Por isso, a qualidade do futebol brasileiro e mundial está cada vez pior. Futebol é dom e arte. Se você o engessa e o enquadra em determinados conceitos distorce o natural fluir de sua criatividade, técnica e a própria reação dos jogadores a momentos da partida. Reações onde há necessidade de personalidade, percepção e conhecimento de jogo. O momento em que o jogador, caso não tenha liberdade para mudar dentro de campo o que acha errado, tem sim de fazê-lo, em que pese às consequências que virão.

Mas isso não pode ser resolvido durante os jogos. O ambiente no clube tem que ser de liberdade ou explicitado que dentro de campo, em algumas circunstâncias, o jogador tenha liberdade para tomar atitudes. Para falar, para xingar, para comandar, se for necessário. Só assim a vitória e a superação do erro são possíveis. Esqueçam a gritaria e o circo que vários treinadores protagonizam na área técnica. O fazem em causa própria.

Religião no futebol: este problema não abrange somente este esporte. Reflete-se nele. O mundo tenta encontrar fé. Os homens tentam encontrar o Deus certo. E vários dogmas das Igrejas mais tradicionais caíram por terra ao longo dos anos. Desgastaram-se. Porém, o fanatismo e o oportunismo assumiram esse espaço através de religiões enganosas e que fazem um verdadeiro comércio e lavagem cerebral nas pessoas e, no caso do futebol, nos jogadores.

O ato de erguer às mãos ao céu para agradecer um gol aparentemente é um ato de agradecimento a Deus. Mas que mostra claramente a tendência religiosa do jogador. Todos têm liberdade para se manifestar como quiserem. Pela religião que quiserem. Mas há de se pensar, no caso de algumas religiões que usam o fanatismo e a lavagem cerebral como arma, o mal que fazem ao jogador e ao elenco. Até porque existem outros jogadores com outras crenças. E isto para o elenco pode tornar-se um pavio explosivo.

O fanático não aceita com facilidade uma religião diferente da sua. Ou um ateu no elenco, por exemplo. Ao agradecer a Deus por um gol, ele não vai pensar por si próprio se Deus o abençoou naquele momento e abandonou o zagueiro ou o goleiro da equipe adversária, mesmo que sejam da sua própria religião.

A solução, a princípio, seria separar radicalmente futebol de religião. Mas a pergunta que eu deixo pra vocês e também me faço é: de que maneira?