quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O GRÊMIO DE RENATO GAÚCHO CHEGA AO TRI DA LIBERTADORES


Não costumo usar esta expressão tão comum: “o time de fulano; o time de cicrano”. O time é do povo, é do clube. O treinador é responsável pelo seu comando e seu desempenho num todo. Em se tratando desse Grêmio, o treinador teve uma participação mais efetiva e clara.

Os reforços que solicitou, o trabalho que começou com a parceria de outro grande treinador, Espinosa, que por caprichos do destino foi seu treinador há 34 anos, quando o jovem ponta, raçudo, objetivo, driblador e técnico, com uma equipe que tinha Paulo Cezar Caju, Mario Sergio, De Leon, Tarciso e outros, que formavam uma time técnico, abusado e confiante em si mesmo. Confiante o suficiente para vencer a Libertadores e se tornar Campeão Mundial, derrotando o Hamburgo, bem ao estilo da raiz do futebol brasileiro.

Esse time atual pode não ser tão técnico quanto aquele. Mas um elenco forte e bem escolhido, jogando com bola no chão, jogando bonito, jogando com raça e muitas vezes até com excesso de troca de passes. Que quando eram em demasia e improdutivos o complicava.

O time do Lanús fez um primeiro jogo melhor, em Porto Alegre, assim como o Grêmio fez um segundo jogo, principalmente no primeiro tempo, impecável. Dizer se o Lanús sentiu ou não o peso da camisa e a estreia num tipo de decisão desse porte é muito difícil. Eu acho que ele foi até aonde pode. E pode ir muito longe.

Ontem era noite do Grêmio, que, na realidade, merecia sair com um placar mais elástico, se não fosse o destoante Barrios e o excepcional Luan desperdiçarem um final de jogo mais tranquilo, deixando de aproveitar oportunidades claras de aumentar o placar. Vale lembrar a liberdade que Renato sempre deu para que os jogadores sob seu comando fizessem jogadas individuais, que são  a nossa marca, como fez Luan, no segundo gol. Um gol de craque, que normalmente põe o adversário em seu devido lugar. Muito importante também para o Grêmio um goleiro entrar na reta final na grande forma que entrou Marcelo Grohe.

O time merece todas as honras pela conquista e o Brasil e o futebol agradecem. Assim como agradecem e acho que tem obrigação em reconhecer em Renato um grande treinador. Um grande boleiro, sim. Longe do rótulo ignorante que lhe deram por anos, quando levou o Fluminense pela primeira vez em sua história à famosa decisão com a LDU, perdida nos pênaltis.

Técnico competente, com visão de futebol, que sabe o que faz quando treina um time. Sem essa de ser o “treinador do rachão” e de fórmulas mágicas como exigia a torcida do tricolor carioca quando assumia o time, justificando a escolha correta do patrocinador e do clube. Dirigir bem uma equipe está longe de falar cinco idiomas, aprender em livros em uma faculdade e achar que o lado científico é assunto exclusivo do treinador. Há uma comissão técnica por trás com vários departamentos especializados, que vale a pena lembrar aquela máxima, de “cada macaco no seu galho”.

Repetindo, como sempre: para ser um grande técnico de futebol você tem de entender de futebol. Tem de gostar de futebol. E, principalmente, ter jogado esse jogo, que só entende por completo quem o conhece não só na teoria, mas também na prática.

A torcida fica para que hoje, o Marcelo Grohe que ainda pouco fez a homenagem em nome do time do Grêmio, transmita seu bom momento para o camisa 1 que Rueda escolher no Flamengo, contra o Junior Barranquilla. Que, por mim, deveria ser o Muralha. Sim, o próprio. É arriscado demais nessa posição colocar um garoto que está sem ritmo de jogo. O mais experiente normalmente se supera nessas horas.

Vamos aguardar. Parabéns, Grêmio! Parabéns ao grande treinador, Renato Gaúcho!

domingo, 26 de novembro de 2017

A DUZENTOS DIAS DA COPA DO MUNDO DA RÚSSIA


Isso é um sopro. Num piscar de olhos o mundo vai se ver diante das telas ou “in loco” do maior evento de futebol do mundo. Evento este que a FIFA, hoje em dia com sua moral e credibilidade muito abaixo de outros tempos, envolvida em acusações, corrupções de toda natureza, ainda pode protagonizar até no sorteio dos grupos, que acontecerá em breve, uma mancha negra no capítulo das Copas do Mundo.

Refiro-me a mais do que estranha notícia vinda de Lima, no Peru, de que os políticos locais pensam em criar uma liga própria contrariando o regulamento da FIFA, o que, neste caso, daria uma brecha, digamos, para Itália ou Chile. Isto não cheira bem. O Peru já tem um episódio amargo em sua história, na Copa de 78. Perder da Argentina, na Argentina, é absolutamente normal em uma Copa. De 6 a 0 e da forma como foi, jamais. Tanto é que para os que não se lembram sua delegação foi recebida em Lima com o povo atirando moedas nos jogadores. Torço muito para que não haja qualquer mudança. Do contrário, a Copa já começa com o pé esquerdo.

Sobre a perspectiva de favoritos e de uma grande Copa do Mundo, por hora, no aspecto técnico, vejo uma baita interrogação a minha frente. Todas as equipes presentes estão em renovação. Não há grupo no topo da experiência e do conjunto, como a duas últimas seleções campeãs mundiais, Alemanha e Espanha, por exemplo. Mas, no sentido organizacional e de estrutura para que seja jogado um bom futebol, aí eu levo muita fé. Os russos são sérios e hoje a Rússia é outra. Mais comunicativa com o mundo inteiro e pronta para oferecer uma grande Copa do Mundo no que depender dela.

O mundo passa por um momento um tanto tenebroso nas relações entre os países e na política deles. Além de atos bárbaros e a predominância de crimes em massa e perda de valores. Um evento desse porte pode unir nações e melhorar o astral do nosso planeta por um tempo.

FINAL DO BRASILEIRÃO

Como já mencionei na edição passada, o Corinthians já marcou sua estrela de Campeão Brasileiro de 2017. A luta são por vagas na Libertadores, na Sul-Americana e contra o rebaixamento. O critério de colocação de acesso à Libertadores cada vez é mais ridículo. Antes era um time, depois três, quatro e podem ser até nove? Isso não é solução financeira alguma, pois a ideia só pode ser essa. E ainda causa um prejuízo enorme na qualidade do campeonato, se é que isso ainda é possível, acomodando certas equipes pelo fato de não precisar fazer muito para alcançar tanto.

Chamo a atenção no grupo dos ameaçados de rebaixamento e já rebaixados e também nos intermediários. Já cansei de ver jogos “estranhos” na minha vida. Jogos em que os jogadores “correm para não chegar”, não se esforçam como de costume e que arbitragens desenham um resultado. Lamento. Minha experiência e minha visão de futebol não me permitem calar sobre a certeza de que muitos jogos nesse campeonato foram e são acordados. Como lamento pelo povo que é constantemente enganado e se deixa enganar.

Peço a Deus que não demore muito para que a podridão venha à tona e essa fruta comece a cair de podre e possamos ter de fato um futebol mais limpo, como gostaríamos de ver o nosso próprio país.

Boa semana!

domingo, 19 de novembro de 2017

CORINTHIANS: UM CAMPEÃO ANUNCIADO


Acredito que mais que anunciado, não é? Se você entrou naquela de achar que o time tinha esquecido seu jogo, que as jogadas não encaixavam mais ou que o gás tinha acabado, enganou-se. Não sei por que relaxaram daquela forma (tenho dúvidas sobre as razões), mas lembro que isso já aconteceu em campeonatos anteriores, principalmente quando um concorrente ou dois se desgarravam na liderança da classificação.

O que importa é que o Corinthians é campeão sem a menor injustiça. Em um campeonato que tem no máximo quatro, talvez cinco boas equipes, ele é superior a seus adversários. Um time compacto, equilibrado, com uma boa mescla de idade, experiência e juventude atuando juntas, e, principalmente, alguns jogadores de qualidade como seu goleiro Cássio, o lateral direito Fagner, o meia-atacante Claysson, os meias Rodriguinho e Jadson, o eficiente Balbuena e Jô, embora deficiente tecnicamente, não tendo a qualidade técnica de um grande centroavante, mas sendo importante para a definição das jogadas dentro do sistema e do esquema de jogo traçados. O treinador, Fábio Carille, não pode ter seus méritos ignorados pelo fato de já ter uma base anterior montada por Tite e outros treinadores que lá passaram. Teve sua participação, sim.

No título conquistado na quarta-feira, aliás, tivemos um bom paralelo entre Carille e Abel. Enquanto o treinador corintiano tentava segurar a ansiedade de seu time, na tentativa de superar a falha de tomar um gol logo a 1 minuto de jogo, o treinador tricolor já pensava na melhor maneira de garantir o resultado, que no campo se desenhava claramente favorável ao Corinthians. Bem, mas vamos reconhecer que Abel não tinha o elenco, a estrutura e a filosofia de futebol do Corinthians. Sim, é verdade. E, apesar de não concordar com muitas das soluções que tentou e ainda tenta encontrar para resolver inúmeros problemas, no compito geral, acredito que o Fluminense estivesse até mais abaixo com outro tipo de treinador. Mas o clube das Laranjeiras não consegue resolver seus problemas internos de comando, competência e filosofia de futebol, que geram outros e mais outros. E exaustivamente já citei aqui que não será usando uma garotada como alternativa, ou com outras intenções, que o Fluminense vai chegar a algum lugar ou até mesmo empurrar suas gravíssimas deficiências com a barriga por muito tempo.

É muito triste, da metade do segundo tempo em diante, ver Abel recorrer a três centroavantes altos, fortes, mas sem qualidade técnica alguma, e apenas um meia qualificado, Scarpa, para servi-los. Erro grosseiro cometido por muitos treinadores, inclusive, redundando na desarticulação total da harmonia do time, que já nunca foi boa. A correria dos garotos só fez aumentar diante do olé e do banho de bola que o time corintiano passou a aplicar já com o resultado sacramentado. Lindo de se ver por parte do Corinthians. Triste por ter de ver garotos ainda com idade sub-20 ou recém saídos dela correndo atrás de um time bem a frente em todos os aspectos.

Por fim, não podemos deixar de citar a saúde financeira do Sport Club Corinthians Paulista. Ela foi e tem sido muito mais fundamental que a tal Arena Itaquera, que em times de massa como Corinthians e Flamengo, muitas vezes funciona até como uma pressão contrária.

Boa semana a todos!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL: TRIUNFO SUECO. A IRRECONHECÍVEL ITÁLIA ESTÁ FORA DA COPA



O tempo vem avisando aos Italianos e fãs de seu futebol. As últimas seleções montadas, como a de 2014, tiveram performance abaixo da crítica. Nomes novos, revelações... praticamente nenhuma. Um fastio, digamos assim, de novos valores, e um trabalho de renovação que se existiu, foi muito abaixo do esperado. Já há um bom tempo a Itália vem jogando em cima da fama que construiu no passado, na tradição de sua camisa. O resultado está aí. Os campeonatos Italianos também cansaram de dar sinais de fadiga e mau futebol. As grandes equipes italianas, famosas no mundo inteiro, jogando um futebol pálido e medíocre por muitas vezes. Se eu perguntar ao leitor qual foi o último grande centroavante Italiano ou pelo menos o último artilheiro da Itália, você vai ter que recorrer a uma boa memória. A seleção Sueca de nível apenas razoável, fez o seu papel. Sua maior determinação e organização lhe deram, com toda justiça, a vaga tão sonhada para a Copa da Rússia de 2018. Fez bonito em casa, vencendo por 1 a 0, e abrindo uma importante vantagem ao jogar o peso da responsabilidade para uma escola de futebol que, apesar das conquistas e glórias de sua história, tem lá suas dificuldades com emocional e com jogos em casa.  A Itália costuma ser mais fatal fora de seus domínios. Mas hoje não tinha jeito. Em momento algum dos 97 minutos de futebol a Itália teve um futebol que lembrasse a Itália. Jogadores absolutamente sem estilo e visivelmente sem qualidade. Alguns jamais poderiam vestir a camisa da Seleção Italiana de tão fracos e amadores. Triste ver um Buffon que tanto se esforçou e tanto ajudou a Itália, se despedir dessa forma. Um time sem rosto, um time sem uma jogada lúcida de trama de criação ofensiva, sem explorar os extremos do campo. Sequer uma jogada de linha de fundo. Um amontoado de camisas azuis lutando desesperadamente contra seus próprios limites e a bravura e resistência da seleção Sueca. Que, diga-se de passagem, também tinha vários pecados de qualidade técnica e lucidez. Mas fez por merecer. Como disse antes, foi mais organizada e está de parabéns. Garantiu sua vaga depois de longa ausência na Copa da Rússia em 2018. Já a Itália, pela terceira vez (1930, 1958 e 2018) não irá figurar com sua gloriosa Azurra nos gramados russos.   


Foto: Reuters/ Max Rossi

domingo, 12 de novembro de 2017

BRASIL 3 X 1 JAPÃO. FOI VÁLIDO PARA NÓS?



Inválido não chegou a ser. Mas não é o ideal. A própria decadente Inglaterra, no dia 14, creio ser mais produtiva. Trata-se de uma escola que mesmo com deficiência técnica por não estar em seus melhores momentos, tem alguma tradição e pode exigir mais do que o Japão. Não que não seja fortuito ter pela frente o Japão, mas é uma equipe ainda muito inocente, apesar do imenso avanço em relação a décadas passadas. E normalmente, o atual futebol Japonês não se fecha tanto e não joga em contra-ataques, o que seria importante, a meu ver, como teste para a Seleção. Passamos com facilidade, levando a campo um time já com boa engrenagem de saída de bola, boa movimentação e toque de bola, apesar de acabarmos sempre dependendo da jogada fatal de Neymar. A Seleção sem Neymar é obviamente bem menos poderosa. E não é nada confortável nos apoiarmos num só valor. Há outros bons jogadores como Philippe Coutinho, Renato Augusto... mas as jogadas agudas e de decisão têm quase sempre a participação de Neymar.

Disse há algum tempo que uma das grandes preocupações era a falta de amistosos contra escolas de futebol de países variados. Desde a Copa de 2014, como frisei, estamos enfrentando cerca de 90% de adversários sul-americanos. E houve uma melhoria nossa em relação a 2014 e uma piora acentuada nos times da América do Sul. Essa situação exigia a Holanda, a própria Itália, mesmo atualmente em apuros, a França, e a Inglaterra que vamos enfrentar na terça-feira. É muito importante testar situações de jogo onde a imposição do nosso futebol encontra obstáculos, tenha dificuldades e se veja em situação diferente das que encontra atualmente. Além do mais, de um ano pro outro, mesmo estando apenas a oito meses da Copa, muita coisa muda. Muda não só no momento técnico do jogador, mas no físico, no aspecto psicológico,  nos acontecimentos do cotidiano. O astral de cada um sofre, sim, modificações.  O jogador de futebol não passa de um ser humano. Recebe boas e más notícias. Passa por momentos mágicos e sombrios. Por esta razão, um maior número de amistosos, jogos com alguma dose maior de competitividade, seriam super necessários.

Espero que na terça-feira encontremos a antiga marcação inglesa, junto com a italiana e argentina de alguns anos atrás, uma das que considero mais fortes do mundo. Precisamos de equipes que nos dificultem, que nos levem a situações diferentes para que ninguém tenha que dizer que foi surpreendido por determinada seleção.
Aproveito aqui para ressaltar minha insistência na convocação de Robinho. Não existe o menor cabimento, o menor sentido, em você levar um jogador como Roberto Firmino, mesmo com justificativas táticas, para uma Copa do Mundo e deixar um Robinho de fora, como já fizeram na última Copa. É um absurdo. Será que Robinho está velho, Tite? Você vem acompanhando os últimos jogos do Brasileiro? Será que Robinho não suportaria uma competição de tiro curto como uma Copa do Mundo? Será que a defesa adversária iria se sentir confortável e muito tranquila tendo pela frente jogadores como Neymar e Robinho? Ou será que você pensa que eles não podem jogar juntos? Quem não pode jogar junto, meu caro Tite, é Firmino com Neymar ou Firmino com Coutinho (mesmo jogando juntos no Liverpool,  podem dar algum up lá, não em se tratando de Seleção Brasileira). Tenho ciência que Robinho não faz parte dos planos de Tite. É um dos maiores defeitos e problemas dos treinadores. A mente fechada ao futebol objetivo e ofensivo que é a nossa natureza. Principalmente quando esses treinadores estão por cima, vencendo.  Se formos falar apenas de jogadores chamados “veteranos”, que não há problema algum, pois no mundo todo ainda fazem a diferença, mesmo em idades avançadas, é bom lembrar que ainda mesmo com juventude e no auge de sua qualidade técnica e maturidade como jogador, Marcelo não é mais um garotão da vida, e Daniel Alves muito menos. Em todo caso, seja o que Deus quiser.

Após a Inglaterra teremos apenas mais alguns poucos amistosos, que com certeza não nos darão ideia precisa de como estaremos, lá pra março, abril de 2018, às vésperas da Copa da Rússia. Afinal de contas, treinos não são suficientes para dosar o estágio da Seleção. Como dizia o grande mestre do futebol, Valdir Pereira, o Didi: “treino é treino e jogo é jogo”. Jamais duvidei e duvidarei disso.

Boa Semana!








Foto: PHILIPPE HUGUEN - AFP

domingo, 5 de novembro de 2017

... E DE REPENTE O CORINTHIANS VOLTA A JOGAR


Com a Arena do Corinthians abarrotada de torcedores (que fique frisado: não me acostumei até hoje com essa estranha denominação de “Arena”) houve emoção do início ao fim do clássico paulista.

Outra coisa que vejo com estranheza também, além de tantas que já são consideradas naturais, que os jogadores de hoje preferem dizer “faz parte”, foi o reencontro do timão com o Campeonato Brasileiro. Já a alguns jogos o Corinthians parecia afastado das boas atuações do primeiro turno. Enquanto perdia ou empatava, seus adversários diretos, por coincidência ou não, Santos, Grêmio e o próprio Palmeiras, não aproveitavam a vantagem.

Embora o jogo do Corinthians não tenha sido tão seguro e eficiente como no 1º turno, hoje foi melhor que as atuações que vem tendo no 2, do qual chegou a ser uma das piores campanhas. O Palmeiras na maioria das vezes não conseguia acompanhar as jogadas ofensivas e velozes. O ritmo imprimido pelo Corinthians era muito forte. Mesmo assim precisou de uma ajuda, também estranha, do musculoso árbitro Anderson Daronco e do bandeira Elio Nepomuceno em um impedimento claro no primeiro gol e, a meu ver, em um pênalti inexiste, no terceiro.

Mesmo tendo recuperado um pouco de sua qualidade de jogo na metade do primeiro tempo o Palmeiras não teve força para lidar com esse revés. De bom para o torcedor palmeirense fica a imagem da luta pelo empate até depois do 50º minuto do 2º tempo. O que terá acontecido com o Corinthians, que resolveu voltar a jogar bem, sinceramente eu não sei. Também não adianta falar sobre a CBF e a direção do Campeonato Brasileiro. Qualquer torcedor com alguma experiência percebe que existe algo de errado nesta competição.

Ainda falando deste campeonato, dos jogos que você pode ter a certeza que são disputados com a seriedade necessária, a de se lembrar a quantidade de erros nos sistemas defensivos. Zagueiros seguem marcando a bola e não o adversário. E o desarme normalmente só através do carrinho. Os goleiros, apesar de irem bem na maioria dos clubes, não aproveitam o sistemático jogo aéreo para saírem mais do gol ao invés de contarem com os cortes de suas zagas. Os meias erram passes de 2, 3 metros, quase sempre por precipitação e por não olharem a jogada. Os atacantes... Meu Deus! Haja falta de técnica e pontaria. Ao invés de tirarem a bola do goleiro, concluem quase sempre nas nuvens ou em cima dos próprios goleiros, mesmo absolutamente sós nas jogadas.

Por fim, excetuando os grandes chutadores do futebol brasileiro, como Pepe, Rivelino, Nelinho, Marcelinho etc, o aproveitamento de chutes de fora da área é lamentável. E esse problema não se dá devido à falta de tempo no treinamento. O problema é antigo. Se dá por falta de atenção e repetição desta jogada, hoje mais importante que nunca, diante dos bloqueios defensivos.
Uma boa semana!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL: A MÍSTICA DO FLA X FLU



Como diria o “imortal” escritor, dramaturgo e tricolor nato e hereditário, Nelson Rodrigues, o Fla x Flu de ontem, 01/11/2017, estava escrito há milhares de anos. Se vivo fosse, enfrentando um Maracanã acanhado, modernizado, porém desfigurado, certamente Nelson estaria lá, torcendo para o seu tricolor. Tricolor que é meu time também, afinal, não sou filho de chocadeira. Nunca neguei meu time de coração, onde, inclusive, tive a honra de, levado pelo grande mestre, o falecido Zezé Moreira,  para treinar nas categorias de base, onde comecei uma curta carreira de jogador, interrompida com o precoce falecimento de meu pai. Naquele tempo, um amador oficialmente não tinha a grana de hoje. Muito menos chegava em carro de luxo pra treinar. Morador de Copacabana, usava o ônibus 416, normalmente escondido dos demais jogadores, para fugir de um rótulo negativo no futebol e ocultar o bairro de classe média alta em que residia. No entanto, essa breve história não impede que enxergue a realidade do futebol nua e crua como ela é.

Ontem, tive intuição que o Fluminense venceria, devido às circunstâncias do momento atual dos dois times. Percepções extracampo e da história que esse clássico traz. E no começo minha impressão foi se confirmando. Aproveitando uma sobra, Marcos Jr. tocou rápido para Lucas, que livre de marcação, bateu forte, abrindo o placar para o Flu. Ironia do destino, minutos depois, o próprio Lucas, desnecessariamente, atropela Diego no ponto x, onde o meia-armador gosta de cobrar. Bola bem colocada, jogo empatado. Segue o Fluminense um pouco diferente dos outros jogos. Com seu miolo de área jogando bem postado e com razoável segurança. Abel escolheu Douglas e Richard para a proteção da zaga, que com auxílio constante de Scarpa, detinham avanços do Flamengo. A bola alta era a jogada, que o Fluminense desde a era Abel, usa com frequência até exagerada. Valeu a insistência e num escanteio cobrado por Sornoza, Renato Chaves aproveitou a indecisão da zaga do Fla e pôs o Flu na frente novamente. Fim de primeiro tempo, com alguns momentos de arranca-rabo entre as equipes, típico de um jogo decisivo. O Flu parecia mais determinado e com mais espírito de decisão.

O início do segundo tempo seguiu o estilo do primeiro. Mais uma vez, pelo alto, numa bola parada e lenta, Renato Chaves aproveita o sono de Juan, a indecisão Rhodolfo e crava no ponto fraco do Flamengo. Flu 3 x 1 Fla. Aí, a pequena torcida tricolor, numa soma estimada por mim de no máximo 10 mil torcedores, lamentavelmente, multiplicou-se por mais 10 mil e passou a acreditar na vitória. Olhando para o jogo, o desenho dava razão a ela. O Flamengo jogava do mesmo modo e esbarrava na mesma barreira tricolor. Eis que Marcos Jr., um jogador irregular, mas numa noite de boa presença, contrapondo-se a do apagado Henrique Dourado, sente o músculo da coxa e deixa o campo. Abel opta por Romarinho. Deve ter feito a escolha devido ao estado físico limitado de Wellington Silva. Mas o Flu perde com isso. E ao mesmo tempo, Rueda toma uma decisão que já devia ter tomado. Faz entrar a jovem promessa, Vinicius Jr. Do lado do Flu, Abel erra feio, tira Sornoza, que fazia uma de suas melhores partidas e faz entrar Wendell, desmanchando a boa distribuição que encontrara até então, responsável inclusive por um Flu mais presente ofensivamente que de hábito.

A “coisa” começou a mudar, a promessa Vinicius Jr. me fez lembrar o grande Silva, ponta-de-lança Rubro-negro e da Seleção Brasileira dos anos 60, que começara a bagunçar com a arrumação da defesa tricolor. Logo cobra falta de trivela, com a ousadia e esperteza dos craques, para Everton, que num toque de calcanhar genial deixa Vizeu na cara do gol, que diminui, numa linda jogada. Já ensaiando um dia de finados, dia seguinte ao jogo, a torcida do Flamengo ressurge das cinzas, abafa a do Fluminense e em maior número, agita o Maracanã. Os minutos finais eram pura emoção. O Fluminense já tentava com menos força ofensiva, e a categoria, movimentação e o DRIBLE, arma fatal e mágica, que nasceu com o jogador brasileiro, pelos pés de Vinicius Jr., reacende a movimentação de todo o Flamengo. O Flu começa a pará-lo com faltas. Até que numa destas, nos minutos finais, Willian Arão acerta uma cabeçada talvez inédita para ele. 3 x 3. O Fla x Flu é assim. O vento hora sopra para um lado e sem razão alguma, sem o menor sinal, muda de direção. A história tem provado essa magia ao longo dos anos. Talvez tenha havido de tudo neste clássico. O Flamengo ainda teve chance de virar em mais uma jogada do “diabólico”, ensaboado e esperto Vinicius Jr., mais um craque que já é vendido pelo Flamengo. Mas Diego conclui mal e Cavalieri evita uma derrota que talvez os deuses do futebol não tivessem chegado a um consenso de que seria justa. Para eles, a simples classificação rubro-negra já era o ápice da noite.

Ao Flamengo, um ensinamento que se recusa a aprender de que o craque que eles tanto alardeiam que se faz em casa, não se vende assim tão fácil, tão simples. Ao Flu, a lição que o clube se recusa a aprender há muitos anos, de que a base de um time é a estrutura do amanhã. Mas das quatro linhas, com a camisa do clube, e não em outros países, por míseros milhões. Que o Flu também aprenda que craque também se faz em casa, mas tem de ser craque, não um projeto, não um fake. E se não o encontrar, que saiba procurá-lo e ache jogadores que fazem a diferença e não apenas somem num elenco.


Aquele abraço!