domingo, 31 de maio de 2015

AS CASAS DA VERGONHA






Mais uma vez peço desculpas por destacar o lado negro do futebol. Cresci vendo Pelé, Tostão, Zico, Rivelino e outros tantos jogarem. A CBF, apesar de ter João Havelange como presidente, não dispunha dos mecanismos que testassem seu caráter, o despissem e colocassem em cheque a CBD, sigla real da época. O mesmo (no meu caso por ser carioca nascido na Tijuca, pertinho do Maracanã) se podia dizer da FCF, Federação Carioca de Futebol, comandada por Otávio Pinto Guimarães, para quem o exemplo acima também cabe certinho. Portanto, eu vi o futebol e apesar de ver coisas estranhas, elas existiam, sim, eram bem mais raras. E os métodos de apuração e descoberta bem mais difíceis e vagarosos. Sem falar que estávamos vivendo um regime de ditadura no país.

No dia 17 deste mês, fiz a coluna “VOCÊ ASSINOU EMBAIXO DESTE TIME?” Ali, abri um comentário e uma discussão sobre a Copa de 2014, não digerida ainda no meu consciente e inconsciente. Na ocasião, vários fatos me preocupavam muito e já sabia com clareza a respeito de algumas atitudes de Ricardo Teixeira, das comissões técnicas que nomeava, de seus substitutos, incluindo o vigente, e sabia também sobre a FIFA. Estranhava, como várias vezes estranhei, o sorteio de chaves de Copa do Mundo. Estranhava o Brasil não jogar uma só vez no Maracanã, mesmo tendo chegado a uma Semifinal. Preocupavam-me atitudes, ações, tanto da ex-comissão de Mano como a de Felipão e Parreira, como disse abertamente. Eles não eram eles. E olha que só o Parreira eu conheço desde 1969. Os jogadores não me passavam confiança, tanto no aspecto técnico, tático e competitivo. Mais ainda a preocupação dos manifestos no país, a pressão popular sobre o Governo e no caso a Copa, nitidamente políticas e dirigidas, servindo de cortina, de biombo para que se percebesse com menos nitidez os fantasmas se mexendo. O que era sujo ficava mais difícil de ser identificado. Pouco depois, uma seleção que chorava antes, durante e depois dos jogos. Inédito, nunca vi isso. E jamais pode recair apenas sobre o aspecto psicológico. Aquele jogo contra a Alemanha, até os seus 15, 20 minutos, era bem visto por mim. A seleção tomava iniciativa e havia uma clara briga de cachorro grande se ensaiando, apesar da ausência de Neymar. Depois do primeiro gol, aí sim, o desastre não parecia ter sido por falta de freio e sim pela ausência dele. Certas reações, dentro e fora do campo naquele dia, ficam além da suspeição.

Agora, como estamos vendo, explodiu o escândalo na FIFA. Volta-se a falar na Copa de 1998, a qual, sinceramente, nunca duvidei que tivesse sido vendida como dizem. Primeiro porque a França não era uma baba e segundo, se médicos e especialistas e um comboio de jogadores de futebol atestam que Ronaldo teve aquele piripaque, daí em diante todo desequilíbrio seria explicável. Só não posso dizer se houve má fé ou se foi teatro por baixo dos panos envolvendo o próprio atleta Ronaldo (por sinal um dos envolvidos nas investigações do FBI). É evidente que outros serão denunciados. A mídia, particularmente a Rede Globo, tem evidente comprometimento antigo com essa podridão toda. Só não vê e percebe quem não quer. Estejam certos que Blatter, mesmo eleito, não se sustentará. Nomes aparecerão, outras federações, instituições, jogadores, cartolas, clubes, dirigentes, empresários...tudo está ligado a tudo. E aqui no Brasil, o paraíso da safadeza, da impunidade, no qual, com interesses políticos ou não, o FBI joga nas manchetes o que a nossa respeitada e poderosa Polícia Federal não viu e não sabe quem fez ou quem foi. Usaram o campo da Granja Comary para suas peladas particulares. A Receita em 1994 segurou o avião tetracampeão e os equipamentos de Teixeira e outros. Mas o avião era tetracampeão. Aí, foi liberado.
Fechando essa triste coluna não faltam exemplos. A própria Copa de 1978, lá se vão 37 anos, é um deles. No caso da UEFA e outras ligas e federações, pode ser que cabeças rolem. Aqui, minha gente, sinceramente, eu não sei. Mas, quem dera. Porque se isso não acontecer, fique certo torcedor mais ou menos fanático, você nunca mais verá um futebol de boa qualidade e sequer mais ou menos limpo. Tenha certeza disso.


Pensem sobre.

domingo, 24 de maio de 2015

E ASSIM CAMINHA O BRASILEIRO 2015



















Rodada normal para o futebol que se está jogando. Volta e meia uma pitadinha de marketing e o desespero na voz dos locutores, além da criatividade, para dar alguma emoção ao campeonato.

Hoje foi a vez do grande Rivelino assinar o livro de ouro do Maracanã. Cada vez mais vamos ter de buscar no passado exemplos para nos guiar. Antes seja assim. E siga assim.

Na Ressacada, estádio do Avaí, um jogo sofrível. Como de hábito, predominância absoluta dos erros. Erros bisonhos de fundamento. Erros de colocação, de passe, de domínio de bola, de tempo de bola. Um futebol apresentado tão fraco que era comum ver cenas como a do zagueiro Jeci, em Alecsandro, que fazem sentir saudade do ex-zagueiro Moisés. As lesões são diferentes hoje em dia porque são causadas por um tipo de violência inusitada, circense. Coisa pra cartão vermelho imediato.

Diante desse jogo horroroso, sobrou um pouquinho da categoria do veterano Marquinhos, do Avaí, que na realidade não passa de um bom jogador, mas que hoje é valioso. E do gol legitimado da vitória do time da casa. A bola saiu tanto quanto a indecência do bandeira e do árbitro. Mas, e daí? Os jogadores em geral, o caso de hoje não foi exceção, nem ligam. Pouco reclamam. A maioria dos times não está vestindo camisa, se empenhando, levando jogos como o “pão nosso”.

Pela manhã, no Alianz Parque, estádio do Palmeiras, um jogo às 11:00, copiando padrões europeus, para variar. Sorte que a cultura paulista se adapta bem a isso. Mas jogaram o Goiás para a liderança diante do instável Palmeiras.

O Vasco, em mais um empate, vai mostrando as suas limitações. E o Fluminense, numa partida não menos ruim que a do Flamengo, ficou no 0 x 0. O time das Laranjeiras continua perdido. A direção, perdida. O time, fraco e desencontrado. E com alguns requintes de crueldade, ainda dificultam ingressos para os torcedores do clube. Se a ideia é levar o menos possível ao estádio, estão acertando em cheio. E volto a afirmar, se não fosse a cobertura da CBF via empresa esportiva, sua situação seria mais alarmante.

Finalizando com uma notícia boa. Por favor, não me culpem pelo caminhão de críticas que faço e pela pobreza no mundo da bola. Quisera eu falar de espetáculos e de detalhes positivos, mas prefiro ser realista.

Se eu estiver certo, o que vi por enquanto que me agradou em termos de armação tática e alguma qualidade técnica, foi o time da Ponte Preta. Defende com alguma dificuldade. Mas tem um toque de bola bem razoável e uma saída ofensiva muito boa, com variação de jogadas e muita lucidez. Jogadores olhando antes de bater na bola no cruzamento, entrosamento, criação e penetração. Faltando apenas um pouco de pontaria, o que é um mal geral. Mas, por hora, me chama a atenção a Ponte Preta de Campinas.

Uma boa semana a todos!

domingo, 17 de maio de 2015

VOCÊ ASSINOU EMBAIXO DESTE TIME?

















Senhoras e senhores, falo sobre um barco que começa a fazer água. Uma fruta que eu sempre disse que iria cair de podre. Muito antes, durante e depois da Copa de 2014. Lembro, há registros em postagens anteriores, que chamei a atenção sobre o comportamento dos cartolas da CBF e da comissão técnica na preparação e disputa da Copa. Tanto a turma do Mano Menezes, como a de Felipão.

Resultados, amistosos, convocações, entrevistas e todo tipo de ação visando a Copa era sombrio e suspeito. Por mais que alguém trabalhe errado, pense e faça de forma equivocada, você tem que notar entrega, disposição máxima possível. Nem isso se via. Principalmente conhecendo muito bem o trabalho dos comandantes. De pessoas como Mano, Parreira e Felipão. Se você me perguntar: “Mas como não houve entrega? Vários jogadores choravam compulsivamente”. É, mas no meu entender, isso era sinal de abandono. Não é normal você disputar uma Copa do Mundo ou o campeonato que for com jogadores chorando antes, durante e depois das partidas. Algumas ainda no início da Copa.

O desequilíbrio emocional e a falta harmonia eram evidentes. Mas por quê? Por falta de tempo? Por não termos mais craques no time, além de Neymar? Bem, isso foi fartamente alardeado. Vou postar aqui o link da matéria escândalo que estourou hoje nos jornais do país, com documentos e etc (para mim escandaloso é o tempo que isso vem à tona), e falo mais abaixo usando Atlético 4 X 1 Fluminense das consequências disso tudo.


Sobre a vitória do Atlético hoje, pouco a comentar. O Fluminense ainda ganhou um gol de honra de presente, ao final do jogo, feito àqueles jogos com clubes pequenos e seus gols de honra durante goleadas. O goleiro Victor, do Atlético, fechou o jogo sem nenhuma defesa expressiva durante 92 minutos.

Que Fluminense é esse? Esse é o Fluminense que padeceu no passado de cartolas e associados de mente curta e pensamento retrógrado. Um dos últimos clubes a adotar patrocínios e a necessidade da participação de empresas. Após as quedas de série, viu como solução encontrar um caminho vendendo a alma ao diabo. Pactuou-se com a CBF, um acordo que até hoje ninguém percebe que existe. Tanto que a relação com a Federação Estadual é de absoluto litígio e com a CBF, além de amigável. Como exemplo, uma recente premiação que a FERJ não deu e a CBF concedeu à categoria de base, por razões importantes e necessárias, sim, mas que jamais revelam craques.

Bons momentos vieram com a Unimed. Mas, de um tempo pra cá, esse acordo empresarial tipo com os Amigos dos Amigos, digamos, começou a cobrar seu preço. Quando a palavra de ordem começou a ser modernização, nos últimos 5 anos, o clube foi tomado das piores ideias. Grupos de origem estranha ao futebol passaram a lidar com esse legado do passado a sua maneira. Gente de todo lado e de funções absolutamente distintas ao futebol iludindo a torcida e tirando partido pessoal das categorias de base e do time profissional. E o fazendo de nariz empinado, com a espada da lei e da decência na mão. Alardeando revelar bijuteria a título de ouro há vários anos. Uns por desconhecimento, outros por pura má fé.

É verdade que o expediente não é privilégio do Fluminense F.C. 90% dos clubes o fazem no Brasil. E por isso vocês têm visto coisas parecidas com o que viram hoje com o tricolor. Largar o osso? Nem pensar. Ainda mais com a assessoria providencial e a diabólica proteção da CBF por trás nos bastidores. Mas, infelizmente o torcedor tricolor só vai enxergar isso na frieza dos resultados em campo. Enquanto puderem, vão resistir. Enquanto for possível, vão dizer que é intriga da oposição ou calúnias e denúncias de pessoas mal intencionadas.

É só esperar.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

VAMOS DAR UM TEMPO E OUVIR MARADONA


















Vídeo:
http://espn.uol.com.br/video/506912_maradona-diz-que-blatter-tem-medo-de-perder-o-poder-e-ironiza-eu-corri-atras-da-bola-e-ele-do-champagne

Jogue seu preconceito no lixo e tenha em mente que tudo que esse astro falou é verdadeiro. Os fatos do futebol e seu verdadeiro momento não precisam ser ditos por ninguém politicamente correto. É do próprio Maradona, além dessas afirmações que vocês ouviram, de pura verdade, a pérola de que “a bola gosta mais do gueto”. Apaixona-se pelas classes sociais mais pobres.

E o sistema que ele detonou acima vem, há um bom tempo, massacrando e reprimindo a qualidade técnica no berço. Já que Messi é exemplo, por que não explicar através dele como o futebol moderno do Bayern, com 3 alemães cercando o craque argentino em menos de 5m² de campo de repente se dá conta que ele entrou no meio dos três e limpou a jogada? Quem tá aprimorando isso atualmente no futebol? Com certeza não são as entrevistas poliglotas científicas e extraterrestres daqueles treinadores de final de domingo que, às custas de seus assessores e empresários, aproveitam como podem e parecem ter orgasmos diante das câmeras ao enganar o torcedor brasileiro em geral.

Sempre vão preferir dizer que determinada jogada não saiu durante o jogo porque a situação A não encaixou na situação B etc, etc. A maioria não tá nem ai pra explicar a curva da bola, o tempo certo de passa-la, a hora de prendê-la, as vozes e os gritos do campo, a colocação ideal, a criatividade e as armas que ninguém mais aprimora e sequer cita como letais no futebol brasileiro, como é o caso do drible.

Ontem começou o Brasileiro, e a média de público foi de 12.000 pessoas. Queriam mais? Como, se pensam o futebol brasileiro em nível de RJ, SP, MG, RS e não num país num todo? O nome do campeonato é Brasileiro, e a formação da enorme quantidade dos times de primeira linha, tanto 20 clubes, ainda é muita coisa, como a duração do campeonato é longa demais, além da má qualidade do futebol.

Que argumentos você vai apresentar pra atrair o torcedor, e ainda por cima desembolsando uma grana preta e arriscando a vida pra ver seu clube jogar contra um time de empresários? Graças a Deus, homens como esse do vídeo ainda passam para vocês, com precisão e sem meias palavras, as razões dos fracassos e a realidade do futebol mundial.

Obrigado, Diego. Você parou de jogar, mas ainda dá show de bola! 

domingo, 3 de maio de 2015

CAMPEÕES ESTADUAIS 2015: HOUVE EMOÇÃO SIM























Quisera eu dizer que essas emoções se comparam as de tempos atrás. Mas a qualidade era muito maior. Não existe menor comparação. Em compensação, para aqueles que achavam e acham que o Estadual deve acabar, melhor reverem seus conceitos.

Nos 4 cantos do Brasil, houve mais estádios lotados e mais emoção que nas últimas finais de Brasileiros. Rio, São Paulo, Sul, Minas, Bahia, Ceará etc. Não vi estádio vazio, nem clima de velório. Vi festa. Vi o Santos de Pelé provar que a técnica é indispensável em qualquer época.

O toque de Robinho, ajeitando no primeiro gol, é uma coisa divina. Aliás, vinha deitando e rolando desde o início do Paulistão. E foi decisivo para o time da Vila Belmiro, que ainda contava com jogadores de categoria como Ricardo Oliveira, Elano, Renato, e os novos talentos, que o Santos tem tanta intimidade em revelar e o faz como ninguém no futebol brasileiro.

Foi suado, foi nos pênaltis, mas valeu. E não desmereceu a campanha e a atuação do Palmeiras, que continua no seu processo de reconstrução e é questão de tempo romper vencer a abstinência e voltar a colocar as mãos na taça novamente.

No Sul, também com casa cheia, o Inter, com muita velocidade e disposição, foi mais decisivo e soube aproveitar os erros constantes do meio e da zaga gremista. Em Minas, não foi por acaso que a Caldense chegou às finais. O time de Poços de Caldas tem estrutura, sim, embora simples, e bons jogadores. Esteve por momentos com a taça na mão, mas a tradicional camisa do Galo pesou mais. E comandado pelo excelente Luan, o Atlético ficou com a taça.

No Rio, palco das maiores polêmicas envolvendo o Estadual, Vasco e Botafogo chegaram à final sem ter jogadores brilhantes. No entanto, o título ficou em boas mãos pela melhor qualidade técnica do time de São Januário. Ao menos 5 no elenco são bons jogadores. Bernardo, Marcinho, Rodrigo, Dagoberto e o goleiro Martín Silva. Se não levam ao Vasco um time que almeje maiores conquistas, ao menos, no caso do Estadual, justifica plenamente seu título.

O Botafogo, lutando para se manter e superar suas deficiências, em campo e extra campo, chegou ao limite. Erros como os que cometeram Renê Simões, apesar do incentivo importante, pesaram. A demora em substituir dando mais velocidade e objetividade ao time e a permissão que Thiago Carleto fosse o maestro da equipe, não tem explicação. Chegar ao ponto de levantar bolas ofensivas do campo defensivo é ridículo e humilhante. E ainda contar com um central como Renan Fonseca, é duro.

Fora o outro erro que cometeram de avaliação ao demitirem um preparador físico a duas semanas das finais. Independente o bom ou mau trabalho conduzido, que gênio da preparação física daria algum ganho significativo em 10 dias de trabalho a um time exaurido e jogando sempre no limite de suas forças? Um hotel de lazer talvez fosse mais negócio para o clube de General Severiano.

Agora, julguem vocês. Quando chegarem às finais de dezembro do Brasileiro deste ano, que começará semana que vem, gigantesco e cansativo, como sempre, prestem atenção se vai terminar com estádios cheios nos centros mais importantes do país e o campeão sendo conhecido nos últimos instantes do campeonato, como aconteceu hoje.

Abração!