domingo, 25 de setembro de 2016

O PORQUÊ DO HINO NACIONAL NO BRASILEIRO


É estarrecedor uma pátria enxovalhada como está emprestar seu hino e seus acordes a um campeonato sem credibilidade, comandado por pessoas sujas e sem condições morais.

Algum exagero? Dirigentes que não podem sair do país senão serão presos, tentam emocionar você como torcedor, através da Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão exclusivos, e, que curiosamente, depois que passou a ter essa exclusividade e monopólio, o futebol no Brasil começou a cair vertiginosamente.

Você não se importa em saber se seu time é a bola da vez ou um dos preferidos? Até criança percebe isso. Um país sob um Golpe de Estado declarado em viva voz esta semana nos EUA pelo próprio vice-presidente empossado ilegalmente no poder e motivo de chacota e desprezo por vários países do mundo, não merecia tanta desonra, embora o meio do futebol e seu comando nunca tenham sido compostos por anjinhos e monges.

Vale ressaltar que em outros jogos de divisões inferiores que acompanho, é fácil contar nos dedos os torcedores presente no estádio, além de ter de ouvir marchinhas dos clubes que irão jogar, com jogadores perfilados, banda de música e todo tipo de pompa, bairrismo e provincianismo explícito, prejudicando, inclusive, o aquecimento dos jogadores para a partida.

Nem que houvesse aqui um mínimo de moralidade, o hino nacional só faria sentido, como sempre fez, em jogos internacionais e não em alguns de origem duvidosa e os envolvidos neles mais ainda. Ainda estou exagerando? Deem uma olhadinha para a ciranda dos técnicos, como são os mesmos, na mudança dos locais das partidas, como vem a calhar, além de serem combinadas na calada da noite, sem um clube sequer contestando mudanças de horário, de cidade etc. Falta de campo e cofre vazio não são justificativas. O que mais tem no Brasil é corrupção, bolsos de empresário cheios, de dirigentes idem por compartilhamento, e estádios de futebol vazios.

Com mais de 27 rodadas não houve uma encrenca que tenha levado um jogador a julgamento, ou suspenso por vários jogos... Estranho, né? Como são disciplinados nossos jogadores. De onde podemos concluir que só podem ser “ilusionismo” as entradas criminosas que temos assistido entre colegas de profissão e as vergonhosas arbitragens que prejudicam uns e beneficiam outros descaradamente, na maioria das vezes para inflar um campeonato fraco, desacreditado, em que aqueles com um pouquinho só de experiência, sabem que há dois ou três concorrentes para o título? E mais dois ou três com prestígio suficiente para alcançar a Libertadores ou interesse para evitar o rebaixamento.

Encerro dizendo que sei perfeitamente que em muitos dos casos existe o tal do nivelamento por baixo, desorganização e falta de futebol e qualidade que promovem certos jogos atípicos e suspeitos. Mas, basta abrir um pouquinho o olho que você flagra direitinho aquele jogador que corre para não chegar e aquele time que faz um jogo super competitivo, num domingo, e outro irreconhecível e medíocre, numa quarta, dentro da mesma competição.

Hoje, sinceramente, já não sei se basta apenas a solução proposta pelo meu prezado amigo Afonsinho, que é a de “refundar o futebol”. Acho, prezado amigo, que temos que refundar muitas coisas, revolucionar muitos valores, porque se enganam muitos por algum tempo, mas não pelo tempo todo.

Nota: Tite, o que faz o Robinho fora da seleção brasileira? Está velho demais? 

domingo, 18 de setembro de 2016

... E O FLAMENGO LIGA AS TURBINAS

fonte: DANIEL VORLEY /AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
fonte: DANIEL VORLEY /AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
Daniel Vorley / AGIF / Estadão Conteúdo

Se será campeão eu não sei. Mas virou candidato de fato. Já há uns 2 meses que o Flamengo arrancou, com alguns reforços, tendo como principal o Diego, e mantendo uma regularidade sobre o comando do técnico Zé Ricardo, que parece falar a língua do time.

A massa rubro-negra, que no início do campeonato não fazia a menor ideia destas atuações, agora já tira suas camisas do armário, e, talvez assim como outros cariocas, se beneficie até mais do efeito campo de jogo. O que quero dizer com isso? Que no Campeonato Brasileiro, por certo, o Flamengo teve, ao longo de sua história, a força de sua torcida no país inteiro como um dos ingredientes responsáveis por pelo menos um ou outro título. Seja em Brasília ou como hoje, em São Paulo, vejam só, São Paulo, qualquer pessoa que não conhecesse o estádio e não acompanhasse o campeonato ia achar que o Flamengo estava jogando em casa.

Quase 30 mil pessoas, de manhã, no Pacaembu? Mas, fora a torcida, o time vem jogando bem. Nada de extraordinário, mas o suficiente para justificar, ao menos no momento, algum favoritismo. Eu, sinceramente, aposto um pouquinho mais no Palmeiras, devido a uma maior regularidade, conjunto e, a meu ver, um elenco de maiores recursos. Mas, como disse, o vento vermelho e preto pode atropelar.

Dali pra baixo começa o troca-troca de posições, mantendo uma sequência de pontuação irônica e estranha. Que o campeonato é fraco já falei aqui. Que há um equilíbrio por baixo, também. Porém, existe uma clara inversão de posições que parece obedecer a uma certa sincronia. Algo muito difícil de acontecer. Tipo 43, 41, 40, 39, 38, 37... Estamos quase em outubro e diferente da maioria das vezes, ninguém arrisca muito. Só parece definido, se é que está um rebaixado, o América Mineiro.

O Galo é capaz de fazer uma excelente partida num jogo e no jogo seguinte se superar em mediocridade. O Grêmio desabou. Já tinha um time fraco, que só andava na garganta do Roger. Talvez por desgaste o Grêmio não conseguiu manter a força e se perdeu completamente. Hoje é um bando em campo, desorientado, sem treinador, com alguns jogadores que não poderiam jamais vestir uma camisa de um time de futebol como a do Grêmio. Se o Fluminense está melhor, menor irregular, e ao menos com um atacante de boa finalização, teria saído do Sul com uma vitória bem mais fácil do que hoje.

Aliás, o Flu é outro time que se mantém ali no bolo graças à ideia de Nova Iguaçu como campo alternativo e, principalmente, ao técnico Levir Culpi, que montou um esquema de contra-ataque ideal para um time com as deficiências que possui. Deu espaço lá na frente, os garotos chegam. Principalmente Scarpa, um jogador de baita qualidade.

Prometi na semana passada que falaria do Botafogo também, que acabou de derrotar o Vitória, em Salvador, com uma atuação um pouco abaixo das que tem apresentado, mas obtendo uma vitória merecida. O esforço de seu goleiro e de Pimpão fizeram lembrar, por alguns momentos, o Botafogo do passado. O técnico, Jairzinho, como disse, carrega o DNA do pai.

Em alguns momentos você vê o toque de tentativa de repetirem as jogadas objetivas e individuais, sem medo de errar, dos anos de ouro do clube. Isso tem feito o Botafogo fazer gols de rara beleza e se livrar da mediocridade de apenas competir para não cair. Mas não consegue fugir de momentos brilhantes e outros bisonhos. É uma presa do futebol que está aí.

No mais, digna de registro a permanência do Inter na zona de rebaixamento. Sua esperança é justo amanhã, contra o América Mineiro. Mas, de qualquer forma, o Inter me faz o pensar o contrário do que disse do Botafogo. Não me faz lembrar, em momento algum, as grandes equipes dos anos 70, de Figueroa, Falcão, Carpegiani e cia.

Faço uma observação final a mais uma entrada em rodadas pela Copa do Brasil junto ao Campeonato Brasileiro. O que já é ruim fica pior com a adição de um campeonato similar, político e sem vergonha, que desgasta jogadores, desorienta torcedores e joga mais pra baixo qualquer tentativa de melhoria do futebol brasileiro.

Boa semana!

domingo, 11 de setembro de 2016

PARALIMPÍADAS 2016: A VITÓRIA DA ALMA


Antes de falar do assunto principal que citei acima, uma breve nota sobre as Eliminatórias, porque vou ficar devendo no Brasileiro sobre o incrível Botafogo, do grande Furacão, treinado por seu filho, que com o DNA da família Ventura leva o alvinegro a se transformar, assim como o surpreendente Flamengo.

Conforme as últimas colunas, onde deixei claro que vi uma possibilidade de melhora no início do trabalho de Tite, de fato estas duas rodadas mexeram na posição da tabela de classificação. Neste segundo jogo, embora não tenha vencido com tanta facilidade quanto o primeiro, o Brasil dominou e bateu a Colômbia, em Manaus, ainda com muitos defeitos e tendo pela frente uma Colômbia em nítida decadência técnica.

Fecho esta nota deixando uma pergunta no ar. Nossos adversários sul americanos talvez estejam começando a enfrentar os problemas do êxodo esportivo e da consequente perda de identidade que ainda acontece conosco, que teve seu auge na copa de 90. Os times parecem piorar quando recebem seus esforços “estrangeiros”. O que você acha?

PARALIMPÍADAS DO RIO 2016

Com algum êxito, percalços e acertos, passamos bem pelas Olimpíadas 2016, no Rio. Como comentei na crônica anterior, algumas razões como o golpe politico que o país sofreu evidenciaram maiores dificuldades. Na última quarta-feira, na abertura dos Jogos Paralímpicos, apesar novamente da presença indesejável de um sujeito sem escrúpulos que veio abrir o evento, como na anterior, a vontade e o desejo do povo o acompanharam fielmente através de vaias e mais vaias. A vontade do povo tem de ser respeitada, sabe? E ninguém pediu ele ali. E nem Senadores, Congressistas ou Juízes tinham o direito de trair o povo jogando seu voto vitorioso no lixo para atender suas necessidades escusas e sombrias.

Mas o povo continua aí, forte e lutando cada vez mais para recuperar o que muitos tentam lhe tirar. E agora na Paralimpíada não tem sido diferente. Uma ressalva apenas para o desinteresse explicito do Prefeito da cidade, que também faz parte da gangue que me referi acima, em não dar às Paralimpíadas o valor que ela merece. É evidente que o apelo pela disputa dos super atletas envolve maiores interesses, atrações e uma vitrine muito mais rica para os esportistas em geral. São super atletas, sem deficiências físicas, que competem visando atingir a superação e o ápice do pleno alcance esportivo. Seus sorrisos de vitória ou lágrimas de derrota não ficam para trás, nem superam os que tenho visto na Paralimpíada e é a ela que quero enaltecer.

Com alguns estádios e arenas quase vazios, devido ao desinteresse que denunciei acima, temos assistido aos momentos de maior emoção de todos os Jogos Olímpicos Rio 2016. Tanto os dotados de plena aptidão, quanto os de aptidão reduzida. As conquistas dos atletas deficientes são alcançadas pela alma. Estes atletas marcados por algum tipo de imperfeição e sofrimento físico, acidental ou não, superam a natureza da vida, dos limites do ser e dos desafios que o destino lhes impôs. Percebo na comemoração de cada atleta, seja de bronze, prata ou ouro e até naqueles que não alcançaram uma medalha, em alguns casos com corpos semi mutilados, a satisfação de se sentirem gente. Gente capaz de superar inúmeros esportistas ditos perfeitos, com forças que buscam do fundo da alma, calcadas em treinamentos exaustivos planejamentos fadados a suplantar obstáculos físicos, financeiros, emocionais, geográficos, estruturais e sabe-se lá quantos de ordem e sofrimento psíquico que só mesmo eles estão autorizados a falar sobre.

São lágrimas de vitória, sorrisos contagiantes, carregados de emoção, humildade, pureza e o prazer e a alegria de sentirem-se alguém, de sentirem-se reconhecidos, não somente para aparecer na capa de uma revista, tirando proveito comercial de suas conquistas através de espelhos. Muitos sequer enxergam. Muitos sequer têm como ajeitar o cabelo pra saber se ficaram bem ou mal na foto. Mas todos eles transmitem na expressão dos olhos, da face e da pura alegria do sorriso, a verdadeira felicidade de sentirem-se vivos, reconhecidos e satisfeitos com o que seus corpos tão sacrificados ainda são capazes de fazer pelos seus países de origem e por eles mesmos. Deus abençoe a vitória e a participação de todos eles.

Deus abençoe a vitória da vida!

domingo, 4 de setembro de 2016

ELIMINATÓRIAS EM DESTAQUE

Pedro Martins / MoWA Press/Divulgação

No primeiro fim de semana no Brasil sem presidente eleito pelo povo depois de cerca de 30 anos, ou seja, estamos sendo dirigidos por um golpista ilegítimo, fora de nossas leis, vamos tentando tocar o futebol como podemos. E ele é o foco no meu comentário, principalmente em se tratando de eliminatórias sul-americanas, que serão abordadas adiante.

Começando pelo jogo vencido pelo Brasil, quinta-feira, em Quito, por 3 X 0, na estreia de Tite no comando, confesso que embora o Equador tenha se desmanchado e não seja de longe aquela equipe base da LDU que andou atormentando a todos os países do continente sul-americano, com exibições surpreendentes, com times competitivos, rápidos e insinuantes, eu gostei da apresentação da seleção brasileira.

Há de se separar, como disse, a péssima atuação do Equador e sua marcação inexistente da postura do Brasil em alguns momentos, principalmente individualmente falando. Como virtudes, vi um sistema defensivo mais sólido e bem postado. Um meio campo de melhor qualidade, embora às vezes, talvez pelo desentrosamento, mal distribuído. E um ataque, onde apesar da exibição de Gabriel Jesus, ainda falta força de profundidade.

Demos de 25, 30 metros, mais de 10, 15 chutes que encobriram a meta. O elemento altitude não pode ser desconsiderado, mas a seleção pareceu não senti-lo. Gabriel Jesus, por exemplo, fez boa partida, sendo autor de um belo gol. Renato Augusto teve participação muito boa. Achei, finalmente, Willian mais solto e objetivo. E Neymar, que me chamou mais atenção, fez uma partida séria e objetiva, usando do talento individual em prol do coletivo. Não o vi abusar uma vez sequer de firulas inúteis.

Ainda ficam devendo, para mim, Daniel Alves, que disse aqui: não pode mais ser lateral desse time. E Marcelo, que para mim só cabe na armação das jogadas e na saída de bola. Não é por ser um bom jogador e canhoto que tem que ser lateral esquerdo. Desperdício de talento e caminho aberto para contra-ataques. Alcançamos um placar exagerado para alguns. Mas não achei, não. Embora as chances perdidas tenham sido poucas, o domínio foi muito nítido.

Apesar de tudo, voltamos ao incômodo 5º lugar, devido à vitória da Argentina sobre o Uruguai, na volta de Messi. E agora temos a Colômbia, que apesar de ter caído um pouco também, tem qualidade e conjunto suficiente para, mesmo em Manaus, criar problemas para nossa seleção. Só poderemos ter uma noção real da melhoria da equipe, que já esperava como frisei nas colunas anteriores, quando enfrentarmos adversários mais bem armados e qualificados.

Mas é normal. Um passo de cada vez. Embora o comando superior da bola ainda esteja nas mãos de grupos com problemas na justiça, sem poder deixar o país.

Nota: faço um registro, não poderia deixar de fazê-lo, ao belíssimo gol de Camilo, do Botafogo, numa bicicleta real, ao estilo dos grandes craques, na vitória de 2 a 1 sobre o Grêmio, hoje, pelo Campeonato Brasileiro. É tão difícil ver uma finalização com aquela beleza que recomendo que gravem em seus dvd’s. O futebol agradece, Camilo!