domingo, 25 de agosto de 2019

TORCEDOR BRASILEIRO, CUIDADO COM A JUSTIÇA ESPORTIVA

Reprodução: TV Globo

Censura! Estão censurando no futebol também. Já o faziam, e agora é lei. Absolutamente nada tem a ver com um novo mundo ou uma nova realidade social. Digo e assumo. O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva Brasileiro), seguindo uma recomendação da FIFA, emitiu nota para o quadro de arbitragem, federações e clubes determinando que cânticos homofóbicos de torcedores sejam relatados na súmula para punição com multa ou até perda de pontos por parte do clube com a torcida envolvida nas ações.

Pois bem, agora a bola está comigo. No jogo de hoje entre Vasco X São Paulo, em São Januário, no Rio de Janeiro, por volta dos 20 minutos do 2º tempo, quando o Vasco ainda vencia por 1 X 0, o árbitro Anderson Daronco, que já tem por hábito aparecer mais que o jogo que arbitra em si, chamou a atenção do técnico do Vasco Vanderlei Luxemburgo sobre o comportamento da torcida do Vasco que ofendia o time do São Paulo com um termo ouvido há pelo menos 50 anos nos estádios de futebol, hoje enquadrado como homofóbico. Prontamente, ciente da norma, o técnico pediu calma aos torcedores. E eu aqui, fiquei nervoso. Indignado com a compreensão do que acontecia naquele momento.

Não existem medidas ou normas para acabar com a corrupção no futebol ou torna-lo um espetáculo melhor de se ver. Mas agora querem calar a boa do torcedor. O leitor talvez pergunte, “seria eu, o autor do blog, a favor da homofobia?”. Evidente que não. Como não sou a favor de arranjos no futebol, corrupção, jogos de péssimo nível e, principalmente, hipocrisia e conversa fiada. O torcedor não é o protagonista do jogo. É o espectador que paga ingresso e tem direito a vaiar, aplaudir, elogiar, xingar e ponto final. Ele é responsável pelos seus atos. Como num cinema, num teatro, num evento público ou privado. Que falta fazerem? Distribuir cartilhas educativas dizendo o que o torcedor deve ou não gritar durante um jogo de futebol? Excessos como preconceito racial, de classe e gênero não podem ser debitados na conta do jogo, do treinador ou do clube. Há de se criar outra fórmula mais justa e de bom senso para julgar tais atitudes

Até mesmo uma briga entre torcidas não pode estar na conta dos clubes participantes. Isso é assunto de polícia. E se ela, a polícia, julgar que as medidas de segurança do estádio, com mando de campo do clube, não foram as necessárias, aí entramos em outro aspecto do assunto. Que lei poderia ser criada? Francamente, não sei. Não sou especialista em leis, não sou advogado. Mas minha experiência sobre as quatros linhas e o que sei sobre torcedor, aponta o dedo para os tribunais de justiça e para a FIFA, que fecham os olhos às falcatruas que, infelizmente, não podemos provar, assim como vários crimes que acontecem no cotidiano, dentro ou fora do esporte. Quais medidas são  tomadas para isso? Quais medidas foram tomadas, por exemplo, contra a CBF, sobre acusações de corrupção envolvendo emissoras de TV e a própria FIFA, que redundaram na prisão do ex-Presidente da CBF, José Maria Marin, ainda pesando acusações e mandados de prisão contra integrantes que se envolveram em determinados escândalos recentes?

Posso apenas, como treinador e colunista esportivo, sugerir que haja outro tipo de julgamento sobre a homofobia por parte do torcedor. Gente especializada que descubra premiações ou boicotes, chegando até a um mando de campo, por exemplo, dependendo da gravidade do caso, a serem aplicados. Mas, jamais, órgãos do futebol. Não é a tarefa que lhes cabe.

O jogo em questão terminou com o placar de 2 X 0 para o Vasco, chamando a atenção para dois aspectos: a péssima arbitragem do juiz Anderson Daronco, que nem com o VAR acertou na expulsão do jogador Raniel, do São Paulo (o lance não foi falta para expulsão), e a capacidade técnica do treinador vascaíno, Luxemburgo, que, apesar do adversário ter um jogador a menos facilitando seu trabalho, está conseguindo levar um time medíocre a se afastar da zona de rebaixamento com esses 2 X 0 obtidos hoje sobre o São Paulo.

Boa semana!

Nota: Em breve o Futebol de Fato em vídeo também.

domingo, 18 de agosto de 2019

VASCO 1 X 4 FLAMENGO - A QUALIDADE É A DIFERENÇA


Chegamos à 15ª rodada do Campeonato Brasileiro já com a, até então, sensação Palmeiras perdendo a ponta e caindo de produção. Entre os seis primeiros colocados, quatro times paulistas, um carioca e um mineiro. Vou focar meu comentário no jogo de sábado entre Vasco X Flamengo, que bateu recorde de público, mas em lugar errado, infelizmente. Dois clubes tradicionais do Rio de Janeiro (muito provavelmente as duas torcidas juntas somem cerca de 50 milhões de torcedores, no mínimo) se enfrentando em Brasília, com os interesses comerciais falando mais alto.

Mando de campo do Vasco da Gama, time inferior, pior colocado na tabela, mas vindo de uma melhora nos últimos jogos em função de uma melhor arrumação que o bom treinador Vanderlei Luxemburgo conseguiu. Por mais que o torcedor de Vasco X Flamengo sinta prazer em assistir seus times de coração na TV, eu garanto que no fundo eles ficam é tristes. Não posso afirmar, contudo, que se o Vasco jogasse em seu território teria melhor sorte que ontem. A diferença de qualidade entre os dois elencos é evidente. Quem assistiu ao jogo viu isso com toda clareza.

Com a vantagem de 1 X 0 no primeiro tempo, o Flamengo manteve sua superioridade na segunda etapa, chegando ao 2º gol de forma arrasadora. Os jogadores contratados pelo Flamengo, principalmente do setor ofensivo, são rápidos, leves e muito técnicos. Deter a força ofensiva do Flamengo requer uma estratégia muito bem montada e uma melhor qualidade individual, tanto defensiva, quanto de meio e ataque. Embora tenha conseguido dois pênaltis, tendo a chance de deixar o placar mais apertado, até nesse momento notava-se a diferença entre os jogadores.

O goleiro do Flamengo experiente e muito técnico defendia os dois pênaltis a favor do Vasco. O Flamengo respondia em alta velocidade, com trocas de passes e passes de primeira que envolviam e desnorteavam completamente os esforçados, mas limitados, zagueiros vascaínos. Às vezes com quatro, cinco e até seis jogadores. O placar deu a medida da diferença entre os dois times.

E lembro que esta sequência que parece infindável de derrotas do Vasco para o Flamengo já criou há muito tempo uma barreira psicológica contra o time vascaíno, que há de precisar de um trabalho muito bem feito, além de um elenco de boa qualidade e personalidade para superar este efeito colateral.

Vamos aguardar agora se o Flamengo conseguirá manter esse ritmo, uma vez que disputa a Libertadores e o próprio Brasileiro e vem de, pelo menos, umas trinta partidas de forte desgaste. Vamos conferir se o técnico Jorge Jesus vai saber usar o elenco inteiro e poupá-lo na medida certa. Quanto ao Vasco, resta a Luxemburgo trabalhar com o que tem. E ele deve saber disso. Seu passo terá de ser curto e sua meta apenas a permanência na séria A, em 2019.

Aproveito a oportunidade para chamar a atenção da situação de outro clube carioca, o tradicional tricolor das Laranjeiras, que creio não lhe restará outra alternativa a não ser demitir seu atual treinador, Fernando Diniz. Num jogo em casa, diante de sua torcida, enfrentando o fraco CSA, não conseguiu em 97 minutos de jogo aproveitar nenhuma das oportunidades criadas.

O time apresenta os mesmos erros de seis, sete meses atrás. Afoito, ansioso, previsível e sem jogadas de fundo. Isso lhe custou uma derrota que o colocou na zona de rebaixamento e os problemas do Fluminense são muitos. Resolvê-los durante a competição não é tarefa pra qualquer um.

Fique de olho agora, amigo leitor, porque em breve vem aí o novo Futebol de Fato impresso e em vídeo para trazer tudo mais explicadinho pra você.

Boa semana!

domingo, 11 de agosto de 2019

EXCESSO DE JOGOS, MUITOS ESTÁDIOS, PÉSSIMOS GRAMADOS


O torcedor não pode reclamar em nenhum instante, nenhum momento, da falta de campeonatos, da quantidade de jogos para assistir. Embora se questione nitidamente a qualidade destes. Naturalmente um ou outro clube faz uma boa partida, participa de um jogo de alguma qualidade, de alguma emoção. E o público normalmente tem até correspondido, comparecendo em bom número. Em que pese a TV jogar contra.

Já disse que não é questão comercial, de direitos adquiridos, concorrência normal entre emissoras de TV e coisas do gênero. Mas uma emissora deter os direitos de transmissão da maioria quase absoluta dos jogos no Brasil é vergonhoso e traduz um monopólio que não faz bem ao futebol e muito menos ao torcedor. Sem falar que este fica na dependência do exibicionismo e do marketing forçado de narradores e comentaristas que, buscando inflar a competição para gerar negócios, abusam do ufanismo, da transmissão aos berros e do positivismo inexistente.

A TV não vê, por exemplo, que num país de quinta grandeza, onde há lugares e recantos onde se construíram estádios com capacidade maior que a população local, a estrutura deles é péssima. E olha que jogamos uma Copa do Mundo há 5 anos. Não me refiro a conforto, embora quem paga pelo jogo mereça. Mas ao palco do espetáculo e o preço dos ingressos. O preço é fora dos padrões do salário miserável que o trabalhador recebe no país. Por isso ele merece, além de ingressos com preços similares as suas finanças, campos de futebol com o mínimo de condições.

O estado atual, mesmo com arrecadações e receitas polpudas das federações, é vergonhoso. Muitas vezes você vê tudo verdinho na transmissão e crê num palco de alto nível, mas não é o que acontece. Apesar da tecnologia de manutenção e plantio da grama dos estádios ter evoluído bastante, sua conservação é péssima. Desníveis, buracos, inúmeras falhas que prejudicam ainda mais a qualidade do jogo. O problema não é novo e segue se arrastando. E, tenha certeza que também é responsável por diversas lesões que muitos consideram normais, típicas de jogo.

Alguns, como solução, ainda falam em grama sintética. Meu Deus! Que Deus nos livre dela. Pode ser boa para o futebol americano e seus padrões, tanto de evolução, como de influência de outros esportes jogados lá, mas para o futebol profissional, nada mais drástico. A grama sintética produz queimaduras, gera lesões ligamentares e altera o ritmo de jogo e a velocidade da bola. Seria pouco? Não há outra saída a não ser usarem a verba destinada com honestidade e competência. O primeiro passo para um bom jogo é um piso bom e seguro. Que a CBF faça seu trabalho, uma vez que o uso do VAR já tem complicado o suficiente o nível do que você assiste.

Uma boa semana a todos!

domingo, 4 de agosto de 2019

NO PALCO VOSSA EXCELÊNCIA: O TREINADOR DE FUTEBOL


Prezados leitores, nem Flamengo, nem Corinthians, nem Barcelona, nem Liverpool, a atração é o treinador. Embora tenha citado Barcelona e Liverpool, estes clubes são mais coadjuvantes desse espetáculo circense que é a participação do técnico de futebol durante uma partida. No passado, a estrutura dos estádios e a expressão em segundo plano os confinavam a um fosso ou discretamente sentados em um banco junto com sua comissão técnica e os reservas de sua equipe.

Hoje, em alguns casos, o técnico é até cobrado por torcedores menos esclarecidos e até por parte da opinião pública e de jornalistas se adotar tal comportamento. Dirão que treinador “A” ou “B” “vê sua equipe jogar errado, naufragar, e mantém-se frio, parecendo desinteressado diante dos erros que sua equipe apresenta”. É mais ou menos como se o treinador estivesse inscrito e em atividade e pudesse entrar a qualquer momento e salvar seu time em campo. Mas o predomínio fica mesmo por conta do carnaval de plumas e paetês e comportamentos atípicos e histéricos por parte desses senhores.

Num estádio de razoável tamanho e em jogo de razoável público talvez com um megafone um jogador a 50, 60 metros de distância ouça as instruções e os avisos. De outra forma, eu vos garanto, por experiência própria que seu jogador não ouve absolutamente nada. Na maioria das vezes, o que o técnico consegue é atrapalhar, confundir seus jogadores. Quando não os deixa aflitos e nervosos, no caso dos menos experientes. O marketing cobra.

Ele, o técnico, sabe que está sendo visto por milhares de olhos eletrônicos e humanos, aí não contém sua vaidade e não resiste. Quer mostrar a todo custo sua capacidade, valorizar o seu diploma, se é que o tem. Incorporar tradutor de libra, fazer sua mimica e, através de gestos que ele acha que o meio esportivo conhece, demonstrar na ponta dos dedos o que quer de seus comandados. E, pasmem, com a bola rolando como se o “aluno” fosse parar, no calor de uma partida, para prestar atenção em seus gestos.

Chega a parecer que não convive uma semana inteira com eles. Que não treina, não concentra, não dá palestra, não tem tempo suficiente para corrigir e passar suas pertinentes instruções. Isso sem falar que por muitas vezes encontra a malandragem e teimosia de jogadores mais experientes que fingem estarem ouvindo o espetáculo do comandante.

Enquanto isso, seguem valorizando muito acima da real importância que tem sua função. E, outrora pago em tostões, hoje, reconhecido, sendo da série A, por exemplo, já entrou pra casa dos milhões. Embora poucos, é claro.

Treinador ajuda muito ou prejudica demais. Na maioria das vezes prevalece a segunda opção. Pense nisso.

Boa semana!

Atenção: em breve o “Futebol de Fato” em texto e vídeo!