domingo, 17 de fevereiro de 2013

E A BOLA VOLTA A ROLAR NO PLANETA TERRA




Não com a velocidade de um meteoro ou a amplitude de um espetáculo, mas está aí de volta ao batente o futebol. Já tivemos vários jogos que antecederam, mas oficialmente mesmo vamos dizer que o ano começa agora. Como sempre, guiado por um calendário inchado e mal elaborado, que sacrifica jogadores, clubes, torcedores e a própria qualidade dos jogos.

É dose para mamute assistir a um jogo como hoje, por exemplo, entre Vasco e Audax. Se no passado já era doloroso assistir jogos às 17:00, horário oficial do Rio de Janeiro, com exceção de São Paulo, avalia às 16:00. Ahh, mas o time corre, sai gol, tem alguns lances de emoção. Sim. E o desgaste? E o risco que os jogadores correm? E a audiência que cai vertiginosamente? Se tivéssemos um presidente no Sindicato, com certeza ele iria correr atrás dos direitos dos jogadores. Mas há muito tempo que ele tem outros afazeres. O de hoje, por exemplo, tinha compromisso em Volta Redonda, dirigindo o clube da casa. Vida dura, né Alfredo Sampaio? Logo você que dá até a vida para defender seus filiados.

Bem, já que estou no Rio de Janeiro, vou continuar e chamar a atenção para o efeito Flamengo. Não adianta prender-se ao jogo de hoje com o Botafogo. Há muito tempo, põe tempo nisso, que com times fortes ou fracos, o Flamengo vem vencendo Vasco e Botafogo quase que invariavelmente. E não vence só na bola. Já entra em campo vitorioso. O Flamengo tem ganho na camisa, que já gerou um efeito psicológico sobre seus adversários. Todos perdem centenas de gols contra o Flamengo e nem quando o Rubro-negro joga mal, perde. Desde os tempos de Cuca e da era Petkovic que tem sido assim. Quando não vence por seus méritos, derruba Botafogo e Vasco pelos deméritos dos próprios. Contra o Fluminense ele encontra um pouco mais de dificuldade, devido à mágica que existe nesse clássico. O sobrenatural de Almeida impede prognósticos precisos em qualquer Fla X Flu. Creio que os classificados para as semi-finais serão os 4 grandes. Em todo caso...

Já o Fluminense, as voltas com a sinusite misteriosa de seu camisa 10, Thiago Neves, vai dosando aqui e ali, entre um buraco venezuelano e outro de Volta Redonda, o clube vai tentando chegar a um condicionamento razoável para que suas estrelas entrem em forma. Na Quarta-feira, já pela Libertadores, embora o campo tenha atrapalhado e muito, o time parecia curtir uma bela ressaca da Quarta-feira de Cinzas. É comum todo jogo tomar sufoco. Qualquer dia, quando sua defesa e seu sistema de marcação funcionarem, é bem capaz do torcedor tricolor ficar desconfiado e passar ao pessimismo imediato. Essa semana tem parada dura contra o Grêmio. Não dá para arriscar um vencedor. Talvez aí o primeiro jogo arranca rabo de 2013, quem sabe, pois São Paulo e Atlético ficou um pouco abaixo da expectativa.

Viajando até São Paulo, eu vou me deter no final dessa crônica a mais um problema com o craque Neymar. Será mesmo craque Neymar? Pô, o cara tem um domínio de bola fantástico, liso liso, velocíssimo, preciso, habilidoso como poucos já se viram, com um jogo de cintura e um repertório que só os grandes craques do futebol têm. Mas porque volta e meia uma expulsão tão novo como é? Porque tanta irregularidade em seu rendimento técnico? Não acredito mais nesse papo de jogador em formação. Neymar está pra lá de formado. O que a gente poderia discutir é em relação a sua função em campo, que eu acho que mesmo errada, ele se ajeitava pela sua grande qualidade. O problema é que para ser um grande craque, como é Messi no momento, você tem de ter outras qualidades também. Há de se ter controle emocional absoluto, perseguir o seu ideal com unhas e dentes, usar uma raça fora do comum e partir para dentro sem qualquer inibição ou temor, seja em que jogo for. Ter fome de taça, ter fome de título, ter fome de derrubar os grandes e poderosos. Quando isso ocorrer, aí eu vou acreditar que de fato o Neymar é um craque absolutamente feito e consequentemente consagrado.


Uma boa semana a todos!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O MAIOR JOGO DA HISTÓRIA


















Amigos,

Abro espaço nesta coluna para uma homenagem e uma análise do que considero ter sido o maior jogo da história. E sem maiores exageros. Não é porque tive a felicidade de vê-lo ao vivo, aos meus 13 anos de idade. Mas, por ser uma constatação minha, de 41 anos e que, para minha felicidade, o Esporte Espetacular com Léo Batista, apresentou neste domingo, com muita competência e praticamente assinando embaixo do que eu sempre disse, que aliás, os que me conhecem sabem, pois já postei aqui algumas vezes e tive oportunidade de dizer em programas de rádio e de televisão, dos quais participei.

O belo e quente domingo de sol não era só em Guadalajara, era no Rio de Janeiro também, no bairro da Tijuca, junto ao Salgueiro, onde eu morava. Aos domingos, sob intenso foguetório, àquela hora do almoço era sagrada e às quartas, a do jantar. Belos dias, assim como o da final. Embora na final, na Cidade do México tenha chovido na véspera da decisão e obrigado a seleção a entrar de travas altas, o que os jogadores não gostavam, e Félix de luvas, que sempre foi avesso.

Em 7 de Junho de 70 a briga era pra lá de cachorro grande. A campeã Inglaterra tinha ainda mais conjunto e amadurecimento do que na conquista em Wembley. Jogavam fino, com um futebol estratégico e craques do quilate de Bob Moore, Bob Charlton, Francis Lee e Gordon Banks. A nossa seleção todos já sabem.

Apesar da pouca idade, meu coração esteve disparado do primeiro ao último minuto daquele jogo. E a história é esta mesmo, contada hoje no programa que citei e que posto a seguir o link, naturalmente, para vocês reverem. Vale demais à pena.




Emociona-me muito o depoimento do Ventura (nome que chamo carinhosamente a Jairzinho, pois se chama Jair Ventura Filho). Lembro que há cerca de 2 anos comentei com ele num restaurante do Leme-RJ, que o gol contra a Inglaterra fora o gol mais lindo que vi na minha vida e que aquela bola só poderia entrar exatamente da maneira que ele bateu. Lembro da sua alegria e concordância imediata. “Era o único jeito de bater naquela bola e vencer aquele monstro”, disse ele. Não acho que o gol mais lindo tenha de ser o golpe final, até porque alguns são maravilhosos, mas caprichosamente a bola se recusa a entrar, como foi o caso de Pelé naquele lance contra o Uruguai. O momento do jogo, a jogada toda que começou com Paulo César tocando a Tostão, que com uma genialidade fora do comum dribla com corpo e bola vários zagueiros ingleses, incluindo Bob Moore, considerado o maior defensor do mundo, cruza de pé trocado num giro que não existe em compasso ou transferidor e a bola cai no pé, ou melhor, embaixo das travas do pé direito do deus do futebol, que com a tranquilidade de um mito ainda atrai, com uma ginga de corpo, três beques ingleses para que o passe chegasse no tempo e na dosagem de força certa a Jairzinho, que como um furacão de técnica, força e habilidade, domina para bater exatamente no único espaço que poderia, como disse acima. Um gol para lavar a alma. Um gol fora do comum. E uma jogada que incorpora a este gol, a meu ver, a maravilha de todos os tempos, pois é bom saber aqueles que pensam que o futebol começou há 10 minutos, que não vão ver mais um Pelé, dificilmente um Banks e com muita sorte um Tostão, um Jairzinho, um Paulo César... E é bom deixar claro aos idiotas da objetividade, como dizia Nelson Rodrigues, que por inveja dizem que era mais fácil jogar antigamente, que havia nada mais nada menos, que 7 campeões ingleses dentro da sua grande área e 3 na meia lua. Futebol antiquado, né? Mas o paredão não resistiu ao talento, objetividade e genialidade daqueles pés que dançaram naquele pequeno pedaço de tapete verde dos senhores empinados das libras esterlinas.

Com certeza veremos belíssimos gols, como temos visto através de Neymar e Messi, e como vimos de Ronaldo, Romário, Maradona, Zidane etc. Mas foram gols individuais. Com a construção da jogada e finalização dela, meu amigo, num trabalho de alto nível coletivo como aquele, creio que, sem chance.

Ah, e eu ia me esquecendo, além do maior jogo e do gol mais bonito que vi, foi o da maior defesa também. Gordon Banks desviou uma cabeçada de Pelé, evitando o gol numa jogada veloz e extraordinária com uma conclusão de estilo majestoso e fatal.

Para encerrar, que fique bem claro aos mais radicais, que misturavam e misturam as coisas daqueles anos de chumbo, politicamente falando. Aquela seleção, não era a seleção do Médici, não, gente. Era a Seleção Brasileira. A seleção brasileira tricampeã do mundo, que jogava a serviço do esporte, do futebol brasileiro. A maior seleção de todos os tempos.


Fui!