domingo, 19 de fevereiro de 2017

POR ONDE ANDAM OS INVENTORES DO FUTEBOL?



Com certeza, a maioria dos internautas não viram em campo o time desta foto. Eu mesmo vi apenas no Cinema e videoteipes, porque a primeira Copa ao vivo transmitida para o Brasil foi a de 1970, no México. Aonde está o “English Team”? O time que marcou uma época ganhando uma Copa do Mundo no lendário estádio de Wembley, diante de sua fanática torcida e aos olhos da Rainha Elizabeth, vivendo uma época embalada pela moda dos Beatles e implementando um futebol força que faria uma pausa nas duas conquistas seguidas brasileiras? Tudo bem, depois de um goleiro fora do comum como Gordon Banks vieram outros como Shilton, Seaman. Depois de capitão como Bobby Moore, não apareceu mais ninguém no seu nível no futebol inglês. Tentaram chamar Paul Gascoigne de o “novo Bobby Moore”, mas era muito duro ouvir uma comparação destas. Chegaram a ver em Owen o futebol leve, inteligente, técnico e solto de Bobby Charlton, mas não durou tanto tempo. Talvez Lineker tenha se destacado nestas últimas décadas, mais do que Beckham, Rooney e Gerrard, jogadores de um padrão bem mais baixo. Muitos acham que os inventores do futebol ganharam a Copa porque jogaram em casa. Eu discordo. Eles tinham um grande time. E em que pese a decisão da Copa de 66 ter tido prorrogação e aquele gol polêmico contra a Alemanha, a meu ver, a seleção comandada por Alf Ramsey era de fato a melhor e mais bem organizada daquela Copa. Mais amadurecida e talvez mais forte, tenha ido ao México em 70. Mas aí encontrou a melhor seleção de todos os tempos do Brasil, tricampeão mundial, e não houve como lograr êxito.


Se observamos bem, na Europa, a Espanha, a Holanda e agora recentemente a Alemanha, mudaram sua forma de jogar, optando por um futebol de toque de bola, mais pensado e de menos força. Mas a Inglaterra insistiu no seu velho estilo. Cruzamentos, bolas altas sobre a área e muita força física. Na Copa de 2002 chegou a apresentar, naquela seleção de Owen e Lampard, alguns momentos de criatividade, a antiga precisão de passes e uma boa competividade. Mas foi só. Parece que o modelo adotado pelo futebol inglês nas últimas décadas não surte efeito. Acho que a Inglaterra ainda não resistiu à tentação de chutar para longe a equivocada e nociva palavra de ordem usada na maioria dos clubes hoje, inclusive no Brasil, chamada: intensidade máxima de jogo. Tudo é tão intenso que não sobra espaço para o futebol inglês descobrir os passos que o tornaram campeão do mundo e uma temível seleção a ser enfrentada, fosse em que campo e em que torneio disputado. Não basta o Liverpool ou Manchester United serem fortes. O modelo escolhido e o desenvolvimento e prioridade da qualidade individual têm que ganhar mais espaço. Do contrário, os famosos inventores do futebol continuarão a ser apenas inventores do jogo mais popular do mundo.  

domingo, 12 de fevereiro de 2017

CLASSIFICAÇÃO DA LIBERTADORES – O SONHO ALVINEGRO


Após 18 anos sem participar de uma Libertadores da América, com o 5º lugar obtido no Brasileiro 2016, o Botafogo aposta suas fichas na Libertadores da América 2017. O 1º round dessa luta foi vencido na última quarta-feira após classificação dramática no Chile, contra o Colo-Colo.

Não partilho da ideia de que o Botafogo se reforçou para esta taça tão extenuante e complicada. O próprio Colo-Colo, símbolo de um bom futebol chileno há 35, 40 anos, como o Botafogo, está longe de ter uma equipe de ao menos boa qualidade técnica. Muita luta, muita entrega, muita força física, mas pouco futebol. Falhas bisonhas, amadoras, falhas de fundamento e do próprio entrosamento dos times que não conseguem trocar três, quatro passes seguidos com a bola no chão. A vantagem obtida no jogo do Engenhão, no Rio, foi valiosa, assim como o empate, em Santiago, que, apesar de duríssimo, foi merecido.

Achei que Jair errou ao demorar a por em campo um centroavante. Durante todo o jogo ficou evidente a falta da presença de um homem de área, que no caso, devido ao Colo-Colo ter saído em vantagem, fazia grande sentido pela função que não era exercida por ninguém. Sem centroavante, time sem profundidade de jogadas. Seja ele bom ou ruim. Mas a característica de saber jogar como último homem de ataque, desarrumando a zaga adversária, é imprescindível, em que pese a qualidade escassa desse jogador hoje em dia.

Felizmente deu certo e Roger, um jogador limitadíssimo, em sua segunda ou terceira participação, prendeu a bola e criou a jogada que o Botafogo necessitava para obter a classificação. Dura, dramática, mas justa. Só não assino embaixo de seus jogadores desabafando ao final da partida sobre críticas feitas à qualidade do time. Vocês me perdoem. Naturalmente estão defendendo seu trabalho. Mas as críticas são corretas. O time é limitadíssimo e terá pela frente um time paraguaio, o Olímpia, normalmente menos técnico, mas aguerrido.

Vamos à batalha! Vamos pagar para ver!


CAMPEONATO ESTADUAL RJ 2017

Segue aos trancos e barrancos, com times de pouca expressão ocupando lugares de outros favoritos e tradicionais, o campeonato do Rio. A rodada deste fim de semana apresentou uma situação mais delicada ainda. Com o estado de greve da polícia da cidade, não houve segurança para os torcedores comparecem aos estádios. Era o domingo do cada um por si, Deus por todos. E a violência nas ruas no principal clássico da rodada, sem o Maracanã, entre Botafogo X Flamengo, já foi oriunda disso, sem ser o habitual confronto entre organizadas. O Rio é terreno fértil para barbárie hoje.

Dentro de campo, começa a ficar mais clara a impressão de que o campeonato tem um favorito. Apesar do Flamengo ter uma equipe um pouco melhor que a do Fluminense, o time dirigido por Abel parece estar se acertando mais rápido, aproveitando resquícios do conjunto do ano passado, com a juventude e a disposição que são a tônica do futebol jogado pela equipe tricolor. Embora ainda muito cedo, vejo sim o Fluminense favorito ao título estadual 2017.

Uma boa semana a todos!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

TREINADORES: VERDADES E MITOS



Escolhi o vídeo acima, onde Renato Gaúcho, atual técnico do Grêmio, revelou em um programa de TV seu pensamento sobre os treinadores de futebol no Brasil. Naturalmente trata-se de um trecho de sua participação, mas creio ser extremamente importante de ser debatido.

Neste trecho Renato Gaúcho, que digo de antemão: não é e nunca foi dos meus treinadores prediletos, expõe hábitos considerados imprescindíveis na carreira de um bom treinador de futebol, ao mesmo tempo que denuncia um tratamento desigual injusto entre a qualidade do treinador nacional e do estrangeiro.

De cara já concordo com este aspecto entranhado na nossa cultura e lamentavelmente divulgado no mundo do futebol como fato: a conclusão de que os treinadores de fora são superiores aos nossos. Tanto no esporte, como em outros aspectos na vida nacional, não amadurecemos em relação à importância e o valor dos nossos profissionais. Aquele ditado que diz que “a galinha do vizinho é sempre mais saudável do que a nossa”, mesmo negado por muitos, é verídico.

Somos os vira-latas. E pasmem, vira-latas com mais títulos mundiais, todos conquistados com técnicos e métodos brasileiros. Um complexo de inferioridade gigante que influencia diretamente na formação dos novos treinadores e a equivocada filosofia que irão usar. Como disse Renato e fica sem resposta no vídeo, porque na verdade não há resposta para isso.

Por que um técnico brasileiro precisa sair do país para adquirir prestígio na área de futebol? O que um técnico brasileiro adquire, passando a se diferenciar dos outros que estão aqui, ao fazer cursos e mais cursos no exterior em relação aos que não usam esta opção? Eu respondo: trabalham o marketing e o nome. A diferença é apenas esta. Mas o suficiente para serem vistos como técnicos importantes e diferenciados. Vistos pela mídia e pelo mundo esportivo, onde incluo os torcedores, como o tal “professor”.

Concordo inteiramente com Renato em sua indagação e crítica e com sua coragem de ter tocado no nervo do corporativismo idiota e cercado de ignorância e conversas vazias que trazem aos clubes treinadores sem intimidade e conhecimento com as raízes dos clubes de futebol do país onde trabalham.

Parabéns, Renato, pela iniciativa de questionar os “cientistas, doutores e professores da bola”.

Boa semana!