domingo, 29 de abril de 2018

O TEATRO DOS TÉCNICOS E O TEMPO ESCASSO DO BRASIL


Minha gente (como dizia o saudoso e querido Luis Mendes, cronista de rádio dos maiores que já ouvi e que tive o prazer de conhecer pessoalmente) hoje divido minha coluna em dois assuntos distintos. Refiro-me ao espetaculoso circo que os treinadores de futebol no Brasil, e alguns no exterior também, preconizam na beira do campo.

Já havia percebido há muito tempo aquele show cheio de fricote individualista que muitos fazem para aparecer e mostrar serviço. Hoje, por exemplo, no jogo no Beira Rio entre Internacional e Cruzeiro, Mano Menezes, do Cruzeiro, que já foi técnico da seleção e Odair Hellmann, pelo Internacional, disputavam palmo a palmo quem dava um “show” mais alarmante e que convencesse mais os telespectadores e o público presente de que passavam informações decisivas para a vitória de um ou de outro.

Se disserem, como justificativa, que isso faz parte do jogo, me desculpe, mas você não entende ou não viveu o futebol. As duas únicas diferenças do passado para o presente é que hoje existe área técnica e com ela uma maior participação do treinador junto à equipe pela proximidade. A outra, que os jogadores, muitos deles, até param no campo às vezes para ouvirem o “professor”. Talvez isso explique também a quantidade de falhas que se vê. Como disse outro dia o grande craque Petkovic, a maior parte dos gols que você vê ocorrem de falhas absurdas, individuais ou coletivas.

Por mais que se esbraveje na beira de um campo, irrite as cordas vocais, mais ainda com o estádio razoavelmente cheio, você pode conversar com o jogador que passa a no máximo 20 metros de você. Portanto, esqueça que o treinador está mudando o jogo ou levando seu time à vitória com seus dons artísticos. Isso é conversa fiada. Com raras exceções, como diz a gíria, os “professores” estão “jogando para a arquibancada”. Dali ele não vai evitar um gol contra sua equipe e muito menos faze-lo com a bola rolando.

Na outra parte, sobre a seleção brasileira, torno a bater na tecla do tempo precioso que estamos perdendo. A Copa está a 45 dias. E lembro que 45 dias antes da Copa de 70, a seleção brasileira já embarcava para o México, seguindo um dos planejamentos mais bem feitos que já vi em futebol, o qual previa amistosos contra seleções de Guadalajara e outras equipes de menor expressão.

“Ah! Há um excesso de preocupação com isso. Podem haver lesões”. A lesão de Neymar, que me consta, foi bem antes. Não é na fase de preparação apenas que surpresas desagradáveis acontecem. Quem tiver medo de lesionar seus jogadores sem passar por uma situação concreta de risco, com certeza está expondo. O medo de se lesionar geralmente leva o jogador à lesão. Evidente que poupar-se é diferente. Mas não adianta guardar ninguém numa cristaleira de vidro para não correr riscos.

Entretanto, existe, segundo os especialistas, a regra do calendário, onde há o argumento de que todas as seleções estão passando pela mesma situação. Acontece que ele não é obrigatório. As necessidades do Chile, da Alemanha e da Inglaterra, por exemplo, são bem diferentes das nossas, o que exige uma desobediência a esse calendário. Nosso time não está super entrosado e preparado e não serão 30 dias de treino que resolverão a questão. Treino e treino, jogo é jogo, como diria Didi.

Os erros precisam estar aparecendo agora. A necessidade de novas convocações, também. Eu defendo alguns nomes que não poderiam ficar de fora. E outros que não poderiam, de forma alguma, irem a Moscou. Se for o caso, Tite vai perceber isso apenas em Teresópolis ou mesmo na fase de preparação na Rússia? Aí sim não vale o risco. Tenho certeza que precisávamos de no mínimo de 2 semanas antecipadas. Quanto ao calendário, ora... Dane-se o calendário!

Boa semana!

domingo, 22 de abril de 2018

INDECÊNCIA NA COPA DA RÚSSIA: CABOCLO VAI REPRESENTAR CBF NO MUNDIAL


Tudo que é ilegal, ilícito, pode ser escondido e omitido, mas não por muito tempo. A vergonha que paira na cúpula do futebol brasileiro há vários e vários anos eclodiu com a mudança oportuna, no comando da confederação, para que o famoso jeitinho fosse dado sem ninguém perceber.

Com Marin confinado nos Estados Unidos e Del Nero restrito a um território onde houvesse proteção à corrupção e violação das leis, como é o caso do brasileiro neste momento, se Del Nero fosse à Copa do Rússia, certamente ia entrar numa fria, na acepção da palavra. A solução está aí: Rogério Caboclo. Amparado de perto pelo diretor Gustavo Perrella, filho daquele dirigente do Cruzeiro, que é Senador, e disse publicamente que “não fazia nada de errado. Apenas traficava drogas”. Como diz o ditado: “quem diz a verdade não merece castigo”, está celebrado o acordo entre a legitimidade da cúpula da confederação brasileira de futebol com as emissora associadas, como a Rede Globo, tendo aprovação da própria FIFA, do novo comando da entidade maior do futebol brasileiro.

Desta forma, o Brasil segue representado por um “Caboclo” qualquer, pelo filho do Senador que legisla no Senado do Brasil e parte, em final de maio, para disputar sua 21ª Copa com jogadores, comissão técnica e seu comando renovado e pronto para nos representar em Moscou. E o melhor, sem a necessidade de alguém ir preso.

Boa semana!

domingo, 15 de abril de 2018

O "SHEIK" JOGA UM FUTEBOL DE FATO



São muito comuns na história do futebol brasileiro e mundial injustiças que entraram para a história com determinado jogador. Um que devia ser convocado, outro que foi dispensado, aquele que nunca foi sequer homenageado pelo seus feitos em campo etc. Ocorreu-me, assistindo ao jogo de hoje de abertura do campeonato brasileiro de 2018, tocar nesse assunto.

Particularmente, em relação a treinadores, a maior injustiça que vi no futebol, no caso o brasileiro, foi jamais terem convocado Didi, Valdir Pereira, para dirigir a seleção brasileira. Isso aconteceu por ignorância, nenhum conhecimento do futebol e, principalmente, racismo. No Brasil, negro não tinha vez e ainda não tem. Pelé para chegar onde chegou teve que provar a cada dia que era de outro planeta. Mesmo assim, hoje, já idoso, se aproveitam de algumas de suas infelizes declarações, que saem da boca do Edson Arantes do Nascimento, para confundir com o atleta, jogador Pelé.

Tivemos várias injustiças, como creditar a Barbosa e Bigode a perda da Copa de 50. A não convocação de vários jogadores de peso. Jogadores como Roberto Dinamite, frequentemente desprezado por Telê. Falcão, que foi obrigado a assistir do banco de reservas Chicão, do São Paulo, envergar a camisa da seleção, na Copa de 78. Renato, tendo que ver do banco Müller em seu lugar, na Copa de 90. Enfim, nessa história existem erros e absurdos.

Decidi por eleger Emerson, o “Sheik”, atualmente no Corinthians, porque ao contrário do futebol passado onde havia valores de reposição de alguma qualidade, hoje há uma disparidade entre o craque, o bom de bola, para os jogadores comuns em geral, gritante. Seu apelido, “Sheik”, veio por jogar no mundo árabe, onde empresários o carregaram, o distanciando do nosso futebol. Uma pena, porque ele já jogava o nosso verdadeiro futebol.

Esteve há alguns anos no Flamengo, deu várias alegrias a sua torcida, como o título brasileiro. Pouco depois, no rival, Fluminense, foi o autor do gol do título brasileiro, mostrando a Fred, durante todo o campeonato, em constante litígio, que não devia nada ao seu futebol e não era obrigado a jogar em função dele. Mas, a torcida do Fluminense não o reconhecia como deveria. Ainda há um grupo meio hipócrita, que gosta de rotular jogadores, preocupados com suas intimidades. Como dizia Saldanha: “eu não quero jogador pra casar com a minha filha”.

Logo depois, Sheik foi para o Corinthians, para conquistar nada mais, nada menos, que um título brasileiro, uma Libertadores e um título mundial. Já falando em se aposentar, ainda se deu ao luxo de aceitar o convite da Ponte Preta, em 2017, jogando num péssimo elenco e, mesmo assim, fazendo belíssimos gols e derrotando adversários de peso. Era sempre o destaque.

Agora, já aos 39 anos, mais um tabu, mais um preconceito nosso, ele retorna ao Corinthians e, já no campeonato paulista, ajuda na conquista do título, deixando sua marca com um gol bem ao seu estilo, de máxima precisão. Hoje, contra o Fluminense, em uma partida que seguia empatada em 1 X 1, Fabio Carille o coloca em campo, por volta dos 23 minutos do 2º tempo, para tentar mudar um panorama que naquele momento era ruim para o time da casa.

Aliado a outras mudanças bem feitas, o Corinthians melhorou sua movimentação e, com jogadas quase sempre iniciadas, pensadas e elaboradas por “Sheik”, começava a levar perigo ao gol do Fluminense. Até que já perto do final da partida, Sheik dá um corta luz genial, numa jogada que qualquer jogador comum faria o domínio, parte em velocidade para linha de fundo, apesar de seus 39 anos, e cruza com consciência, fora do ponto de corte da zaga, achando Rodriguinho, que, com categoria, decreta a vitória do Timão.

Fico me perguntando: então com 35 anos, como “vossa majestade” Carlos Alberto Parreira e Luis Felipe Scolari deixaram de fora um jogador, excelente driblador, veloz, preciso, inteligente, bastante habilidoso, experiente e com a malandragem brasileira no sangue? Aqueles que fazia cosquinha na seleção alemã eram superiores a ele? O próprio Fred, fez mais do que ele faria? Fica por sua conta escolher. Eu tenho três opções: perseguição, burrice ou falta de competência.

Ave, “Sheik”!

domingo, 8 de abril de 2018

AS DECISÕES DOS ESTADUAIS NO BRASIL


Prezado leitor,
Começo lhe pedindo um espaço, o mínimo possível, para tocar em outro assunto que não seja futebol de fato, que é a proposta objetiva e inarredável deste blog. Muitas pessoas afirmam, com todo direito, não gostar de política, serem apartidários. No entanto, nós vivemos na política. Quando você atravessa um sinal de trânsito que está queimado, pisa no excremento de um cachorro na calçada, você já está tendo de se posicionar politicamente. E, nesse momento, no meu entender, e vivendo minha experiência de quase 60 anos sem ter partido político e muito menos ser filiado a algum, friso que o Brasil passa por uma das páginas mais negras de sua história. Já havia me referido antes, baseado em fontes de credibilidade, tanto nacionais, quanto internacionais, que o Brasil vivia um Golpe de Estado financiado pelos Estados Unidos e com apoio de Israel.

O objetivo maior do Golpe, com as outras etapas cumpridas, como foi o caso do afastamento da Presidente da República sem crime  e comprovadamente inconstitucional, é agora a prisão do ex-presidente Lula, um homem respeitado no mundo inteiro, que tirou mais de 36 milhões de pessoas da miséria, chegou por meses a colocar o Brasil como a sexta potência econômica mundial, pagou sua dívida externa ao FMI, assunto que ouvia desde menino. Mas cometeu um “grande pecado”: num país extremamente misturado em suas etnias com a quinta maior dimensão territorial do mundo (quarta em território corrido) de ter se tornado presidente sem ter diploma universitário, saindo de uma metalúrgica, de um sindicato, chegando à Presidência da República por duas vezes.

Um país manipulado em vários setores, na mídia principalmente, onde um império de comunicação chamado Rede Globo, faz e desfaz, manipula e trabalha visando interesses escusos, não poderia ficar fora desse Golpe de Estado, sendo o megafone dele e o incentivador do ódio de classes que culminou na violências que vocês veem em todo país. Foi preso por um juiz de primeira instância em um julgamento de cartas marcadas, criticado intensamente internacionalmente (e também nacionalmente), que imputou a Lula um crime que não cometera: a propriedade de um apartamento onde não há sequer meia folha, uma linha, de documentação oficial que cite ser Lula proprietário desse. Portanto, numa sentença criminosa, mentirosa e inconstitucional, o maior presidente da história do país, comprovado em estatísticas diversas cumpre pena em um estado e uma região que acharam apropriados para esta atitude. Perdoem-me se me estendi, mas certamente o pior está por vir nos próximos dias do Brasil.

Falando de futebol, que é o objetivo do meu blog, mais uma vez peço desculpas por me estender, no Rio de Janeiro tivemos o penetra da festa, digamos, e talvez o menos cotado para o título, o Botafogo, surpreendendo e chegando nos pênaltis a mais uma conquista. Se faltou futebol, sobrou garra, determinação e a própria colaboração do Vasco, que já vinha se arrastando nos últimos jogos vencendo-os por duas vezes nos acréscimos, com um miolo de zaga fraquíssimo. Se foi justo ou não, não há como julgar. Jogaram por duas vezes e a própria disputa em penalidades prova o equilíbrio. Que foi mais ou menos o caso de Corinthians X Palmeiras. Se na primeira partida o Palmeiras venceu por 1 X 0, o Corinthians devolveu o placar e, nos pênaltis, com uma equipe mais bem treinada e entrosada, chegou à vitória e ao título paulista por seus próprios méritos. Eu ainda acho hoje o Corinthians o melhor time do Brasil.

Em Salvador, o Bahia confirmou sua vantagem e fez a alegria de sua imensa e fanática torcida, que por sinal lotou completamente o estádio, junto com a torcida do Vitória, nos dois jogos. Em Minas, o Cruzeiro, assim como o Corinthians, fez prevalecer seu maior entrosamento e com a volta de Dedé ganhou mais sustentação defensiva. Como jogava por dois resultados iguais fez prevalecer a regra, ficando com o título da grande Minas Gerais. No Sul, o time de Renato, o Grêmio, venceu o Brasil de Pelotas e se tornou campeão gaúcho.

Agora vamos rumo a um Campeonato Brasileiro que será interrompido para a entrada da atração maior que é a Copa do Mundo da Rússia de 2018.

Um abraço a todos!

domingo, 1 de abril de 2018

A RESSURREIÇÃO DOS ESTADUAIS



Guardadas as devidas proporções, e sem comparar com os estaduais de 30, 40, até 50 anos atrás, estamos tendo algumas surpresas nestas finais de campeonatos estaduais. Rio, São Paulo, Minas e Bahia, principalmente, vão dando uma emoção que há algum tempo não se via, chegando às vezes a apresentarem um bom futebol. 

São Paulo e Corinthians fizeram partidas emocionantes com estádios lotados. Palmeiras e Corinthians também. Cruzeiro e Atlético mostrando um pouquinho da rivalidade dos velhos tempos e com algumas jogadas de boa qualidade aparecendo. Na Bahia, Bahia e Vitória fazendo jogo de casa cheia, revivendo os bons temperos do BaVi e trazendo alegria à massa. E o Rio de Janeiro, pasmem, apesar de um regulamento às avessas, trazendo às finais Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, é de certa forma surpreendente.

Abordando o Rio de Janeiro, a primeira surpresa já aconteceu durante a semana, quando o Botafogo, meio caidinho, surpreendeu o Flamengo com uma forte marcação e um senhor espírito de luta, premiado com um gol de Luiz Fernando, que quebrou a vantagem do empate rubro-negro, além de desmontar sua comissão técnica, levando o Botafogo às finais. Um dia depois, apesar do pequeno público para um jogo desta envergadura, Vasco e Fluminense, se não fizeram um jogo de alta qualidade e de poucos erros, não deixaram faltar emoção nos mais de 100 minutos jogados. 

Diante de um Fluminense mais engessado e limitado, o Vasco, com alguma experiência, ofensividade, drible e inteligência, acabou dobrando o Fluminense e chegando a um resultado nos acréscimos que poucos imaginariam: 3 x 2. Num daqueles gols decisivos que entram para história, Fabrício também levou o Vasco às finais, que começaram hoje, em mais um jogo emocionante, e novamente tendo como destaques principais, o drible, a que tenho me referido incansavelmente nos últimos tempos, que aconteceu no jogo anterior e hoje, decidindo 2 gols. Como os erros individuais defensivos. Os pragmáticos defensores do futebol força que tanto prezam por uma zaga forte e por uma marcação intransponível, precisam explicar aos esportistas porque as zagas e os zagueiros vêm falhando de forma tão acintosa e infantil. O velho erro de marcar a bola e não o jogador segue em alta.

E hoje, mais uma vez, também nos acréscimos, honrando o slogan que a torcida Vascaína criou, de que: “O Vasco é o time da virada”, Andrés Rios acertou um voleio que em mais um jogo emocionante, marcou a vitória do Vasco por 3 x 2, colocando-o em vantagem para a próxima partida final do dia 08. Eu recomendo: vale à pena, torcedor, que nesse periodozinho pré-Copa do Mundo, você acompanhe os estados que citei acima, além do futebol carioca, porque as chances de ver uma razoável qualidade técnica misturada à emoção é muito grande. Vamos acompanhar.

Uma boa semana!