domingo, 30 de julho de 2017

CORINTHIANS 1 x 1 FLAMENGO. O JOGO DE 1/3 DOS TORCEDORES DO BRASIL.



Empate no jogo das maiores massas. Corinthians e Flamengo. Pode parecer exagero, mas os números não são meus, são de estatísticas oficiais e eu até concordo com elas. Pena não jogarem em um estádio de capacidade maior. O próprio Morumbi do passado, que recebia cerca de 90 mil, provavelmente encheria no jogo de hoje. Mas, como a ordem é casa cheia em estádio pequeno, pra facilitar segurança e quem transmite usar e abusar de suas técnicas de imagem, naturalmente fica mais fácil.

Quanto ao jogo, já escrevi outro dia sobre o Corinthians, enaltecendo seu trabalho e sua força de equipe, principalmente no aspecto competitivo. Embora nos últimos jogos tenha havido uma queda no predomínio, o timão ainda é o time a ser batido e secado por muitos neste Brasileiro 2017. Já no início o Corinthians saiu dando as cartas e com maior desenvoltura, levava mais perigo ao Flamengo. No primeiro lance polêmico, foi prejudicado pelo bandeira e árbitro, ao anotarem um impedimento inexistente de Jô. Esse tipo de erro, proposital ou não, de um braço à frente, uma perna, um cotovelo, tem que ser resolvido pela FIFA. Enquanto não for, vamos passar por situações ridículas como a que estamos vendo, de juízes constantemente voltando atrás ou errando por causa de 10, 20 centímetros. Não dá pra acompanhar. Há cerca de 40 anos, na mesma linha era impedimento. Hoje não é. Já está na hora de decidirem por pelo menos um corpo à frente pra configurar impedimento. Travar a câmera e dizer que o nariz do zagueiro ou do atacante estava adiantado é demais. Quando não é coisa pior.

Bom, de toda forma, o Corinthians seguiu melhor, e em mais uma jogada lenta de cobertura da zaga do Flamengo, Jô ganhou na velocidade, o que não é seu forte, e dando um chute defensável, apesar de cruzado e rasteiro, abriu o placar. O jogo seguiu arrastado até o segundo tempo. O Flamengo voltou melhor, com Éverton Ribeiro cavando muitas jogadas pelo lado direito que não eram aproveitadas porque o time alçava as bolas na área,  por falta de espaço de penetração. Foi aí que o goleiro Cássio começou a se destacar e em 2 ou 3 ocasiões, como numa cabeçada de Juan, salvou o timão do empate. Já a esta altura Guerrero prejudicava as ações ofensivas do Flamengo, preguiçoso e se deixando marcar entre a zaga Corintiana, anulava a força de finalização do time. Acertadamente, o injustamente perseguido Zé Ricardo, técnico do Fla, fez entrar Berrío e inverteu Éverton Ribeiro pela canhota, abrindo as jogadas nas duas extremas e conseguindo levar mais perigo. Apesar de Berrío não ser habilidoso e o rendimento de Diego estar começando a declinar, era a opção correta. Tanto que o Fla passou a dominar, chegando a um empate numa conclusão oportuna do zagueiro Réver. Agiu certo Zé Ricardo em segurar a promessa Vinícius Jr. Mesmo ele entrando e dando seu cartão de visitas, numa jogada que Cássio interceptou e que poderia levar o Fla à vitória, ele ainda está crescendo. E não se deve jogar a responsabilidade de decidir um jogo desse porte num garoto. 

O Fla poderia ter saído de São Paulo com 3 pontos valiosíssimos se Diego não fizesse o inesperado, concluísse mal uma tabela muito bem articulada, sozinho frente a Cássio. Aos que gostam de chamar a “bola do jogo”, esta foi a bola do jogo. O Corinthians ainda conseguiu pertinho do fim, o seu único lance de perigo no 2º tempo com um chute de Jô e desta vez Diego Alves, atento e com rapidez, evitou a vitória do rival. Daí pra frente foi só lamento para os rubro-negros que perderam a chance de sair com 3 pontos num dia em que Guerrero parecia de mal com a vida. E pelo Corinthians, alívio pela invencibilidade, que não é por acaso, e a manutenção de uma vantagem confortável no campeonato.

Em tempo: mais uma tragédia no âmbito do futebol. Tivemos a perda lamentável de Perivaldo, quem lembra bem, teve seu momento de estrelato na Copa do Mundo de 86, e nos deixou essa semana, e outra indireta, envolvendo a morte do filho mais novo do treinador Abel Braga, forçando o adiamento do jogo entre Fluminense x Ponte Preta. Que os dois estejam no andar de cima e em paz. E que Deus dê força a seus familiares.

Boa Semana! 


Foto: Gilvan de Souza/Flamengo/ Globoesporte

domingo, 23 de julho de 2017

OS 115 ANOS DO MODERNO FLUMINENSE


Um dos clubes mais tradicionais do Brasil chega aos 115 anos. Talvez tenha estranhado a expressão “moderno” para tantos anos de existência. Eu me refiro ao Fluminense moderno de hoje, como chamam seus associados mais influentes e seus diretores e comandantes de futebol.

Tenho que me deter ao futebol, mas é óbvio que o Fluminense não é somente este esporte. Como diz seu hino, teve e tem glórias mil. Alcançou sucesso nacional e internacional em várias modalidades esportivas. Mas o clube se chama Fluminense Futebol Clube. Não me interesso pela derivação em inglês das palavras futebol e clube. O Fluminense nasceu aqui, portanto é um clube brasileiro. Não tem nenhuma obrigação de ser poliglota, a não ser em algum cargo que desconheço.

Para falar do presente e explicar a modernidade é necessário lembrar costumes e estilos do passado. O clube das Laranjeiras sempre foi, no âmbito do futebol, a que vou me ater, um clube conservador, pautado pela disciplina, que, como diz o hino, sempre o fascina. Uma organização fantástica que lhe rendeu a Taça Olímpica de 1949. O clube não formava apenas times medíocres no passado. Mas era sua marca times mais modestos que alcançavam glórias devido ao trabalho sério, organizado e de sua própria estrela. Passaram jogadores como Escurinho, Didi, Telê, Waldo, Jair Marinho, Castilho. E, em um passado distante, Batatais, Preguinho, Orlando Pingo de Ouro, entre outros. Perdoe se falta um nome aqui e ali, tão expressivo, mas é normal ao falar em 115 anos.

Tive o prazer de ser levado para o clube pelas mãos de Zezé Moreira, em 1974, para as categorias amadoras do infanto-juvenil e do juvenil, onde atuei como goleiro, mas tive de encerrar minha carreira precocemente, ainda no início, devido a problemas familiares. Deixei alguns amigos lá como Robertinho, Flávio Renato, os saudosos Pinheiro, Flavio, Dr. Haddad, José Farias, até o boníssimo João de Deus, o folclórico Biscoito, os dedicados e guerreiros Roberto Alvarenga e João “Boca de Ovo”, entre outros.

Continuei acompanhando e torcendo. Foi na minha ocasião que vi entrar as primeiras contratações, pelas mãos de Horta, que quebravam a regra de chamar o Fluminense de timinho, de ser campeão apenas com times modestamente formados. Vi entrarem Mario Sergio, Zé Mário, Rivelino, Paulo Cezar e mais tarde outros fazendo a famosa máquina tricolor. Criando depois uma seleção, do goleiro ao ponta esquerda, como se dizia, sem maiores detalhes. Era tão anormal aquela postura de Horta que me lembro bem dos rumores e críticas dos mais velhos a ela.

Bem, depois disso, ou melhor, anos mais tarde, o Fluminense caiu no inferno da 2ª e 3ª divisões. Sobre isso já falei em uma postagem anterior. Em alguns casos o clube e seu jurídico não agiram de forma correta. E o Fluminense errou brutalmente por não ter caído à 2ª divisão, em minha opinião, em 2 vezes. Como também é verdade que foi usado como bode expiatório, e ainda é, para todo tipo de imoralidade ou benefício que acontece no tapetão ou fora dele.

O clube teve momentos épicos, como o gol de barriga de Renato, no centenário do seu rival, o Flamengo, que aliás, junto a ele, cabe o registro de ter protagonizado o maior público da história de jogos interclubes do mundo, com mais de 177 mil pagantes e cerca de 194 mil presentes, no Maracanã, em 1963. Continuando, a última etapa de glórias, na era do presidente Roberto Horcades, que com ajuda do patrocinador ou não, montou um time que devolveu ao Fluminense títulos brasileiros que perdera, o recolocando no cenário internacional novamente, chegando a final da Libertadores, que por obra do destino e detalhes do futebol, ficaram em mãos equatorianas. Mesmo assim ainda seguiu alguns anos como um dos melhores, senão o melhor clube do Brasil, em termos de futebol.

Até que, explicando finalmente a expressão “moderno”, gerações de jovens em geral, oriundas do próprio clube, aliadas a torcedores, criaram movimentos e grupos que alçavam a bandeira da moralidade, da modernidade, como se os títulos de 2012 e 2010, recentes ainda, tivessem sido ganhos amadoristicamente ou ilegalmente. Enfim, querendo implantar uma nova filosofia de trabalho, tal qual uma raça ariana, uma raça pura de tricolores, onde só se podia aplaudir nas arquibancadas, do contrário você era um mau tricolor, ou nem o era. Que por fim, chegando ao poder, encaminharam o clube para toda essa modernidade, que na verdade nunca passou de uma camuflagem para esconder equívocos, malfeitos, inexperiência e absoluta falta de identidade com o mundo do futebol. Redundando o que vocês têm visto nos últimos 5 anos. Um time forçando uma projeção internacional que já não tinha mais, comandado por teóricos que vendiam e vendem inovações que não são novidade há muitos anos para os demais clubes do futebol brasileiro e mundial. Querendo fazer crer a sua torcida que o caminho é Xerém, berço atual de suas divisões de base.

Sim, eu concordo até certo ponto. Mas é evidente que é impossível trabalhar da forma como estão trabalhando. Mesmo num futebol jogado de baixíssimo nível em todo o país, o Fluminense não é vitrine de mercadorias. A solução não é produzir, “embelezar” e vender. Quando se monta uma equipe, se não houver a mescla necessária de experiência, inteligência e independência na realização de diversas contratações necessárias, não serão apenas o seu goleiro, já na reserva, e seu quarto zagueiro, que lhe darão esse tônus. Creio que o atual treinador Abel sabe perfeitamente disso. Mas aceitou esse desafio. Monta um time baseado na juventude, nos contra-ataques e no erro do adversário. Procurando exercer ao máximo a ordem vigente de alta intensidade. Que traz consequências, para quem não sabe. O departamento médico do clube que o diga.

De qualquer forma, sem Abel seria muito pior. Mesmo acumulando resultados negativos. Não, esse não é o caminho para o Fluminense e é uma covardia e uma inconsequência jogar essa responsabilidade em cima de jogadores que antes de se tornarem realidade necessitam de avaliação, critérios ao serem lançados, e, principalmente, acompanhamento de boleiros, profissionais envolvidos e com prática específica no mundo da bola.
Parabéns, Fluminense! E que melhores dias estejam batendo à porta do ainda clube das Laranjeiras.

Boa semana!

P.S. Não posso fechar a coluna sem um pesar pelo falecimento de Waldir Peres, um goleiro que se destacou mais em clubes que jogou, como o São Paulo, mas que defendeu a seleção brasileira em várias oportunidades. E que ainda tive a honra de herdar seu nome como apelido, quando me formei em técnico de futebol. Apelido dado carinhosamente pela turma e pelos professores da ESEFEX. 

domingo, 16 de julho de 2017

QUE CORINTHIANS É ESSE?



Um Corinthians organizado, com as finanças em dia, com o estádio bem razoável para um clube com sua história utilizar, com um time com muitas digitais ainda de Tite, no bom trabalho que vinha fazendo, e também com as do treinador Fábio Carille, conduzindo com seriedade e trabalho um elenco bem razoável. A minha exigência faz com que eu diga “bem razoável”. Se será campeão ou não, é muito cedo pra dizer ou prever. Sem esquecer que a atual liderança, não importando o tropeço de ontem no empate de 2 x 2 com o Atlético Paranaense, não altera em nada seu desempenho, o goleiro Cássio, há vários jogos sem tomar gol, voltando ao melhor de sua forma. Um goleiro em grande fase, em grande forma, junto com um time bem organizado e com boas variações como é o Corinthians de hoje, por si só já justifica o êxito. O time tem uma defesa que se recompõe bem rápido, se fecha muito bem, tem uma saída de jogo intensa e com uma estratégia que tem dado certo. A estratégia é sempre abrir o lateral Arana ou Romero, caindo nas extremas, e retendo essa bola até vir por trás Jadson, Rodriguinho, Maycon ou Gabriel, buscando espaço deixado na zaga adversária. Uma jogadinha simples, mas eficiente. Aliada à excelente pontaria dos homens de meio e de frente, de longa e média distância inclusive. Completando, temos o Jô em boa forma e sendo um jogador que se encaixa bem a esse estilo de jogo e ao próprio timão. De pouca técnica ou não, é um jogador de enorme utilidade nesse esquema usado no Corinthians.

Não posso deixar de lembrar também os erros bisonhos e infantis que tenho visto nas zagas de vários times que enfrentam o Corinthians e que provavelmente até sua zaga já tenha cometido e tenha passado despercebido. Seguem a grande deficiência de marcação do futebol brasileiro. A proposta dos treinadores parece ainda ser a quantidade ao invés da qualidade. Defensores rebatendo cruzamentos pra frente da área gerando a quantidade de gols contra que vocês têm visto, quase sempre mal posicionados e quase sempre marcando a bola. Nossos defensores marcam a bola e não a jogada, não o homem. Por isso, do nada surge alguém trocando figurinhas com o goleiro. Dê uma pausa num replay qualquer de um jogo que tenha visto e repare na maioria dos gols, como a atenção se volta em demasia pra bola nos pés de um jogador que muitas vezes está a mais de 50, 60 metros do gol adversário sem gerar nenhum perigo. Basta um jogador correr pelos lados com a bola, ou mesmo pelo centro, que o rebanho inteiro volta suas atenções para ele, esquecendo da penetração pelas costas, como hoje por exemplo, nos dois gols no empate em 1 x 1 entre Cruzeiro e Flamengo. Reparem como o jogador no segundo pau, Everton, vem livre enquanto toda a linha do Cruzeiro marca o cruzamento. E a mesma coisa, quando Sassá se desloca enquanto a zaga do Flamengo presta atenção na evolução do lateral Diogo Barbosa, que deixa Sassá livre pra marcar. Ou seja, os acertos do ataque têm contado com a preciosa colaboração da marcação errada e dos zagueiros adversários. Lembrando que dentro dessas falhas de marcação, existem outras de fundamento, como cabeceio de olhos fechados, como a barreira que se abre com medo do chute violento ou mesmo do chute violento que faz o adversário se encolher ao invés de se projetar para desviar o chute. Medo de bolada? Um profissional não pode ter medo de bolada. Tem que servir de barreira quando acontece o arremate e ele se encontra no meio do caminho ou mais perto do jogador que finaliza. É isso.

A lamentar na rodada, mais uma punição no futebol, dessa vez envolvendo Vasco x Santos no Engenhão. Estádio fechado, estádio vazio. Quem perde, como de hábito, é o torcedor. E a culpa pela violência do futebol não começa pelo torcedor, não. Boa semana! 

sábado, 8 de julho de 2017

BRASIL: EX-PAÍS DO FUTEBOL



Não posso deixar de falar sobre o que acaba de acontecer no ex-clássico dos milhões, como era apelidado, Vasco e Flamengo, em São Januário, neste 08/07/2017. Muita gente pode estar surpresa, mas é muita inocência estar surpreso, como também é um erro grosseiro achar que isso é privilégio do Rio de Janeiro.  Aconteceu hoje no Sul, já houve em São Paulo e até no Nordeste.

Esperavam um jogo normal? Disputado lealmente e quem sabe, com troca de camisas e gentileza, de parte a parte, com qualquer resultado ao fim do espetáculo? Evidente que é sonho. É impossível! E alienação pensar assim. O que você espera de um país sem governo, vivendo um golpe de estado covarde, ceifando os direitos do povo com políticos e juízes vendidos, atirados na lama e jogando no lixo a credibilidade e a imagem de um país como o Brasil? Não está refletindo no futebol. Já estava. Achar que o que está havendo no país não motiva o que aconteceu é ingenuidade. Se esse jogo, no Maracanã, possivelmente seria alvo de conflitos, por maior que fosse o policiamento, imagine no estádio do Vasco, em São Januário. Quando o jogo foi marcado, apareceram STJD ou a mídia para impedir e alertar a possibilidade de conflitos sangrentos? Ninguém imaginou o pior?

Há anos colocavam Ricardo Teixeira e João Havelange como ícones da moralidade do futebol brasileiro e até mundial. Ricardo Teixeira, então, tinha pretensões de ser presidente da Fifa. Pois bem, descobriu-se a corrupção pesada do inexpugnável João Havelange, depois a do Teixeira, depois veio a do Marin, hoje em prisão domiciliar nos Estados Unidos, e entre tantos outros temos um presidente que comanda o futebol brasileiro tão corrupto e acusado de ilicitudes que não pode deixar o Brasil, senão é preso pela Interpol. O que você esperava disso? O que você esperava que acontecesse quando, diabolicamente, “destombaram” o Maracanã, passando por cima das leis e da maior cultura do povo do estado e do Brasil? Derrubando e refazendo o templo do futebol como uma arena particular.

O estádio de São Januário era o estádio número 1 do Rio no passado, com capacidade acima de 40.000 espectadores. Abrigava clássicos e jogos da seleção brasileira inclusive, mas, numa época e com uma sociedade que não vivia uma convulsão social e o limite da loucura como esta. E hoje, ultrapassaram o limite da loucura, marcando um jogo entre os dois maiores rivais do futebol do Rio de Janeiro, num estádio onde sua própria torcida já vive uma violenta cisão contra seu presidente, Eurico Miranda. A CBF? Ora, não é ela que está lá levando tiro da PM, órgão não menos apodrecido neste momento ímpar de tristeza e destruição em que vivem todas as instituições e setores da vida pública do Brasil e do Rio de Janeiro, dentro de um estado de calamidade pública. Bom frisar que antes de mergulharmos neste período negro da história, ou seja, o golpe, há anos vinham acontecendo conflitos e tragédias maiores ou menores, por razões sociais variadas, muito extensas para se dissecar aqui. Grande parte dos torcedores já viraram bandidos e criminosos há muitos anos.

Não vejam como ato isolado. O campeonato não tem sido ordeiro. A violência não é de hoje e o esporte, no caso o futebol, que reúne massas, naturalmente é vulnerável e terreno fértil para o espetáculo de vandalismo e fim de festa que a cidade e o país presenciaram hoje.

“Parabéns”, presidente ilegítimo do Brasil!
“Parabéns”, forças de segurança!
“Parabéns”, deputados, senadores etc!
“Parabéns”, dirigentes e CBF e outros setores da vida pública do Brasil e do estado!

Vocês estão conseguindo tornar um pesadelo em realidade. Destruir o Brasil, o brasileiro e seus maiores valores. 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

BRASIL DE 1982: A CRÍTICA DE ZICO 35 ANOS DEPOIS


Li hoje na manchete de um jornal carioca:


Fiquei surpreso pelo tempo que Zico demorou a chegar a esta conclusão. Mas, discordo do “Galo” e de quem pensa assim. Até bem pouco tempo diziam que a seleção de 82 teria sido até superior as de 70 e 58, o que retrata um profundo desconhecimento de futebol. Zico talvez queira dizer que Paulo Isidoro deixaria a seleção mais defensiva, ajudando no meio campo. E em determinado momento cita até a exclusão de Falcão para que o time ficasse mais forte. O que houve com o “Galo”? Tirar Falcão daquele meio seria igualar aquele time aos demais concorrentes.

Eu expus em uma crônica há algum tempo que, de fato, aquela seleção não tinha equilíbrio ideal. Não importa o 4-3-3 ou o 4-2-4. Importante é você atacar e defender com igual eficiência. E aquele time era escalado de uma forma que não permitia isso. É preciso puxar pela memória ou rever tapes dessa Copa para iluminar certas conclusões. Já na estreia, contra a então União Soviética, passamos sufoco. Os russos saíram na frente, tiveram um gol mal anulado, saímos jogando com Dirceu, um canhoto nato, na ponta direita, e se não fossem duas obras de arte, foguetes de ouro de Sócrates e Éder, contra o então inexpugnável Dasayev, não passaríamos pela União Soviética, não.

Depois pegamos Escócia e Nova Zelândia. Obrigação nossa golear, não? Mas persistiam erros de escalação. Waldir Peres não estava à altura daquele time. Luizinho, do Atlético Mineiro, era excelente tecnicamente. Mas pouco competitivo e cerimonioso demais. Faltava-lhe o rigor de um zagueiro. O rigor de um Oscar, que jogava ao seu lado. Menos técnico, mas com maior virilidade. Junior, excepcional. Mas, embora ainda novo, não mais como lateral. E de fato ter apenas Cerezo, um volante que flutuava pelo campo na proteção a essa zaga, mais Leandro na lateral direita, era ter um time desequilibrado em relação ao meio para frente, onde você via Falcão, Sócrates, Zico, Serginho e Éder. Como reposição ele usava Paulo Isidoro, Dirceu e Batista.

Outro erro grande de escalação estava no poderoso ataque. Serginho não estava e nunca esteve à altura daquele time também. Telê era um técnico muito inteligente e de muita visão. Mas, cometia muitos erros por conservadorismo, provincianismo e teimosia também. Com a contusão de Careca na convocação não havia nome melhor do que Roberto Dinamite. Muito superior a Serginho, que por vezes atrapalhava ao invés de ajudar. Se você quisesse dar equilíbrio a esse time, meu querido “Galo”, seria melhor ter tirado o Serginho e usado Batista com Cerezo. Ou melhor, utilizado Rodrigues Neto na lateral, trazendo Junior para o meio e aí sim sacando Serginho. Era a única forma de tornar aquele time mais equilibrado. A própria escalação de Roberto, da qual dificilmente abriria mão, implicaria na saída de Zico, Sócrates, Falcão ou até mesmo Éder. Este último, talvez me passasse até pela cabeça tirá-lo, por questões táticas, para reforçar o poder de marcação e competitividade do meio.

Se tirasse Falcão, Zico, você e Sócrates ficariam isolados lá na frente, além de Serginho, naturalmente. Vocês enfrentaram uma Itália extremamente competitiva e mordida por problemas extracampo com a imprensa. E para piorar, o Brasil tinha feito ótima partida na sexta-feira contra a Argentina, do estreante Maradona, que fora expulso, e já na segunda enfrentava esta Itália. Por mais cautela que houvesse no grupo, uma certa euforia tomou conta, como de costume, após aquela chinelada na Argentina. Era “Voa Canarinho” pra todo lado. Tenho certeza que aquilo tirou um pouco os jogadores do foco. Até porque a Itália vinha aos trancos e barrancos. Mas tinha um grande time. Era e ainda é uma das maiores escolas de marcação do mundo. E havia apenas um espaço de 48 horas entre esses dois gigantes.

Portanto, Zico, o time não era torto. O time era desequilibrado em termos defensivos. A seleção deslizava do meio pra frente. Mas não criava obstáculos fortes do meio pra trás. E diante de toda aquela euforia que tomou conta do Brasil inteiro e da própria Espanha, ninguém percebeu isso. Nem Telê, nem vocês que estavam em campo voando com nosso canarinho.

Segue para vocês o link da reportagem e dos comentários de Zico e Falcão que geraram esta crônica especial: http://odia.ig.com.br/esporte/2017-07-06/zico-diz-que-selecao-ficou-torta-apos-mudanca-feita-por-tele-na-copa-de-1982.html


domingo, 2 de julho de 2017

COMO PARAR A ALEMANHA?



Em princípio, fazendo o óbvio: jogando futebol. Mas aí vem a pergunta: e o Chile? Não jogou um bom futebol hoje? Não esteve, assim como a Argentina na final da Copa de 2014, mais perto de balançar as redes alemãs e vencer a partida? Sim. Apesar do quê, na decisão com a Alemanha de 2014, o time alemão tinha mais jogadores técnicos e experientes. E a Argentina, jogando uma Copa irregular, sabia como poucos  enfrentar uma decisão sem tremer, ainda mais em solo sulamericano. Tanto que a partida foi decidida a dois minutos do fim da prorrogação. E as três chances reais de gol da Argentina foram flagrantes e por razões de erros técnicos, não emocionais, como as do Chile hoje.

Porém, antes de começar a falar do jogo de hoje, acho necessário lembrar que a FIFA, como de hábito, continua fazendo tudo para acabar com o futebol. Não pode esquecer que futebol não é basquete. Não pode ser parado com tanta frequência. Esse recurso é pra ser usado em último caso, em lances tipo: bola entrou ou não. O resto é interpretativo, meu amigo. Fica a cargo do juiz. 
Mas voltando ao jogo de hoje...

Hoje o Chile, que tem uma boa seleção e um forte ataque, não perdeu apenas para o esquema bem feito que o futebol alemão vem usando. Perdeu principalmente por não saber controlar os nervos, por querer que a bola entrasse de qualquer maneira. No primeiro tempo, então, isto ficou mais evidente. O Chile jogando com muita intensidade, mas muito ansioso na hora de finalizar. Numa decisão isso faz muita diferença. Principalmente com um time frio como a Alemanha, que dificilmente erra. Um time que joga cheio de arapucas táticas, com um conjunto muito bem treinado, que dificilmente levanta a bola num passe. O próprio erro que resultou no primeiro gol da Alemanha foi numa cilada dessas. O time alemão costuma marcar a saída de bola, colocando dois jogadores no campo adversário e mais dois no limite de sua meia lua. Quando se esgota a troca de passes na saída de bola, só restando ao adversário, por segurança, o chutão, esses outros dois jogadores de trás se somam aos da frente, chegando a ficar em superioridade numérica, muito perto de uma roubada de bola que normalmente é fatal, como foi a de hoje. 


Na Copa já usavam o mesmo estilo e vêm usando. Quando atacam e o time adversário recua, eles penetram nos espaços vazios do campo e jogam em tabelas curtas, simulando aquele bobinho recreativo de aquecimento. Essa jogada, bem feita como é, obriga as zagas quando se veem invadidas por três, quatro ou cinco jogadores simultaneamente, a correrem atrás, e com isso se descolocam facilitando a movimentação e penetração da equipe alemã, sempre precisa e 100% obediente ao que é treinado e combinado. O técnico Joachim Low vem trabalhando isso há anos. A Alemanha passou por muitas derrotas até chegar ao nível de hoje. E há jogadores alemães com categoria, o que não é novidade. Tem menos que os sul-americanos, mas tem. O gol que deu o título da Copa do Mundo, por exemplo, foi mais por técnica e arte do que devido ao esquema traçado. E sua proposta de renovação vem sendo feita gradualmente, sempre mantendo a ideia do esquema padrão. Reparem, por exemplo, no goleiro, na sua firmeza, boa colocação e tranquilidade. Você pensa até que Neuer está agarrando. 

A pergunta seria: como superá-la? Apenas, como disse acima, jogando um bom futebol? Em parte sim, você tem que jogar de igual pra igual. Não pode deixar que a Alemanha faça você correr atrás dela. Tem que puxar mais jogadores com qualidade pra saída de bola ser segura e envolvente a ponto do drible poder ser usado, se necessário, com segurança, sem perder a cobertura, caso haja um erro. Seu time tem que sair e não ficar dando os espaços, pois a força deles esta aí, no uso correto dos espaços, em velocidade, troca de passes conscientes e medidos, onde cerca de 80% a 90% dos gols alemães se dão dentro da área. Quando não são da pequena área.

Para esperar e marcá-los por zona, chegando a neutralizá-los durante um jogo inteiro como fez a Argentina em 2014, você tem que ter experiência e categoria. Jogadores como Mascherano e outros que não dão o bote, marcam o espaço, marcam por zona e não se precipitam. E quando fazem antecipação, de maneira alguma perdem a viagem. Se passar a bola, o jogador fica. Portanto, há meio sim, mas você precisa ter um time treinado, entrosado e técnico, driblando no campo alemão, onde você fará valer sua superioridade. Porque o drible ainda é a melhor forma de sair da marcação imposta e desmontar sistemas como este, de preferência, com uma Alemanha forte destas, no próprio campo dela. Faltou ao Chile um pouco disso hoje. Penetrar driblando e rompendo. Só trocando passes, meu amigo, é muito difícil, até se tratando de times inferiores.

De qualquer forma parabéns para Alemanha, mais uma vez, pelo trabalho que funciona como um relógio suíço, e parabéns também ao Chile, pela velha garra e boa qualidade de seus atacantes e por ter chegado onde chegou.

Até a próxima.