quarta-feira, 27 de junho de 2018

COPA DO MUNDO: SURGEM AFINAL EMOÇÕES E SURPRESAS



Ontem já tivemos emoção de sobra na classificação dramática da Argentina. Foi outro time, apesar da Nigéria jogar um futebol de suas raízes. Com muita raça, técnica e a qualidade de Musa. Prevaleceu a categoria de Messi no primeiro gol e também de Rojo no gol que selou a classificação da Argentina frente à Nigéria. Teremos briga de cachorro grande nas oitavas de final entre Argentina e França. Embora a Argentina já pareça ser outra, não vejo claro favoritismo nela, apesar do time francês ser forte, mas ainda um pouco inexperiente. Experiência em Copa do Mundo pesa mais do que você imagina.
                                                                                         
Hoje a zebra passeou em campo diante de uma Alemanha desfigurada. A Coreia do Sul produziu um feito histórico ao derrotar a atual Campeã do Mundo por 2 x 0. Enquanto isso o México, sentado em cima da confortável colocação no grupo, levava uma sapatada da firme, forte e bem armada Suécia. Mas, voltando à Alemanha, a Seleção de Löw parece que não guarda boas recordações da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial. Desde o seu primeiro jogo contra o México e mesmo na vitória sobre a Suécia, em momento algum a Alemanha se pareceu com a que estamos acostumados a ver. Hoje parecia uma seleção anestesiada, exaurida, sem interesse em superar a marcação rígida e heroica da Coreia do Sul. O desfecho não poderia ser outro. Cai um gigante que, ao menos em seu grupo, era o favorito.

Agora há pouco tivemos a classificação do Brasil sem maiores sustos, diante de uma Sérvia que não conseguia ficar com a bola por mais de 10 segundos. Um time sem jogadas, atrapalhado e que em alguns momentos pareceu conformado em ter de deixar a Copa do Mundo. Limitou-se a fazer uma pressãozinha por cerca de 5 ou 6 minutos, quando o Brasil já vencia por 1 x 0, graças a um belíssimo lançamento de Coutinho e a penetração por trás da zaga, de Paulinho, bem ao estilo dos gols do Corinthians de Tite. E a pressão que me referi antes não encontrava qualidade, nem mesmo capricho nas finalizações. As chances raras surgiram por erros de posicionamento de nossa zaga, que começando pela boa atuação de Alison, teve a presença firme e soberana de Thiago Silva, um dos melhores em campo, premiado com um belo gol de cabeça, o segundo do Brasil. A inesperada lesão de Marcelo, a entrada tranquila de Filipe Luís, a atuação mais segura e presente de Fagner, um Casemiro na primeira etapa muito eficiente, o Philippe Coutinho, que já estamos nos acostumando a ver sobrando em campo, William fazendo grande partida, apesar de ainda sacrificado por jogar na posição errada e apenas Gabriel Jesus e Neymar, menos inspirados.  Do contrário o placar seria outro. Vimos inclusive um Neymar mais discreto, menos espalhafatoso. Alguma boa conversa deve ter feito bem a ele. Gabriel Jesus tem que ter mais liberdade para cair dos lados do campo e não ficar preso como um falso centroavante, coisa que ele não sabe fazer. Se estes dois estivessem em um dia melhor, o placar seria mais elástico.

Fecho chamando a atenção para dois detalhes importantes. O Brasil não enfrentará o México que vimos hoje. Não adianta virem com retrospecto porque há muito tempo o futebol mexicano é duro de ser derrotado. Não creio numa partida fácil para o Brasil. Outro aspecto é a lesão de Marcelo. Chamei atenção aqui há algum tempo sobre nossos dois laterais titulares: Daniel Alves e Marcelo, e defendi inclusive que Marcelo fosse deslocado para o meio para que tivéssemos melhor qualidade na saída de bola. Ocorre que jogar na Europa faz bem ao bolso, mas as férias do calendário europeu coincidem com a Copa. Os técnicos sabem disso, mas valorizam muito mais quem joga no exterior do que os que atuam no Brasil, o que é um erro. E os preparadores físicos apesar de saberem deste calendário duro, volta e meia ultrapassam os limites físicos de cada um. O resultado são as lesões seguidas que temos visto.

Amanhã vamos ver como se resolve o grupo da Colômbia e seu excelente futebol. Tem uma pedreira chamada Senegal, mas tem boas chances, assim como o Japão, de obterem a classificação. Já Bélgica e Inglaterra no jogo principal fazem um tipo de amistoso para inglês ver, dando-se ao luxo de escolherem seus possíveis adversários. O outro jogo entre Tunísia e Panamá deve ser visto com o espírito esportivo que merece. Fico pensando como os EUA perderam a vaga para o Panamá. Suspeito até que não tenham feito lá tanta questão assim de visitar a Rússia.

Até a próxima!



segunda-feira, 25 de junho de 2018

ATÉ COM O VAR OS JUÍZES ERRAM


... E muito! Hoje no jogo Portugal 1 X 1 Irã, o juiz paraguaio Enrique Cáceres conseguiu a proeza de cometer dois erros contra Portugal. O primeiro no lance sem agressão ou jogada violenta de Cristiano Ronaldo, com uma rara provocação do jogador iraniano, em que não havia sentido nem a marcação da falta. E o segundo no pênalti que ele enxerga o que não existe. Nem o replay mostrando, como foi o caso do primeiro lance, ele acerta. Marca um pênalti a favor do Irã onde o jogador de Portugal, Cedric, sobe, é vencido pela altura da bola e pela impulsão de Azmoun, que cabeceia mal e a bola bate em um dos braços do jogador português, o que sequer desvia sua trajetória.

Pior, amigos, é que os nossos analistas, ex-árbitros, conseguem ser mais cegos ainda que os juízes que estão no calor da partida e vão até o monitor conferir o lance. Têm à disposição vários monitores para verem quantas vezes quiserem antes de comentar. E, mesmo assim, dizem coisas absurdas. Quem sabe por isso a arbitragem no Brasil seja uma catástrofe crônica. Ouvi rumores de pedidos de investimento para que haja VAR nos jogos no Brasil também. Curioso que o excesso de reclamação e atitudes de afronta ao árbitro, que não são passíveis de VAR, ninguém comenta. Um juiz não pode ser cercado, pressionado de forma quase agressiva por grupos onde criam um verdadeiro comitê de reclamações num espetáculo apelativo, que por vezes passa do limite. É recomendável uma dose de compreensão, sim, por se tratar de Copa do Mundo, línguas diferentes, países diferentes, quase sempre os nervos à flor da pele, mas contestação não pode ser intimidação. Em qualquer língua intimidação e má educação é cartão. Sem muito papo.

Antes de dar uma apreciada geral no momento da Copa, finalizo dizendo que não sou contra o VAR. Mas ele está sendo usado de forma errada. Não pode ser uma transferência de responsabilidade. Nem do juiz, nem do jogador. Ele deve ser usado para lances extremamente polêmicos e objetivos. Até porque futebol não é basquetebol ou voleibol. Num campo de 100 metros, em 90 minutos, você não pode parar uma partida por 2, 3 vezes ou mais, travando seu desenrolar e criando problemas físicos e técnicos para os jogadores. Além do mais, se você for usar o equipamento com correção absoluta, não faço ideia de quantos pênaltis vai marcar ao flagrar através do monitor o que acontece na grande área nas cobranças de escanteio.

Quanto aos já classificados, Uruguai, Rússia, Portugal, Espanha, França, Croácia, Inglaterra e Bélgica, merecimento da maioria e facilidade da chave para outros. Deve haver alguma surpresa até quinta-feira, quando se definem os países para as oitavas de final. O que mais preocupa, pela ordem, em matéria de risco, tradição e peso no futebol, são Argentina, Colômbia, Suécia, Alemanha, Brasil e México. Este último é o menos cotado para voltar a seu país pelo que tem jogado. Mas o futebol tem lá seus caprichos.

Encerro questionando Neymar sobre sua postura no último jogo da seleção brasileira, o que não é novidade ao longo de sua trajetória, dentro e fora de campo. É ruim para o Brasil, que passa a ter um jogador alvo de hostilidade, injustiças dentro de campo, problemas dentro da equipe ligados a seu temperamento e suas reações... Enfim, uma série de dificuldades que deixaram desde a base chegar até hoje. Nunca pedi santo ou anjinhos em futebol. Mas Neymar passa dos limites com sua falta de respeito ao torcedor, que é o grande responsável por sua fama, aos seus colegas de trabalho e a si próprio com seu mimo, suas simulações infantis, sua falta de seriedade profissional e até senso do ridículo. Ao comando técnico de uma seleção cabe observar isso e trabalhar exaustivamente pela solução antes de ser surpreendido por um cartão vermelho ou uma desclassificação oriunda de um jogador de individualismo e ego exacerbados.

Vamos em frente!

quinta-feira, 21 de junho de 2018

FUTEBOL DE FATO ESPECIAL - COPA 2018: ONDE FOI PARAR O TALENTO?


Uma Copa do Mundo, em seus primeiros 8 dias, atípica. Torcedores do mundo inteiro estão vendo um torneio que, para muitos, pode ser sintetizado, simplesmente, como uma Copa sem favoritos, absolutamente equilibrada. Isso explica até em parte minhas crônicas anteriores onde não apontei favorito, mas, sim, favoritos.

É muito superficial dizer que há um equilíbrio ou até um nivelamento por baixo, como creio, e estamos conversados. Provavelmente derivado da forte marcação, da tal modernidade, da falta de espaço para jogar, do avanço energético, físico, que nos remete aquela famosa teoria popular onde se diz que “no futebol não tem mais bobo”. Tem sim. No campo e fora dele. A opinião pública, por exemplo, quer nos fazer de bobos. Ou não enxerga evidências e um processo corrosivo que se instalou no futebol há alguns anos. Que processo será esse? Onde está o erro?

Abordei em crônicas anteriores me aprofundando até onde pude nesse assunto. Respondo à pergunta que fiz na manchete: a técnica foi parar na conta corrente de muitos que a representavam em campo. A leitura desta foto que utilizo é uma ideia de um dos aspectos desse processo corrosivo que me referi. Identifico que o futebol não está mais na cabeça e no coração da grande maioria dos que o praticam e o dirigem. Exemplificando: o comportamento do jogador hoje, a direção de uma equipe e os valores do mundo que os cercam influíram e influem drasticamente nos profissionais de futebol.

Antes que me acusem de ser anti-empresário porque acho que boa parte dos problemas estão neles. Primeiro nego que seja. Em toda atividade hoje em dia existe a presença dos empresários. Ocorre que em alguns casos eles são positivos. Mas, na maioria, negativos. Amplificam suas participações e interveem de forma nociva na formação de jogadores, como nunca aconteceu na história desse esporte. São garotos de 12, 13 anos assinando contratos com empresários que visam naturalmente o lucro e não o jogador. Que não sabem ensinar, mas só pensam em valorizar. Que destacam nas mídias um valor que muitos deles não têm. E por eles passam despercebidas várias estrelas que se apagam por não terem quem as reconheça e as lapide. Tem de haver regras. Tem de haver limites. E não há.

Maradona, um dia, disse que  “A bola e o gueto tinham uma relação direta”. Fantástico! Exatamente! Quantos craques surgiram no mundo oriundos de condomínios de elite? Na várzea, no campinho, na areia, lá estava a garotada batendo sua bola com alegria e amor. Nutriam um sonho de ser um Pelé ou outros astros, como também nutrem os de hoje. Mas, o lado financeiro, a invasão de preparadores físicos, muitos além de suas áreas profissionais, empresas influindo em demasia no futebol do clube, tornam fato o futebol, de negócios. Os espaços que citei onde se desenvolviam as estrelas, ainda em gestação, vão se resumindo às tentações da globalização. Ficam reféns de dirigentes empresários, ex-jogadores empresários, preparadores físicos com inovações científicas e apetite pela direção técnica do elenco. Excelentes fisicamente, mas sem talento para tocar numa bola. E a qualidade vai se desintegrando.

Outro dia me repreenderam numa rede social por ter comentado um vídeo postado por um jogador, de 21 anos, brasileiro, jogando no exterior, com um futebol de 80% de força e 20% de alguma técnica, fazendo uma dancinha exótica, bem ao estilo das modinhas atuais. Dei meu pitaco e sei porque o fiz. Nem consagrado é. Imagina se fosse? Essa ordem mundial do novo modelo do futebol vai incluindo cortes de cabelo padrão, concorrências de marcas de patrocinadores, a família personificada nas mulheres que esses jogadores têm, nas redes sociais, nos videogames, computadores e, principalmente, nos seus celulares e fones de ouvido. Tudo parece normal e inofensivo. Tendências.

Enquanto isso, as futuras gerações se espelham nesses exemplos que os afastam do amor à bola, da prática, da técnica, do profissionalismo e dos rumos que os levarão ao estrelato. Preparo físico? Ora, isso hoje todos têm. Quase não havia espaços para uma simples pelada. Hoje, reparem nas quadras de salão às moscas. Nos campos desertos. Nas areias de balizas desocupadas e de bolas abandonadas, aguardando, não um campeonato ou um jogo, mas um bate bola sem compromisso, que é muito bonito de se ver, como a variedade de talentos que reúnem um Marcelo, um Neymar e mais uns poucos. Ocorre que há uma estrutura por trás de Neymar no PSG e de Marcelo, no Real Madrid. E, mesmo assim, nesses clubes eles não abusam de seus dotes.

“Mas você não disse que não havia mais talentos?”. Há sim. Mas infinitamente em menor número. A ponto da preparação física colocar a força física em um patamar onde fica mais fácil bloquear uma ou duas estrelas de um time (ou às vezes nenhuma). Já repararam como citei várias vezes quantos ferem a cabeça numa partida, em choques no ar? Por que Pelé, Euzébio, Roberto Dinamite, Paulo Rossi, Zidane, Klose e outros não se feriam?

Exibicionismos em excesso, demonstrações de extrema habilidade em treinos e horas vagas não significam que tais virtudes podem ser usadas num jogos valendo 3 pontos. Sem falar na moda de censurar os líderes que possam surgir. Eles já vêm com um rótulo de “corneteiros” e não parceiros de equipe. A maioria hoje não dorme mais com a bola. Não almoça e janta futebol. Ficam presos a contratos que os afastam do seu mundo original. Não se habituam à coletividade e seus objetivos máximos.

Por isso um Cristiano Ronaldo ainda se destaca. Por sua qualidade, seriedade de objetivo e pela condução dos poucos qualificados e conhecedores de futebol que estão à beira do campo e fora dele. Ele também apanha como Neymar, mas o suficiente para cavar uma falta. Ele não se limita a ficar preso num canto do campo. Cristiano flutua no comando do ataque, às vezes voltando para buscar jogo. Não quer ser estrela, quer ganhar. Este tipo de jogador dialoga, pensa na vitória e sabe que se os outros não pensarem como ele, irão naufragar. Por isso, minha gente, temos 5 ou 6 estrelas apenas nas seleções presentes. E quem está usando da intensidade máxima e da correria desenfreada, como defendem hoje em dia, pode surpreender por algum tempo. Mas não chega.

Portanto, ou se retoma o caminho das raízes do futebol de cada escola e se pensa futebol, se vive futebol e se ama futebol, ganhando bem, é claro, mas sem colocar suas façanhas individuais acima das ambições futebolísticas, ou a cada Copa veremos mais correria, mais intrusos e mais coisa feia.

Até!

domingo, 17 de junho de 2018

E A BOLA COMEÇA A ROLAR NA COPA 2018


Amigos, começou a 21ª Copa do Mundo no último dia 14 de junho, com a anfitriã Rússia goleando a Arábia Saudita por 5 X 0. Mas a minha ideia é fazer um resumo passo a passo, invertendo a ordem dos jogos até aqui, das partidas realizadas.

Sendo assim, começo com Brasil 1 X 1 Suíça, no primeiro tropeço da seleção brasileira. Justo contra uma equipe europeia, como eu temia. Eu pedi várias vezes nos últimos 2 anos que a seleção fizesse mais amistosos contra escolas diferentes das sul-americanas, pois havia uma sequência muito grande de jogos com elas. É outro modo de jogar, é outra postura de atuar, outro porte físico, outras arbitragens. Bem, alguns foram feitos, mas foram muito poucos.

Hoje talvez tenha feito falta na hora de aparecer o conjunto da seleção brasileira. Começando o jogo de forma razoável e abrindo o placar num belo gol de Coutinho, a seleção não manteve o ritmo ofensivo e Neymar não fazia um bom primeiro tempo, assim como Danilo, que foi durante todo o jogo um peixe fora d’água.

A Suíça chegou ao empate num lance polêmico no segundo tempo, que apesar da falta pedida pela zaga em Miranda, houve falha de marcação e muita inocência da dupla de zaga Miranda e Thiago Silva na jogada. Após esse gol inesperado, o Brasil começou de forma desordenada e até excessivamente individual a tentar a vitória.

A Suíça chegou muito pouco, mas o Brasil parou em um pouco do anti-jogo da seleção suíça, na falta de um finalizador e um melhor entrosamento e uma compactação mais eficiente. Neymar parecendo fora de forma técnica e, naturalmente marcado com extremo rigor. Comentei muito que ele vinha de uma lesão grave e seu rendimento seria imprevisível, ao menos no início. Atônito, Tite ia mexendo sem lograr sucesso. E a Suíça, time fraco, fazendo o tempo passar, mostrando claramente sua intenção do empate.

Preocupa muito. Não só pela pouca qualidade do adversário, mas por uma desenvoltura técnica e tática que a seleção vinha demonstrando e hoje não fez nada além de uma péssima partida. Tite vai ter muito trabalho para encontrar um remédio que levante essa camisa brasileira. Só o fator Neymar não será suficiente.

México 1 X 0 Alemanha
Em partida emocionante a campeã do mundo tropeçou na garra e inteligência mexicana e sentiu o gosto amargo em sua estreia. O jogo foi equilibradíssimo, com o México jogando em contra-ataques de velocidade, onde chegou ao seu primeiro gol justamente num setor onde achei que Joachim Löw falhou ao optar por Hummels como central, deslocando Boateng para a quarta zaga. Erro corrigido no segundo tempo.

O México, além da garra, parecida determinado, sabendo como parar a Alemanha. E a atual campeã do mundo não concentrava mais seu jogo em toques curtos para atrair a marcação. Com a perda de alguma qualidade da última Copa para cá já se via obrigada a impor mais velocidade e partir para os cruzamentos altos, jogada que já não utilizava mais. Está tudo só começando. A Alemanha pode se encaixar e o México pode ser uma grande surpresa.

Servia 1 X 0 Costa Rica
Fizeram um jogo de muita correria, mas pouca objetividade e qualidade. Prevaleceu a camisa e a escola mais técnica.

Croácia 2 X 0 Nigéria
Sem muito a comentar. O futebol africano sombra do que era e o croata, apesar da vitória, bem abaixo do que já foi. Porém, mas bem organizado.

Argentina 1 X 1 Islândia
O que eu temia em relação a seu treinador Jorge Sampaoli parece ter acontecido ontem. Não vi padrão tático na equipe argentina. E, lamentavelmente, Messi perdeu um pênalti numa partida onde o goleiro da Islândia foi a surpresa, fazendo de tudo. É cedo também para descartar a Argentina e definir que Messi não é jogador de Copa do Mundo. A cobrança defendida por Hannes Halldorsson não parece ter sido mais uma tremedeira de Messi. Quanto a Islândia, creio que vá se limitar a uma boa marcação e seu goleiro.

Peru 0 X 1 Dinamarca
Em jogo equilibrado, onde o Peru foi mais agressivo, com um pouco mais de chances de gol, mas o goleiro da Dinamarca Kasper Schmeichel e sua dupla de zaga bem segura acentuaram o erro do técnico Gareca, do Peru, ao escalar mal, deixando Paolo Guerrero de fora. Vai ficar difícil uma classificação do Peru.

Franca 2 X 1 Austrália
Não gostei da partida e da atuação da França. A Austrália, surpreendentemente, conseguia apresentar alguma qualidade técnica, o que não é seu forte. E corria barbaridade, levando os jogadores franceses à exaustão. A França, por sua vez, parecia desconectada, com uma zaga muito vulnerável. Se não fossem as substituições providenciais de Deschamps talvez o resultado fosse outro.

Portugal 3 X 3 Espanha
A rivalidade entre esses dois países parece ter entrado em campo. Era dia de Cristiano Ronaldo. Mas Portugal não jogava tão bem quanto ele. E creio que se não fosse o fator CR7 a Espanha venceria, visto uma falha incomum de seu goleiro. A seleção espanhola voltou a jogar seu bom futebol. Ofensivo e em relação a equipe de 2010 mais objetivo. A Espanha é sim uma das candidatas.

Irã 1 X 0 Marrocos
No sobe e desce do jogo entre Marrocos e Irã o avanço técnico visível da seleção iraniana. Sua marcação, sua ligação ofensiva e sua melhor distribuição tática em relação ao Marrocos, uma equipe já mais experimentada em Copas do Mundo. Vitória justa do Irã.

Uruguai 1 X 0 Egito
Não fugiu da tradição da velha garra uruguaia e sua experiência em não se precipitar diante da dificuldade. É uma equipe lutadora, que creio ir bem adiante ainda nesta Copa.

Russia 5 x 0 Arábia Saudita
Finalizando, a Russia, com quem comecei. Apesar do fraco adversário ser a Arábia Saudita mostrou sua habitual competitividade. Jogando em seu limite físico e tático, com obediência e determinação ao esquema traçado terão de suar muito para derrotar a seleção russa. Pode chegar ao título? Sim. Até outros que estrearam mal podem.

Agora me concentro na Colômbia, que pelo que vi até pouco antes da Copa foi a seleção que mais me impressionou. Vamos conferir juntos?

domingo, 10 de junho de 2018

A 3 DIAS DA COPA 2018, AFINAL, QUEM SÃO OS FAVORITOS?




Pelo visto a opinião pública esportiva e a maioria dos torcedores têm em mente seus favoritos, mas, com cautela, preferem aguardar a bola rolar, assistir as primeiras rodadas. Em parte eu também estou pensando assim. Há um equilíbrio muito grande entre os habituais favoritos e isto talvez explique a incerteza. Poucos falam em alguma surpresa. Se observarmos as histórias das Copas do Mundo e seus campeões fica bem explícito.

Abro o jogo, da minha parte, para colocar os meus, mas não “o favorito”. Mas também um dos favoritos surpresa, que citei em algumas crônicas atrás. Falo da Colômbia. Provavelmente na tal bolsa de apostas não deve ser tão cotada. Pelo que vi jogar em cinco ou seis partidas, principalmente nas últimas, me chamou a atenção a maturidade, a maior força de marcação e a qualidade técnica de seus jogadores. É bom lembrar que ela esbarrou no Brasil na última Copa e foi derrotada, num 2 X 1, com muito aperto, apesar de termos uma Seleção que entrou para a história negativamente. Mas vejo a Colômbia mais coesa, mais time. E sobre o comando do excelente José Pékerman.
Aproveito até o espaço que abri tocando no nome do treinador argentino que dirige a Colômbia para deixar em dúvida o trabalho do outro escolhido para dirigir a Seleção Argentina, Sampaoli. Até o momento o técnico da Seleção Argentina não mostrou tanta interação com seu elenco. E, envolvido em polêmicas, é um ponto de interrogação. Mas, não se iludam, na Copa do Brasil o título não caiu em mãos argentinas por muito pouco. É só relembrar. Ela é, sim, a Argentina, uma das minhas favoritas ao título, juntamente com a Colômbia que já citei como surpresa, o Brasil, a Espanha, e correndo por fora, digamos, a França. Pois é, citei cindo favoritos. E mesmo assim não vejo a Alemanha muito atrás deles. Baseio-me apenas numa renovação ainda em curso, embora muito bem feita, da seleção do técnico campeão mundial, Joachim Löw.
A França é outra que vem subindo de produção desde a entrada de Deschamps. E tem uma equipe muito bem armada, veloz e mortal nos contra-ataques. A Espanha readquiriu o seu padrão de jogo e sua força de competição. Apesar de não contar mais com o excelente Del Bosque, aposta em Julen Lopetegui para reviver 2010. Portugal, de Cristiano Ronaldo, outra força que tem tudo para fazer uma excelente Copa, e até conquistar o título, por que não? Sua pouca tradição em finais talvez seja seu maior adversário. Tem na minha opinião um dos melhores técnicos da Copa, Fernando Santos. Um treinador de diálogo, avesso à correria desenfreada, experiente e que segue à frente do futebol português, com um título da Eurocopa na bagagem, apresentando um excelente trabalho e há um bom tempo no comando, o que é muito favorável.

A Rússia não foi citada, embora seja a seleção da casa, pelas grandes limitações técnicas que percebi e um pouco do que citei de Portugal, por não ser uma equipe de tradição em finais. O que mais tem a seu favor é o fato de jogar em casa. Mas não acredito na Rússia.

Deixei por último o Brasil, talvez justamente por ser para mim um ponto de interrogação. Pelo futebol que vem jogando há mais de um ano e um comando firme e bem respaldado, embora protocolar e falho em alguns jogadores escolhidos, a Seleção montada por Tite, pelo que tem jogado, poderia ser até mais cotada. Mas o peso dessa geração, que em parte ainda vai a campo, principalmente em relação à Copa passada no Brasil, traz a pulga atrás da orelha. Temos excelentes jogadores, sim, sem necessidade de citar Neymar em particular. Que, aliás, espero que desenvolva seu melhor futebol novamente, porque esses dois amistosos atestam apenas sua recuperação física e clínica. Em jogo de Copa valendo três pontos, com o contato físico maior, é bom ver para crer. Como a medicina e a ciência moderna avançaram muito nesse aspecto, deve correr tudo bem. Mas, após uma lesão grave, como foi o caso de Neymar, existem dois pontos-chaves, chamados ritmo de jogo e o inconsciente do jogador. Se superar os dois, ótimo! E ainda temos um Philippe Coutinho, exuberante jogador, Renato Augusto, William, Gabriel Jesus, Marcelo e um goleiro firme e muito bem treinado. Quem sabe daqui a uns 40 e poucos dias eu não esteja fechando a coluna semanal em verde e amarelo? Quem viver, verá.
P.S.: Dois meses. São mais de 60 dias em que a lei é violada e o ex-Presidente vive uma prisão política em seu país. A cada dia com mais indignação internacional.

domingo, 3 de junho de 2018

SELEÇÃO BRASILEIRA: OTIMISMO OU PESSIMISMO?


A julgar pelo lado da torcida, em território nacional, por enquanto nem um, nem outro. Há sim um ar de certo desprezo e desilusão, com alguma dose de ironia, que certamente tem ligação com a Copa passada e a forma melancólica como o Brasil foi derrotado, com a lembrança do trágico 7 a 1.

É natural. Um futebol pentacampeão do mundo que assistiu a vários e vários gênios do futebol desfilarem em diversas seleções, mesmo estando diante de uma geração bem diferente das do passado, tanto em campo, quanto na torcida, sempre há influência.

Evidente que a mídia e outros setores de comunicação serão avassaladores na massificação da quebra da vergonha da camisa verde e amarela. Da timidez em usá-la e se entregar à paixão. Com certeza, em maior parte, isso vai acontecer. O raciocínio da mídia de que mais perto ou já começando a Copa o povo vai se ligar e torcer e acompanhar é correto. Ainda mais em se tratando de Brasil.

Lembro bem que há exatamente 48 anos, justo num 3 de junho, só que em 1970, eu saía da minha escola sabendo da partida que veríamos ao vivo, por volta das 19:30 do Brasil, na estreia da seleção brasileira contra a Tchecoslováquia, naquela memorável façanha. E, vejam bem, com 12 anos incompletos, eu já estranhava o rumor das ruas: apáticas, silenciosas, sem bandeiras. O Brasil estava pessimista, devido a troca de treinador e outros problemas políticos.

Parecia que ao anoitecer não aconteceria nada, a não ser as novelas de sempre. Mas, foi só o Brasil estrear bem, com um 4 a 1, que o país se transformou. Apaixonado por uma seleção de gigantes e no embalo no tal milagre econômico do “Pra Frente Brasil” da Ditadura Militar.

Deixo claro que a minha percepção na época, como pré-adolescente ainda, e hoje, como profissional do esporte, em nada aquela seleção jogou ou jogava para legitimar o regime que se empunha à força no país. Não vi relação entre uma coisa e outra. Aquela seleção, considerada pela FIFA a melhor de todos os tempos, é um capítulo à parte. Era abençoada por estrelas e com maturidade suficiente para não se envolver em assuntos extracampo.

Mas, falando na Rússia, em 2018: outros tempos, outro futebol, outra mentalidade, outro Brasil. Sobre o selecionado, eu ainda me incluo numa expectativa onde prevalece a dúvida. Penso e sei que a seleção é uma das favoritas. Já falei aqui sobre o jogo de Tite, sobre o que não concordo na escalação, na convocação, no sistema e esquema táticos.

Ele já tem seu time de estreia na cabeça e, apesar de ter revelado hoje, antes do jogo, que se a Copa começasse agora Neymar não jogaria, o craque brasileiro jogou com desenvoltura e fez um belo gol. No entanto, como dizia o saudoso Didi: “Treino é treino. Jogo é jogo”. E foi um jogo treino.

Torço para que Neymar faça sua estreia, mas lembro que não será contra a Croácia. Muito embora, historicamente, ele seja melhor que a Suíça que vamos enfrentar. Haverão mais bolas divididas, choques, jogadas mais ríspidas do que hoje. E você não vai poder tirar o pé.

Clinicamente e fisicamente já tenho certeza que Neymar se recuperou, como vem afirmando a comissão técnica do Brasil. Mas, prefiro aguardar para conferir sua reação psicológica e desempenho técnico na volta aos gramados em jogos oficiais e de Copa do Mundo.

Quanto ao restante do time, segue jogando no mesmo padrão e filosofia que Tite adotou desde que assumiu a seleção. Faz um jogo de marcação incessante, toque de bola e velocidade nos contra-ataques. Mas, ainda prevalece muita burocracia e a marcha previsível. Falta o drible que abre espaços, define jogadas e coroa o trabalho da equipe em geral. Além de surpreender os adversários.

Faltam menos de 2 semanas para termos uma ideia mais precisa e real do que venho dizendo e do que mais se comenta nos assuntos do mundo do futebol.

Até a próxima semana!

P.S. O ator Danny Glover, astro do cinema americano, se junta aos protestos de milhões no Brasil para denunciar ao mundo a prisão política e criminosa do ex-presidente Lula. Já são 54 dias de uma prisão vergonhosa que fere as leis do país e envergonha o Brasil perante o mundo.