domingo, 28 de abril de 2019

A TV AGRADECE: O CAMPEONATO BRASILEIRO ESTÁ DE VOLTA

Créditos: ESPN

De 27 de abril a 8 de dezembro de 2019 os estádios brasileiros serão palcos de mais um extenso campeonato com 38 rodadas e nada menos que 380 jogos. Até aí, tudo bem, o Brasil era chamado de “o país do futebol”. Será que ainda é? Quando não pairavam dúvidas sobre esta afirmativa, havia bem mais do que 380 jogos. Em 1978, por exemplo, 8 anos após o tricampeonato, o Campeonato Brasileiro, pra se ter uma ideia, teve 792 jogos.

O problema maior que acontece há muitos anos é o monopólio. Este monopólio proporciona o formato atual, que condeno, pois prefiro o da Copa do Mundo, dividido por chaves e não pontos corridos, além de outras influências no calendário e na escolha da transmissão das partidas. Tanto que este ano gerou uma cisão com o Palmeiras, que ao meu ver, com toda razão, pleiteia a mesma verba de transmissão de Flamengo e Corinthians, por exemplo.

A desigualdade já começa por aí. Não adianta alegar que o campeonato é transmitido por um canal a cabo além da emissora aberta. Nem todo mundo tem e pode ter canal fechado. E nem todo mundo partilha da mesma opinião dos comentaristas da emissora que detém um direito que jamais poderia ser só dela. Como ocorre em festas populares como o Carnaval, por exemplo. Mas como estamos no país da desigualdade profunda e absurda, nenhuma surpresa. E vamos rolar a bola.

Vou começando por um jogo entre dois dos melhores times atuais, que são Flamengo e Cruzeiro. Já em função de outro campeonato, o jogo foi marcado para um sábado, no Maracanã, ao invés do dia de gala do futebol que sempre foi domingo. Já começa a esculhambação por aí. O campeonato não pode ter seus jogos escolhidos a partir de outras competições paralelas. O sábado eventualmente abrigou clássicos importantes, assim como os dias de semana. Mas, eventualmente. Não estreia de campeonato e com os dois times, os atuais campeões estaduais de seus estados, desenvolvendo um futebol que tem agradado a maior parte de seus torcedores.

Flamengo e Cruzeiro fizeram um jogo bastante movimentado, assistido por 30 mil pessoas. No dia seguinte, por exemplo, teria quase o dobro, senão o dobro desta plateia. Mas, como disse, o jogo foi muito disputado e vibrante, do início ao fim. O Flamengo desde os primeiros minutos se impôs e o Cruzeiro aceitou, aglomerando sua equipe no campo defensivo, às vezes retendo seis, sete jogadores na sua área defensiva. Se a ideia era pegar um contra-ataque não surtiu efeito. Arão se desdobrava e, apesar de sua limitação técnica, cobria bem os espaços no meio, com Everton fazendo uma partida soberana técnica e taticamente falando. A defesa bem atenta e segura e Bruno Henrique, insinuante, veloz e objetivo, atormentando Dedé e seus companheiros.

Mas, como futebol não é conta exata, mesmo o Flamengo tomando conta da partida até então, Pedro Rocha não tomou conhecimento e aproveitou um passe de craque do craque que Fred é e tocou com categoria na saída de César, dando impressão que a estratégia de Mano estava correta. Engano também. O Flamengo não se abateu e um minuto depois Bruno Henrique igualou o placar. Isso assustou o Cruzeiro que percebeu que o Flamengo estava disposto a jogar o seu máximo.

Daí pra frente a disputa foi intensa, mas o esquema tático do Cruzeiro não mudou, compactação defensiva total, posse de bola e saída em contra-ataques. E o Flamengo usando seu fator campo, torcida e a ofensividade de seu jogo e velocidade de seus atacantes, tomando sempre a iniciativa e só faltando a bola final, que acabou vindo primeiro no desempate pelos pés de Bruno Henrique em uma jogada bem articulada com passe vindo do fundo do campo. O Flamengo tomou conta de vez e ao final do jogo selou através de Gabriel sua primeira vitória no campeonato.

Como atração, mais um choque de cabeça bem ao estilo MMA, que já virou rotina, levando Rodrigo Caio a sair de ambulância do campo, preocupando a todos, e o novo Juan, pois pra mim um zagueiro com a sua categoria e sua história no futebol jamais envelhece, entrando ao final para se despedir da torcida que teve o privilégio de vê-lo jogar e engradecer a camisa de seu clube, chegando a fazer com Gamarra uma das melhores zagas do mundo, em 2001.

Sobre o restante das partidas, não houve muitas surpresas e aos poucos vou falando sobre as outras equipes.

Uma boa semana a todos!

domingo, 21 de abril de 2019

E AS MASSAS GRITARAM ‘É CAMPEÃO’ NO BRASIL

 (Eduardo Carmim/Photo Premium/Folhapress)

Não sei se já houve antecedente em matéria de campeonatos regionais, mas, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e na Bahia os times de maior massa, maior número de torcedores atualmente falando, levaram a melhor e conquistaram os títulos regionais.

Como abordei na coluna passada, os favoritos acabaram vencendo na realidade. No Rio, com a vantagem mais clara possível, o Flamengo repetiu o 2 X 0 da semana passada sem maiores dificuldades. Em São Paulo, deu Corinthians também. Jogo que vou abordar mais a frente de forma mais ampla.

Em Minas, o empate bastava para o Cruzeiro, que com Fred, novamente em grande forma, venceu o Atlético, que tem em sua diretoria de base o fantástico ex-craque do futebol brasileiro Reinaldo. Talvez no futuro vocês já vejam pintar jogadores mais promissores no Galo. No Sul, no meio da semana, por opção da tabela gaúcha, também apertado, o Grêmio confirmou seu favoritismo derrotando nos pênaltis o Internacional, que se empenhou como pode, mas ainda em formação não obteve sucesso.

No Nordeste, os destaques maiores eu defino como a vitória do Bahia sobre seu homônimo, Bahia de Feira de Santana, time que só conhecia de nome, nunca havia visto atuar. O Bahia de Salvador levou à Fonte Nova muito mais que o público de 46 mil anunciado. Por fim, no Recife, em outro jogo apertado, o Sport, nos pênaltis, levou vantagem em um jogo bem tumultuado e até violento e se sagrou campeão pernambucano.

Como frisei acima, o jogo entre Corinthians e São Paulo pode ter ficado bem abaixo da emoção e qualidade técnica das decisões do passado entre ambos, mas lotou completamente o estádio do Corinthians, e até os 43 minutos do 2º tempo não dava pista alguma a ninguém de quem seria o campeão paulista de 2019. Um jogo equilibrado e muito disputado. Pra mim essas foram as marcas da decisão.

O São Paulo já começou uma reformulação que vem rendendo frutos gradualmente. Fez há algum tempo uma opção por trabalhar com profissionalismo e acerto, tanto em suas categorias de base, como nos profissionais. Para isso, conta com Raí e há pouco tempo tinha Ricardo Rocha no mesmo trabalho. Aposto que é questão de tempo para o São Paulo voltar a jogar o grande futebol das últimas 3 décadas que o enalteceram mundialmente.

O Corinthians já vinha de um conjunto e um trabalho com um patrocínio muito forte e grandes êxitos, desde a época de Tite. Com a volta de Carille, voltou a subir alguns degraus e, embora sem o brilhantismo anterior, chegou ao título. A lembrança que fica dessa decisão é o esforço imenso do time do São Paulo e a experiência e maior firmeza do time do Corinthians na “hora H”. O passe precioso de Sornoza e a conclusão de malícia e categoria de Vagner Love provaram isso. Um título merecido para o Corinthians.

Abro exceção, ao final deste espaço, para um parabéns especial ao Fortaleza, também do Nordeste do Brasil, que quebrou a tradição desse ano do título para as maiores torcidas regionais. Merecidíssimo, pois conquistou a série B do Campeonato Brasileiro há 6 meses e permanece sob o comando do ex-goleiro Rogério Ceni numa balada firme, mantendo conjunto e direção em harmonia.

É isso aí, minha gente! Vamos agora ao Campeonato Brasileiro, ainda acompanhado de campeonatos ilustres como a Libertadores e a Copa do Brasil, mas que só servem, quando todos são disputados ao mesmo tempo, para esvaziar, diminuir a importância, a qualidade e, ao meu ver, para dar prejuízo financeiro, ao contrário do que imaginam os dirigentes no futebol brasileiro.

domingo, 14 de abril de 2019

SALVEM O MARACANÃ! E SE DER TEMPO SALVEM O VASCO DA GAMA


Mais um domingo de finais nos campeonatos estaduais Brasil afora e mais esculhambação na final do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Semana passada, em mais uma agressão ao torcedor, o atual Governador do Estado, Wilson Witzel, decidiu colaborar com a incompetência, falta de profissionalismo e de respeito com o torcedor dessa cidade. O Maracanã é do povo do Brasil, do Rio e do mundo. Jamais pode ser administrado, ou exclusivo, de Flamengo e Fluminense.

Não li uma crítica na imprensa especializada esportiva sobre isso. Parecem estar todos anestesiados com tudo de errado que acontece no esporte e no Brasil em geral. O Maracanã é um patrimônio do Madureira, do Flamengo, do Palmeiras, do Real Madrid... de todo clube. Todo jogador de futebol sonha um dia em jogar no Maracanã. Ou sonhava. De tanto “emagrecê-lo”, ele perdeu um gigantismo mágico que só quem o frequentava sentia por dentro. Já falei em várias crônicas sobre as soluções para o estádio, que é o seu regresso para próximo aos padrões originais e ser absorvido administrativamente, por prefeitura, estado e governo federal.

Hoje, o Vasco tomou outra decisão “genial”. No primeiro jogo da final contra o Flamengo, o time que tem um estádio próprio, mas que este sim não atende as necessidades da maioria dos jogos, resolveu pensar pequeno e levar o jogo com o rival Flamengo para o Estádio Nilton Santos, utilizado por enquanto pelo Botafogo. Alguém sabe a razão? Seja ela qual for, sua diretoria já se apequenou. Já se encolheu e já passou para os seus jogadores o complexo e o medo que sentem ao jogar com o Flamengo.

E hoje o medo e a apatia eram visíveis nos jogadores do Vasco. Um time além de mal escalado e mal dirigido, de cara, com uma defesa fraquíssima, estática e que só não toma mais gols porque seu goleiro faz o possível, enfrenta um time que tem jogadores de frente rápidos e bem entrosados. Mesmo que tivesse um bom meio campo e um ataque forte, já teria um desequilíbrio que o tornaria vulnerável competitivamente. Foi o que vimos hoje nesse primeiro jogo da final.

Sem necessidade alguma de citar nomes, sistemas ou esquemas, o torcedor do Vasco viu seu time perdido em campo, correndo atrás do Flamengo, levando mais de 30 minutos muitas vezes para chegar ao gol adversário, revelando pixotadas e falhas grosseiras individuais de seus jogadores diante de um Flamengo bem arrumado, leve, envolvente e com alegria e prazer de jogar. Primeiro por perceber as deficiências do time do Vasco, a indolência e derrota nos olhos dos jogadores, e a barreira psicológica que mais uma vez ergueu o paredão do trauma que o time Vascaíno enfrenta quando atua contra o Flamengo. Resumindo: virou freguês já faz um bom tempo. E domingo que vem, provavelmente, pois em futebol não existe conta certa, vai fazer sua torcida sofrer mais um pouco ao verem o Clube de Regatas do Flamengo erguer mais uma taça de campeão estadual. Será? Ao menos é o que tudo indica.

Boa semana para todos!

domingo, 7 de abril de 2019

FINAIS DOS ESTADUAIS, FLA X FLU E O OCASO DO TRICOLOR CARIOCA


Chegando ao final os campeonatos regionais e com eles a tentativa de sair da nostalgia desses antigos torneios que eram mais organizados, emocionantes e lotavam cada metro quadrado dos estádios.

Começando por Minas, deu o trivial mineiro de sempre: Cruzeiro X Atlético. Os dois clubes seguem jogando um bom futebol, mesmo longe daquele que praticavam. Mas são disparados os melhores do Estado de Minas e, mais uma vez, a aposta é no Cruzeiro, por uma série de fatores financeiros, estruturais e futebolísticos, como um elenco mais bem equilibrado e com Fred, em razoável estado físico, voltando a decidir com a categoria de sempre. No Sul, o também de sempre Grêmio X Inter. Não faço ideia sobre em que clube recai a aposta. O Grêmio, apesar de um pouco melhor, vem caindo nitidamente de produção. E o Inter leva a rixa com o rival como incentivo maior na final.

Em São Paulo, o tricolor paulista acabou de desclassificar o Palmeiras, nos pênaltis. O jogo foi igual e o São Paulo passou para enfrentar Santos ou Corinthians na final. Destaque para os goleiros. O do São Paulo, pegou 2 pênaltis e, apesar de ter desperdiçado uma cobrança que bateu, ajudou a levar seu clube à final. Do outro lado, Fernando Prass, também pegou uma cobrança. Muitos clubes, como um Fluminense do RJ, por exemplo, não dão bola, para o experiente e excepcional goleiro do Palmeiras, que tive o prazer de indicar a um candidato à presidência do Fluminense em 2004, devido ao seu valor de mercado ser, provavelmente, baixo por conta da sua idade.

No Maracanã, desgastaram Fla X Flu’s até não poder mais. O jogo da semifinal foi o quarto em três meses. Sem comentários. O Fla passou num empate em cima de um erro do goleiro tricolor Rodolfo e fará a final com o Vasco, que acabou de derrotar o Bangu por 2 X 1, no Maracanã. Aproveitando a deixa anterior do goleiro tricolor, e, como comentei na manchete, o ocaso do clube das Laranjeiras, começo não responsabilizando Rodolfo pela queda do clube ao final da semifinal. Antes o problema do Fluminense fosse só goleiro. Mas a máxima se aplica de que todo grande time começa por um grande goleiro. E o goleiro tricolor não tem boa técnica. Se posicionou mal no chute de Gabriel e foi errado na bola, naturalmente.

Mas, como disse antes, os problemas são outros e muito mais graves. O clube tem um grupo de diretores-empresários que atua há muitos anos por trás dos panos sem a competência, por exemplo, de enxergar como seria extremamente útil um Fernando Prass para o Fluminense. Mas eles não pensam nisso. A ideia reinante é uma proteção que começou com um grupo de sócios de nome ‘Flusócio’, ligados a esses diretores-empresários que citei, que tomou o futebol do Fluminense das divisões de base e do profissional definitivamente para si no início da administração anterior. Antes suas ações eram esporádicas. Mas, influenciavam. Várias revelações foram infladas muito acima do talento que possuíam com objetivo claramente comercial. Jamais técnico, jamais coletivo, jamais profissional. O Fluminense Futebol Clube, de quase 117 anos de existência, é hoje uma quitanda, uma feira-livre de venda de jogadores. Mais que muitos clubes que têm sistema parecido.

Diretores-empresários, oriundos de áreas estranhas ao esporte, ao futebol, sem experiência, sem vivência, sem contato com o mundo da bola. Valem-se de suas espúrias ligações que chegam à CBF e a empresários estrangeiros e a complacência e cumplicidade de simples sócios ou outros empresários e torcedores que desconhecem, por má fé ou inocência, que são nocivos ao clube e o estão destruindo. Ao contrário do que pensam, não é a figura fantoche desse grupo, o presidente do clube, que é o único responsável pelo estado em que se encontra o punhado de jogadores que formam a tentativa de time de qualidade e competição que sempre foi a tradição do Fluminense em toda sua história.

Uma boa semana a todos!