domingo, 26 de junho de 2016

A FINAL DA COPA AMÉRICA E A "COPA DO MUNDO" EUROPEIA













Vou começar pela tal “Copa do Mundo Europeia”, na verdade a Eurocopa. Trato-a assim devido a importância fora do normal que os europeus dão a essa Copa. Diante de uma competição como a Copa do Mundo, mais difícil, famosa e mundial, é interessante que os europeus deem destaque nitidamente mais forte a essa competição.

Nos últimos dias, para muitos foi surpreendente a derrota da Espanha para a Croácia. A Croácia joga um futebol, apesar de já desclassificada, malicioso. Podem não estar no seu melhor, mas sabem jogar. Quem não lembra dos tempos de Suker, Prosinecki e outros? E eu disse aqui que a Espanha estava se rearmando e ainda padece de dificuldades para definir um certo excesso de troca de passes.

Tivemos mais uma vez a França dando mostras de evidente progresso, com Payet, Pogba e Griezmann, jogando um excelente futebol, trazendo otimismo ao torcedor francês na Eurocopa e mais adiante. Tivemos também uma boa dose de emoção, do próprio jogo que citei da Croácia, onde Portugal obteve a classificação de forma dramática, embora creia que Portugal é franco atirador na Eurocopa.

E hoje, a Alemanha passando com facilidade pela fraca e inocente Eslováquia, mesmo sem ter feito uma boa partida. E o mais preocupante, evidenciando deficiências técnicas em suas novas apostas. Completando o dia, a Bélgica eliminou sem dificuldade a Hungria, que esperamos um dia voltar a ser a Hungria de 54.

Sobre a Copa América, vejo com justiça a chegada do Chile e da Argentina à final. O Chile, na semifinal, não deu chances à Colômbia. Jogando um futebol mais competitivo e objetivo, numa partida, vale registrar, longamente interrompida devido ao temporal que se abateu sob Chicago. Com a calmaria do tempo foi possível jogar a 2ª etapa contando também com a belíssima organização do torneio que, com simplicidade e competência, trabalhou com inteligência para que o campo de jogo reunisse as mínimas condições possíveis.

Embora fosse mais apropriado falar de Estados Unidos e Colômbia, na disputa do 3º lugar, por ter sido um jogo monótono faço a opção por Argentina e Estados Unidos, o jogo anterior. Deixo só minha homenagem ao goleiro Tim Howard. Apesar de não ter sido exigido como na Copa de 2014, Howard mais uma vez mostrou grande senso de goleiro. Ele sabe como ninguém unir a experiência, a antevisão, a concentração e a garra na receita de um grande goleiro.

Com relação à Argentina e Estados Unidos, dois acontecimentos me chamaram a atenção nesta partida em que a vitória da Argentina, assim como aconteceu, era mais esperada. A não correspondência de algumas novidades de Klinsmann, e isso é preocupante, pois os Estados Unidos não tem a mesma facilidade de reposição e de achar novas promessas, digamos assim. Klinsmann terá de correr o país de ponta a ponta e contar com uma boa ajuda da sorte para descobrir as peças adequadas.

O outro aspecto é o gol de Messi. O grau de dificuldade que escolhe na cobrança de falta foi fantástico. É um tipo de cobrança onde posição e distância pedem um outro tipo de opção de chute. O farto repertório e a grande qualidade técnica do craque argentino propiciaram uma cobrança de falta com um desfecho raramente visto na trajetória da bola.

Antes da final, vencida pelo Chile nos pênaltis, vale frisar o ótimo nível de arbitragem do torneio. Salvo o brasileiro Heber Roberto Lopes, que apesar da experiência, prejudicou tanto Chile, como Argentina, vítima do péssimo hábito dos árbitros brasileiros que interpretam as regras preocupando-se em aparecer mais no jogo do que elas, não observando detalhes claros e muitas vezes partindo de pré-julgamentos, como fez claramente no jogo de hoje. O ego dos juízes brasileiros, e até de alguns sul americanos, ainda os domina de forma primitiva.

Mas, o Chile é o Campeão da Copa América do Centenário. Mais uma vez a Argentina de Messi é derrubada no momento final. Em três ocasiões seguidas e nas três atuando melhor que o adversário durante o jogo e na prorrogação. Assim foi contra a Alemanha, contra o Chile ano passado e agora há pouco. Apesar, desta vez, a superioridade ter sido um pouco menor que a das vezes anteriores.

Talvez a Argentina esteja diante de uma barreira emocional criada desde o início da era Messi, que começou em Copas anteriores, mesmo não tendo sido finalista. Isso quer dizer que Messi não é aquele jogador que pensamos ser? Não. Eu compartilho da opinião de Maradona: Messi tem algum problema de personalidade.

Mesmo sendo uma disputa de pênaltis, Messi, até aquele momento, além de jogar bem, parecia sobrar fisicamente. Mas reparem que o modo de bater o pênalti foi diferente da falta que me referi acima, contra os Estados Unidos. Parecia querer se livrar daquela bola. Parecia que aquele momento não trazia alegria, pesava toneladas em suas costas. E, colaborando com seu erro, o treinador argentino Tata Martino errou ao substituir seis por meia dúzia, trocando Higuain por Aguero, tirando Di Maria e Banega e escalando na cobrança dos pênaltis o fraco e não menos tenso Biglia. Era sua obrigação pensar mais adiante, como foi o caso com o desfecho nos pênaltis, coisa que não fez.

De todo modo, isso não tira o brilhantismo da atuação chilena, não tira de seu goleiro Bravo, que faz jus ao seu nome, e não fere a imagem que o Chile tem passado nos últimos anos dentro de campo: uma equipe brava, super ofensiva e marcando como nunca. Com certeza é a equipe chilena mais competitiva e letal que já vi jogar. Amadurecida, objetiva e determinada. Com jogadores de boa a ótima qualidade técnica, apesar de não ter nenhuma grande estrela.

Parabéns ao Chile, a Argentina, que está no mesmo nível ou até acima, e a todos nós, que em minha opinião, acabamos de ver em campo as duas maiores seleções do mundo na atualidade.

Uma boa semana a todos!

domingo, 19 de junho de 2016

MISTURANDO EUROCOPA E COPA AMÉRICA











Vamos misturar um pouco a Eurocopa 2016 com a Copa América Especial, sendo jogada nos Estados Unidos. Lamento nada comentar sobre o Brasileiro 2016. O mau futebol, sem comando, refletido nas arquibancadas com público aquém do comum já é suficiente para explicar o fracasso desta competição. Mesmo em seu início.

Antes de falar da Eurocopa, uma passagem pela Copa América, se definindo entre Chile, Estados Unidos, Colômbia e Argentina. Não pelo jogo de ontem, Argentina 4 X 1 Venezuela, mas pelo futebol que vem jogando a bicampeã mundial e passando por uma renovação necessária e ao meu ver adequada, a Argentina é minha favorita ao título. Sua renovação está sendo feita de forma correta ao melhorarem o poder de marcação da equipe e na melhor forma técnica de Higuain, com a maior participação de Messi, não esquecendo que Di Maria, peça chave e grande jogador, está praticamente fora do campeonato.

A surpresa, negativa pra uns e positiva pra outros, foi o 7 X 0 do Chile sobre o México. Jogando algum tempo com forte poder ofensivo e com a equipe bem entrosada, o Chile já é dor de cabeça para qualquer seleção do mundo. Com 4 jogadores jogando avançados, sendo dois deles, Sanchez e Vargas, de boa qualidade técnica, e uma movimentação intensa e um poder de fogo muito grande, está mais difícil atacar o Chile do que contê-lo. Ontem não foi diferente. Seu ataque, apoiado por um meio ofensivo, praticamente voava em campo, não deixando a seleção mexicana respirar.

Mas, o 7 a 0, quem poderia imaginar? Não se enganem. Não era só um grande dia do Chile e um negro do México. Algo ali não parecia se ajustar no time mexicano. As pernas de seus jogadores pareciam pesar toneladas. Não ganhavam uma bola dividida e raramente ameaçavam o gol chileno. Embora o México não esteja em seus melhores momentos no futebol, não tem seleção e modelo para ser derrotado daquela forma. Algo de estranho parece ter acontecido entre seu treinador, o colombiano Osório, e os jogadores. A aparente absorção do resultado já me pareceu incomum. Embora esta reação hoje esteja se tornando normal no futebol.

Pulando para a Eurocopa, o que me impressiona nesse torneio é a forma como as equipes e países se dedicam e se rivalizam. É inexistente o fair play e comum e cada vez mais agressivas as manifestações de violência dos torcedores, antes e depois dos jogos, tornando uma festa em uma praça de guerra. Várias razões contribuem pra isso. O choque cultural entre esses países é muito grande. Creio até que maior que a rivalidade que você vê nas quatro linhas.

Em todo caso, vale comentar aqui alguns detalhes importantes. Destaco uma nova França, crescendo a cada momento e mostrando um futebol objetivo, competitivo e com extrema qualidade, com jogadores como Pogba e Payet. Jogam muito estes dois. Bale, do País de Gales, já havia citado aqui antes. Precisão cirúrgica na perna esquerda, habilidade e inteligência. Destaca-se de longe no País de Gales.

A Alemanha já não é a mesma, o que era de se esperar. Seu limite foi a Copa do Mundo 2014. E embora a equipe não tenha caído tanto de produção, o time de Joachim Löw, não vê mais seu jogo fluir com desenvoltura e finalização eficiente. Vale destacar também que a Espanha voltou a melhorar, embora ainda exagere no excesso de toques curtos e um pouco na falta de objetividade da jogada final.

A Itália também vem renovada, apresentando o mesmo estilo de sempre. Em tantos anos de futebol, nunca vi a Itália fugir de seu padrão tradicional de jogo. A Inglaterra mantém sua luta e sua forte marcação que se igualam praticamente a seleções como Albânia, Rússia e República Tcheca, que se não chegam a encantar ou assustar tanto, merecem a máxima atenção pela dedicação total, força de jogo e garra até o apito final.

Nota: volto a frisar para que os torcedores europeus maneirem na adrenalina. Seus excessos estão estragando momentos de prazer, festa e alegria de uma maioria significativa que quer se divertir e curtir um bom campeonato e um bom jogo de futebol, além de interagir com seus vizinhos.

Sigamos em frente!

quarta-feira, 15 de junho de 2016

A ERA TITE COMEÇOU, BRASIL
















Finalmente, depois de várias citações que fiz em crônicas anteriores, aí está: Tite na seleção brasileira. Antes de desenvolver meu raciocínio, acredito que há de haver uma melhora, sim. Mas não me impressiono com ela e temo que mais tarde os defeitos que não foram revistos venham bater a nossa porta num momento mais agudo do nosso futebol.

Tite me faz lembrar um mini debate que tive com um treinador que trabalhou como auxiliar do técnico Abel, no Fluminense, no ano de 2005. Na ocasião discutimos sobre Tite X Joel Santana. Eu fiquei com Joel. Sustentei que o polêmico boleiro carioca, 3 anos mais tarde convocado para dirigir a seleção da África do Sul, na qual fez um trabalho muito superior ao de Parreira, que depois o substituiu, era sim melhor que Tite, que já despontava como surpresa.

O auxiliar, na ocasião, fez um beicinho e com um ar de superioridade se mostrou surpreso com minha escolha, como se tivesse dito algo absurdo. Lembro que além de não glorificar Joel, disse apenas que o achava melhor que Tite. E hoje, 11 anos depois, ainda acho.  Em que pese Tite estar por cima e Joel, nem sei onde se encontra.

Tive oportunidade de acompanhar o trabalho de Tite no Corinthians e no Grêmio. Treinador de retórica forte, comando bem exercido e a habitual marcação e movimentação que Marcelo Oliveira, Levir Culpi e outros que estão aqui no Brasil exercem em seus clubes. Nada de sobrenatural.

Não existe no Brasil nenhum técnico dos chamados de ponta. Ao nível dele existem os iguais ou superiores como Muricy (afastado por motivos de saúde), Marcelo, Cuca, que considero melhor que ele, Levir Culpi, entre outros.

Aviso a quem vê Tite como salvador da pátria: desça do cavalo. Você está enganado, amigo. Mesmo que fosse fantástico como treinador, Tite não seria solução para o futebol brasileiro. Aliás, apesar do assunto ser Tite, a seleção nos obriga a estender-me sobre outros detalhes. Permanece o Presidente, Marco Polo Del Nero? Permanecem os profissionais das categorias de base? Permanecem os atuais diretores da CBF? E a intenção, como li, que Tite pretende levar Edu como coordenador? 

Desse modo, estamos mudando o sofá de lugar. Sem mexer na estrutura do futebol brasileiro, na mentalidade do futebol que se joga aqui, na influência criminosa e nociva que os empresários exercem sobre os clubes e a participação que estes exercem no cenário nacional, é trocar seis por meia dúzia. Perda de tempo. Creio que poderiam ser os treinadores que mais gostei de ver trabalhar, como Didi, Zizinho, Zagallo, Danilo Alvim, Tim, Telê, entre outros. 

O caminho não está na área técnica. O caminho, já cansei de apontar aqui, está na volta dos nossos padrões técnicos e nossas virtudes e raízes que perfeitamente podem se adequar ao que chamam de “futebol moderno”, que na verdade não existe. Existe sim futebol bem jogado, bem distribuído e equilibrado, com bons jogadores, bons dirigentes e bom comandante. Este sim é o caminho.

Na primeira viagem ao exterior, você, torcedor, já iria perceber a mudança. Um novo Presidente de uma nova CBF seria aceito e reconhecido no país que o Brasil fosse se apresentar. E voltaria para casa. Sem ser preso.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

ESPECIAL: MAIS UM VEXAME, BRASIL


















Boa parte de nosso povo que parece já estar perdendo a vergonha na cara, me refiro antes de mais nada ao quadro político, onde somos governados por um Presidente comprovadamente corrupto, ilegal e ilegítimo, e muitos parecem se incomodar menos do que deveriam, como se pobres ou ricos não fossem pagar a conta do estrago que virá, igual ou pior acontece no futebol.

Mais uma vez viajando sem seu representante máximo por risco de prisão fora do país, o que poderia acontecer também com o Presidente em exercício e muitos de seus Ministros, novamente o Brasil perdeu para si mesmo e acabou vergonhosamente desclassificado da Copa América, nos Estados Unidos.

Já debati exaustivamente a solução aqui, que passa por uma total revolução no futebol, em todos os seus quadros, incluindo a mudança da própria “Lei Pelé”. Para os que não sabem, Neymar, que hoje é a estrela máxima da seleção, não fora convocado porque o Barcelona impôs a ele e a CBF: ou Copa América ou Olimpíadas. Já se tem uma ideia da representatividade e tipo de comando que nós temos na seleção. Caso fosse eu o técnico, ou me demitiriam, porque me recusaria a convocar Neymar para uma das competições caso ele não aceitasse as duas, ou Neymar teria de vir e dar o seu melhor.

Uma seleção mal dirigida, desde o cargo mais nobre, até as quatro linhas. Sem decência e moral no comando da entidade. Sem qualidade técnica, planejamento e conhecimento em todas as categorias de base. E sem a qualidade necessária no comando técnico representado por Dunga e seus auxiliares. Em uma seleção dirigida por Dunga, você pode esperar luta, roubadas de bola e mais nada.

E foi o que se viu ontem. A seleção teve maior domínio do jogo, territorialmente falando, com maior número de roubadas de bola, mas sem objetividade ofensiva, além de criação ofensiva. A velha história que venho frisando: cada um só pode ficar 3, 4 segundos com a bola. Quando muito. Cruzamentos precipitados, mal feitos, escalação deficiente, como a manutenção de Daniel Alves, que pela ausência de um homem de área e pela idade e categoria, deveria estar jogando ao lado de Elias no meio há muito tempo, e várias finalizações à distância que sequer foram treinadas e utilizadas no momento adequado.

Se o golpe fatal que nos tirou a vaga foi irregular, paciência. 5 minutos depois, Elias teve um lance tão fácil quanto aquele para recolocar o Brasil na competição e sem embrulhou nas próprias pernas, mostrando que o nosso problema está longe de ser modernidade, velocidade e inovações táticas. E sim qualidade, técnica, volta às raízes e respeito ao Brasil e à camisa amarela. Tanto por parte dos jogadores, que não parecem se incomodar com derrotas e desclassificações vexaminosas, como por dirigentes inescrupulosos, incompetentes e indignos, que nada tem a ver com o Brasil e com a história do futebol brasileiro.

Vida que segue!

domingo, 12 de junho de 2016

FORÇA X TÉCNICA


















Se você escolheu um dos dois lados, não os agregando, já sai perdendo, meu amigo. Um não sobrevive sem o outro. Mas, o momento é insólito. Os times que jogam o futebol força são a maioria esmagadora, pela falta de opção técnica. E estão vencendo. Na correria, na força bruta, de qualquer jeito.

Somente em raros casos, na hora daquele velho ditado “da onça beber água”, é que o time mais técnico sai vitorioso. Se eu estivesse errado, as duas últimas Copas do Mundo, somando quase 10 anos de futebol seguidos, não teriam sido ganhas por Espanha e Alemanha. Ambas jogando um futebol de toque de bola e a maior técnica possível. Se essas duas escolas tivessem mais técnica em suas raízes, teriam vencido as Copas de 2010 e 2014 com maior facilidade.

O jogo contra o Brasil não serve de parâmetro. A história há de contar ainda o que ocorreu naquele dia e os responsáveis dentro e fora de campo por tudo que aconteceu. Eu tenho certeza disso. Tenho certeza que aquele jogo não foi um puro e simples desastre de uma partida de futebol. De qualquer forma, estão aí as equipes do Barcelona, do Real Madrid, a seleção da Colômbia e da Argentina e, em raros momentos, a própria seleção brasileira, que quando joga um futebol predominantemente técnico, sai vitoriosa.

Isso não justifica ler comentários como os que vi essa semana de torcedores dizendo a mesma cantilena doentia que até nomes expressivos do futebol reproduzem: que o futebol do passado não conseguiria jogar hoje em dia. Só se ele não quisesse, por vergonha do que vê. Jogaria e massacraria os que estão em campo hoje em dia. Ler frases como “o campo hoje se reduziu 1000 metros quadrados”... Deus nos livre!

A própria tecnologia mostra como em 90% de uma partida o campo é mal ocupado. Não há distribuição correta dos jogadores e isso explica porque em alguns jogos parecem ter mais jogadores em campo e em outros menos. Não há como debater com quem pensa que a velocidade e a força física detêm a técnica e a qualidade. Até porque, como disse antes, elas podem e devem se encaixar. Mas dificilmente logram êxito em separado. Ou seja, se você for fazer puro espetáculo e acrobacias etc e tal, corre o risco de ser derrotado, tanto hoje, como há 50 anos. A mesma coisa ocorre quando sai correndo, atropelando os jogadores e tentando decidir tudo de qualquer maneira, na força física e na velocidade.

Cabe o registro dos maiores gênios do futebol mundial que se encontraram essa semana: Pelé e Maradona. Vazou o áudio de uma pergunta de Pelé a Maradona. Pelé perguntou ao argentino, que treinou e conviveu com Messi: - Como é Messi? O que há com Messi? Sem titubear, o craque argentino disse de imediato: - Falta personalidade a ele. Essa visão de Maradona e a pergunta de Pelé são atuais hoje e daqui a 100 anos. Pois Messi parece mostrar justamente algum problema do tipo. E não adianta dizer que ele é lento. Longe de ser lento. Ele combina as duas valências que citei acima. Mas carrega, sim, aparentemente, o problema citado por Maradona. Vide seus jogos pelo Barcelona e pela seleção.

O futebol força, que teve seu ápice nos anos 60, já deixou de ser modelo há muito tempo. Tem predominado novamente nos times, pelo que disse acima, pela falta de opções. E mais uma vez, jamais vou me cansar disso, acuso os superpoderes dos empresários do mundo da bola. Eles não estragaram o futebol só dentro de campo ao forçarem a entrada de jogadores sem a menor qualificação técnica. Eles intercederam tragicamente nos clubes também, em suas gestões e escolhas de profissionais ao influírem no comando. Os descobridores de talento no futebol brasileiro e mundial raramente entendem de futebol, logo, não têm condições de escolher e separar os melhores e os futuros craques e aspirantes a craques.

Sempre penso na quantidade de jogadores que são dispensados nos clubes por esses oportunistas talhados para profissões totalmente distintas do futebol. Aí eu incluo também os treinadores. Quando não são escolhidos pelos próprios dirigentes, desqualificados para isso, o são pelos empresários. Aquele “show” que você vê na área técnica e a hipervalorização de alguns técnicos no mundo são fantasiosos. Já disse que poucos ouvem dentro do gramado os estardalhaços do treinador. E mesmo que ouvissem, pouco ou nenhum resultado trariam para suas equipes. O objetivo deles, treinadores, na maioria das vezes, são as câmeras, o foco, as luzes. Normalmente quem menos aparece, mais trabalha. Até porque, sabe que dado o pontapé inicial, ele está praticamente por conta dos 11 que escalou.

Então não percam tempo com discussões improdutivas sobre de que forma você deve jogar. Em cada arrancada de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, há força, potência, resistência, mas, principalmente, técnica, muita técnica. Já, em cada arrancada de Hulk, Benzema e até um David Luiz vindo de trás, você tem todos os ingredientes da força, mas a maioria das vezes não obtém sucesso no final da jogada justo porque lhes falta algo mais. E o algo mais se chama técnica.

Messi ainda é o maior jogador do mundo na atualidade. Seguido por Di Maria, Cristiano Ronaldo, Iniesta e o próprio Neymar. Salvo Cristiano Ronaldo, todos com menos de 1,80m e sem músculos avantajados. E são nestes onde os grandes clubes investem milhões e ainda conseguem montar times de grande qualidade técnica, coletivamente falando.

Os empresários que atuam no Brasil são tão fracos e incapacitados, que a prova disso é que até os agentes de outros países não procuram no Brasil super-heróis do estilo Hulk e seus similares, como normalmente o fazem aqui.

domingo, 5 de junho de 2016

UMA COPA AMÉRICA DIFERENTE
















Sem a presença de nossos representantes máximos, como Marco Polo Del Nero, pois se viajasse com a delegação para os Estados Unidos para o torneio seria preso e não voltaria mais ao Brasil, teve início dia 03 de junho uma Copa América diferente daquelas que o torcedor está acostumado. Refiro-me as tradicionais sul-americanas que tem um caráter aguerrido e de muito maior rivalidade. Menos festa, menos marketing e mais competitividade.

Mesmo sendo jogada nos Estados Unidos, onde já comentei que vem sendo feito um grande esforço para que o futebol, o “Soccer” deles, se consolide definitivamente, e os imigrantes dos países envolvidos prestigiem, os estádios não espelham ainda um interesse que a justifique. No caso dessa Copa América, especial por comemorar os 100 anos de sua existência, com a presença de seleções que habitualmente não participam dela, não existe segredo. Sem espetáculo, sem qualidade, você não reúne a massa. Você não atrai o interesse necessário. Fica restrito aos nomes como Brasil, Estados Unidos (este por ser o anfitrião), Uruguai, Argentina, Chile e México.

É impossível esconder do público mais inocente e cru esta realidade, onde se apresentam no gramado a baixíssima técnica e as pouquíssimas atrações. Vocês estão vendo. Isso somado ainda a uma inaptidão e resistência norte-americana ao esporte, que ainda existe em alto grau, redunda no que você tem visto na TV ou no local. Agora mesmo estou assistindo, com 42 minutos do 1º tempo, a Venezuela vencendo a Jamaica por 1 a 0, em um jogo paupérrimo, calcado pela força física como tônica. Equipes primárias, inocentes e atuando de forma mecânica, não empolgam. Em determinados momentos acontecem lances violentos por puro amadorismo, excesso de entrega e força física.

Sobre as demais seleções, como o Brasil, nenhuma novidade. A seleção comandada por Dunga segue burocrática e fiel ao posicionamento e desempenho de jogadores, como numa partida de futebol pebolim. Cada um no seu espaço, cumprindo sua função determinada, dentro da filosofia excessivamente pragmática de trabalho. Longe, muito longe, mesmo sem estrelas consagradas, do toque criativo e da jogada individual e mágica que caracterizavam o verdadeiro futebol brasileiro.

Jogadores como Renato Augusto, Philippe Coutinho e Willian, que considero de boa qualidade, exibem clara cerimônia ao atuarem. Jogam como se o mundo inteiro estivesse os avaliando naquele momento. Tenho absoluta certeza que com maior liberdade e diante da mesma marcação que sofrem e não superam, em condições informais, apresentariam um rendimento bem superior ao que vocês veem. Mesmo outros, de nível mais baixo, como Elias e Casemiro, por exemplo, se sairiam melhor.

Acabam sendo mal utilizados jogadores como Lucas Moura e Lucas Lima, que ao meu ver só não são titulares porque Dunga é preso ao próprio sistema criado em sua mente e não abre mão dele. O resultado foi o que vocês viram e que nenhum cronista esportivo deveria procurar justificar com muitas palavras e argumentos. Não existe argumento para o erro e a persistência nele. E o futebol brasileiro está sendo jogado errado, administrado de forma errada e planejado de forma pior ainda. Isso para não falar de quem o comanda.

Eu não sei aonde pensam que vão chegar. A proposta seria um nivelamento por baixo, mundialmente falando? Nesse caso teriam de combinar com outras seleções, que ao invés de insistirem no erro, procuram acertar e vem melhorando pouco a pouco no cenário internacional.

No aspecto nacional, em termos de Campeonato Brasileiro, a coisa não é muito diferente. O estádio só enche um pouquinho mais quando se levam jogos entre times tradicionais, que eram fortes no passado, para cidades onde eles ainda são atração. Onde a camisa deles ainda atrai parte do público e o estimula a comprar o ingresso. Porque a realidade é que este futebol brasileiro agoniza.


Uma boa semana!