domingo, 28 de maio de 2017

FUTEBOL: A TRANSAÇÃO MILIONÁRIA DO FLA E A GRAMA SINTÉTICA


Começo a crônica pela venda relâmpago da jovem promessa rubro-negra, Vinicius Junior. Confesso que me pegaram de surpresa. Até alguns dias atrás não havia observado o talento desse garoto de apenas 16 anos e alguma notícia sobre a ideia do Flamengo de negociá-lo. Já me pronunciei sobre essas transações. Por mais rentáveis e vantajosas financeiramente que sejam, tenho minhas dúvidas que resolvam o problema crônico da falta de administração transparente, da renovação e da qualidade do futebol brasileiro. O tempo dirá.

Do pouco que vi, em termos técnicos, e físicos também, tive uma ótima impressão. E também me parece que o menino tem a cabeça no lugar. De qualquer forma, mesmo parecendo contra a lei e liberdade de patrimônio, defendo que uma promessa só saia de um país após estourar sua idade como amador. Ou seja, após 20 anos. O que, mesmo assim, é muito cedo. Mas, diante das regras de mercado internacionais e nacionais, esse objetivo, que a meu ver seria bom para o jogador e para o nosso futebol, em qualquer aspecto, hoje não passa de uma fantasia. Então, pelo menos que o deixem amadurecer e sentir o gosto do futebol brasileiro. Do contrário, não reclamem que haverá total dispersão de sua parte ou falta de identidade numa provável convocação futura para a seleção de seu país. Quanto ao comprador, Real Madrid, deve ter lá seu plano B caso a promessa não vingue e seja uma decepção, o que é uma possibilidade.

Uma pena! Pois bastou das os primeiros passos e a criança já vai embora andar longe de seus gramados e do estilo de futebol do seu país. Por falar em gramados tivemos o uso de um sintético hoje como palco de Atlético Paranaense 1 X Flamengo. Mais uma ideia infeliz. Mais uma cartada vira-lata de quem quer copiar o modelo dos outros. E pior, do “soccer” do futebol americano, sem nenhuma tradição maior nesse esporte. Pra quem não conhece, o jogo em gramado artificial, devido a sua composição, como o nome já diz, é bem diferente. O jogador trava, a bola trava. O passe curto e até o longo perdem força devido ao atrito que o piso provoca. O quique e o som da bola são diferentes e menos intensos do que num gramado comum. Isso sem falar em lesões mais frequentes e na adaptação necessária, uma vez que o predomínio se dá em campos de grama natural. Pra citar como exemplo, procure reparar, se puder, o gol de empate do Atlético na cabeçada de Thiago Heleno. Com a força do cabeceio ela teria chegado ao goleiro Muralha, após ter batido no chão, mais alta e mais forte. Chegou mais baixa e goleiro é que, falhando na interceptação, a espalmou para o alto.

Resumindo: inventar, no futebol, como diriam os antigos, ainda não é a melhor ideia. 

segunda-feira, 22 de maio de 2017

OS LIMITES FÍSICOS DO JOGADOR DE FUTEBOL


Meus caros, creio ser importante abordar este assunto, principalmente no momento em que vários acontecimentos, como resultados de partida, alguns mesmo atípicos, levantam esta questão.

O futebol força não é novidade. A Copa do Mundo de 1966 jogada na Inglaterra está aí para comprovar. Foi inclusive batizada de “A Copa do Futebol força”. A de 1974, na Alemanha, um pouco mais light, mas também com alguma predominância física. O fato é que devido à ausência de qualidade no mundo inteiro, não só no Brasil, e a evolução dos métodos de preparação física a cada dia, nos deparamos com situações oriundas exclusivamente desta ciência que está deixando de ser complemento para virar solução.

É claro que é um complemento fundamental. Sem necessidade de comparar épocas, até porquê recordes olímpicos e uma variedade de modalidades esportivas já colocaram em questão essa comparação equivocada. Na Europa, por exemplo, os clubes de ponta têm ciência de suas limitações técnicas. O número de craques da bola reduziu-se drasticamente. E embora a maioria dos clubes não cometa o erro de excesso de intensidade do futebol brasileiro (pois priorizam o toque de bola e a velocidade racional), a força física ganhou mais espaço ainda.

Não diria que os preparadores físicos e especialistas na área do exterior são melhores do que os nossos, mas com certeza estão adotando padrões bem mais racionais e sem escravização comercial. Isso permite a integridade física e o preparo adequado, mesmo havendo um certo exagero às vezes.

Aqui no Brasil, tomando algumas rodadas do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil etc, excluindo o perverso e absurdo calendário que já explanei aqui contra várias vezes, quase todos os preparadores físicos estão pegando pesado. Estão indo além da conta. Atendendo exigências iguais às que mencionei acima. Ou seja, não temos qualidade? Vamos na força. Resultado: estamos na metade do ano e está comum assistir cenas de lesões musculares por fadiga e outros acidentes ocasionados pelo excesso da dosificação.

Ontem, por exemplo, percebi isso em vários momentos. O meia do Sport ainda no primeiro tempo no jogo contra o Cruzeiro, que não me recordo o nome agora, pediu substituição com dores na parte posterior da coxa direita. No jogo do Fluminense, que alcançou um belo resultado calcado na força e num esforço muito grande, a séria lesão de Sornoza ficou evidente pela falta de coordenação que ele teve no lance que não fora devido ao gramado e sim à exaustão.

Vi outras lesões que vocês devem ter visto também por fadiga e exaustão. Os jogadores têm deixado o campo no limite. Maicosuel, do Atlético MG, mais parece um robô com a provável carga física que lhe foi aplicada. Fica evidente, basta olhar para o jogador há 5 anos e olhar hoje. Isso cobra uma conta. Estamos no meio do ano e a fadiga chegou, gente. A exaustão está aí. Quanto mais se excede um limite do corpo, mais trabalho de força empregue. Que pede um aumento da repetição, que quer mais intensidade, que precisa mais de resistência e aí... a corda arrebenta.

Atleta é ser humano. É jogador de futebol. O condicionamento físico é necessário para que ele desenvolva seus fundamentos e seu jogo, não para que ele seja atirado a uma batalha campal seguida da outra, com a carnificina dos calendários e a sequência dos jogos que se encarregarão de desgastá-lo. As consequências, no caso dos jovens, começam a médio e longo prazo. E a dos mais velhos é imediata.

Vamos ter bom senso e basear nosso esforço na procura de soluções técnicas, procurando variar o desgaste, não esquecendo que o jogo tem 90 minutos e que a temporada se estende até o início de dezembro. Estamos preparando jogadores de futebol para jogar partidas de futebol, não para outras modalidades bem mais pesadas. Bom senso! 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

ENQUANTO A BOLA ROLA NO BRASILEIRO 2017, SÓ FALTA 1 ANO PARA A COPA DA RÚSSIA



Pois é, antes de dizer qualquer coisa sobre o Campeonato que ainda considero o mais importante do Brasil, tem muita gente esquecendo que daqui até a Copa da Rússia em 2018, é um pulo. Portanto, vou entremear os dois assuntos, pois eles se completam e revelam o que há por vir. No caso da Seleção Brasileira, já classificada para a Copa do Mundo, a pergunta seria se o time encontrou a formação e o padrão ideal com Tite. Mas antes de responder, é bom pensar no tempo. Por melhor que ela esteja hoje, e não está, não vi nenhuma experiência além da América do Sul. A esta altura já era para ter feito no mínimo 5 ou 6 amistosos contra várias escolas de futebol do mundo. Não há a menor previsão do que possa vir a acontecer quando Neymar e cia. enfrentarem um outro tipo de marcação e ritmo de jogo. Enfrentarem jogadores que fazem uma marcação mais rigorosa e menos violenta. Seleções que têm um ataque que pressiona a saída de jogo, ou seja, mil maneiras diferentes irão se apresentar no caminho da Seleção Brasileira. O Brasileiro não trará muitas surpresas, pelo menos esta é a expectativa, em matéria de revelações individuais que possam preencher algumas lacunas que a seleção ainda apresenta. Pode até compor o próprio grupo num todo, mas não acredito, a ponto de solucionar problemas na equipe. Não basta treinar mais e mais. Com toda certeza, coisas inesperadas acontecerão ao enfrentarmos as escolas que citei. E não vai adiantar aquele ar de “fui surpreendido! ”. Ou imputar aos jogadores o que estaria havendo emocionalmente ou tática e tecnicamente. As desculpas não podem ser pouco criativas. Afinal de contas, já as gastaram na Copa de 2014, carimbando a maior vergonha de toda a história do Futebol Brasileiro desde o início de sua existência. Não somente pelo placar daquele dia terrível contra a Alemanha, mas por tudo que envolveu a Seleção na Competição, antes, durante e depois dela. O jogo foi só o tamanho do buraco à frente do abismo em que a Seleção se encontrava. Isso sem falar que a cada reencontro do grupo você se depara com modinhas e novidades com as quais vai ter que saber lidar. Explicitando: nem sempre encontrará os jogadores da mesma maneira, com a mesma forma técnica, física e fiel aos objetivos traçados. 

Parece que falta muito? Pois é, só parece. Daqui a pouco você estará vendo Galvão Bueno narrando a Copa de 2018, mesmo tendo ele prometido que 2014 seria a última narrada por ele. 

Tivemos a abertura do Brasileiro sem maiores novidades, a não ser a goleada do Bahia por 6 x 2 sobre o Atlético Paranaense. E outras com um placar um pouco menos elástico, como Palmeiras 4 x 0 Vasco e Ponte Preta 4 x 0 Sport, mas me surpreende mais a da Ponte Preta, que veio de uma final, e mesmo jogando em casa e tendo um time modesto, mostrou recuperação e força sobre um time até um pouco acima do seu nível. Já o Vasco, não vi surpresa. Tem um elenco muito fraco. E o Palmeiras com Cuca, junto ao Atlético MG, serão novamente candidatos ao título. Não posso deixar de citar as famigeradas rodadas de domingo pela manhã e segunda-feira. A de domingo, pura cópia, de Del Nero e sua gangue, do futebol europeu. Tradição pouco comum no Rio de Janeiro carioca acordar cedo para ir ao Maracanã num domingo. Eles copiam sempre o que é inadequado. O que presta mesmo não combina com eles. De qualquer forma não afetou o Fluminense, que embora tenha dado muitas chances de gol ao Santos, mostrando as mesmas falhas defensivas dos últimos jogos, e o pouco poderio ofensivo igualmente apresentado, se impôs, aproveitou as poucas situações de gol que criou e não tomou conhecimento do Santos, levando a melhor e abrindo já 3 pontos preciosos. A rodada de segunda-feira, obviamente apesar de atrasada a coluna, não posso falar dela. Daí se tem uma ideia do erro que é dividir uma rodada em 3 dias. Mas nada surpreendente. Ninguém melhor que a CBF para entender de erros e malfeitos. 

Boa semana! 







domingo, 7 de maio de 2017

NO RIO DEU O VERMELHO E O PRETO. EM MINAS DEU GALO NA CABEÇA


Pessoal, sem formalidades, já começo pela manchete. Como nos velhos tempos do jogo do bicho, uma tradição carioca que ainda existe, o galo fez hoje, em Belo Horizonte, muita gente feliz. E também frustrada, como foi o caso do Cruzeiro.

Aliás, o Cruzeiro, apesar do tão decantado Thiago Neves, é inferior ao Atlético como time. E não dispõe de um tripé de jogadores como Elias, Robinho e Fred. Os próprios laterais Marcos Rocha e Fabio Santos já fazem meio time que não se encontra por aí facilmente. Apesar do 0 a 0 na primeira partida, a força ofensiva do Atlético se fez presente mais uma vez, embora bastasse o empate para o título mineiro de 2017. Bom que a decisão tenha sido entre as duas maiores forças do futebol mineiro. Ao contrário de Inter x Novo Hamburgo, por exemplo, que deu o caneco a um time do interior de menor expressão, no famoso drama dos pênaltis, onde o travessão ajudou a parar o Inter.

Em São Paulo, o Corinthians já não deu chance, como comentei aqui semana passada, para uma surpresa. Que seria a segunda de hoje, pois embora tradicional e um dos clubes mais antigos do futebol brasileiro e de ter um time razoável, a Ponte não era páreo para o Corinthians, que apesar de não contar com o elenco sequer parecido com o dos últimos anos, ainda se impõe com sua força e sua torcida, que passou a partida quase toda lembrando da mesma Ponte que desabou 21 anos de sofrimento do Timão na finalização de Basílio, talvez no lance mais inesquecível para a torcida do Corinthians.

No Rio, como disse na manchete, deu vermelho e preto. Se você me perguntar se o título foi justo, levando em conta que o Flamengo chegou a final da Taça Guanabara perdendo para o próprio Fluminense e fechou a final derrotando o próprio Fluminense, creio que não estaria errado em dizer que sim. Uma pena, aliás, que dois jogadores importantes para os dois times não estivessem em campo nessa final, que são Diego, pelo Flamengo, e Scarpa, pelo Fluminense. Com certeza teríamos um jogo com lances de melhor qualidade, apesar de serem apenas dois jogadores.

Mas, voltando ao jogo em si, acredito que o Fluminense tenha sido vítima de seu próprio excesso de intensidade que faz com que muitas vezes alguns jogadores troquem passes sem nem olhar para quem estão dando a bola, tamanha a afobação e ansiedade. Além do desgaste excessivo e da ausência de uma cabeça pensante e falante dentro de campo que fizesse com que o time dependesse menos dos gritos de Abel. Vítima também do próprio treinador, que apesar do crédito de ter montado em pouco tempo esse time, dando-lhe uma cara e uma força de competição razoável, cometeu pela segunda vez o mesmo erro do jogo passado, desta vez imperdoável.

A intensidade e a afobação que à beira do campo parecia combater e recriminar pedindo um toque de bola que o time não fazia ou não conseguia fazer, já no segundo tempo, com a queda evidente e prevista do seu time fisicamente devido ao esforço e o desgaste no primeiro tempo , a atingiram quando se precipitou a julgar que Wellington Silva não poderia dali pra frente criar alguma dor de cabeça pra defesa do Flamengo e fez uma substituição lamentável, mas bem ao seu estilo, colocando Maranhão pra fazer uma função torta com o objetivo de fechar o placar num cruzamento pelo alto, que desde o início de sua carreira é marca sua. Haja vista que o penúltimo estadual ganho pelo Fluminense sob seu comando, em 2005, foi com dois últimos gols feitos em bolas alçadas, tipo de jogo que ele conhece bem e que ajudou a projetá-lo como jogador e até como treinador, em parte.

O terceiro responsável pela perda do título tricolor, que ainda estava vivo aos 39 minutos do segundo tempo, embora dependendo de uma possível cobrança de pênaltis, foi um personagem que eu não gosto de citar e polemizar sobre. Sem desmerecer o Flamengo, a luta de seus jogadores, o excelente trabalho de toda a comissão técnica e a própria campanha, o senhor Wagner do Nascimento Magalhães foi decisivo no gol de empate rubro-negro. Não é problema meu, mas sei muito bem por que cargas d’água evitam mostrar o lance e polemizar sobre. Mas tendo a certeza que ainda gozo de boa visão, tendo visto o lance várias vezes, não tenho dúvida que Réver fez uma carga nitidamente faltosa em Henrique, originando o rebote na jogada que Guerrero aproveitou. A posição deste senhor era privilegiada, tanto que usei na foto da crônica. Não havia como errar. E este erro, aquela altura, praticamente decidia o campeão de 2017.

O que aconteceu depois foram apenas mais alguns erros de Abel nas substituições e a consequência natural de um time já sem gás que sequer, estranhamente, teve forças para reclamar da falta cometida por Réver no lance do gol, e que acabou no desespero perdendo Cavalieri e encerrando a partida com Orejuela com a camisa 1, que nem cacoete para goleiro tem, e nada podia fazer, para naquele momento evitar o gol da vitória rubro-negra, para delírio de sua imensa torcida, que passou 86 minutos praticamente calada, mostrando alguma tensão e preocupação com o que pressentia e via no gramado, ao contrário da tricolor, otimista e eufórica. Mas foi premiada com uma surpresa, que eu acredito que a maioria dos rubro-negros, presentes ao estádio ou não, não aguardava neste desfecho dentro do tempo normal de jogo.

Encerro com uma observação de que o maior personagem das últimas finais de estaduais no Rio de Janeiro nos últimos anos tem sido a arbitragem. Basta recapitular. Como chegamos a este ponto, em se tratando de credibilidade e confiança no futuro desta competição, ao invés de pensar como muitos marqueteiros estão pensando esta hora, é um péssimo sinal para o futuro.

Parabéns ao Flamengo, que não tem nada a ver com o erro cometido, e com os próprios erros que o Fluminense cometeu que propiciaram que dominasse o segundo tempo e tivesse mais chances de, no mínimo levar o jogo para os pênaltis. Parabéns pela luta e parabéns por, mesmo jogando duas competições simultâneas, ter aproveitado a oportunidade de chegar ao seu 34º título do Estado do Rio.

Boa semana a todos!