domingo, 28 de junho de 2015

SENHOR, TEM PIEDADE DO FUTEBOL BRASILEIRO




















Não há muito o que dizer, gente. Se você acredita em Deus, reze. Reze muito. Desde que acompanho futebol, esse é sem dúvida o pior momento para o futebol brasileiro. Não bastasse a gigantesca tristeza de um ano atrás, a perda do grande Zito há alguns dias e agora a do fantástico Carlinhos, magnífico jogador e um dos melhores treinadores que vi no futebol. Muito rejeitado, para variar, assim como fora Didi, o meu predileto.

De fato, não há muito o que dizer. A derrota já fica de antemão estampada no semblante dos jogadores. Aquela não é a cara, postura e ginga do jogador brasileiro. É justo o contrário do nosso estilo, da nossa raiz, da nossa história e grandeza no futebol. O treinador funciona como mudar um sofá de lugar. Tem o poder de se complicar sozinho. Como dizia Nelson Rodrigues: tem a vocação do erro. Até em polêmica com cor da pele ele conseguiu se meter esta semana. Tendo ou não a intenção.

E ontem, em que pese já feito o vexame, escalando mal e tirando, por exemplo, Robinho a 5 minutos do final de um jogo decisivo que se encaminhava para os pênaltis, já sacramentava a vergonha. Você abre mão de Robinho na hora de uma cobrança de pênaltis? Você crê que Everton Ribeiro vá suportar o peso da camisa e decidir? Difícil, né? Principalmente com 6, 7 minutos para jogar. Mas fez coisa pior. Abriu a série de cobranças com Fernandinho, que por pouco não perde. E escalou, a seguir, Everton Ribeiro, senhores.

Não é o primeiro treinador que faz isso. Nomes consagrados já o fizeram. Escalar jogador ainda frio e não adaptado ao jogo. A história prova isso. Jogador que entra com pouco tempo e com a responsabilidade de solucionar placar adverso ou é premiado pela sorte e pela bola ou acaba de cair em desgraça. Foi o caso do garoto ontem. Não é só estar quente, fisicamente falando. Existe uma interação entre mente e corpo. Uma assimilação do calor da partida. Uma encarnação do espírito do jogo. Sempre disse isso. Melhor usar um cansado, exausto, do que um bem melhor tecnicamente que acabou de entrar. Zico nos provou isso em 86, contra a França na Copa. Com pouco ritmo de jogo, apesar de ser o Zico, não podia ser escalado para bater aquele pênalti naquele momento efervescente. E olhem que o técnico era Telê.

O jogador quando entra aquece. Tem que sentir o peso da bola, adaptar-se ao gramado, à força. Sentir os sentidos, digamos assim. De qualquer forma a derrota era merecida diante de tantos erros. Uma apatia coletiva, uma distribuição tática sofrível. Jogadores atuando a vários metros dos outros e nunca em bloco, tanto defensiva, como ofensivamente falando. Dribles, como tentou Willian em noite terrível, em hora errada e sem parceiro para acompanhar a jogada. Time burocrata, medíocre. Jogadores como Firmino, absolutamente apagados, sem presença. Custando a ser substituídos depois de mal escalados. Quem sabe não fora pelos 150 milhões que dizem ter sido negociado? Anotem aí: um Firmino por 150 milhões. Dói, né? Dói também ver Thiago Silva, que para mim nunca seria escalado e revelado como beque e sim como meia defensivo, e por essa razão não o considero o melhor do mundo, ter mais um surto infantil e inexplicável, colocando a mão numa bola vadia e inofensiva.

Nunca o futebol brasileiro foi tão maltratado. Temos aí um verdadeiro rosário de queixas, malfeitos, erros que vão do goleiro ao ponta esquerda, como se dizia no passado. E vou mais além, que vai da Liga de futebol do seu bairro até a FIFA, hoje em dia. Enquanto isso a FIFA segue existindo intacta. Blatter mudou o discurso, a menos que tenham mentido na imprensa, e disse prosseguir normalmente no cargo. Sim, se comprovado, otários somos nós. Otários são aqueles que pensam haver algum respeito e competência por parte de cartolas corruptos, incompetentes e vigaristas. Emissoras de TV ligadas a eles por meio de verdadeiros bandidos, enganando você, torcedor. Humilhando e envergonhando a camisa que os maiores monstros do futebol mundial vestiram.

Perdão Leônidas, Garrincha, Didi, Nilton Santos, ainda Pelé e tantos outros. E os internacionais também, que não merecem ver o que estão vendo Maradona, Figueroa, Beckenbauer, Messi, Cruyff, Zidane, Robben. Perdão aos nossos, vivos ou mortos, e aos deles, de outros países, que adoravam nos ver jogar. O futebol não acabou. Praticamente acabaram com ele. O que você vê na tela tem outro nome, salvo algumas partidas e alguns momentos. Perdoem pela vergonha dos interesseiros e interessados. Lamento pelos que ainda levam fé e pregam otimismo sem fundamentos.

Fechando o texto, faço uma pergunta e me junto em oração a vocês: meu Deus, o senhor disse que “aqueles” não sabiam o que faziam, quando estava na cruz. Será que estes também não sabem?


P.S.: Sobraram nossos irmãos sul americanos com alguns momentos de bom futebol de Chile e Argentina. Creio que um destes dois deve levar a Copa América, que para mim no momento, não tem nada de inferior às afamadas copas europeias. 

domingo, 21 de junho de 2015

45 ANOS: SOMOS TRICAMPEÕES MUNDIAIS
















Faço hoje, não poderia deixar de fazê-lo, uma homenagem aos heróis tricampeões mundiais. São exatos 45 anos. Um domingo ensolarado de temperatura amena, parecido com o de hoje na minha cidade Rio de Janeiro. Lembro-me que passava de 1 da tarde o início do jogo, no horário de Brasília.

Considero o auge do futebol brasileiro pela soma de muitos detalhes. Em que pese 58 ter sido fora do comum, até porque o sonho começava ali, mas era a posse definitiva de uma taça de 40 anos de disputa. Se a Itália vencesse na decisão ficava com ela, a famosa Jules Rimet, que protagonizou até uma guerra entre Honduras e El Salvador nas eliminatórias, justo dessa Copa. A Jules Rimet é nossa, sim. Não importa o que ocorreu nos “seguros” cofres da Rua da Alfândega sobre um símbolo, que é a taça. Devido ao valor público e sentimental, não havia nem razão da notícia vazar. Mas...

Falando nos tais detalhes, vamos a eles. Tínhamos uma geração amadurecida, com Pelé no seu apogeu. Fizemos uma eliminatória impecável. Mas, apesar do extremo valor de João Saldanha, que montou a base daquele time, algumas coisas precisavam ser mudadas, sim. Triste que tenha tido a colaboração da ditadura intervindo no futebol e na demissão de Saldanha. Porém, sobravam recursos e opções. E as providências tomadas por Zagallo, ao assumir, foram acertadas. Félix jamais poderia ser reserva de Ado. Muito menos cortado. Com Félix no auge de sua experiência, você confia sua meta a um goleiro de 23 anos, pouco experimentado? Ou ao deslumbrado Leão, de 19 anos? Era necessária também mais experiência e Piazza não podia ficar de fora, mesmo improvisado. Assim como, mesmo improvisado, Rivelino tinha que estar ali, mesmo no lugar do fantástico Edu. A ideia tática era do Zagallo e estava correta, sim.

Sobre a qualidade do time, tecnicamente falando, era de encher os olhos. Se faltava técnica a Brito, sobravam saúde e virilidade. Se faltavam velocidade e habilidade a Everaldo, ele compensava com uma marcação muito eficiente. O restante eram as feras do João bem arrumadas pelo Zagallo. Um a um os adversários iam caindo. Todos derrotados. Uma preparação física que começou perfeita, assim como o planejamento, feita na Escola de Educação Física do Exército e agraciada como a melhor da Copa. Uma pré-Copa, digamos inteligentíssima, adaptando a equipe aos parâmetros de altitude. E com uma equipe que mesclava jovens de alto nível como Paulo Cézar Caju, Clodoaldo e Rivelino, com jogadores no seu ponto máximo de carreira. Fora inteligentemente aproveitada a base dos clubes, no caso, predominante a do Botafogo. Isso é importantíssimo e eficaz quando se fala em seleção. Autoconfiança, domínio dos nervos e show de bola em campo. A seleção com a bola e sem ela.

Sinto-me um privilegiado. Eu vi tudo. Naquela Copa e naquele dia, eu vi tudo. Eu vi o gol mais lindo da história, porque considero o mais lindo na elaboração da jogada, que foi o de Jairzinho, contra a Inglaterra. Aquele gol faz cair por terra a teoria de que o drible não desarma uma defesa bem fechada. Vejam o tape e contem 7 ingleses dentro da área e mais 3 nas cercanias, de uma excelente seleção e campeã mundial da época. Aquele gol só podia ter entrado assim, como entrou. Quanto às partidas que disputamos sempre um show. Um dos detalhes da perfeição do time é que do sistema defensivo até o último atacante, só Félix, Brito, Piazza e Everaldo não marcaram gols. Isso prova o nível de coletivo daqueles monstros sagrados.

Quando vi o alemão Rudi Glöckner apitar o final do jogo tive a certeza, como tenho até hoje, que estava assistindo ao momento mais memorável e significativo para o futebol brasileiro. Não posso deixar de dar uma pitada de lembrança da festa que presenciei na minha Tijuca, com milhares de balões no céu, um espetáculo de fogos e uma festa que nunca mais eu vi parecida. E com certeza nunca mais verei.

Obrigado a vocês, tricampeões do mundo! Parabéns pela data de hoje. O futebol brasileiro e a história agradecem e aplaudem de pé!

domingo, 14 de junho de 2015

VOCÊ GOSTA DE LEVAR VANTAGEM EM TUDO, CERTO? CERTO.























Meus amigos, já deveria há muito tempo ter tocado nesse assunto. Por sorte, um comentário esta semana trouxa à tona o que quero debater. Falo sobre a tal “Lei de Gerson”. Aquela do “Você gosta de levar vantagem em tudo, certo?”. Pois é.

Em comentário de um jornalista político sobre o ex-craque Ronaldo Fenômeno e a possibilidade de sua imagem ter sofrido algum desgaste com o caso FIFA, o comentarista, creio ter sido Luis Nassif, avaliou que prejuízo mesmo teve Gerson ao expor o seu caráter na propaganda que virou jargão de esperteza.  

Por pura ignorância e covardia puseram um rótulo no canhotinha de ouro que resiste até hoje. Principalmente entre os mais hipócritas. Para quem não sabe, Gerson foi um meio campo fabuloso (não existe nenhum igual no momento, no mundo, em atividade) que muitas vezes desequilibrava, e desequilibraria hoje também, em favor do seu time.

Dotado de extrema habilidade, técnica, raciocínio e liderança, Gerson tem seu nome escrito e consagrado na história dos grandes astros do futebol mundial. Não vale nem à pena discutir seu ritmo de jogo. Pra isso fizeram a bola redonda. Por isso, quem tem de correr é ela. E mesmo assim, quando era preciso, ele corria. E caso não o fizesse, existiam mil e um recursos para compensar com sobras suposta deficiência.

Como profissional Gerson sabia como poucos lidar com dirigentes capciosos. Seu contrato, por exemplo, era renovado sempre com o envolvimento de seu sogro, seu procurador. Jamais entrava em campo sem garantias contratuais definidas. Existe algum mal nisso? Dentro de campo, se preciso, parava o adversário com falta, na cera, como todos os que competitivamente contribuíram para o futebol de alto nível no mundo.

Ora, se até Pelé soube dar sua “cotoveladinha” no Matosas, do Uruguai, na Copa de 70, para dar o troco aprovado e com firma reconhecida, por que Gerson não poderia usar sua caixa de ferramentas? Até porque, Gerson era um jogador longe de ser violento. E a cera, que sabia fazer como ninguém, principalmente fazendo a bola rodar e o adversário correr atrás, além de outras malícias, faziam parte de sua sabedoria. Era tudo legal.

Ocorre que ao aceitar um comercial do cigarro Vila Rica, ainda no auge de sua fama, Gerson repetiu o texto do redator, que dizia: “Eu gosto de levar vantagem em tudo, certo?”. Referindo-se a preço, qualidade e etc. Estaria errado o canhota? O certo é levar desvantagem? Desde quando ele ali deu exemplo de que o certo era passar os outros pra trás? De que o certo era roubar, enganar, tripudiar? Jamais a “Lei de Gerson” foi dita no sentido que é usada.

Fora de campo, como comentarista, sempre fez um excelente trabalho, assim como nos gramados, onde honrou a camisa dos clubes que jogou e da seleção de seu país, fazendo inclusive um gol antológico e dificílimo na decisão contra a Itália, em 70. Portanto, antes de ouvir o galo cantar, vá lá e dê conferida se é o galo mesmo.

Boa semana!                                
                                          
P.S. Falo sobre a Copa América assim que ela esquentar mais um pouco, ok?


domingo, 7 de junho de 2015

O NOME DELE É PHILIPPE COUTINHO
















Um amistoso apenas, preparatório para a Copa América. Um elenco renovado, com muita estrada pela frente e muita coisa a fazer. Levando tudo isso em conta, eu gostei do desempenho da seleção brasileira contra o México.

Algumas coisas me agradaram, como a maior desenvoltura do Willian, jogando mais à vontade, produzindo mais, e só não dando em consequências mais positivas suas jogadas pela ausência de conjunto do time e do parceiro ideal para contracenar com ele. Até porque Diego Tardelli, embora seja um bom jogador, não faz nada demais quando veste a amarelinha.

O gol de Philippe Coutinho, pra mim o ponto máximo do jogo, deixou evidente que a qualidade técnica desequilibra sempre. Um belo gol numa jogada de quem sabe muito. O próprio gol de Tardelli também nasceu de uma triangulação bem feita pelo lado esquerdo. Alguns setores como as laterais e o próprio meio carecem de mais jogo e acredito que o tempo se encarregará de fazer isto.

Muito boa também a iniciativa de Dunga de mais uma vez convidar ex-jogadores famosos. Já o fizera com Jairzinho, que hoje, por sinal, merece minha homenagem, pois há exatos 45 anos marcava o gol do Brasil, naquele jogo memorável da Copa de 70 contra a Inglaterra, que considero o gol mais lindo da história. Agora Clodoaldo foi o craque da vez, para auxiliar Dunga no trabalho de transição e montagem da seleção. Isso mostra um certo desprendimento, humildade e um amadurecimento do treinador brasileiro. Ter nomes de peso contribuindo com o saber da vivência das etapas do futebol é muito importante. Divide o peso da camisa. Mostra os atalhos do campo despercebidos pelos atuais comandantes.

Não há como inventar nenhum nome no Brasil no momento. Até porque várias posições são carentes. As laterais, o meio campo, ainda acho um pouco o miolo central, e o homem gol, que pela primeira vez desde que acompanho a seleção, não identifico. Quem faz esse papel é Neymar, mas nem sempre poderá exercê-lo. E pelo que tenho visto, ainda deve custar a aparecer um goleador a altura da seleção. De qualquer forma, acho que estamos com um comando bem melhor do que o anterior.

Vamos agora à Copa América, com algumas seleções renovadas. Esperamos um futebol de boa qualidade. Se Deus quiser isso irá acontecer aos poucos.

Sobre os escândalos no nosso futebol, a cada dia que se passa temos uma surpresa diferente. E ao contrário do que muitos pensam a tendência não é o esmorecimento. É que o FBI tire ainda mais ratos do porão. Porque, como tenho dito, é impossível o futebol seguir manchado como está.

Boa semana!