domingo, 22 de fevereiro de 2015

DOMINGO COLORIDO PELO SOL, AS MORENAS NA PRAIA, A GINGA DO SAMBA E O MEU FUTEBOL?



Amigo leitor,

Você já assistiu a um jogo do campeonato estadual 2015 do RJ? Se positivo, está de parabéns, conseguiu o que poucos conseguiram. Não é exagero, não. O campeonato atual possui regras rígidas, muito rígidas. Vamos a algumas delas: com praticamente um mês de competição você não deve assistir a nenhum jogo de qualidade. Muito menos saber o nome dos jogadores, até mesmo do seu time, que irão atuar, do goleiro ao último atacante. A própria transmissão de TV tem problemas. E olha que eles capricham durante a semana pra que os jogos, tanto das quartas-feiras à noite quanto do domingo sejam um fracasso absoluto. Nem chamadas persuasivas e as matérias cobrindo os clubes são atrativas e motivam o torcedor. Essa é a regra da TV. Parece que quanto pior, quanto menos audiência, melhor. Tem até alguma semelhança com o desfile das escolas de samba. Mas a ideia é essa mesmo, até porque, fora as semelhanças que são muitas, existem, sim, ligações entre dirigentes de clubes de futebol com os patronos de algumas escolas. Teoria da conspiração? Nem de longe. Isso é fato. Eu garanto a vocês. Já estive lá dentro.

Os jogos são marcados Deus sabe como. Contratos, meu caro? Ah, pra quê? Se assinou que vai jogar no Maracanã, que diferença faz levar o jogo para o Nilton Santos? Se marcou pra São Januário, qual problema em jogar em Volta Redonda? Mas isso, cá pra nós, não é tanta novidade, né? Eu, por exemplo, nem sei o preço do ingresso do “clássico” de hoje, Vasco 1 x 0 Fluminense. Outra regra é que pra ficar completo tem que ter a figura de Eurico Miranda. Ele na tabelinha com o presidente da FERJ, Rubens Lopes, é invencível. Tá aí outra semelhança com o samba. Com outro patrono de escola recentemente campeã. Tem também uma regra inquebrável e imutável. Todo clássico, havendo duas torcidas, tem que haver pancadaria. Mas aí você diria: - “Em São Paulo também está assim e no mundo inteiro está assim”. É verdade, mas hoje em Corinthians x Ituano, tinha mais público do que no jogo Fluminense x Vasco. Aquele jogo do passado, lembra? Que você pra entrar sabia que só podia comprar antecipadamente em alguns lugares o ingresso, em dinheiro, sem brigas e atropelos, ou na fila do estádio, nas bilheterias, com os torcedores do time rival ao seu lado. Convivendo civilizadamente. Mas, vamos a tal regra que eu falei. Que o que escrevi anteriormente foi só uma viagem, um lapso de memória do passado. Como estava me referindo lá em cima, domingo é dia de jogo e pancadaria. A polícia já deve conhecer até pelo nome os rapazes que frequentam os ônibus e as delegacias da PM.  As próprias torcidas brigam entre si. Porque como bem disse Ricardo Rocha, muito torcedor do Botafogo por exemplo, torce para sua torcida organizada e não para o seu Botafogo, o seu time. Portanto,  é um mistério cercar e banir esses rapazes do estádio domingo. Se lá pelo meio do caminho aparecer um jogo com algum apelo, com torcidas rivais envolvidas, esqueça a família, vá sozinho ou fique em casa se você não é chegado a coisas do tipo MMA.

Todo domingo é isso e será isso, um pouco menos no Brasileirão, não pela melhor qualidade dos jogos, que muitas vezes não é superior, mas sim pela ausência de torcida rival local. E mesmo assim...

Agora entendeu, não é? Pra ver jogos aos domingos você vai ter que saber se encaixar nas regras do “espetáculo”. Se equilibrar nelas e segui-las. Fique à vontade, vale tudo. Vai ver de tudo. Só não garanto que veja futebol. 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ESTADUAL RJ 2015: PRAZER OU AGONIA?
















“Hoje os jogadores são "boyzinhos", não batem de frente com juiz, com o próprio companheiro. Erram e aplaudem. Não têm coragem de xingar, de dar um esporro. Antigamente discutíamos, queríamos sair na porrada em campo para ganhar. Hoje não tem isso. Os jogadores são mimadinhos, usam fone no ouvido, gelzinho... Mudou bastante. Nós nos rebelávamos, batíamos de frente por bem, para ganhar. Hoje não tem isso. Fico chateado porque passam a mão na cabeça. Acabou a vontade de estar no campo, de querer ganhar. Tem que se cobrar mais dentro de campo. Era bom. Falávamos que íamos deitar e rolar, e o outro time respondia. Aquela rixa sadia, que vai para o campo, mas no fim do jogo todos se abraçam. Acabou esse negócio. Promovíamos o jogo, acabou a rivalidade. Ficamos tristes porque era bom, zoava durante a semana, falava que o time era fraco, perguntava: Quem é fulano? Nunca ouvi falar nele.”

Uso o comentário do ex-meia Beto, para quem não lembra marcante no Flamengo, Botafogo, Fluminense e Seleção Brasileira, jogador de força e técnica. Obrigado, Beto. Sua versão já economizou 80% do que eu ia dizer. O que Beto se referiu é a raiz do problema. Por quê? Porque formam dirigentes fracos, sem identidade com o futebol, que por sua vez dirigem observadores fracos, jogadores mal formados, cheios de vícios, que somados formam equipes abaixo do bom nível técnico que ainda vimos na época do Beto.

Portanto, não adianta culpar só a Federação e os organizadores. Os clubes esculhambaram com um Campeonato charmoso, cheio de rivalidade e famoso nos quatro cantos do mundo, com públicos imbatíveis. Não adianta agora jogar lenha na fogueira ou tentar se justificar como fizeram Flamengo e Fluminense. Querem o ingresso a quanto? Querem que o torcedor pague 80 pra assistir Flamengo X Boa Vista ou 100 para ver Fluminense X Friburguense?

Do lado da Federação os resquícios do Caixa D’água e da conivência com empresários nocivos ligados a clubes, Federações, empresas esportivas, gente famosa, que trabalhou inclusive em Copa do Mundo, denegrindo e maltratando mais ainda a imagem do que foi um grande campeonato. E com tudo isso, mesmo assim não sou a favor de sua extinção. Preferem o quê? Assistir Corinthians X Barcelona de Guayaquil? São Paulo X Once Caldas? O nível da Libertadores é pavoroso também. E essa competição inchada e hoje vagabunda só da público lá pro final.

Já dei uma sugestão, há algum tempo, sobre o Estadual em matéria de formato. Que haja o Carioca, com 8 times, digamos: Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Bangu, América, Madureira e Olaria, em uma chave A, jogando entre si. Turno e returno. O campeão assegura a Taça Guanabara, o vice e o terceiro colocado, assim como o campeão, o direito a um quadrangular final com o campeão do interior, sem direito a segunda equipe devido ao melhor nível do grupo A e um apelo inequívoco maior das equipes deste grupo. O grupo B seria formado, digamos, por: Americano, Macaé, Boa Vista, Resende, Friburguense, Nova Iguaçu, Volta Redonda e Cabofriense. Isso seria apenas um passo. Os demais dependem do profissionalismo e qualidade dos clubes envolvidos e as reais intenções da FERJ e da TV. Pois não há locutor ou comentarista que faça de um Tigres uma atração estadual. Nem ungido.

O resto já tomamos conhecimento antes do início do Estadual ontem. Poucos reforços e a perspectiva de mais um Estadual furado. Talvez quem se amarre em um UFC se distraia pelas ruas assistindo ao que já sabemos que vamos assistir entre as torcidas. Sem falta.

Uma boa semana e um prazer revê-los!