Não com a velocidade de um
meteoro ou a amplitude de um espetáculo, mas está aí de volta ao batente o
futebol. Já tivemos vários jogos que antecederam, mas oficialmente mesmo vamos
dizer que o ano começa agora. Como sempre, guiado por um calendário inchado e
mal elaborado, que sacrifica jogadores, clubes, torcedores e a própria
qualidade dos jogos.
É dose para mamute assistir a
um jogo como hoje, por exemplo, entre Vasco e Audax. Se no passado já era
doloroso assistir jogos às 17:00, horário oficial do Rio de Janeiro, com exceção
de São Paulo, avalia às 16:00. Ahh, mas o time corre, sai gol, tem alguns
lances de emoção. Sim. E o desgaste? E o risco que os jogadores correm? E a
audiência que cai vertiginosamente? Se tivéssemos um presidente no Sindicato,
com certeza ele iria correr atrás dos direitos dos jogadores. Mas há muito
tempo que ele tem outros afazeres. O de hoje, por exemplo, tinha compromisso em
Volta Redonda, dirigindo o clube da casa. Vida dura, né Alfredo Sampaio? Logo
você que dá até a vida para defender seus filiados.
Bem, já que estou no Rio de
Janeiro, vou continuar e chamar a atenção para o efeito Flamengo. Não adianta
prender-se ao jogo de hoje com o Botafogo. Há muito tempo, põe tempo nisso, que
com times fortes ou fracos, o Flamengo vem vencendo Vasco e Botafogo quase que
invariavelmente. E não vence só na bola. Já entra em campo vitorioso. O
Flamengo tem ganho na camisa, que já gerou um efeito psicológico sobre seus
adversários. Todos perdem centenas de gols contra o Flamengo e nem quando o
Rubro-negro joga mal, perde. Desde os tempos de Cuca e da era Petkovic que tem
sido assim. Quando não vence por seus méritos, derruba Botafogo e Vasco pelos
deméritos dos próprios. Contra o Fluminense ele encontra um pouco mais de
dificuldade, devido à mágica que existe nesse clássico. O sobrenatural de
Almeida impede prognósticos precisos em qualquer Fla X Flu. Creio que os
classificados para as semi-finais serão os 4 grandes. Em todo caso...
Já o Fluminense, as voltas
com a sinusite misteriosa de seu camisa 10, Thiago Neves, vai dosando aqui e
ali, entre um buraco venezuelano e outro de Volta Redonda, o clube vai tentando
chegar a um condicionamento razoável para que suas estrelas entrem em forma. Na
Quarta-feira, já pela Libertadores, embora o campo tenha atrapalhado e muito, o
time parecia curtir uma bela ressaca da Quarta-feira de Cinzas. É comum todo
jogo tomar sufoco. Qualquer dia, quando sua defesa e seu sistema de marcação
funcionarem, é bem capaz do torcedor tricolor ficar desconfiado e passar ao
pessimismo imediato. Essa semana tem parada dura contra o Grêmio. Não dá para
arriscar um vencedor. Talvez aí o primeiro jogo arranca rabo de 2013, quem
sabe, pois São Paulo e Atlético ficou um pouco abaixo da expectativa.
Viajando até São Paulo, eu
vou me deter no final dessa crônica a mais um problema com o craque Neymar. Será
mesmo craque Neymar? Pô, o cara tem um domínio de bola fantástico, liso liso,
velocíssimo, preciso, habilidoso como poucos já se viram, com um jogo de
cintura e um repertório que só os grandes craques do futebol têm. Mas porque
volta e meia uma expulsão tão novo como é? Porque tanta irregularidade em seu
rendimento técnico? Não acredito mais nesse papo de jogador em formação. Neymar
está pra lá de formado. O que a gente poderia discutir é em relação a sua função
em campo, que eu acho que mesmo errada, ele se ajeitava pela sua grande
qualidade. O problema é que para ser um grande craque, como é Messi no momento,
você tem de ter outras qualidades também. Há de se ter controle emocional
absoluto, perseguir o seu ideal com unhas e dentes, usar uma raça fora do comum
e partir para dentro sem qualquer inibição ou temor, seja em que jogo for. Ter
fome de taça, ter fome de título, ter fome de derrubar os grandes e poderosos. Quando
isso ocorrer, aí eu vou acreditar que de fato o Neymar é um craque
absolutamente feito e consequentemente consagrado.
Uma boa semana a todos!