Não poderia começar minha primeira crônica do ano sem
alguma ironia, pois estamos diante de um país sobre escombros morais e éticos.
O Maracanã não foge à regra. É um produto disso também. Desde o crime cometido em seu destombamento
até o estado em que se encontra nos dias de hoje. Não esqueço quando em 1989 assisti
a uma entrevista com então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que hoje, segundo sei, está em liberdade, onde
disse, perguntado sobre suas ideais em relação ao Maracanã: “no parking no business”. De forma elegante e
usando seu belo idioma inglês ele já tentava convencer a opinião pública de que
o Maracanã era inviável. Opinião parecida tinha o então presidente da FIFA,
João Havelange, que o chamava de elefante branco. Teixeira dispunha de imenso
prestígio nos meios jornalísticos. Não foi difícil para os caras que conduzem nosso
futebol, primeiro TVs e depois clubes
abraçarem a ideia.
Começara, então, uma disputa de forças entre a tradição, o
bem comum e o tal modernismo, cantado em prosa e verso, aliado à globalização,
recheados de pseudo segurança para o
torcedor. A ideia era a de que assim poderíamos ter uma Copa do Mundo e, você,
torcedor, seria servido com um estádio confortável, moderno e seguro, mantendo
preço de ingressos acessíveis. Quanto à
qualidade do espetáculo, isso ficava em segundo plano. Era importante estar num
estádio moderno, mesmo assistindo a um clássico entre pernas de pau, mas como
cidadão de primeiro mundo. A queda de braço seguiu por alguns anos até que com
a interferência da Rede Globo, que detinha praticamente todos os direitos de
transmissões de futebol da CBF e de outros esportes também, usasse de sua força
gigantesca e sua influência junto às autoridades encarregadas de destombar ou
não o estádio. O resultado já era o esperado. Como diz aquela música do Caetano: “é a força da grana que destrói coisas
belas”. Veio o novo Maracanã, sem dúvida alguma a maioria do povo carioca não
aprovou. Ingressos caros e modernidade burra. Desnecessário me deter sobre,
talvez o maior vexame da história do nosso futebol: a perda da Copa de 2014,
como se deu, e para uma Olimpíada servindo como palco do evento, em pleno Golpe
de Estado no Brasil. E com o estado declarado como calamidade pública.
Fim da Olimpíada, fim da Paralimpíada, e aí está o estádio
do Maracanã. O antigo maior do mundo, palco de jogos memoráveis e jogadores lendários. Como era de se esperar
a Prefeitura não assumiu sua restauração, após o último evento. E hoje a
concessionária que o administra se recusa a recebê-lo de volta no estado em que
se encontra.
Faço a pergunta, então : E aí? Você ou sua empresa tem algum
interesse em adquirir o atual estádio do Maracanã?
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