domingo, 22 de janeiro de 2017

MARACANÃ, RJ, BRASIL - VENDE-SE




Prezados,

Não poderia começar minha primeira crônica do ano sem alguma ironia, pois estamos diante de um país sobre escombros morais e éticos. O Maracanã não foge à regra. É um produto disso também.  Desde o crime cometido em seu destombamento até o estado em que se encontra nos dias de hoje. Não esqueço quando em 1989 assisti a uma entrevista com então presidente da CBF, Ricardo Teixeira,  que hoje, segundo sei, está em liberdade, onde disse, perguntado sobre suas ideais em relação ao Maracanã:  “no parking no business”. De forma elegante e usando seu belo idioma inglês ele já tentava convencer a opinião pública de que o Maracanã era inviável. Opinião parecida tinha o então presidente da FIFA, João Havelange, que o chamava de elefante branco. Teixeira dispunha de imenso prestígio nos meios jornalísticos. Não foi difícil para os caras que conduzem nosso  futebol, primeiro TVs e depois clubes abraçarem a ideia.

Começara, então, uma disputa de forças entre a tradição, o bem comum e o tal modernismo, cantado em prosa e verso, aliado à globalização, recheados de  pseudo segurança para o torcedor. A ideia era a de que assim poderíamos ter uma Copa do Mundo e, você, torcedor, seria servido com um estádio confortável, moderno e seguro, mantendo preço de ingressos acessíveis.  Quanto à qualidade do espetáculo, isso ficava em segundo plano. Era importante estar num estádio moderno, mesmo assistindo a um clássico entre pernas de pau, mas como cidadão de primeiro mundo. A queda de braço seguiu por alguns anos até que com a interferência da Rede Globo, que detinha praticamente todos os direitos de transmissões de futebol da CBF e de outros esportes também, usasse de sua força gigantesca e sua influência junto às autoridades encarregadas de destombar ou não o estádio. O resultado já era o esperado. Como diz aquela música do Caetano:  “é a força da grana que destrói coisas belas”. Veio o novo Maracanã, sem dúvida alguma a maioria do povo carioca não aprovou. Ingressos caros e modernidade burra. Desnecessário me deter sobre, talvez o maior vexame da história do nosso futebol: a perda da Copa de 2014, como se deu, e para uma Olimpíada servindo como palco do evento, em pleno Golpe de Estado no Brasil. E com o estado declarado como calamidade pública.

Fim da Olimpíada, fim da Paralimpíada, e aí está o estádio do Maracanã. O antigo maior do mundo, palco de jogos memoráveis  e jogadores lendários. Como era de se esperar a Prefeitura não assumiu sua restauração, após o último evento. E hoje a concessionária que o administra se recusa a recebê-lo de volta no estado em que se encontra.

Faço a pergunta, então : E aí? Você ou sua empresa tem algum interesse em adquirir o atual estádio do Maracanã?

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