domingo, 25 de fevereiro de 2018

FUTEBOL BRASILEIRO: UM FUTEBOL SEM FACE


É isso aí, caro leitor. A cerca de 3 meses do início da Copa de 2018, o que temos de melhor joga fora do país. No Brasil perdeu-se totalmente a noção e a identidade. Não se joga nem o futebol do passado, futebol arte, show, espetáculo, que as gerações mais recentes condenam por achar ultrapassado, muito menos o moderno, crivado de teorias e inovações vazias.

O que você tem visto nos jogos de 2018 tem sido igual ou pior ao que viu em 2017. As atrações na TV são Barcelona, Real Madrid, Chelsea, PSG, Bayern de Munique, Juventus... E olhe lá. Porque até o futebol europeu caiu vertiginosamente de produção. Os jogadores mais novos, incluindo os da mistura de etnias desses países, têm se destacado. As gerações anteriores de Puyol, já aposentado, Iniesta e até o próprio Robben, que tanto admiro, estão passando. E a renovação tem sido feita através dessa mistura. Jogadores que você vê no vídeo e jura terem origem brasileira e nem naturalizados são. São nascidos nesses países europeus.

A consequência no Brasil é lamentável e preocupante. Você já tem ouvido e visto centenas de camisas do Barcelona, do PSG, camisas alusivas a Cristiano Ronaldo, Messi... E em jogos mais decisivos, com transmissão direta, dá até pra ouvir o alarido como se estivessem jogando dois times da cidade. As crianças então são as primeiras a serem cooptadas. Estão devidamente uniformizadas dos times que veem jogar, dos seus novos heróis importados. Ter só Neymar como fora de série é muito pouco.

O quê esperar? A cada semana toda sorte de jogos de fraco apelo popular. Copa do Brasil, Recopa, Estaduais, uma Taça Guanabara como a que ganhou o Flamengo do Boa Vista que há 4 décadas teria outro adversário e, mesmo sendo uma Taça Guanabara, teria um mini carnaval na cidade. Pois é, a força da grana matou a qualidade técnica. Não há espaço para os dois conviverem. Ninguém tem estômago pra assistir Portuguesa x Vasco, em Nova Iguaçu, Fla x Flu, na Arena Pantanal.

Por mais inocente que sejam, os torcedores de alguma forma têm na memória a qualidade do futebol ao menos de um Edmundo, um Rivaldo, um Ronaldinho Gaúcho. Quem os viu jogar percebe nitidamente a diferença. Jogadores abrindo a cabeça em lances bisonhos. Até “toquinha” de natação já faz parte do uniforme em caso de ferimento. Jogadas manjadas, passes errados de 2, 3 metros. Correria sem sentido. Chances desperdiçadas de envergonhar até quem trabalha no circo. E, no aspecto disciplinar, não ficam atrás. Passam o jogo todo reclamando se empurrando e se agarrando, já com a bola rolando, contando com a conivência dos árbitros que não aplicam a regra. Um jogo que de futebol não tem nada. Mas tudo de judô, MMA... O que faz com que os estádios possam ser chamados de Arenas mesmo. O público é cada vez mais minguante e composto por torcedores fanáticos que acompanham seus times até num jogo de botão. Nada que possa ser resolvido do dia pra noite.

E, como eu disse, a moeda passou a ditar, via transmissões de TV, a tônica dos jogos e eles passaram a responder dessa forma, com jogadores de péssimo nível técnico, treinadores que não fogem à regra, clubes sem estrutura, ausência de conhecimento tático, técnico, agressões absurdas, total falta de fundamento dos princípios mais simples que regem o futebol de razoável qualidade. Seja em qualquer época.

Não sei o que o torcedor faz com a decepção. A maioria das vezes bebe, usa de outros vícios, fica agressivo, escolhe um bode expiatório, enfim, busca um canal pra desabafar sua desilusão ao mesmo tempo que tenta se enganar se vestindo de esperança quando o mais otimista dos esportistas não vê caminho para ter esperança alguma. Ao menos a curto e médio prazo.

Uma boa semana a todos!

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