domingo, 16 de dezembro de 2018

ABUSO SEXUAL NO SONHO DA BOLA

Créditos: https://www.cartacapital.com.br/blogs/futebol-por-elas/abuso-sexual-no-sonho-da-bola/

Amigos, tomo emprestada esta matéria da revista Carta Capital (https://www.cartacapital.com.br/blogs/futebol-por-elas/abuso-sexual-no-sonho-da-bola/), a qual recomendo por sua seriedade e excelentes conteúdos de redação e informações, para abordar este assunto polêmico que transita no submundo do futebol.

De início cabe desfazer o mito que é coisa dos dias de hoje. Não. Essa prática vem desde a idade da pedra do mundo do futebol. Eu, por exemplo, quando entrei para fazer testes no Fluminense, indicado pelo grande treinador, supervisor e homem de futebol, Zezé Moreira, em setembro de 1974, apesar dos meus 16 anos, já percebia com facilidade movimentos atípicos e olhares estranhos.

Havia no vestiário pessoas que transitavam, não só no meu clube, o Fluminense, mas em vários outros, claramente com intenções alheias ao esporte. Existiam até jargões pesados, característicos e folclóricos que nominavam tais figuras sombrias. O termo “manja pênis”, no qual o órgão sexual era substituído por uma palavra mais forte para os que viveram no mundo do futebol era presença quase certa nos vestiários, até dos clubes de futebol de salão da cidade e de times de pelada em geral. Quando não se tratavam dos próprios jogadores.

Mas, como eu disse, isso é antigo. O jogador em formação, como diz o nome, está em formação. É suscetível a assédios. Seja apenas sob olhares ou aqueles que viram caso explícito. As historinhas são muitas. Garotos vindos de lugares pobres com pouca instrução cultural e sexual muitas vezes se deixam levar pelas “cantadas” destas figuras ou, o que considero o mais grave, o assédio direto visando uma ascensão mais rápida, seguida de uma proteção constante, como um compromisso amoroso.

O futebol está cheio, repleto de casos assim. E a educação sexual no Brasil é inexistente. Portanto, não seria diferente nas categorias de base dos clubes, onde não existe ou raramente existem exemplos de profissionais que possam falar abertamente do assunto, conscientiza-los sobre seu papel profissional e sobre seus caminhos. Além disso, falham em providenciar um ambiente reservado e exclusivo somente aos atletas e profissionais envolvidos no dia a dia do futebol do clube. Não se trata de fiscalização. Trata-se de manter o mundo do futebol, mesmo na categoria de base, com conceitos sérios e profissionais. O resto, não há nada a fazer. Em qualquer shopping da vida ou fora da sede do clube tudo pode acontecer. Vai da educação, intenção e pré-disposição de cada um.

Assédios sexuais a parte, volto a chamar atenção, como faço há muito tempo nas colunas que escrevo, para um outro problema bastante nocivo ao futebol em geral. Em todo futebol mundial, mas, especificamente falando, muito pior no caso do futebol brasileiro: o assédio moral e financeiro exercido por verdadeiros escroques travestidos de empresários. O famoso assédio empresarial.

A grande maioria não entende nada de futebol, nunca chutou uma laranja, usa seu nível social ou de instrução, além da boa condição financeira mais comum entre eles, para manter jogadores e clubes sobre seu domínio. Este é o câncer do futebol, particularmente o brasileiro, neste momento. Por razões falimentares ou não, o jogador não é mais empregado do clube que enverga a camisa. Ele é empregado de dirigentes do clube que, na maioria das vezes não se identificam também como empresários. E que, por sua vez, são ligados a outras correntes de empresários que arrebanham treinadores famosos do nosso futebol, firmas de fachada esportivas ligadas a eles, enfim, toda sorte de domínio e exploração usando a marca de clubes tradicionais do futebol brasileiro para enriquecer.

Volto a tocar na ferida, deixando claro que nada tenho contra o empresário. E, como costumo dizer: existem várias profissões de sucesso e o futebol é apenas mais uma delas. Ocorre que no futebol ditam rumos, montam times, escolhem jogadores, vendem jogadores, indicam treinadores e, praticamente, manobram os destinos de um clube de futebol no Brasil. Seja desde os primeiros degraus da base, até o futebol profissional. Isso está matando o futebol e a cada dia vai empobrecê-lo técnica e financeiramente, enquanto estas figuras do submundo dificilmente deixarão de enriquecer às custas da decadência dos clubes e de suas equipes.

Abraços!

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