domingo, 2 de dezembro de 2018

NO FIM DO BRASILEIRO 2018 ATRAÇÃO FORAM REBAIXAMENTOS


Se você se acostumou a ver um campeonato sendo encerrado com a atmosfera de um ou mais jogos decisivos, transbordando torcedores e emoções, com o Brasil inteiro sem saber quem será o campeão, eu lamento. Foi o tempo. Hoje, há uma torcida no Brasil, a do Palmeiras, naturalmente, vibrando com o título conquistado na semana passada. E umas duas ou três,  no máximo, satisfeitas por disputarem a Libertadores 2019. É só.

Já cansei de criticar esse modelo de pontos corridos que leva a não haver um jogo final. Não há melhor fórmula do que a da Copa do Mundo. Não importa que seja uma competição de tiro curto. É possível mirar-se nela. Através de grupos com cabeças de chave, por exemplo, os melhores pontuados no ranking, um sorteio pode definir quatro grupos de cinco times. Existem profissionais tarimbados e criativos que poderiam elaborar coisa melhor.

O primeiro pré-requisito é que o campeonato teria de ser menos longo. Ao invés de oito meses, quatro ou no máximo cinco, dando espaço para os outros campeonatos regionais e sul-americanos. É muito difícil você ser campeão da Sul-americana ou da Libertadores e ser campeão Brasileiro. Tem de haver um super elenco para isso. Portanto, esta é a razão deste domingo morno, onde a atração não poderia estar nos envolvidos na condenação à série B.

Aproveito para, citando os rebaixados Sport, América-MG, Vitória e Paraná, falar dos bichos papões que rondaram esse grupo de queda. Logicamente, Vasco e Fluminense. O Vasco é mais fácil de definir seu momento, a política interna do clube. O Vasco se encostou por décadas em Eurico Miranda que sempre foi o “meu bem, meu mal” vascaíno. Atualmente, ao relutar em deixar o poder, ele parece espalhar minas em São Januário para que os administradores candidatos se explodam. E com isso, o prejudicado é o próprio Vasco, que faz tempo que não consegue formar um grande time.

No Fluminense é menos visível porque seu principal problema começa pelas categorias de base do clube. Há duas formas de você montar um bom time: conseguindo um super patrocínio ou uma espécie de patrono milionário que, bem auxiliado, por gente do ramo, contrate estrelas; ou através do aproveitamento da categoria de base. Ocorre que é justo nela que se esconde o grande problema do Fluminense (e também de alguns outros clubes). Dirigentes–empresários que usam o clube para negócio. Extraoficialmente na base mas concentrando suas atividades no profissional.

Por ano passam milhares de jogadores na base. Muitos não são aproveitados pela incapacidade técnica, competência e honestidade dos que os avaliam. É preciso ter “vista longa” e ser do meio do futebol para descobrir valores. Mas, descobri-los de fato. Não outros tipos de valores traduzidos em mercadoria que com um bom banho de marketing surgem do dia para noite, apoiados na conivência mal intencionadas de alguns jornalistas esportivos e outros empresários de ocasião, como “as novas sensações” do futebol brasileiro e até mundial. Sem me estender demais, é aí que começa a boutique que forma as alcateias de lobos que tomam conta de um clube de mais de 116 anos, feito de vitórias mil.

Os poucos aspirantes a craques ou até valorosos jogadores identificados por esses “lobos” são negociados ainda verdes. Sequer tomam algum contágio com a história do clube. Naturalmente, as figuras perniciosas que chamei de “lobos” alegam a necessidade financeira do clube e suas dívidas estratosféricas para ter de negocia-los. Mas, infelizmente, negociam mal, antes do tempo e não costumam reverter os dividendos para o clube que investiu na formação desse jogador. Já virou uma bola de neve. É um círculo vicioso que parece que só terá fim quando um clube como o Fluminense estiver agonizando.

Camuflados, passam facilmente ao torcedor, ingênuo e movido pela paixão, a esperança de que jamais um clube do tamanho do Fluminense Futebol Clube irá acabar. E o torcedor, por sua vez, descarrega suas frustrações e revolta em treinadores ou presidentes que são apenas marionetes desses grupinhos e empresários especializados em estatísticas e não em futebol. Os “lobos” seguem camuflados e blindados. Blindados dentro do clube e em várias instituições fora dele. Mantendo relações espúrias e nebulosas com os poderosos do submundo que dá às ordens no futebol brasileiro. São eles os verdadeiros “patrões” dos jogadores e não mais o clube.

Para esses “lobos” o ideal é que o clube vá bem, mas nem tanto. Não caia, mas também não seja campeão. Chamar a atenção demais pode ser muito perigoso. Quem sabe a torcida acaba descobrindo um dia o nome dos “bois”?

Até a final tumultuada da Libertadores entre River Plate X Boca Juniors, Deus sabe quando e como.

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