domingo, 10 de fevereiro de 2019

VIDA OU MORTE DOS CAMPEONATOS ESTADUAIS NO BRASIL


Antes de falar sobre o assunto principal do blog de hoje, que não foi postado domingo passado por impossibilidades técnicas, quero fazer um breve comentário sobre o domingo de luto no futebol pela tragédia que vitimou jovens da base do Flamengo.

Não me cabe achar culpados, embora tenha minha opinião particular, porque não sou perito criminal. Só quero reforçar o desejo de que os familiares dos mortos e sobreviventes tenham muita força e fé para seguir adiante. No mais, você que me acompanha sabe meu pensamento sobre o comércio que fazem no futebol amador. Enquanto existir esse tipo de mentalidade que só visa o lucro e a ganância, o futebol será cada vez mais pobre e cada vez mais fraco.

Voltando ao tema principal do blog, tem sido repetitiva na boca do povo e nas resenhas esportivas a dúvida sobre a sobrevivência dos campeonatos estaduais. Uma grande parte não abre mão dos famosos estaduais das grandes cidades. Outros defendem que eles já deviam ter acabado há muito tempo.

Pessoalmente prefiro a morte desses calendários que estão aí. Não há planejamento e sucesso possível com seu modelo. Durante a temporada, você acha aqui ou ali algum jogo que justifique o público presente ou destaque na mídia. O aperto de datas, devido a ganância dos dirigentes e empresários, contribui diretamente para essa “areia movediça” que parece estar nos campos de futebol no início das temporadas, como os Estaduais.

Por mais que os dirigentes se esforcem não há como negar a incompetência e o desvio da finalidade e da existência dos jogos de alta rivalidade. Que graça tem uma rivalidade entre um Fluminense e Vasco, sendo disputada no Estádio Mané Garrincha, com um gramado inacabado, totalmente improvisado, e trazendo riscos físicos aos jogadores? Sem falar que não há dinheiro que justifique que o jogo seja disputado lá.

Já na rodada de São Paulo, jogando no Allianz Parque, o Corinthians derrotou o Palmeiras por 1 x 0, mesmo placar da vitória do Vasco sobre o Fluminense, num jogo de bem melhor técnica, melhores jogadores e um gramado em boas condições. O que ficou devendo lá foi a parte disciplinar. A crônica esportiva tem aceitado com muita naturalidade, contaminando o próprio torcedor, esse arranca-rabo e bate-boca constante entre jogadores nas faltas mais ríspidas e nos lances polêmicos.

O juiz é a lei. E no Brasil, a maioria está mais preocupada com sua imagem, em aparecer, do que arbitrar. Dá muito papo, conversa muito, é rigoroso demais em jogadas normais e pra lá de condescendente com jogo violento e as agressões verbais de lado a lado. Não tem essa de que expulsando dois ou três, você vai danificar o espetáculo. Muito pelo contrário.

Outro grande problema, já toquei nesse assunto aqui, são os horários criminosos. Em pleno verão atípico na cidade do Rio de Janeiro, a televisão ainda tem moral pra obrigar a realização de um jogo às 17h, com sol de 16h. Nem no melhor da forma física a resposta individual vai ser satisfatória. É um crime e uma ignorância sem fim. O tal tempo técnico também é uma prova de desconhecimento do jogo. Futebol de campo não é futsal e nem basquete. Não dá, num espaço daquele, pra forçar uma parada quebrando a sintonia e as surpresas de uma partida de futebol, para expor seus patrocinadores e divulgar os treinadores e seus empresários com suas pranchetas mágicas, imantadas, tentando dar um golpe de Q.I num inocente telespectador.

Outra bola fora é a própria bola. Qualquer arremate de média ou longa distância você percebe que a trajetória dela não é a mesma das bolas dos anos 70 e 80. A construção e o material utilizados tem outras intenções, como tornar o jogo suscetível a erros e acertos que provoquem alguma emoção. Uma ideia lamentável.

Dar aos Estaduais sua autonomia, sua essência e identidade com o povo e a cidade, é o caminho para tentar, aliado a uma folga maior no calendário, reviver o que estes campeonatos sempre tiveram de melhor. A começar pela retirada do domingo nobre de times de menor expressão, deixando esse espaço para os clubes de maior investimento, com jogadores de maior categoria técnica. É uma briga difícil, mas o outro caminho só irá desgastar e jogar no lixo partidas que reuniam, e não reuniram mais, públicos acima de 170 mil torcedores.

É isso. Uma boa semana a todos!

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