Antes de falar sobre o assunto principal do blog de hoje,
que não foi postado domingo passado por impossibilidades técnicas, quero fazer
um breve comentário sobre o domingo de luto no futebol pela tragédia que
vitimou jovens da base do Flamengo.
Não me cabe achar culpados, embora tenha minha opinião
particular, porque não sou perito criminal. Só quero reforçar o desejo de que
os familiares dos mortos e sobreviventes tenham muita força e fé para seguir
adiante. No mais, você que me acompanha sabe meu pensamento sobre o comércio que
fazem no futebol amador. Enquanto existir esse tipo de mentalidade que só visa
o lucro e a ganância, o futebol será cada vez mais pobre e cada vez mais fraco.
Voltando ao tema principal do blog, tem sido repetitiva
na boca do povo e nas resenhas esportivas a dúvida sobre a sobrevivência dos
campeonatos estaduais. Uma grande parte não abre mão dos famosos estaduais das
grandes cidades. Outros defendem que eles já deviam ter acabado há muito tempo.
Pessoalmente prefiro a morte desses calendários que estão
aí. Não há planejamento e sucesso possível com seu modelo. Durante a temporada,
você acha aqui ou ali algum jogo que justifique o público presente ou destaque
na mídia. O aperto de datas, devido a ganância dos dirigentes e empresários, contribui
diretamente para essa “areia movediça” que parece estar nos campos de futebol
no início das temporadas, como os Estaduais.
Por mais que os dirigentes se esforcem não há como negar a
incompetência e o desvio da finalidade e da existência dos jogos de alta
rivalidade. Que graça tem uma rivalidade entre um Fluminense e Vasco, sendo
disputada no Estádio Mané Garrincha, com um gramado inacabado, totalmente
improvisado, e trazendo riscos físicos aos jogadores? Sem falar que não há
dinheiro que justifique que o jogo seja disputado lá.
Já na rodada de São Paulo, jogando no Allianz Parque, o
Corinthians derrotou o Palmeiras por 1 x 0, mesmo placar da vitória do Vasco
sobre o Fluminense, num jogo de bem melhor técnica, melhores jogadores e um
gramado em boas condições. O que ficou devendo lá foi a parte disciplinar. A
crônica esportiva tem aceitado com muita naturalidade, contaminando o próprio
torcedor, esse arranca-rabo e bate-boca constante entre jogadores nas faltas
mais ríspidas e nos lances polêmicos.
O juiz é a lei. E no Brasil, a maioria
está mais preocupada com sua imagem, em aparecer, do que arbitrar. Dá muito
papo, conversa muito, é rigoroso demais em jogadas normais e pra lá de
condescendente com jogo violento e as agressões verbais de lado a lado. Não tem
essa de que expulsando dois ou três, você vai danificar o espetáculo. Muito
pelo contrário.
Outro grande problema, já toquei nesse assunto aqui, são
os horários criminosos. Em pleno verão atípico na cidade do Rio de Janeiro, a
televisão ainda tem moral pra obrigar a realização de um jogo às 17h, com sol
de 16h. Nem no melhor da forma física a resposta individual vai ser
satisfatória. É um crime e uma ignorância sem fim. O tal tempo técnico também é
uma prova de desconhecimento do jogo. Futebol de campo não é futsal e nem
basquete. Não dá, num espaço daquele, pra forçar uma parada quebrando a
sintonia e as surpresas de uma partida de futebol, para expor seus
patrocinadores e divulgar os treinadores e seus empresários com suas pranchetas
mágicas, imantadas, tentando dar um golpe de Q.I num inocente telespectador.
Outra bola fora é a própria bola. Qualquer arremate de
média ou longa distância você percebe que a trajetória dela não é a mesma das
bolas dos anos 70 e 80. A construção e o material utilizados tem outras
intenções, como tornar o jogo suscetível a erros e acertos que provoquem alguma
emoção. Uma ideia lamentável.
Dar aos Estaduais sua autonomia, sua essência e
identidade com o povo e a cidade, é o caminho para tentar, aliado a uma folga
maior no calendário, reviver o que estes campeonatos sempre tiveram de melhor.
A começar pela retirada do domingo nobre de times de menor expressão, deixando
esse espaço para os clubes de maior investimento, com jogadores de maior
categoria técnica. É uma briga difícil, mas o outro caminho só irá desgastar e
jogar no lixo partidas que reuniam, e não reuniram mais, públicos acima de 170
mil torcedores.
É isso. Uma boa semana a todos!
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