Com toda certeza, a maioria não. Esta, da foto que
utilizei, com 18 anos de idade, chamada João Pedro, do Fluminense Futebol
Clube, já nem é mais do Fluminense Futebol Clube. Pertence ao Watford, da
Inglaterra. Quem vendeu, se deu bem. Que comprou, provavelmente não terá
prejuízo. Mas, lhe garanto que não terá o futebol que imagina.
Jogador muito badalado, chegando às manchetes das mídias
esportivas, tratado quase como um fenômeno e uma revelação que fazia chorar os
torcedores do Fluminense por perde-la precocemente. Vi um jogo diante do
Atlético Nacional, da Colômbia, no Maracanã, onde por volta dos 15 minutos ele
já havia assinalado 2 gols e participado de outro, levando a torcida tricolor ao
delírio. Movido pela paixão, o torcedor sequer percebeu que o time que ele
enfrentava, que o deixava deslizar em campo, correndo com passadas largas,
lembrando uma gazela, pelo seu estilo físico, estava em uma bruta crise. Seu
treinador, o brasileiro Paulo Autuori, com a cabeça a prêmio, e, a começar
pelos zagueiros, sequer sabiam se posicionar em campo.
Minha intenção não é desmerecer João Pedro. Mas sim
mostrar minha visão da realidade do seu futebol. Já vi cerca de 15 ou mais
jogos dessa promessa. Não vi nada do outro mundo, a não ser um jogador esguio, coordenado,
rápido, mas com um potencial técnico não totalmente desenvolvido. Fundamentos
como cabeceio e finalização de média e curta distância deixando muito a
desejar. E os deslocamentos quase sempre errados. Vejo falhas na proteção de
bola. E cheguei mesmo a duvidar do seu real interesse em defender o Fluminense
até sua mudança definitiva para a Inglaterra. Já se envolveu em confusões com a
torcida fora do jogo, pela cobrança da mesma, justo porque ela já desconfia em
quem tanto apostava. E com razão. O jogador não tem o futebol que muitos
pensavam ou esperavam. Inclusive eu.
E isso vai se tornando comum nos clubes brasileiros. Uma
forma, como se diz, de salvar a lavoura, arrumar o caixa, disfarçando sua visão
unicamente comercial, se aproveitando da incompetência, da irresponsabilidade e
da podridão que existe nas categorias de base dos clubes, em sua maioria. Raros
trabalham com seriedade e com os profissionais qualificados para tanto. Usam a
base como máquina de fazer dinheiro. Usam, na base, profissionais de origem
estranha ao futebol. Quando não são chancelados, apadrinhados ou tido como “modernos
e estudiosos”, como se futebol na categoria de base também fosse aprendido em
livros. Enxergar o dom e a arte é um mistério. E, provavelmente, o dom e a arte
não são bem aproveitados e são pouco confiáveis. E quando são previamente
escolhidos, jogadores com potencial (uma palavra que não gosto de usar)
razoável, promissor, esse jogador só é visto do ponto de vista científico. Não
técnico. Não se trabalham as finalizações e os fundamentos necessários e
imprescindíveis a um jogador revelado na categoria de base dos clubes.
E para piorar tudo, em países como Brasil, Argentina, Colômbia,
Peru etc, a vulnerabilidade é muito maior, porque são países exportadores de
jogadores. Países pobres diante do poder do dólar e do euro. Essa mistura que
coloquei acima, num todo, torna, com absoluta convicção, um campo cheio de
soluções em um buraco sem fundo. O futebol das divisões de base deve ser
devolvido a quem de direito. A quem conhece futebol de verdade, a quem vive
futebol, tem tradição no futebol e, de preferência, tenha jogador futebol. E
nunca transitar frouxo e livre sem os olhos da Receita Federal dos países que
revelam jogadores que usam como simples mercadorias.
Boa semana!
Nenhum comentário:
Postar um comentário