domingo, 6 de outubro de 2019

NOSSAS REVELAÇÕES SÃO CONFIÁVEIS?


Com toda certeza, a maioria não. Esta, da foto que utilizei, com 18 anos de idade, chamada João Pedro, do Fluminense Futebol Clube, já nem é mais do Fluminense Futebol Clube. Pertence ao Watford, da Inglaterra. Quem vendeu, se deu bem. Que comprou, provavelmente não terá prejuízo. Mas, lhe garanto que não terá o futebol que imagina.

Jogador muito badalado, chegando às manchetes das mídias esportivas, tratado quase como um fenômeno e uma revelação que fazia chorar os torcedores do Fluminense por perde-la precocemente. Vi um jogo diante do Atlético Nacional, da Colômbia, no Maracanã, onde por volta dos 15 minutos ele já havia assinalado 2 gols e participado de outro, levando a torcida tricolor ao delírio. Movido pela paixão, o torcedor sequer percebeu que o time que ele enfrentava, que o deixava deslizar em campo, correndo com passadas largas, lembrando uma gazela, pelo seu estilo físico, estava em uma bruta crise. Seu treinador, o brasileiro Paulo Autuori, com a cabeça a prêmio, e, a começar pelos zagueiros, sequer sabiam se posicionar em campo.

Minha intenção não é desmerecer João Pedro. Mas sim mostrar minha visão da realidade do seu futebol. Já vi cerca de 15 ou mais jogos dessa promessa. Não vi nada do outro mundo, a não ser um jogador esguio, coordenado, rápido, mas com um potencial técnico não totalmente desenvolvido. Fundamentos como cabeceio e finalização de média e curta distância deixando muito a desejar. E os deslocamentos quase sempre errados. Vejo falhas na proteção de bola. E cheguei mesmo a duvidar do seu real interesse em defender o Fluminense até sua mudança definitiva para a Inglaterra. Já se envolveu em confusões com a torcida fora do jogo, pela cobrança da mesma, justo porque ela já desconfia em quem tanto apostava. E com razão. O jogador não tem o futebol que muitos pensavam ou esperavam. Inclusive eu.

E isso vai se tornando comum nos clubes brasileiros. Uma forma, como se diz, de salvar a lavoura, arrumar o caixa, disfarçando sua visão unicamente comercial, se aproveitando da incompetência, da irresponsabilidade e da podridão que existe nas categorias de base dos clubes, em sua maioria. Raros trabalham com seriedade e com os profissionais qualificados para tanto. Usam a base como máquina de fazer dinheiro. Usam, na base, profissionais de origem estranha ao futebol. Quando não são chancelados, apadrinhados ou tido como “modernos e estudiosos”, como se futebol na categoria de base também fosse aprendido em livros. Enxergar o dom e a arte é um mistério. E, provavelmente, o dom e a arte não são bem aproveitados e são pouco confiáveis. E quando são previamente escolhidos, jogadores com potencial (uma palavra que não gosto de usar) razoável, promissor, esse jogador só é visto do ponto de vista científico. Não técnico. Não se trabalham as finalizações e os fundamentos necessários e imprescindíveis a um jogador revelado na categoria de base dos clubes.

E para piorar tudo, em países como Brasil, Argentina, Colômbia, Peru etc, a vulnerabilidade é muito maior, porque são países exportadores de jogadores. Países pobres diante do poder do dólar e do euro. Essa mistura que coloquei acima, num todo, torna, com absoluta convicção, um campo cheio de soluções em um buraco sem fundo. O futebol das divisões de base deve ser devolvido a quem de direito. A quem conhece futebol de verdade, a quem vive futebol, tem tradição no futebol e, de preferência, tenha jogador futebol. E nunca transitar frouxo e livre sem os olhos da Receita Federal dos países que revelam jogadores que usam como simples mercadorias.

Boa semana!

Nenhum comentário:

Postar um comentário