domingo, 1 de setembro de 2013

O FLU PRECISA DE MAIS MÉDICOS




















Senhores,

Pode ser inspirado, mas não se relaciona a patrocinadora do clube. Vou tentar em linhas gerais neste espaço abordar o enigma Fluminense Futebol Clube. Antes de me referir à parte administrativa e executiva do clube, lembro que escrevi aqui por várias vezes, no início do ano, que o elenco precisava de uma reformulação ampla. E me preocupava, pois eu não via movimentos nesta direção. Falavam em um ou dois reforços como se o Fluminense pudesse em 3, 4 temporadas manter a mesma pegada.

Pra começo de conversa, o time já fechou o ano em declínio, apesar de campeão. E começou o ano, pra ser mais exato um mês depois, se desfazendo de seu atacante Wellington Nem. Muitos apostavam em Rhayner, mas ninguém o conhecia ao certo. Muitos apostavam nos jogadores da base, mas ninguém sabia, como ninguém sabe, precisar o exato desempenho deles com a camisa titular em campo.

Bem, a campanha vocês têm acompanhado, tem sido sofrível. Em alguns jogos fica uma nítida sensação de que alguns jogadores com forte influência no elenco mostram pouca vontade. E isso é óbvio e influencia os demais. Além de não haver a antiga união, nem entres os jogadores, nem fora das 4 linhas do clube. Ou seja, como fui contra a substituição do Abel, apesar de achá-lo desgastado, não tenho sido contra o trabalho do Vanderlei, com uma ou outra diferença. Mas o problema não está na área técnica.

O Fluminense sofre de dois problemas. O primeiro é ausência de ação de seu patrocinador, tanto no dia a dia, quanto nas contratações, pois todos sabem que o futebol profissional funciona através dele. Fontes alegam problemas graves políticos e de outras naturezas envolvendo o presidente da Unimed, Celso Barros. Isso me lembra 2009, quando numa queda de braço com Parreira, por pura vaidade, Celso Barros sumiu um pouco do clube. E Parreira se recusou a pedir o boné, apesar das consecutivas derrotas. Agora apenas os personagens parecem diferentes.

No outro problema, vamos à outra ferida. Como em todo clube, o atual presidente chegou ao posto eleito por uma forte corrente de associados, no caso do Fluminense, de nome Flusócio. Entretanto, por compromissos políticos e pessoais, o presidente, rapaz novo, abastado e sem militância no esporte ou um convívio mínimo, tão logo eleito começou a nomeação e a distribuição de cargos para este grupo. De forma inédita, levando em conta a eleição, dominaram as cadeiras de conselheiros do clube, tamanha sua força. A presidência ficou com a faca e o queijo na mão. É como ter o congresso todo ao seu lado.

O problema reside em, por inexperiência ou convicção, o presidente Peter Siemsen conferiu poderes em massa, com exceção do alto comando do futebol profissional, a membros da Flusócio. Claro, a maior parte compromisso de campanha. E este grupo difere dos grupos comumente achados nos clubes de futebol. Seus projetos têm características bem diferentes. Não aceitam debates, tratam seus caminhos e comunicados via redes sociais, divulgam-se através do marketing do clube, pressionam pesado toda e qualquer decisão do futebol profissional e são ouvidos sobre qualquer contratação de certo vulto no Fluminense, além de boicotarem possíveis “intrusos” não ligados a eles. Seu prato predileto é a caça ao que chamam de velho Flu. Idolatram de maneira anormal o atual presidente. Não li uma vírgula até hoje em que eles o criticassem ou admitissem erros. E sabe-se muito bem, que desde as categorias de base, até alguns cargos que levam ao futebol profissional, existem vários nomes sem vínculo e experiência alguma no futebol. Pessoas que jamais trabalharam em funções esportivas. Mas que por corporativismo e interesses diversos não caem e não cedem espaço para outras pessoas mais habilitadas para as funções.

Começaram então a dividir o Fluminense em 2. O Fluminense que eles compõem e chamam de novo Fluminense e o Fluminense do passado, onde todos roubavam, ou quase todos, e se valiam do clube como suas tetas. Bem, eu estou vendo neste grupo e nesta administração equívocos até piores do que alguns do passado, onde ao menos, em alguns casos, pela transparência que hoje não existe, você identificava um escândalo na venda dos ingressos, como na Libertadores de 2008. Sem falar que é impossível o Fluminense não ter tido bons presidentes. Claro, teve sim. Por insegurança e como citei acima, corporativismo, esse grupo se fecha e é feito a música: “quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai”.

Fatalmente começariam as brigas, porque os problemas e defeitos apareceriam, principalmente na hora que a bola não entra, e mais ainda quando as jóias lapidas no Eldorado que eles acham que Xerém é, não rendem o esperado. Ou por entrarem numa fria ou por não terem a capacidade que eles alardeiam. É evidente que tais defeitos chegariam a ecoar no clube, criando uma cisão dentro do Fluminense, gerando mal estar, antipatia, ódio e refletindo no elenco.

Com alguns salários atrasados e os problemas de desgaste que citei lá em cima, os problemas eclodiram no time profissional, que com certeza não é um primor, mas tem no mínimo uns 10 a 12 elencos abaixo dele na séria A. Agora começa a entrar a zona de degola e culminando com ano eleitoral e sem se ver no horizonte nenhuma mão estendida buscando solução e acordos. A pouco mais de 60 dias das eleições no clube, o presidente chora ao vivo, literalmente, nas rádios reivindicando justiça em dívidas com a Receita Federal. Mas ninguém sabe se ele é candidato a reeleição. Provavelmente só a Flusócio. E do outro lado, nenhum nome de oposição surgiu de maneira clara, ao menos na mídia.

Resumindo, segue o Fluminense o seu calvário, com jogadores visivelmente poupando-se em campo, um treinador mudando esquemas e sistemas de jogo, usando novatos e cascudos, ninguém sabe do patrocinador, e o presidente se fecha em sua depressão junto ao colegiado que o elegeu.

Está declarada a guerra. Ontem, por exemplo, na derrota de 2 X 0 para o Santos, que aproximou mais o clube da zona de rebaixamento, a pancadaria no estádio já mostrou sua graça. Essa tal corrente, Flusócio, ligada a outras correntes e etc, tem como premissa que o Fluminense, jogando mal ou jogando bem, tem de ser apoiado, não pode ser vaiado. Esse patrulhamento pra mim é uma novidade que beira ao fanatismo, ao oportunismo, ao casuísmo e às vezes até ao fascismo, impedindo que o torcedor comum se manifeste como queira. Coisa que eu nunca vi em futebol. E como eu tenho muito medo desses sufixos terminados em “ismo”, eu acho que o Fluminense precisa sim de ‘mais médicos’, de preferência psiquiatras, psicólogos...

A benção João de Deus, Papa Francisco e todos os santos.


Até a próxima!

Fernando Afonso

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