No atual e fraco Brasileirão
2013, vale ressaltar também alguns destaques positivos. Uns dentro do campo,
poucos, mas existem, e outros nas áreas técnicas. O trabalho de alguns
técnicos, essencialmente boleiros, quem sabe começa a jogar por terra infindável
mito dos treinadores teóricos.
Jayme, no Flamengo, tem
provado isso nos jogos que já dirigiu. Com elenco abaixo da média consegue dar
algum padrão de jogo ao Flamengo e reconhecer defeitos e qualidades invisíveis
aos olhos dos estranhos ao gramado. O mesmo acontece com Marcelo Oliveira, ex-meia
de qualidade do Atlético-MG e Renato Gaúcho e Vanderlei, estes dois últimos já
mais manjados no futebol.
Marcelo Oliveira, como eu
disse aqui semana passada, dirige o quase campeão Cruzeiro com competência e um
futebol solto em um time bem armado. Vanderlei Luxemburgo, em meio a uma série
de dificuldades, políticas, de elenco e médicas, vem dando nó em pingo d’água e
desfazendo rótulos a seu respeito.
Aliás, para mim, Luxemburgo é
o melhor técnico em atividade no país. Tenho essa opinião há algum tempo. Uma
de suas maiores virtudes é tão logo percebida uma necessidade, como uma troca
ou uma mudança tática, ele o faz sem protelar, sempre em busca da vitória.
Apesar de polêmico, Renato
Gaúcho merece entrar nessa lista. Com tantos ou mais rótulos que Vanderlei
Luxemburgo, e para muitos apenas um motivador, Renato, através da motivação e
do grupo nas mãos, consegue ao menos o que muitos não o fazem nos computadores
e nos quadros imantados cheios de setas.
Não estou dizendo com isso
que algum treinador, basicamente teórico e sem origem na prática do campo, no
meio do futebol, não tenha condições de sucesso. Ou que qualquer boleiro nato
esteja habilitado para ter sucesso. Mas as chances são muito maiores.
Muitos argumentam usando o
termo modernidade, mas não sabem onde ela se encaixa nesse trabalho. É evidente
que você tem que ter uma boa diretoria esportiva, com vice de futebol,
supervisores (atuais gerentes de futebol), um departamento médico qualificado,
com uma fisiologia e psicologia bem integradas, uma preparação física de
conceitos específicos e qualificados, bons auxiliares, etc, etc. Mas cada um na
sua praia.
Muitos, após a perda da Copa
de 74, invadiram o futebol com um discurso de que tudo precisava mudar, que os
boleiros eram ignorantes e desatualizados. Na verdade foram vender seu peixe. E
o vendem até hoje, tentando tirar essa diferença no diploma, no papel.
Tivemos os Parreiras sim, mas
adaptados a um Zagalo e com a sensibilidade de saber que necessitava dele ao
seu lado. Felipão teve de dividir tarefas para se encaixar, apesar de ter sido
também jogador. E Deus sabe como. Mas é inegavelmente um treinador de sucesso. Osvaldo
de Oliveira que ontem passou mal ao ver o Botafogo despencando, em minha opinião
fisicamente, teve o bom senso de cercar-se de boleiros e ter um que ajuda e
joga dentro de campo, que é o Seedorf.
Essa discussão volta e meia
vem à tona. Aconteceu há 4 anos quando após gastar milhões com treinadores de
pedigree e sobrenome, acharam um Andrade que deu um título ao Flamengo. Assim
foi com Carlinhos, no próprio Flamengo, Muricy no São Paulo e Fluminense e
Cuca, atualmente no Atlético.
A justiça está colocando os
pingos nos “is”. Colocando cada macaco no seu galho. E provando que sem visão e
conhecimento prático forjado na lida com a bola, suas chances são infinitamente
menores de ao menos se manter no topo por muito tempo.
Principalmente num campeonato
onde você tem que tirar um coelho da cartola, matar um leão por dia, treinar péssimos
jogadores e aturar uma bola de menores dimensões e peso, conforme manda o
padrão FIFA de bola na rede. E danem-se os artistas.
Boa semana!
Fernando Afonso
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