domingo, 26 de janeiro de 2014

GERAÇÃO DE 82: A SELEÇÃO QUE ENCANTOU O MUNDO. SERÁ? – PARTE FINAL


















Em campo Brasil X Argentina. Emoções à flor da pele. Só que um Brasil tranquilo e seguro de si, não demorou a se impor. Zico abre o placar no rebote de majestosa cobrança de falta de Éder. As tabelas vão surgindo e fluindo naturalmente e Falcão começa a se destacar mais ainda. O Brasil joga solto e na segunda etapa, correndo poucos riscos, chega aos 3 X 0 com direito a sambinha do Júnior. A zaga argentina, escancarada, corria atordoada atrás do nosso meio, deixando espaço nas costas, em seu campo. Até Serginho fazia gol.

Temendo a violência de uma seleção argentina mal preparada e sem equilíbrio emocional, Telê começa a poupar Zico, entrando Batista, e depois Leandro, entrando Edevaldo. Diaz faz o gol de honra, mas o que acaba marcando o final daquele jogo é o destempero do pupilo argentino Maradona, agredindo Batista com um pontapé por trás. Superada a Argentina. Estávamos em uma sexta-feira, na segunda, pelas quartas, jogaríamos a vaga com a Itália, com a vantagem do empate.

A euforia tomou conta do povo brasileiro. Principalmente depois de se vencer uma equipe como a Argentina, mesmo não estando em sua melhor forma. Enfrentaríamos uma Itália que vinha se arrastando na Copa e havia fechado o grupo devido à briga com a imprensa, denúncias de homossexualismo e desunião no elenco. O Brasil era apontado como favorito absoluto. Menos por mim, que temia jogar com um time que vivia um pacto, começava a crescer nas duas últimas partidas e exercia, como acho que ainda exerce, uma das marcações mais fortes e bem feitas do mundo. Não vou dizer que houve desatenção do Brasil por parte desse jogo, mas devido às circunstâncias, um relaxamento natural e uma concentração heterogênea. Isso ficava claro nas entrevistas dos jogadores. Não estou dizendo que o Brasil menosprezou a Itália, mas não a encarou como deveria.

E futebol meu amigo, se ganha no campo. A Itália entrou disposta a tudo. Surpresa com a excelente marcação italiana, a seleção sofria quando perdia a posse de bola. Demorava a se recompor e com isso a Itália chegava ao primeiro gol. Tudo bem, vamos empatar, pensava a maioria. E empatamos. Em magistral passe de Zico, Sócrates decreta o empate. Voltava o otimismo. Mas o bom futebol não. Minutos depois, pressionado por si mesmo, Cerezo erra bisonhamente uma saída de bola, Paolo Rossi em seu dia, fuzilava Waldir Perez, à meia altura, no centro do gol, com este caindo para trás. Itália à frente novamente.

Vamos empatar? Agora parecia mais difícil. Veio o segundo tempo e o time não encontrava espaços. Vale lembrar que no elenco alguns jogadores erroneamente e de forma antiética e depreciativa, subiram no salto alto e teriam dito, durante a preparação, que seriam capazes de ganhar uma Copa para o Brasil de “verdade”, com sabedoria, bom português e modernidade. Jamais citavam ou reverenciavam o time do tri pela conquista. Havia um racha de gerações. Uma guerra clara de vaidades na seleção de Telê. Atônito, Telê não sabia o que fazer. Se assim como 12 anos antes, com uma seleção bem superior, Gerson, aos 23 do segundo ,teve que colocar o Brasil em vantagem com um tirambasso de fora da área, agora era a vez do incrível Falcão fazer o mesmo, com categoria e precisão. Sua comemoração ao empate traduziu tudo que se passava dentro de campo. Dava pra contar as veias estufadas em sua garganta e braços. Ele era o Brasil nas veias. O jogo seguiu então com ares imprevisíveis. Mas parecia que o Brasil só estava passando por um susto, que nos classificaríamos com um empate ou viraríamos aquele jogo encardido.

É, meu amigo, a determinação italiana não morria ali. Por sorte ou não, Paolo Rossi se aproveitava de um time extremamente bem preparado para atacar, embora sem um homem de finalização adequado e pouco testado no seu sistema defensivo. A reação de Júnior ao tentar salvar o terceiro gol italiano era de que a vaca estava indo para o brejo literalmente. Até não teria ido, se a grande cabeçada de Sócrates não encontrasse uma barreira chamada Dino Zoff, nos minutos finais.

Fim de papo. Fim de um sonho, início de um trauma. Como pode, o que aconteceu? Não nos preparamos como devíamos. Não fomos uma equipe tão equilibrada. Apesar do magnífico futebol jogado em alguns momentos, nos faltaram detalhes essenciais para conquistar uma Copa. Faltou-nos a dose de competitividade, aliada a qualidade técnica natural, e conhecimento profundo dos adversários durante uma Copa do Mundo. E só pra lembrar, na Copa seguinte Telê tentava tudo, só que de forma oposta. Fugiu ao seu estilo jogando defensivamente, com Elzo, Alemão e etc, e desta vez perdemos porque não tivemos força ofensiva suficiente. Ninguém é perfeito. As falhas existiram e não perdoaram, apesar dos momentos que encantaram a todos.



Aquele abraço!

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