Comandar time recheado de estrelas e com farto
elenco à disposição já consagrou e consagra muito treinador que não fala nada
com não sei o quê. A lista é extensa, porém alguns bons times e elencos não
eram tão fáceis de dirigir. Alguns detalhes o torcedor comum não percebe.
O bom técnico mesmo é aquele que sabe tirar o máximo
de seu jogador. Que tem a capacidade de identificar um defeito e corrigi-lo de
forma rápida e eficaz. O bom treinador, ao chegar ao clube, com 15 dias de
convivência já percebe o que tem nas mãos em matéria de perfil dos jogadores. Muitas
vezes são jogadores de alto nível, mas que não se encaixam, ou no estilo de
jogo, ou na personalidade e relacionamento.
E hoje é mais comum isso acontecer por causa, por exemplo, das
diferenças salariais. O bicho, aquela gratificação por jogo, ainda faz muita
falta ao futebol. Dificilmente um jogador com vencimentos estratosféricos mete
o pé em uma dividida ou joga com a mesma disposição que um que ganha na conta
do chá. O mesmo vale para os treinadores. Muitos pegam, inclusive, o time já
armado por aquele que saiu. Atualmente, já não existem tantas diferenças de
clube para clube, menor ou maior, no condicionamento físico. A ciência do corpo
já é acessível para clubes de menor expressão. Muito preparador físico sem nome
domina e até supera seus mais renomados colegas de trabalho.
Com essa vazante do futebol brasileiro aliada a um pós-Copa
deprimente, é difícil um clube manter a regularidade. O Cruzeiro que hoje
empatou em 3 X 3 com o Fluminense, é uma exceção. A propósito, seu técnico
Marcelo Oliveira dá segmento a um trabalho que ele mesmo começou. O Cruzeiro é
um clube estruturado, com um bom centro de treinamento comandado por
profissionais da bola, e bem de grana. O São Paulo volta a erguer-se com o
trabalho polêmico, mas eficiente, de Muricy. Aliado a isso, um investimento que
dificilmente falta no Morumbi. Vanderlei Luxemburgo é mais um destaque e a meu
ver, apesar dos pesares e trejeitos, é o que mais domina a arte de treinar um
time de futebol no Brasil de hoje. Recebeu um Flamengo fragmentado, em baixa, com
indícios de boicotes e tristeza pela saída do excelente Jayme e ao seu modo, recompôs
e renovou a autoestima do clube da Gávea. Hoje o Flamengo joga com muita raça e
disposição. E o papel de Luxemburgo é fundamental nesse processo.
Agora, companheiro, não adianta querer inventar.
Existem três ou quatro elencos de alguma qualidade no Brasil e o restante é
japonês. Os demais treinadores não citados tem que rebolar. Tem que mostrar que
com pouco, podem fazer muito. Tem que ter percepção, tarimba, comando, muita
inteligência e olhos de ver.
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