Mais uma vez peço desculpas por destacar o lado negro do futebol. Cresci vendo Pelé, Tostão, Zico, Rivelino e outros tantos jogarem. A CBF, apesar de ter João Havelange como presidente, não dispunha dos mecanismos que testassem seu caráter, o despissem e colocassem em cheque a CBD, sigla real da época. O mesmo (no meu caso por ser carioca nascido na Tijuca, pertinho do Maracanã) se podia dizer da FCF, Federação Carioca de Futebol, comandada por Otávio Pinto Guimarães, para quem o exemplo acima também cabe certinho. Portanto, eu vi o futebol e apesar de ver coisas estranhas, elas existiam, sim, eram bem mais raras. E os métodos de apuração e descoberta bem mais difíceis e vagarosos. Sem falar que estávamos vivendo um regime de ditadura no país.
No dia 17 deste mês, fiz a coluna “VOCÊ ASSINOU EMBAIXO
DESTE TIME?” Ali, abri um comentário e uma discussão sobre a Copa de 2014, não
digerida ainda no meu consciente e inconsciente. Na ocasião, vários fatos me
preocupavam muito e já sabia com clareza a respeito de algumas atitudes de
Ricardo Teixeira, das comissões técnicas que nomeava, de seus substitutos,
incluindo o vigente, e sabia também sobre a FIFA. Estranhava, como várias vezes
estranhei, o sorteio de chaves de Copa do Mundo. Estranhava o Brasil não jogar
uma só vez no Maracanã, mesmo tendo chegado a uma Semifinal. Preocupavam-me atitudes,
ações, tanto da ex-comissão de Mano como a de Felipão e Parreira, como disse
abertamente. Eles não eram eles. E olha que só o Parreira eu conheço desde
1969. Os jogadores não me passavam confiança, tanto no aspecto técnico, tático e
competitivo. Mais ainda a preocupação dos manifestos no país, a pressão popular
sobre o Governo e no caso a Copa, nitidamente políticas e dirigidas, servindo
de cortina, de biombo para que se percebesse com menos nitidez os fantasmas se
mexendo. O que era sujo ficava mais difícil de ser identificado. Pouco depois,
uma seleção que chorava antes, durante e depois dos jogos. Inédito, nunca vi
isso. E jamais pode recair apenas sobre o aspecto psicológico. Aquele jogo
contra a Alemanha, até os seus 15, 20 minutos, era bem visto por mim. A seleção
tomava iniciativa e havia uma clara briga de cachorro grande se ensaiando,
apesar da ausência de Neymar. Depois do primeiro gol, aí sim, o desastre não
parecia ter sido por falta de freio e sim pela ausência dele. Certas reações,
dentro e fora do campo naquele dia, ficam além da suspeição.
Agora, como estamos vendo, explodiu o escândalo na FIFA. Volta-se
a falar na Copa de 1998, a qual, sinceramente, nunca duvidei que tivesse sido
vendida como dizem. Primeiro porque a França não era uma baba e segundo, se
médicos e especialistas e um comboio de jogadores de futebol atestam que
Ronaldo teve aquele piripaque, daí em diante todo desequilíbrio seria
explicável. Só não posso dizer se houve má fé ou se foi teatro por baixo dos
panos envolvendo o próprio atleta Ronaldo (por sinal um dos envolvidos nas
investigações do FBI). É evidente que outros serão denunciados. A mídia,
particularmente a Rede Globo, tem evidente comprometimento antigo com essa
podridão toda. Só não vê e percebe quem não quer. Estejam certos que Blatter,
mesmo eleito, não se sustentará. Nomes aparecerão, outras federações,
instituições, jogadores, cartolas, clubes, dirigentes, empresários...tudo está
ligado a tudo. E aqui no Brasil, o paraíso da safadeza, da impunidade, no qual,
com interesses políticos ou não, o FBI joga nas manchetes o que a nossa
respeitada e poderosa Polícia Federal não viu e não sabe quem fez ou quem foi. Usaram
o campo da Granja Comary para suas peladas particulares. A Receita em 1994
segurou o avião tetracampeão e os equipamentos de Teixeira e outros. Mas o
avião era tetracampeão. Aí, foi liberado.
Fechando essa triste coluna não faltam exemplos. A própria
Copa de 1978, lá se vão 37 anos, é um deles. No caso da UEFA e outras ligas e
federações, pode ser que cabeças rolem. Aqui, minha gente, sinceramente, eu não
sei. Mas, quem dera. Porque se isso não acontecer, fique certo torcedor mais ou
menos fanático, você nunca mais verá um futebol de boa qualidade e sequer mais
ou menos limpo. Tenha certeza disso.
Pensem sobre.