Meus amigos, já deveria há muito tempo ter tocado nesse
assunto. Por sorte, um comentário esta semana trouxa à tona o que quero
debater. Falo sobre a tal “Lei de Gerson”. Aquela do “Você gosta de levar vantagem
em tudo, certo?”. Pois é.
Em comentário de um jornalista político sobre o ex-craque
Ronaldo Fenômeno e a possibilidade de sua imagem ter sofrido algum desgaste com
o caso FIFA, o comentarista, creio ter sido Luis Nassif, avaliou que prejuízo
mesmo teve Gerson ao expor o seu caráter na propaganda que virou jargão de
esperteza.
Por pura ignorância e covardia puseram um rótulo no
canhotinha de ouro que resiste até hoje. Principalmente entre os mais
hipócritas. Para quem não sabe, Gerson foi um meio campo fabuloso (não existe
nenhum igual no momento, no mundo, em atividade) que muitas vezes
desequilibrava, e desequilibraria hoje também, em favor do seu time.
Dotado de extrema habilidade, técnica, raciocínio e
liderança, Gerson tem seu nome escrito e consagrado na história dos grandes
astros do futebol mundial. Não vale nem à pena discutir seu ritmo de jogo. Pra
isso fizeram a bola redonda. Por isso, quem tem de correr é ela. E mesmo assim,
quando era preciso, ele corria. E caso não o fizesse, existiam mil e um
recursos para compensar com sobras suposta deficiência.
Como profissional Gerson sabia como poucos lidar com
dirigentes capciosos. Seu contrato, por exemplo, era renovado sempre com o
envolvimento de seu sogro, seu procurador. Jamais entrava em campo sem
garantias contratuais definidas. Existe algum mal nisso? Dentro de campo, se
preciso, parava o adversário com falta, na cera, como todos os que
competitivamente contribuíram para o futebol de alto nível no mundo.
Ora, se até Pelé soube dar sua “cotoveladinha” no
Matosas, do Uruguai, na Copa de 70, para dar o troco aprovado e com firma
reconhecida, por que Gerson não poderia usar sua caixa de ferramentas? Até
porque, Gerson era um jogador longe de ser violento. E a cera, que sabia fazer
como ninguém, principalmente fazendo a bola rodar e o adversário correr atrás,
além de outras malícias, faziam parte de sua sabedoria. Era tudo legal.
Ocorre que ao aceitar um comercial do cigarro Vila Rica, ainda
no auge de sua fama, Gerson repetiu o texto do redator, que dizia: “Eu gosto de
levar vantagem em tudo, certo?”. Referindo-se a preço, qualidade e etc. Estaria
errado o canhota? O certo é levar desvantagem? Desde quando ele ali deu exemplo
de que o certo era passar os outros pra trás? De que o certo era roubar,
enganar, tripudiar? Jamais a “Lei de Gerson” foi dita no sentido que é usada.
Fora de campo, como comentarista, sempre fez um excelente
trabalho, assim como nos gramados, onde honrou a camisa dos clubes que jogou e
da seleção de seu país, fazendo inclusive um gol antológico e dificílimo na
decisão contra a Itália, em 70. Portanto, antes de ouvir o galo cantar, vá lá e
dê conferida se é o galo mesmo.
Boa semana!
P.S. Falo sobre a Copa América assim que ela esquentar
mais um pouco, ok?
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