domingo, 21 de junho de 2015

45 ANOS: SOMOS TRICAMPEÕES MUNDIAIS
















Faço hoje, não poderia deixar de fazê-lo, uma homenagem aos heróis tricampeões mundiais. São exatos 45 anos. Um domingo ensolarado de temperatura amena, parecido com o de hoje na minha cidade Rio de Janeiro. Lembro-me que passava de 1 da tarde o início do jogo, no horário de Brasília.

Considero o auge do futebol brasileiro pela soma de muitos detalhes. Em que pese 58 ter sido fora do comum, até porque o sonho começava ali, mas era a posse definitiva de uma taça de 40 anos de disputa. Se a Itália vencesse na decisão ficava com ela, a famosa Jules Rimet, que protagonizou até uma guerra entre Honduras e El Salvador nas eliminatórias, justo dessa Copa. A Jules Rimet é nossa, sim. Não importa o que ocorreu nos “seguros” cofres da Rua da Alfândega sobre um símbolo, que é a taça. Devido ao valor público e sentimental, não havia nem razão da notícia vazar. Mas...

Falando nos tais detalhes, vamos a eles. Tínhamos uma geração amadurecida, com Pelé no seu apogeu. Fizemos uma eliminatória impecável. Mas, apesar do extremo valor de João Saldanha, que montou a base daquele time, algumas coisas precisavam ser mudadas, sim. Triste que tenha tido a colaboração da ditadura intervindo no futebol e na demissão de Saldanha. Porém, sobravam recursos e opções. E as providências tomadas por Zagallo, ao assumir, foram acertadas. Félix jamais poderia ser reserva de Ado. Muito menos cortado. Com Félix no auge de sua experiência, você confia sua meta a um goleiro de 23 anos, pouco experimentado? Ou ao deslumbrado Leão, de 19 anos? Era necessária também mais experiência e Piazza não podia ficar de fora, mesmo improvisado. Assim como, mesmo improvisado, Rivelino tinha que estar ali, mesmo no lugar do fantástico Edu. A ideia tática era do Zagallo e estava correta, sim.

Sobre a qualidade do time, tecnicamente falando, era de encher os olhos. Se faltava técnica a Brito, sobravam saúde e virilidade. Se faltavam velocidade e habilidade a Everaldo, ele compensava com uma marcação muito eficiente. O restante eram as feras do João bem arrumadas pelo Zagallo. Um a um os adversários iam caindo. Todos derrotados. Uma preparação física que começou perfeita, assim como o planejamento, feita na Escola de Educação Física do Exército e agraciada como a melhor da Copa. Uma pré-Copa, digamos inteligentíssima, adaptando a equipe aos parâmetros de altitude. E com uma equipe que mesclava jovens de alto nível como Paulo Cézar Caju, Clodoaldo e Rivelino, com jogadores no seu ponto máximo de carreira. Fora inteligentemente aproveitada a base dos clubes, no caso, predominante a do Botafogo. Isso é importantíssimo e eficaz quando se fala em seleção. Autoconfiança, domínio dos nervos e show de bola em campo. A seleção com a bola e sem ela.

Sinto-me um privilegiado. Eu vi tudo. Naquela Copa e naquele dia, eu vi tudo. Eu vi o gol mais lindo da história, porque considero o mais lindo na elaboração da jogada, que foi o de Jairzinho, contra a Inglaterra. Aquele gol faz cair por terra a teoria de que o drible não desarma uma defesa bem fechada. Vejam o tape e contem 7 ingleses dentro da área e mais 3 nas cercanias, de uma excelente seleção e campeã mundial da época. Aquele gol só podia ter entrado assim, como entrou. Quanto às partidas que disputamos sempre um show. Um dos detalhes da perfeição do time é que do sistema defensivo até o último atacante, só Félix, Brito, Piazza e Everaldo não marcaram gols. Isso prova o nível de coletivo daqueles monstros sagrados.

Quando vi o alemão Rudi Glöckner apitar o final do jogo tive a certeza, como tenho até hoje, que estava assistindo ao momento mais memorável e significativo para o futebol brasileiro. Não posso deixar de dar uma pitada de lembrança da festa que presenciei na minha Tijuca, com milhares de balões no céu, um espetáculo de fogos e uma festa que nunca mais eu vi parecida. E com certeza nunca mais verei.

Obrigado a vocês, tricampeões do mundo! Parabéns pela data de hoje. O futebol brasileiro e a história agradecem e aplaudem de pé!

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