Falando um pouco de um dos
personagens que passam quase despercebidos no mundo do futebol e exercem uma
função a cada dia mais importante dentro dele. Função que tive o orgulho de exercer
. Começo elogiando o progresso deste profissional que nos anos 70 era raro e
muitas equipes sequer o tinham. Este trabalho
de preparar os goleiros era feito normalmente por um auxiliar de preparação física
ou o próprio preparador físico. Tivemos e temos alguns famosos como Wendel,
Marcos Leme, do Flamengo, um dos melhores que vi, Valdir Moraes e recentemente
Taffarel.
A responsabilidade deles é imensa
hoje em dia. Muitos têm a prerrogativa de escolher o titular sob o consentimento
do treinador. Outros deixam esta banana para treinador mesmo. O fato é que é um
trabalho puxado, mental e fisicamente falando. Com a maior envergadura dos atuais
goleiros o trabalho parece facilitado, mas não é. Da base ao profissional o tempo
parece voar. Por trás de muitas defesas de alta plasticidade, sequências de
intervenções incríveis, existe o trabalho do preparador. Reflexo, agilidade, antevisão, jogar com os pés, impulsão, colocação, preparo psicológico etc.
Como tudo no futebol, se o
goleiro vai bem ele é valorizado, do contrário... Sou contra a uma determinada
corrente de preparadores que defende muito a força e a estatura, bem como uma
menor importância à firmeza. Como uma das vítimas destes equívocos cito o
goleiro Fábio, do Cruzeiro. Ele possui fundamentos e regularidade que o
credenciam há muito tempo a brigar pela camisa 1 da Seleção, embora o atual
titular, Jeferson, também seja de qualidade. Critico os que não incentivam as saídas
do gol em bolas aéreas, aconselhando a guarnecer a meta, ficando fixo. Ou
saindo em demasia de soco , às vezes. Muito comum bolas de graça serem
soqueadas sem necessidade ou assistirem ela cruzar a meta a dois passos de seu
arco. Medo inexplicável de erro e goleiro não pode ter medo de errar. Reposições
exageradamente rápidas dificultam a lucidez de saída de jogo. Entre estes erros
pelo alto cito um pra ilustrar, na Copa de 2006, na bola de Zidane, finalizada
por Henry. Ela veio a 40m de distância ou mais e morreu a 2 passos de um
goleiro de quase 2 metros. Não havia porque ficar “pregado embaixo dos paus”.
Portanto, não culpo Roberto Carlos por aquele gol que nos tirou daquela Copa e,
sim, Dida. Entre erros comuns estão rebatidas desnecessárias, a má colocação e
o silêncio sepulcral. Goleiro joga, gente! Tá de frente, tem que falar,
orientar, incentivar, criticar... Por fim, as saídas de gol desastrosas.
Absurdo um goleiro de bom porte fechar o ângulo numa jogada cara a cara e cair
sentado, virando o tronco e o rosto na hora da finalização. Toda rodada deparamos
com isso. Existe a reação normal do instinto de se proteger, mas a velocidade de
movimento precisa ser melhor treinada e esses aspectos como o da colocação tem
de ser conversados, explicados minuciosamente.
Resumindo: um goleiro não pode se
limitar a ser uma barreira fixa, derradeira, evitando apenas que as bolas
entrem. Tem que saber trabalhar para evitar que elas cheguem às proximidades do
seu arco, o ameacem e o derrotem. Que o diga um dos mestres nisso, já falecido
tricampeão do mundo, Felix Mieli Venerando.
Nota sobre a rodada do Brasileirão
2015: um destaque para 2 jogos, a derrota acachapante do Vasco para o
Palmeiras, com direito a um gol perdido por Herrera, que entrará para história
do ridículo, com falhas do goleiro vascaíno dentro do padrão mencionado acima
ou pior, colocando o Vasco numa situação deprimente depois de um domingo de
esperança com a vitória sobre o tricolor, que por sua vez protagonizou um outro
jogo na manhã deste domingo, contra a Chapecoense, numa derrota injusta que
também merece destaque. Só não foi 100% injusta porque seu ataque não teve
habilidade diante de um maior domínio sobre o adversário de finalizar com um
mínimo de qualidade. No mais a equipe foi prejudicada pela arbitragem num gol
anulado de maneira bizarra, onde a única possível irregularidade seria um impedimento
milimétrico de Fred, que não foi cogitado, porque mão, nem a de Deus, nem que Marcos
Junior quisesse. E o pênalti, de fato teve uma falta no lance marcada inicialmente
pelo árbitro, mas fora da área e não dentro onde o jogador da Chapecoense
mergulhou. Mas árbitro e bandeira pareciam decididos a voltar atrás, ou
combinaram isso, quem sabe? Lembro aos mais exaltados que as arbitragens são
ruins e algumas tendenciosas mesmo. Queriam o quê? Continuamos sobre a batuta
da CBF... e a qualidade tem de estar a altura do fraquíssimo campeonato que
estamos assistindo.
Boa semana!