No passado, em moeda corrente nacional, valiam muito
menos que hoje, é claro. E foi justo no passado que tivemos os que deveriam ser
melhores remunerados. Mas, a tecnologia e os interesses comerciais mudaram tudo
há muitos anos. Não é o futebol espetáculo. É o futebol de negócios. Há muito
tempo também.
Engana-se quem pensa que todos ganham fortunas
incalculáveis. São poucos, gente. Alguns poucos recebem salários astronômicos e
fora da realidade. Em compensação, muitos deles como Messi, Neymar, Cristiano
Ronaldo... Os considerados melhores do mundo trazem espetáculos e geram lucros
que justificam suas fortunas. Não somos nós que mediremos isto. Entretanto, na
média geral, principalmente aqui no Brasil, o salário é pequenininho como
aquele da Escolinha do fabuloso Chico Anysio. Isso quando são pagos. Porque, a
título de informação, a maioria dos clubes brasileiros está devendo a seus
jogadores. Isso tem influência direta no espetáculo que vocês têm visto nas
transmissões esportivas ou nos estádios.
Há pouco assisti a um São Paulo 0 X 0 Fluminense, no
Morumbi. A expressão que melhor se encaixa para traduzir esse jogo é:
lastimável. E mais intrigante ainda, um jogo entre o surpreendentemente 3º
colocado na tabela e o forte São Paulo, que em décadas passadas para ser
derrotado em seus domínios era necessário mais que jogar futebol e ter raça. O
público, por si só, presente ao estádio, ilustra o que estou dizendo. Se o
pobre do torcedor tem esperança que dentre todos os jogadores dos elencos brasileiros
das séries A, B e C existe algum extraclasse atuando, olha... Só uma grande
surpresa ou milagre. A mediocridade é geral.
Meus caros, quando vocês leem em sites esportivos anúncios
do tipo: “Venha para o nosso centro de futebol. Aqui transformamos jogadores em
atletas”. Imagine, deveriam fazer justo o contrário. Ou conclusões de
treinadores que atribuem a fase negra do futebol brasileiro à falta de
reciclagem e humildade dos treinadores. Veja só. No comentário já existe a
prepotência. Estamos assim por falta de reciclagem dos treinadores? E se
reciclar é o quê, no caso do futebol? O que seria melhorado em campo? Nossos
problemas são táticos, físicos e científicos? Ou morais, culturais e técnicos?
Perda de tempo.
Enquanto o futebol brasileiro não voltar as suas raízes, não
irá se recuperar tão cedo. E mesmo que isso aconteça, fato que não acredito em
curto prazo, tal recuperação levaria algum tempo. Ainda mais se mantendo no poder
os esquemas de FIFA, CBF, ligas, federações e empresas gestoras esportivas.
Aliás, por falar nelas, os empresários, aproveitando a tal janela de transferência,
já gastaram seu estoque de criatividade para promover e divulgar seus pupilos. Tentam
vender pernas de pau travestidos de promessas futuras ou craques de futebol.
Às vezes nos salva assistir a um Chile X Argentina (devem
estar me cobrando comentários sobre) pelo bom futebol jogado pela seleção
argentina, embora tenha sido derrotada, e pela raça, grande melhoria técnica e
determinação dos campeões, com toda justiça, da seleção chilena. Mas, por que
aconteceu esse jogo? Não foi só por ser decisivo. Apesar da goleada, Argentina
e Paraguai, também foi um jogo de boa qualidade. Nossos Hermanos ainda
preservam amor à camisa. Vem de sofrimentos de longa data e sempre se
mantiveram bem informados sobre o nosso momento no futebol. Estão mais que por
dentro da fase bisonha do futebol brasileiro. E naturalmente se aproveitam dela
adicionando um pouquinho do amor à camisa e o patriotismo que ainda é comum
nestes países.
Sobre a derrota, sem esse papo de Messi ser isso ou aquilo.
É uma tolice e uma lenda. O grande Zico também perdeu muitas decisões. Não se
mede a capacidade de ninguém só pela quantidade de vitórias e títulos. O jogo só
ficou no 0 X 0 porque estamos com um problema crônico mundial: um jogador de
finalização. Por tudo que tenho visto no mundo e tenho acesso, por incrível que
pareça, em minha opinião, o melhor deles no momento chama-se Fred e joga no
Fluminense.
Vamos em frente. O mercado do futebol virou uma feira com
ares de desespero. Todo mundo vendendo todo mundo. Cartolas, empresários, comerciantes
e até ex-jogadores colocando a mercadoria em matérias pagas nos jornais, nos
sites e até nos sites dos próprios clubes. É o salve-se quem puder.
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