Já toquei no assunto antes. Mas não fui tão abrangente
como gostaria de ser. E acho o momento mais que oportuno e necessário de chamar
a atenção sobre a maior qualidade do jogador brasileiro.
Observem que o ritmo de jogar e o toque de bola da escola
brasileira foi claramente copiado pela Espanha, em 2010, e Alemanha, em 2014.
Ambas campeãs do mundo e assumindo publicamente que procuravam jogar o mais
parecido possível com o nosso estilo.
Há décadas, salvo a conquista de 2002 pela qualidade dos
pés de Rivaldo, Ronaldinhos e etc, jogamos à europeia. O futebol de uma Europa
que não deu certo. Que ganhava no futebol força, do qual já desistiu há muito
tempo. São várias as razões apontadas pelos atuais treinadores para reprimir
jogadas individuais dos times que dirigem. Desde a base, a formação de
jogadores, até o profissional. Esse pensamento medíocre é tão predominante que
tendo como exemplo os jogos que assistem, nossas peladas de várzea já
apresentam alguma semelhança com eles.
Reparem que desapareceu a figura tradicional do “fominha”.
Do bendito fominha que queria mais e mais. E sempre queria invadir, driblar,
até chegar às redes. Sabia que para desmoronar um sistema defensivo forte e
coeso era necessário confiar em si mesmo e na melhor ferramenta que Deus deu ao
jogador brasileiro: o drible, tão usado por este monstro sagrado na foto acima
para desconcertar defesas mundo afora e ajudar a nos presentear com um bicampeonato
mundial.
Peço que vocês observem nos jogos que assistem. Vejam com
atenção como rodam a bola, como rifam a bola, como se livram dela, como a jogam
pelo alto na área, como a isolam, como se ela fosse doença contagiosa. Tentam
entrar em defesas com 7, 8 jogadores plantados trocando passes laterais que
encaminham a jogada até um dos laterais que cruza na maioria das vezes antes da
linha de fundo para ver no que vai dar. Não driblam. Não verticalizam a jogada.
Não partem pra cima, não arriscam. E quando o fazem, timidamente, na jogada
seguinte já voltam a rolar pra trás a bola.
Os jogadores dizem que o professor alega futebol de
equipe. Importância de posse de bola. E eu contesto. O drible é uma arma da
equipe. E a perda de posse de bola ocorre muito mais nessa troca de passes
infrutífera, medrosa e sem objetividade do que na tentativa do drible. O drible
leva a ocorrência de circunstâncias muito mais perigosas ao adversário. A
chance de êxito é muito maior. E caso não haja, o resultado é o mesmo que um
erro de passe, a perda da posse bola.
Ou voltamos a fintar, driblar, enganar o adversário, usar
nossas próprias características aliadas à criatividade e o repertório adquirido
nas nossas primeiras peladas, ou continuaremos como estamos: sem identidade.
Não jogando à brasileira com modernidade e muito menos à europeia.
Viva o fominha! Viva o drible!
Em tempo: não tenho muito o que dizer sobre o clássico do
Campeonato Carioca, o Fla X Flu vencido pelo Flamengo por 2 X 1, porque não
fugiu a regra que sustentei acima. E pior, o jogo é do estado e é jogado em
Brasília. Como se não bastasse outro campeonato paralelo, o tal da liga sem
nome, ainda temos um Campeonato Estadual disputado a 1.000 km de sua origem.
Paciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário