Antes de explicar o título desta crônica, permitam-me homenagear este jogador sensacional que se despediu de nós. E antes de poder citá-lo, relembro duas passagens deste fenômeno que me marcaram muito. Ambas na Copa de 1974.
A
primeira, na véspera do jogo com Brasil, o qual nós brasileiros temíamos muito.
Lembro que após a derrota, na qual não tivemos uma atuação tão ruim diante do
poderoso carrossel holandês, Cruyff confessou, em entrevistas, que o time da
Holanda mal conseguiu dormir na véspera do jogo com Brasil, tamanho respeito
que a camisa amarela representava.
E
depois, na final contra a Alemanha, no primeiro minuto de jogo, o lampejo do
craque. Diante de um paredão alemão dentro de seu país, com praticamente todo
time ainda em seu campo, Cruyff, numa jogada individual genial e intuitiva,
sofre o pênalti que leva a Holanda a abrir o placar. Ali ele mostrava que não
há nada mais eficaz do que uma jogada individual bem feita e hábil para abrir
um ferrolho como aquele. Defesas como Alemanha, Itália, Argentina e Uruguai são
das mais difíceis de serem superadas quando se fecham.
Obrigado
pela alegria também fora dos gramados, Cruyff. Como técnico. Passando sua
experiência e seus ensinamentos. O futebol sentirá muito a sua falta.
Na sequência do título, como prometi, emendo com o que Cruyff faria hoje, a meu ver, se fosse brasileiro, contra o Uruguai pelas eliminatórias da Copa de 2018, no jogo que terminou empatado em 2 x 2. Certamente, o espírito de liderança e a tranquilidade que Cruyff passava e Dunga não possui, seriam mais um trunfo. Todo time espelha seu técnico. A agitação extrema de Dunga contamina para o bem e para o mal.
Na sequência do título, como prometi, emendo com o que Cruyff faria hoje, a meu ver, se fosse brasileiro, contra o Uruguai pelas eliminatórias da Copa de 2018, no jogo que terminou empatado em 2 x 2. Certamente, o espírito de liderança e a tranquilidade que Cruyff passava e Dunga não possui, seriam mais um trunfo. Todo time espelha seu técnico. A agitação extrema de Dunga contamina para o bem e para o mal.
Outra
coisa que ele, Cruyff, não faria, seria entrar em campo com Daniel Alves, que
já deu o que tinha que dar (sua colaboração hoje é muito pequena) e com uma
zaga de estilos similares, com Miranda e David Luiz jogando juntos, sabendo ele
que, David Luiz, pode jogar onde for, mas não é um zagueiro seguro. Não é
firme. Não se posiciona de maneira adequada. É muito afobado e tenta resolver
tudo como se o jogo estivesse no último minuto. Já disse que não o usaria como
titular.
Também
não escalaria Filipe Luís como opção na lateral esquerda. Há de se descobrir
alguém mais eficiente ou ficaremos presos a suas limitações. Fernandinho e Luiz
Gustavo juntos? Na saída de bola e participando da armação do time? Jamais, não
é, Cruyff? O jogo já começa errado ali. Já começa sem ritmo, sem padrão, sem
habilidade, com a bola sendo mal tratada.
Deus
me livre também que Cruyff caísse na asneira de abrir Willian como se fosse
ponta. No próprio Chelsea ele mostra onde rende e gosta de jogar. No meio e na
vertical. E também tenho certeza que Cruyff não entraria em campo sem um
centroavante nato. Mesmo que não fosse dos melhores. Até porque a intenção de
Dunga em abrir Douglas Costa e trazer Neymar para o meio, apesar de ser uma
tentativa válida, anula os dois. A jogada de Douglas Costa acaba previsível e
Neymar, que vem há muito tempo caindo de produção e perdendo contato com a
alegria de seu futebol e o patriotismo coletivo da equipe em suas veias, não
funciona jogando ali.
Neste
jogo, apesar do Uruguai ter tido chances mais agudas de vitória lideradas por
sua tradição, experiência e iniciativa de jogo de Cavani e a inteligência e
velocidade de Luiz Suárez e o Brasil ter começado jogando parecido com o
Brasil, através de um gol de pura habilidade de Renato Augusto, Neymar teve
chance sim, por duas ou três vezes, de decidir a partida e não o fez porque
procurou o caminho mais difícil na jogada. Botem na cabeça, Neymar não é Pelé.
Há muito a ser feito e Cruyff saberia disso.
Ele
treinaria exaustivamente a seleção, mas não abriria mão de escolher os melhores
e de armar um meio campo com capacidade de criação suficiente para
potencializar a força de seu ataque. Cruyff defendia um futebol técnico, mas
objetivo. E não adianta mexer-se, movimentar-se o tempo todo, como fez a
seleção brasileira, pois diante de tantos erros, não haverá sucesso.
Fica
provado, mais que provado, que não adianta correria e alta velocidade para
vencer um adversário hoje em dia. Se você não tiver um plano de jogo,
habilidade para armar, souber escolher os melhores, dosar o ritmo e não tentar
resolver tudo num passe de mágica ou numa jogada só, não adiantará ficar
falando ou explicando que time A ou time B venceu porque encaixou melhor suas
jogadas.
Nosso
problema não é bem de “encaixe”. É muito mais de mentalidade de jogo e de visão
do nosso melhor futebol e dos nossos melhores jogadores. Tenho certeza, como
disse acima, se Cruyff nascesse brasileiro, tais ingredientes não haviam de
faltar.