Prefiro falar de certos aspectos dos clubes de futebol, do nosso futebol, propriamente dito, e seus vícios do que comentar campeonatos esvaziados e, convenhamos, muito deprimentes. Há pouco, por exemplo, terminou o clássico da rodada, Fluminense x América, vencido pelo Fluminense por 1 x 0. A qualidade foi tão ruim e tão abaixo deste jogo que já foi clássico e algumas decisões do Estadual, outrora Carioca, que não merece maiores detalhes. E como falamos do Fluminense, este esteve na berlinda essa semana, na cidade, por conta da troca de técnicos. O clube acaba de contratar o veterano Levir Culpi, o seu quinto treinador em 12 meses. Há muitos anos o treinador sequer ficava na área técnica. Era sentadinho ou em pé no túnel. Hoje, na área técnica, ele faz o seu espetáculo. Sobre ficar ali, eu sou favorável. Mas não pense que a desenvoltura teatral de alguns mudam jogos, evitam derrotas ou promovem vitórias.
Num jogo com público apenas razoável, a maioria do que
diz não é ouvido. Nem seus sinais e assobios. O que muitas vezes atrapalha ao
invés de ajudar. Gritar “olha o ladrão!”, “foi falta!” e “olhe o companheiro
atrás!”, isso o massagista pode fazer. Agora, sem essa que você muda uma equipe
estando ali à beira do gramado. Não acredite nisso, amigo torcedor. A
supervalorização que dão aos treinadores hoje no Brasil é absurda e prejudicial
ao clube. Além do mais, ele tem, na maioria das vezes, uma semana para orientar
seus jogadores. A área técnica serve para detalhes. Detalhes discretos. Mas ali
é a chance dele mostrar que é o maestro do jogo que você está vendo e, mais
tarde, na entrevista coletiva, será a celebridade da rodada. Garanto como
técnico que também sou, que atualmente, com a filosofia reinante no futebol,
que tenho criticado constantemente aqui, o treinador complica mais do que
ajuda. Usa sua liderança para se autovalorizar. Aproveitar seu empresário
(raríssimos não o tem) e valorizar o patrocinador que o paga.
Sobre a troca constante de treinadores, ela dá uma
mostra, não só do planejamento equivocado do clube, como do pouco conhecimento
dos que o comandam. Quando se começa um trabalho e são escolhidos os
profissionais, você o faz porque confia neles. Existe um projeto, existem
vários argumentos que sustentam sua escolha. Esse papo de “treinador vive de
resultado” é o desafogo dos dirigentes. Demitiria sem pensar duas vezes, mesmo
com uma série de vitórias, um time mal treinado e repetindo erros infantis. Mas
isso enquanto houvesse tempo de mudar o rumo das coisas. Ao apagar das luzes,
para salvar sua pele e obter resultados que mascarem erros táticos e técnicos,
é continuar querendo viver iludindo seu clube, seus torcedores e o mundo do
futebol.
Uma boa semana a todos.
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