domingo, 6 de março de 2016

TROCAR DE TREINADOR NEM SEMPRE É A SOLUÇÃO
























Prefiro falar de certos aspectos dos clubes de futebol, do nosso futebol, propriamente dito, e seus vícios do que comentar campeonatos esvaziados e, convenhamos, muito deprimentes. Há pouco, por exemplo, terminou o clássico da rodada, Fluminense x América, vencido pelo Fluminense por 1 x 0. A qualidade foi tão ruim e tão abaixo deste jogo que já foi clássico e algumas decisões do Estadual, outrora Carioca, que não merece maiores detalhes. E como falamos do Fluminense, este esteve na berlinda essa semana, na cidade, por conta da troca de técnicos. O clube acaba de contratar o veterano Levir Culpi, o seu quinto treinador em 12 meses. Há muitos anos o treinador sequer ficava na área técnica. Era sentadinho ou em pé no túnel. Hoje, na área técnica, ele faz o seu espetáculo. Sobre ficar ali, eu sou favorável. Mas não pense que a desenvoltura teatral de alguns mudam jogos, evitam derrotas ou promovem vitórias.

Num jogo com público apenas razoável, a maioria do que diz não é ouvido. Nem seus sinais e assobios. O que muitas vezes atrapalha ao invés de ajudar. Gritar “olha o ladrão!”, “foi falta!” e “olhe o companheiro atrás!”, isso o massagista pode fazer. Agora, sem essa que você muda uma equipe estando ali à beira do gramado. Não acredite nisso, amigo torcedor. A supervalorização que dão aos treinadores hoje no Brasil é absurda e prejudicial ao clube. Além do mais, ele tem, na maioria das vezes, uma semana para orientar seus jogadores. A área técnica serve para detalhes. Detalhes discretos. Mas ali é a chance dele mostrar que é o maestro do jogo que você está vendo e, mais tarde, na entrevista coletiva, será a celebridade da rodada. Garanto como técnico que também sou, que atualmente, com a filosofia reinante no futebol, que tenho criticado constantemente aqui, o treinador complica mais do que ajuda. Usa sua liderança para se autovalorizar. Aproveitar seu empresário (raríssimos não o tem) e valorizar o patrocinador que o paga.

Sobre a troca constante de treinadores, ela dá uma mostra, não só do planejamento equivocado do clube, como do pouco conhecimento dos que o comandam. Quando se começa um trabalho e são escolhidos os profissionais, você o faz porque confia neles. Existe um projeto, existem vários argumentos que sustentam sua escolha. Esse papo de “treinador vive de resultado” é o desafogo dos dirigentes. Demitiria sem pensar duas vezes, mesmo com uma série de vitórias, um time mal treinado e repetindo erros infantis. Mas isso enquanto houvesse tempo de mudar o rumo das coisas. Ao apagar das luzes, para salvar sua pele e obter resultados que mascarem erros táticos e técnicos, é continuar querendo viver iludindo seu clube, seus torcedores e o mundo do futebol.

Por fim, a troca, em algumas vezes, repara erros cometidos anteriormente por quem escolheu quem não serve. Sim, você pode se livrar de um vexame. Às vezes um profissional carismático e de boa relação com o elenco que dirige pode obter, em curto prazo, o que alguns não conseguem nem com super-salários, apadrinhamento celestial e excesso de tolerância. 

Uma boa semana a todos.        

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