domingo, 20 de março de 2016

FLA 0 X 0 FLU EM SÃO PAULO

Foto: Marcello Zambrana / Agif / Gazeta Press
















Retratos do futebol moderno

Imaginei várias vezes quando criança jogos de grandes clubes de outros estados na praça de outros. Assisti a diversos jogos do Santos e do Palmeiras, além do Cruzeiro, no Maracanã, com mais de 100 mil presentes. E na ocasião, os que cruzavam seus territórios eram muito poucos. Gente do próprio estado mesmo e sem ser torcedor dos clubes que mencionei. Os próprios cariocas lotavam o Maracanã para assistir grandes times.

O público de hoje, no Pacaembu, foi até bem razoável para os dias atuais. Um predomínio esperado de mais de 80% de torcedores do Flamengo. Já sabemos as razões dos times “andarilhos” do Rio de Janeiro. Maracanã fechado, Engenhão em obras. Mas isso não serve de desculpa. É uma crueldade com o torcedor carioca assistir na TV seu clube de coração jogar com o clube rival a 300, 500km de distância ou mais. Uma privação e uma clara falta de organização e planejamento. O pior é que virou rotina.

Mas vamos ao jogo em si, do qual não podemos extrair nenhuma novidade ou grandes aspectos positivos a serem destacados. A meu ver um placar justo, com o Flamengo tentando trabalhar mais a bola, mas lhe faltando armação, qualidade e entrosamento para tomar as rédeas do jogo e um Fluminense que parece ter acertado na troca do treinador. Ao menos em termos competitivos e defensivos. O Flu fez um jogo claramente no contra-ataque, explorando os erros do Flamengo pelos lados em velocidade.

O que estragou, tanto ao Fluminense quanto ao Flamengo, foram os costumeiros erros de passes. Passes que não se erra nem em escolinhas de futebol. Além das precipitações de jogadas que já me acostumei a ver. Determinado time parece ter cerca de 5 a 10 segundos para chegar à meta adversária e concluir. Fazer o desfecho da jogada. Isso é incompreensível. A maioria dos times está jogando assim.

Naturalmente, tal precipitação aumenta os erros de passe. O time não quebra o ritmo, não arma jogadas, não pensa, não bola estratégias para chegar ao gol adversário. Martela sempre da mesma forma. Muita luta, muita vontade e muita velocidade. Mas, ações ofensivas e defensivas desastradas. Sem estratégias no mínimo lógicas. Um time fica esperando o outro dar uma cochilada para vencer a partida. Não toma iniciativa de superar seu sistema defensivo e suas linhas através da coletividade, da aproximação dos jogadores, dos passes objetivos e medidos e do drible, que eu canso de dizer, é fundamental.

Resumindo, diante desse quadro e dessa rotina, o resultado mais comum é sempre um zero a zero. O que você não vê é um Fla x Flu de verdade. Na realidade, uma pelada melhorada jogada em outro estado com as tradicionais camisas de times centenários, rivais famosos mundialmente e que detém recordes de público em jogos interclubes, mundialmente falando, difíceis de serem superados. Paciência, gente. Há de haver muito sofrimento e o talento vai residir em muitos poucos clubes da Europa e um ou outro do Brasil até que, falando de forma otimista, consigamos reaver a qualidade do espetáculo e do bom futebol jogado nas quatro linhas. 

Abraços!

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