Desculpe-me a torcida do Vasco pela manchete pouco animada.
Longe dos parâmetros dos tempos do “Casa, Casaca”. Mas, escrevo aqui apenas o
que vejo e sinto. Hão de me perguntar também o porquê dessa foto de 1968,
quando o Botafogo foi o campeão. É porque eu estava no Maracanã e vi um jogo
completamente diferente entre estes dois mesmos clubes.
48 anos atrás. Uma tarde cinzenta, um pouco chuvosa. O
nível daquele jogo, a qualidade dos jogadores em campo, daquela decisão,
comparado a de hoje, é deprimente. A começar pelo público de 141.689 pessoas e
o de hoje, arredondado em 60 mil presentes. Até bem razoável para os dias de
hoje, mesmo sendo uma decisão.
Quanto ao jogo, seguindo o tal modelo das duas partidas
finais, que já disse muitas vezes que sou contra (decisão é um jogo só igual à
Copa do Mundo e fim de papo. Jogo de futebol 180 minutos não existe. Só conheço
de 90), sofrível. Dois times fracos e esforçados. Dois ou três jogadores de melhor
qualidade e um time do Botafogo que certamente seria goleado por aquele do
Vasco que mencionei, há 48 anos.
Cabe ressaltar a influência do goleiro do Botafogo Jefferson
nos dois jogos. Uma falha vital, em uma saída errada domingo passado, e hoje, um
erro de tempo de bola, também em um cruzamento, não menos ridícula, mesmo o
cruzamento tendo partido de uma falta vergonhosamente inventada a favor do
Vasco.
Estou certo que Jefferson jamais poderia ser o goleiro
titular da seleção. É muito irregular e tem deficiência de saídas em bolas
aéreas e em jogos decisivos parece ‘sentir a responsabilidade. Pergunto-me como
os profissionais que o treinam não conseguem corrigir ao menos os defeitos das
bolas aéreas.
O restante é o que a cidade que sediou este jogo está
vendo e sentindo agora às 21:10. Silêncio e um certo desprezo por um evento
que, para o leitor ter uma ideia, vencido por um dos 4 grandes até a não muito
tempo, como em 95 no gol de barriga de Renato Gaúcho no Fla X Flu, provocava
festa na cidade e público que correspondiam à conquista.
Alguns diriam que esta é a prova da morte dos Estaduais.
E eu sigo discordando. Eu insisto que é a morte dos empresários e dirigentes
dos clubes e federações. Eles mesmos boicotam aquilo que fazem. Não sabem
planejar, organizar e divulgar o campeonato. Como agravante, de um tempo pra
cá, seus resultados são quase sempre manipulados por conchavos indecentes entre
presidentes de federações e cartolas de clubes etc. Isso vale para a maioria
dos clubes do país, hein?
Houveram também títulos como do Internacional, no Rio Grande
do Sul, contra o Juventude. O do Santos contra o Audax, em São Paulo, onde
aproveito para destacar que ainda é preciso um jogador de 34 anos com a
qualidade do Ricardo Oliveira, do Santos, fazer o gol do título desfilando
qualidade e técnica, pois são raros os que o fizeram nas decisões de hoje.
A falta de qualidade técnica, a inexistência de bons
jogadores, é um dos problemas que afeta também o apelo de bons Estaduais. E não
apenas o seu envelhecimento. Que diferença existe, além do nome Campeão
Brasileiro, pela dimensão territorial e do seu tempo de duração, no mérito de uma
conquista nacional ou local?
No caso do Santos, por exemplo, qualquer um percebe que o
desinteresse de Palmeiras, São Paulo e Corinthians, envolvidos na Libertadores,
pois ela é bem rentável financeiramente, mas não superior ao Campeonato
Paulista tecnicamente, que propiciou a existência de um adversário como o Audax
na final de hoje. O mesmo pode se dizer em relação ao Sul, sobre o Grêmio.
Portanto, eu digo, repito e insisto nos problemas que
citei acima do boicote e do erro de avaliação somados a absoluta falta de
qualidade técnica dos jogadores. Porque em 10 meses de bola rolando no Brasil,
você encaixa facilmente Libertadores, Estadual e Campeonato Brasileiro. Copa do
Brasil, para mim, além de um pleonasmo grosseiro do próprio Campeonato Brasileiro,
não é caminho mais curto pra lugar nenhum. Talvez seja um caminho mais curto é
pra você ir depreciando o futebol e tornando a temporada mais desgastante
ainda.
Mas, como a opção financeira erroneamente vem na frente
da qualidade do espetáculo conseguem desmerecer os Estaduais. Bem, eles vêm
fazendo isso há algum tempo. Aí deixo umas perguntinhas aqui para os que
duvidam dessa minha conclusão: aumentou a média de público? A arrecadação
financeira? A qualidade do espetáculo e dos artistas da bola? Melhorou ou
piorou? Os clubes enriqueceram ou empobreceram desde que estas fórmulas
passaram a ser defendidas e outros caminhos e campeonatos frustrantes foram
criados por uma Confederação que não merece sequer que se pronuncie seu nome? Ela
ainda cheira muito a Alemanha 7 X 1 Brasil. E ainda irá cheirar por muito
tempo.
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