domingo, 8 de maio de 2016

TÍTULOS ESTADUAIS: O DO RIO DE JANEIRO PREFERIU O VASCO




















Desculpe-me a torcida do Vasco pela manchete pouco animada. Longe dos parâmetros dos tempos do “Casa, Casaca”. Mas, escrevo aqui apenas o que vejo e sinto. Hão de me perguntar também o porquê dessa foto de 1968, quando o Botafogo foi o campeão. É porque eu estava no Maracanã e vi um jogo completamente diferente entre estes dois mesmos clubes.

48 anos atrás. Uma tarde cinzenta, um pouco chuvosa. O nível daquele jogo, a qualidade dos jogadores em campo, daquela decisão, comparado a de hoje, é deprimente. A começar pelo público de 141.689 pessoas e o de hoje, arredondado em 60 mil presentes. Até bem razoável para os dias de hoje, mesmo sendo uma decisão.

Quanto ao jogo, seguindo o tal modelo das duas partidas finais, que já disse muitas vezes que sou contra (decisão é um jogo só igual à Copa do Mundo e fim de papo. Jogo de futebol 180 minutos não existe. Só conheço de 90), sofrível. Dois times fracos e esforçados. Dois ou três jogadores de melhor qualidade e um time do Botafogo que certamente seria goleado por aquele do Vasco que mencionei, há 48 anos.

Cabe ressaltar a influência do goleiro do Botafogo Jefferson nos dois jogos. Uma falha vital, em uma saída errada domingo passado, e hoje, um erro de tempo de bola, também em um cruzamento, não menos ridícula, mesmo o cruzamento tendo partido de uma falta vergonhosamente inventada a favor do Vasco.

Estou certo que Jefferson jamais poderia ser o goleiro titular da seleção. É muito irregular e tem deficiência de saídas em bolas aéreas e em jogos decisivos parece ‘sentir a responsabilidade. Pergunto-me como os profissionais que o treinam não conseguem corrigir ao menos os defeitos das bolas aéreas.

O restante é o que a cidade que sediou este jogo está vendo e sentindo agora às 21:10. Silêncio e um certo desprezo por um evento que, para o leitor ter uma ideia, vencido por um dos 4 grandes até a não muito tempo, como em 95 no gol de barriga de Renato Gaúcho no Fla X Flu, provocava festa na cidade e público que correspondiam à conquista.

Alguns diriam que esta é a prova da morte dos Estaduais. E eu sigo discordando. Eu insisto que é a morte dos empresários e dirigentes dos clubes e federações. Eles mesmos boicotam aquilo que fazem. Não sabem planejar, organizar e divulgar o campeonato. Como agravante, de um tempo pra cá, seus resultados são quase sempre manipulados por conchavos indecentes entre presidentes de federações e cartolas de clubes etc. Isso vale para a maioria dos clubes do país, hein?

Houveram também títulos como do Internacional, no Rio Grande do Sul, contra o Juventude. O do Santos contra o Audax, em São Paulo, onde aproveito para destacar que ainda é preciso um jogador de 34 anos com a qualidade do Ricardo Oliveira, do Santos, fazer o gol do título desfilando qualidade e técnica, pois são raros os que o fizeram nas decisões de hoje.

A falta de qualidade técnica, a inexistência de bons jogadores, é um dos problemas que afeta também o apelo de bons Estaduais. E não apenas o seu envelhecimento. Que diferença existe, além do nome Campeão Brasileiro, pela dimensão territorial e do seu tempo de duração, no mérito de uma conquista nacional ou local?

No caso do Santos, por exemplo, qualquer um percebe que o desinteresse de Palmeiras, São Paulo e Corinthians, envolvidos na Libertadores, pois ela é bem rentável financeiramente, mas não superior ao Campeonato Paulista tecnicamente, que propiciou a existência de um adversário como o Audax na final de hoje. O mesmo pode se dizer em relação ao Sul, sobre o Grêmio.

Portanto, eu digo, repito e insisto nos problemas que citei acima do boicote e do erro de avaliação somados a absoluta falta de qualidade técnica dos jogadores. Porque em 10 meses de bola rolando no Brasil, você encaixa facilmente Libertadores, Estadual e Campeonato Brasileiro. Copa do Brasil, para mim, além de um pleonasmo grosseiro do próprio Campeonato Brasileiro, não é caminho mais curto pra lugar nenhum. Talvez seja um caminho mais curto é pra você ir depreciando o futebol e tornando a temporada mais desgastante ainda.

Mas, como a opção financeira erroneamente vem na frente da qualidade do espetáculo conseguem desmerecer os Estaduais. Bem, eles vêm fazendo isso há algum tempo. Aí deixo umas perguntinhas aqui para os que duvidam dessa minha conclusão: aumentou a média de público? A arrecadação financeira? A qualidade do espetáculo e dos artistas da bola? Melhorou ou piorou? Os clubes enriqueceram ou empobreceram desde que estas fórmulas passaram a ser defendidas e outros caminhos e campeonatos frustrantes foram criados por uma Confederação que não merece sequer que se pronuncie seu nome? Ela ainda cheira muito a Alemanha 7 X 1 Brasil. E ainda irá cheirar por muito tempo.

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