Costumo debater muito e há muito tempo, principalmente
nos últimos anos, qual o papel que a mídia desempenha no futebol brasileiro. É
puramente comercial. Ao inverter e distorcer informações sobre jogos, jogadores
e clubes, ela cria uma expectativa, que uma vez não se confirmando, traz
desconfiança e a credibilidade, tanto da emissora, quanto do futebol, vão
gradualmente perdendo prestígio.
No caso do Campeonato Brasileiro, já disse aqui ser um
dos piores que já vi até hoje. Por maior que seja o esforço em vender emoção, a
maioria dos jogos continua abaixo do nível, com plateias irrisórias. Não dá
para dizer o contrário do que todo mundo está vendo na tela, por mais inocente
e passional que seja o torcedor.
Vi três jogos hoje pelo Campeonato Brasileiro 2016.
Apesar de fraco, o do Cruzeiro foi o que conseguiu o maior público em função de
um horário que puxa famílias ao estádio e uma reação que o Cruzeiro vem
apresentando para fugir da zona de rebaixamento que anda dando alguns
resultados. Mas isso não apaga a má partida que fizeram Cruzeiro e Santa Cruz.
Como não apaga a que fizeram a que fizeram Fluminense e Palmeiras e Sport e
Internacional. O jogo do Fluminense então foi truncadíssimo.
Não dá, também, para esquecer a qualidade das arbitragens
destes jogos. Agora há pouco quando via Sport X Internacional vi o árbitro
assinalar um pênalti para o Internacional, com 10 minutos de jogo, ridículo,
inexistente. E ele, o juiz, estava a dois passos da jogada. As cercas de 10, 12
mil pessoas presentes ao estádio, num domingo em Recife, não se cansam só com a
má campanha de seus times. Mas, com 19 minutos do 1º tempo, você já teve
choques de cabeça entre adversários, como sempre chamo atenção, chutes na cara
do adversário na disputa da bola, ações em campo longe de lembrarem equipes
aguerridas e sim destruídas pela má qualidade de seus jogadores, a péssima
qualidade de quem os comanda e do clube onde jogam.
Não interessa à TV Globo, detentora dos direitos de
transmissão, abrir qualquer tipo de debate envolvendo profissionais
experientes, do ramo, consagrados, e até mais jovens, para solucionar o
problema e não empurrá-lo para mais adiante, contando com mais 1 mês ou 2 de
disputa, onde mais pela agonia, começam-se a definir os rebaixados, os
classificados para a Libertadores e os possíveis campeões. A cada fim de
rodada, vamos ouvir o mesmo papo furado, a mesma conversa fiada, e a mesma
tática de esconder, propositalmente ou não, o péssimo futebol que as equipes
oferecem e apresentam ao torcedor.
Não adianta super-promoverem a conquista olímpica. Já
comentem que de positivo, só a medalha. Ela nada acrescentará um novo caminho
para recuperar nosso futebol.
A CONVOCAÇÃO DE TITE
Disse aqui há alguns dias que pela convocação tentaria
entender as ideias de Tite. Não vejo diferença das que vi nos treinadores
anteriores. A proposta de jogo terá de ser a mesma. Não adianta inventar,
principalmente se você não tem qualificação. No sistema defensivo, concordo com
a convocação dos três goleiros. Em parte com a dupla de zaga (acho que fez bem
em aproveitar os dois zagueiros da Olimpíada, apesar da contusão de Rodrigo
Caio. Eles não são fracos). Mas, Marcelo e Daniel Alves como laterais é
continuar perdendo tempo. Qualquer um dos dois só poderia ser convocado para
atuar na armação. Como laterais não dá mais. O próprio reserva de Marcelo,
Felipe Luis, não pode jogar em seleção.
Concordo com a volta de Paulinho. É uma aposta válida.
Giuliano também, embora Casemiro não veja com bons olhos. Os demais creio que
tenham sido os melhores, embora eu não abrisse mão de um meia e atacante de
maior experiência, mesmo passando da casa dos 30, como é o caso de Robinho,
Nenê, do Vasco, e o próprio Ricardo Oliveira. Ah, são velhos? Então me digam
quais são os mais novos que estão jogando mais do que eles. Quanto a prever o
desempenho deles mais a frente, podem estar melhor do que hoje. E os mais novos
podem estar pior ainda.
Vamos pagar pra ver. Porque não me animei com a
convocação.