Vou começar pelos homens para fechar a crônica com um
pouco mais de alegria, porque, infelizmente, o futebol masculino tem nos dado
poucas alegrias. Apesar das duas vitórias consecutivas, Dinamarca e Colômbia,
não me empolguei com a equipe.
Contra a Dinamarca vi uma ligeira melhora individual e
uma maior disposição de movimentação. Muito embora a Dinamarca tenha tido uma
atuação abaixo da crítica, com jogadores lentos e sem levar perigo algum, ao
contrário do Iraque sem tradição, ao gol brasileiro. Ainda por cima, jogavam
com um goleiro e pelo menos mais 2 ou 3 jogadores visivelmente acima do peso.
Nitidamente uma seleção que não se preparou e não tem revelação de valores.
Já contra a Colômbia ontem, o crédito da seleção
brasileira fica por conta de não ter perdido a cabeça e ter tocado melhor a
bola. Mas, o mesmo não aconteceu. Uma seleção muito fraca, com apenas Gutiérrez,
um jogador razoável, a frente de seu ataque.
Ocorre que o jogo seguia normal, sem grandes chances dos
dois lados, quando Neymar, talvez ainda com alguma mágoa da entrada violenta
que sofreu contra a Colômbia na Copa, começou a fazer firulas, jogando um
individualismo desnecessário, sem objetividade.
Os colombianos entraram na dele e após surgir o primeiro
gol do Brasil, do próprio Neymar, numa falha absurda de armação da barreira, o
jogo pegou fogo de vez. Mas não no sentido competitivo e sim violento. Neymar
começou a ser mais visado pelos jogadores colombianos que se revezavam batendo.
Mas, Neymar valorizava e fazia acrobacias antes sequer de
ser tocado. Num desses lances, Neymar deu um revide por trás em um jogador
colombiano, pelo qual deveria ser expulso de campo, e formou-se um tumulto
generalizado, tornando o jogo uma guerra. Seguiu-se uma sequência de faltas
sobre o Neymar e a partida ficou horrorosa, até ser salva pelo término do
primeiro tempo.
No segundo tempo, com os jogadores mais calmos, seguiu
arrastada, com a Colômbia sem força ofensiva alguma, finalizando a uma distância
de 30, 50 metros do gol. 12 chutes, sendo 9 bisonhos, muito acima do alvo. O
segundo gol veio em uma penetração livre de Luan, onde não teve dificuldades
para vencer o goleiro Bonilla, fraquíssimo e inexperiente.
A seleção melhorou sim, mas muito pouco. Ainda está longe
de jogar um bom futebol.
E as meninas? Apesar de não ser especialista (tive uma
pequena experiência em minha carreira com time feminino de comunidade pobre),
mas, futebol é futebol. E o jogo com a Austrália foi preocupante. Um drama. A
partir da metade do primeiro tempo começou a habitual “Martadependência” e uma
pressão muito forte sobre a Austrália, que se defendia com bom número de
jogadoras e atacava sem muito perigo.
Com o passar do tempo, ficou bem clara sua intenção de
segurar o resultado e leva-lo para os pênaltis. E a sobrecarga de Marta só
melhorou com a maior participação da Formiga no jogo, que lhe deu alguma parceria
e seu futebol cresceu, por pouco não levando o Brasil a vitória. A esta altura,
o time corria e se superava alucinadamente, mas faltava presença de alguma
jogadora entre a zaga da Austrália, para abrir espaço para quem vinha no ataque
ou no contra-ataque. Com isso, bravamente a Austrália conseguia a prorrogação e
posteriormente levar o jogo para os pênaltis.
Ufa! E que pênaltis! Acho que Deus foi muito bom conosco
ao evitar que Marta saísse como vilã, jogando sua cobrança ao alcance da
goleira Lydia Williams, em um jogo que merecia sair como heroína. Mas, o
milagre aconteceria. Nossa goleira, um pouco lenta, mas muito esforçada,
conseguia salvar o último pênalti em que a australiana levantou a bola,
facilitando sua defesa.
Daí em diante era quem errasse perdia. E para nossa
sorte, novamente, já que as bolas rasteiras eram complicadas para Bárbara, a
zagueira australiana Kennedy levantou um pouco mais a bola, o suficiente para
no raio de alcance de Bárbara, ela virar a heroína, assim como Julio Cesar e
Taffarel em outras ocasiões, e levar o Brasil às semifinais.
As chances do ouro das mulheres, para mim, são maiores do
que a dos homens. Mas, a julgar o caminho que terá pela frente, no caso os
homens, a coisa não funciona assim não, só na base do favoritismo. Vamos
torcer!
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