sábado, 20 de agosto de 2016

BRASIL: UM OURO ESPERADO HÁ 116 ANOS


Como postei anteriormente, ontem mais precisamente, seria agora ou nunca mais. Fico feliz pela medalha, pela conquista. Mas sigo a realidade do que vejo. Heróis? O Brasil não precisa deles. Se houve alguém que chegou mais perto, acho que foi a Rafaela Silva, do judô, o Isaquias, da canoagem, entre outros que foram a essência da bravura.

Eu alertei ontem que o time alemão, além de muito novo, vinha com alguns desfalques. Os jogadores que vocês viram em campo hoje são a renovação completa da base alemã. Apesar de mais volume de jogo do Brasil, achei a decisão equilibrada. Chances por chances, o goleiro alemão fez apenas uma defesa difícil, já no final, e o nosso teve três bolas na trave e salvou uma de forma providencial.

O jogo começou com a Alemanha se movimentando mais até os 15 minutos do 1º tempo. Jogando ao toque que escolheram há alguns anos e que tem sido a tônica do futebol alemão e foi o da conquista da Copa de 2014. Toques curtos, triangulações, ritmos alternados, bola essencialmente no chão e a movimentação repentina no ataque, abrindo a zaga adversária e criando espaço para a finalização. E assim saiu o gol de empate deles, no 2º tempo.

O primeiro do Brasil, quando a seleção equilibrou na 1ª etapa, veio após uma cobrança de falta excepcional de Neymar. Para os que sonham culpar o goleiro, desistam. Bola dificílima de defender. A impressão, a partir daí, era de que o Brasil abriria maior vantagem. Mas, Rogério Micale não poderia abandonar a escola disfarçada de futebol brasileiro que inventaram no Brasil nos últimos anos. Recuou seu time todo e passou a partir em contra-ataques. Com Renato Augusto, mal escalado, excessivamente recuado e sem um meia de ligação, ficava restrito a lançamentos longos para os mal posicionados Gabriel, Luan e Gabriel Jesus. Todos jogando em posições erradas e tornando o ataque torto e sem penetração.

Já no 2º tempo, a partir do empate alemão, algumas substituições na seleção brasileira já deveriam ter sido feitas. Luan fazia péssima e inexpressiva partida. E Gabriel, “Gabigol”, tinha que ocupar o seu lugar e Luan dar sua vaga a Rafinha. Era o melhor a ser feito naquele momento. O jogo foi se arrastando e minha esperança àquela altura, a cada momento, se chamava mais Neymar. Pois a própria Alemanha, a partir de 30 minutos do 2º tempo, começou a sair menos e tentar menos jogadas ofensivas. E o Brasil atacava só a partir do seu campo, num erro tático ofensivo grotesco, com insegurança, precipitando passes, errando bolas infantis e dependendo de uma jogada individual de Neymar ou da definição de um passe seu para Rafinha, Luan ou Felipe Anderson, que vinham de trás.

Por mais de uma vez, já perto do final da partida, falhas de antecipação de colocação da defesa brasileira quase permitiram que o ouro fosse embora. Felizmente, quando o Brasil conseguia o mínimo de lucidez nos toques de bola, também encontrávamos chance de definir o jogo. Mas aí, companheiros, veio a prorrogação. A prorrogação arrastada em que só o Brasil por uma vez e a Alemanha também por uma vez ameaçaram evitar os pênaltis.

Chegávamos a eles, os pênaltis, o que tem sido comum no futebol brasileiro nos últimos anos e não ocorria no passado, quando jogávamos o nosso verdadeiro futebol, com nossas raízes, nossa autoconfiança e a qualidade de vários bons jogadores para a mesma posição. Mesmo com quase 125 minutos, só havíamos conseguido aquela falta cobrada por Neymar.

Fiquei confiante na cobrança dos pênaltis, embora triste por ver os mesmos erros se repetindo e a frustração de não ver a rede do adversário balançar, o que sempre foi a tônica principal do nosso estilo de jogo. Fiquei confiante porque já havia visto algumas partidas deste goleiro do Atlético Paranaense, que por ironia do destino substituiu o lesionado Fernando Prass, e o achava mais esperto, rodado e ligeiro que o goleiro alemão, ainda muito jovem. Tínhamos de fazer nossa parte, cobrar bem as penalidades. E o fizemos. O último alemão, batido por Petersen, parou nas mãos do frio e dedicado Weverton, cabendo a Neymar fechar o placar que abriu e que daria ao Brasil uma medalha disputada por mais de um século. O único triunfo que não havíamos conquistado.

Fico satisfeito pela medalha, pois durante a história a merecemos por pelo menos duas ou três vezes. Hoje, não digo que tenha sido ganha pelo acaso. Sem as qualidades necessárias você é sim derrotado, mesmo nos pênaltis. Mas não erramos na hora principal deste jogo, e este foi nosso maior mérito.

Parabéns à seleção brasileira de futebol, campeã olímpica de 2016! E parabéns por terem conquistado também este título a comissão técnica envolvida nesta vitória. Mas volto a dizer, a frisar, com toda franqueza: este não é o caminho certo e estas ainda não são as pessoas corretas, tanto para comandar o posto mais alto, como nos destinos e escolhas do trabalho de campo. Não se iludam. O futebol brasileiro ainda está longe de se encontrar consigo mesmo.

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