Como postei anteriormente, ontem mais precisamente, seria
agora ou nunca mais. Fico feliz pela medalha, pela conquista. Mas sigo a
realidade do que vejo. Heróis? O Brasil não precisa deles. Se houve alguém que
chegou mais perto, acho que foi a Rafaela Silva, do judô, o Isaquias, da
canoagem, entre outros que foram a essência da bravura.
Eu alertei ontem que o time alemão, além de muito novo,
vinha com alguns desfalques. Os jogadores que vocês viram em campo hoje são a
renovação completa da base alemã. Apesar de mais volume de jogo do Brasil,
achei a decisão equilibrada. Chances por chances, o goleiro alemão fez apenas
uma defesa difícil, já no final, e o nosso teve três bolas na trave e salvou
uma de forma providencial.
O jogo começou com a Alemanha se movimentando mais até os
15 minutos do 1º tempo. Jogando ao toque que escolheram há alguns anos e que
tem sido a tônica do futebol alemão e foi o da conquista da Copa de 2014.
Toques curtos, triangulações, ritmos alternados, bola essencialmente no chão e
a movimentação repentina no ataque, abrindo a zaga adversária e criando espaço
para a finalização. E assim saiu o gol de empate deles, no 2º tempo.
O primeiro do Brasil, quando a seleção equilibrou na 1ª
etapa, veio após uma cobrança de falta excepcional de Neymar. Para os que
sonham culpar o goleiro, desistam. Bola dificílima de defender. A impressão, a
partir daí, era de que o Brasil abriria maior vantagem. Mas, Rogério Micale não
poderia abandonar a escola disfarçada de futebol brasileiro que inventaram no
Brasil nos últimos anos. Recuou seu time todo e passou a partir em
contra-ataques. Com Renato Augusto, mal escalado, excessivamente recuado e sem
um meia de ligação, ficava restrito a lançamentos longos para os mal
posicionados Gabriel, Luan e Gabriel Jesus. Todos jogando em posições erradas e
tornando o ataque torto e sem penetração.
Já no 2º tempo, a partir do empate alemão, algumas substituições
na seleção brasileira já deveriam ter sido feitas. Luan fazia péssima e
inexpressiva partida. E Gabriel, “Gabigol”, tinha que ocupar o seu lugar e Luan
dar sua vaga a Rafinha. Era o melhor a ser feito naquele momento. O jogo foi se
arrastando e minha esperança àquela altura, a cada momento, se chamava mais
Neymar. Pois a própria Alemanha, a partir de 30 minutos do 2º tempo, começou a
sair menos e tentar menos jogadas ofensivas. E o Brasil atacava só a partir do
seu campo, num erro tático ofensivo grotesco, com insegurança, precipitando
passes, errando bolas infantis e dependendo de uma jogada individual de Neymar
ou da definição de um passe seu para Rafinha, Luan ou Felipe Anderson, que
vinham de trás.
Por mais de uma vez, já perto do final da partida, falhas
de antecipação de colocação da defesa brasileira quase permitiram que o ouro
fosse embora. Felizmente, quando o Brasil conseguia o mínimo de lucidez nos
toques de bola, também encontrávamos chance de definir o jogo. Mas aí,
companheiros, veio a prorrogação. A prorrogação arrastada em que só o Brasil
por uma vez e a Alemanha também por uma vez ameaçaram evitar os pênaltis.
Chegávamos a eles, os pênaltis, o que tem sido comum no
futebol brasileiro nos últimos anos e não ocorria no passado, quando jogávamos
o nosso verdadeiro futebol, com nossas raízes, nossa autoconfiança e a
qualidade de vários bons jogadores para a mesma posição. Mesmo com quase 125
minutos, só havíamos conseguido aquela falta cobrada por Neymar.
Fiquei confiante na cobrança dos pênaltis, embora triste
por ver os mesmos erros se repetindo e a frustração de não ver a rede do
adversário balançar, o que sempre foi a tônica principal do nosso estilo de
jogo. Fiquei confiante porque já havia visto algumas partidas deste goleiro do
Atlético Paranaense, que por ironia do destino substituiu o lesionado Fernando
Prass, e o achava mais esperto, rodado e ligeiro que o goleiro alemão, ainda
muito jovem. Tínhamos de fazer nossa parte, cobrar bem as penalidades. E o
fizemos. O último alemão, batido por Petersen, parou nas mãos do frio e
dedicado Weverton, cabendo a Neymar fechar o placar que abriu e que daria ao
Brasil uma medalha disputada por mais de um século. O único triunfo que não
havíamos conquistado.
Fico satisfeito pela medalha, pois durante a história a
merecemos por pelo menos duas ou três vezes. Hoje, não digo que tenha sido
ganha pelo acaso. Sem as qualidades necessárias você é sim derrotado, mesmo nos
pênaltis. Mas não erramos na hora principal deste jogo, e este foi nosso maior
mérito.
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