domingo, 7 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS 2016: SERÁ QUE DESAPRENDEMOS?


Amigos, não vou comentar o jogo anterior com a África do Sul porque fizemos uma partida muito ruim. Bem abaixo das mínimas possibilidades de uma estreia razoável. Mesmo se tratando da Seleção Olímpica, formada por jovens, o que, aliás, hoje em dia, já é a média, até 23 anos, de muitas seleções profissionais, de times de bom rendimento, também profissionais. Prefiro me deter no vexame que vimos há pouco: 0 x 0 com o Iraque. 

Começo lembrando que, excluindo a partida anterior, que jogamos hoje 100 minutos de futebol, incluindo os acréscimos. Por 100 minutos não fizemos um gol no Iraque, não vimos sequer 5 minutos de um futebol consciente, com algum padrão tático ou qualidades que lembrassem, ao menos de longe, o verdadeiro futebol brasileiro. Pelo contrário, vi fintas desconcertantes, até mais por parte da seleção do Iraque do que da nossa.

Enfrentamos uma equipe amadora, sem tradição e experiência em futebol. Com certeza é uma das mais fracas seleções do mundo. No entanto, o mínimo de esforço coletivo e a mínima organização foram suficientes para nos conter e podiam até ter-nos vencido. Em dois ou três momentos, o Iraque esteve perto de chegar às nossas redes. É claro que tivemos bem mais chances do que eles. Mas não há nada que justifique um futebol tão mal jogado, uma equipe tão mal escalada e treinada. 

Quem é Rogério Micale? Nosso treinador? Eu sinto muito. Ele não tomou conhecimento semana passada e nem começou a treinar há 5 dias para as Olimpíadas. Não havia padrão tático. Não havia uma jogada ensaiada sequer. Um bando de camisa amarela. Um bando que a cada minuto ia ficando mais desorientado. E a cada instante mais perdido, sem saber o que fazer em campo. 

Sem razão alguma, os torcedores vaiavam o Renato Augusto e o tomavam para Cristo. Uma injustiça. Mesmo sem jogar seu bom futebol, não pisava na bola como vários. Não poupando também Neymar entre outros. Muitos estão numa canoa furada. O fato, senhores, é que somos o retrato do exemplo que temos, desde o chefe interino da nação no momento, representante do que há de pior em matéria de legitimidade, assim como os comandantes do futebol brasileiro.

Nosso país vive dois golpes de estado. Um enganando 204 milhões de habitantes, e o outro, enganando milhões de torcedores apaixonados por futebol. A realidade é que o futebol brasileiro e o jogador brasileiro perderam a confiança em si mesmos. Não é só um detalhe técnico, tático, psicológico, físico etc. É um problema de estrutura geral. Como disse muito bem meu amigo e ex-jogador Afonsinho, acertando na mosca pra variar: “o futebol brasileiro precisa ser refundado.” Tanto fora das quatro linhas, quanto dentro.

As razões de tamanho declínio acho que já debati exaustivamente por aqui. Mas vale repetir que os exemplos do comando, a entrega do futebol a empresários, a desvirtuação de nosso foco técnico objetivo, que é a nossa natureza. O abandono de nossas raízes em busca de caminhos estranhos e alheios ao estilo e a essência do jogador brasileiro, são alguns deles. Talvez os principais. O mais grave de tudo isso é que em curto prazo não há remédio que surta efeito. 

Vitórias iludiriam mais ainda o torcedor. Mesmo que acontecesse dentro de um quadro de melhoria do desempenho dos jogadores em campo. Não adiantaria porque razões maiores, provavelmente dariam prazo a essa reação e ela teria tempo de vida. Possivelmente começasse a esbarrar nas primeiras dificuldades, as feridas abertas por anos e anos de agressões pelos que nada tem a ver com futebol seriam expostas novamente. E nossa solidez de país 5 vezes campeão do mundo, construída jogando o verdadeiro futebol brasileiro, retornaria a estaca zero.

Quanto à possibilidade de classificação: tudo pode acontecer. A única coisa que consigo crer é que não há mais espaço para piorar.

Uma boa semana a todos. 

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