Com amor, competência e principalmente experiência no
meio esportivo. O vencedor das eleições de hoje, Pedro Abad, só me permite
dizer que não parece ter estes predicados. Sei que é auditor fiscal e formado
em Engenharia da Computação, o que não é bom presságio e mostra caminhos
anteriores se repetindo. Entretanto, ainda não começou seu trabalho e não tem
antecedentes no futebol para que possa julgá-lo.
Eleições de clube são complicadíssimas mesmo, mas o
hábito de se servir do clube, usar o clube e ser usado por empresários para
chegar ao poder como representante deles dentro do clube, que é o fato comum de
hoje, tem que acabar. Sua vitória já parecia prevista. Ele era o candidato da
situação, do atual mandatário, Peter Siemsen.
O derrotado da oposição, sinceramente, não sei lhe dizer
quem é, e tenho minhas dúvidas que alguém saiba. Sei os nomes, mas houve
acordos e conchavos pra todo lado. A eleição no Fluminense é assim. Além de
política, tem requisitos de estratégia que mais parece que vai se eleger o comandante
da CIA. Já estive envolvido neste processo do clube por duas ocasiões e tive alguma
experiência.
Preocupa-me a vitória da situação, pois é um prenúncio da
continuidade do que não deu certo. Os números do atual provam o que estou
falando. Muito aquém do que se espera de um clube tantas vezes campeão. Não vi
progressos em seu trabalho. Vi erros gravíssimos, de mentalidade, comando e
ética esportiva, tanto nos aspectos da direção do time profissional, como de Xerém,
decantado na mídia como sucesso absoluto. Foi mesmo? Que jogador o Fluminense
deu ao clube nestes últimos seis anos, de razoável sucesso, seja a nível nacional
ou internacional?
É evidente que o trabalho não poderia ter dado certo. Dirigir
clube de futebol é bem mais do que modernizar instalações com ideias novas. Gostando
ou não, é o futebol e é a massa oriunda dele que posicionam e elevam um clube
de futebol. E esta administração foi pautada por tudo que é contrário ao básico
neste esporte. O Fluminense foi alugado, não comandado. E tudo leva a crer que
assim continuará.
Grupos de sócios aliados a outros grupos daqui ou dali se
intrometiam nos destinos do clube, ditavam contratações e métodos de trabalho. Algumas
vezes até atingindo a própria torcida, como se passassem um manual ao torcedor
de como ser e se comportar como um verdadeiro torcedor do Fluminense Futebol Clube.
Tão criticada pela atual gestão, a anterior, de Roberto Horcades, acabou dando
muitos mais frutos e vitórias, trazendo momentos inesquecíveis de alegria ao
torcedor tricolor.
Mas, a atual gestão e talvez a que virá insiste no termo
mágico: MODERNIDADE. Esta modernidade, amigos, em futebol, se reflete dentro
das quatro linhas, no trabalho de outros setores do clube. E não no futebol. Jamais!
Para eles futebol é uma ciência exata e o ex-jogador de futebol, boleiro específico
ou similar, analfabeto nato e ultrapassado. Desinformado e obsoleto. E este não
foi o comportamento adotado pelas duas últimas seleções campeãs do mundo, pra
encerrar essa questão.
Já que gostam tanto de ciência em futebol, poderiam se
dar ao trabalho de comparar gestões de presidentes mais populares, como, só pra
citar: Manoel Schwartz, Roberto Horcades, Francisco Horta e até, em alguns
aspectos, David Fischel.
Essa gente vai continuar se recusando a acreditar que
futebol não se aprende em livros. Misturam o trabalho prático com o teórico. E não
lhes convém mudar. Por que? Porque na realidade não entendem nada de futebol,
de torcida e do próprio Fluminense. Preferem ficar na moita, escondidos em suas
castas, dentro do mundo que se interliga, se constrói e se protege para não
deixar o poder, evitando desta forma qualquer tipo de ameaça ou acesso de quem
realmente conhece e entende de futebol. Afinal, estamos falando de Fluminense
Futebol Clube, que eu prefiro escrito em português.
Boa sorte a toda torcida do Fluminense!