domingo, 6 de novembro de 2016

COMO SE FAZ UM CRAQUE


Não se faz. Ninguém inventa, produz ou faz um jogador se tornar excepcional, virar um craque. Já ouvi muitos dizerem o contrário, que “determinado craque não jogaria tanto futebol se não fosse este ou aquele professor ou profissional”.

O futebol é um dom! Um dom como os que nascem com os grandes músicos, os grandes artistas, poetas etc. Como diz o ditado: “quem é bom já nasce feito”. Talento vem de berço. O que muitos não entendem é que a evolução de vários que viram jogar apenas um futebol razoável se transformarem até em bons jogadores se deve ao aprimoramento e evolução natural de muitos.

Isso sim é o máximo que um bom treinador, um grande olheiro, um verdadeiro profissional do futebol, pode conseguir de um jogador. Corrigir seus defeitos, aprimorar suas virtudes, incentivá-lo a assistir muitos e muitos jogos, ajudar a fixar os pilares de sua conduta profissional, do domínio de seus nervos, seu psiquismo, sua saúde, relação com os demais... Isso sim, tudo isso é possível, além de abrir um ganho em experiência que torne o jogador consciente de sua responsabilidade, das raízes e da cultura do futebol onde atua. Em suma, do seu caráter, que vem de sua educação e dos exemplos com que convive.

Enganam-se profundamente aqueles que pensam que podem fabricar craques em laboratórios. Criam essa versão como verdade absoluta, imutável, pelo fato da evolução de muitos jogadores que chamam de “atletas” avançar bastante. Mas, avançam mesmo. Por trás da formação de um jogador e de seu desenvolvimento existem médicos, fisiologistas, preparadores físicos, psicólogos. Uma gama de profissionais, que quando não excessivamente teóricos, com competência, aplicam seu trabalho e acompanham o desenvolvimento e a carreira do jogador que gostam de chamar de atleta.

No passado não existia essa quantidade de etapas. Tudo ficava por conta de um médico, de um preparador físico e de um treinador. E logicamente do próprio jogador. Hoje, além de tudo isso, ainda existem montanhas de dinheiro em jogo. Naturalmente, quando são bem sucedidos. No passado já existia o procurador, a figura do empresário atual. Eles faziam seu trabalho trazendo jogadores de fora da cidade, estado ou país, para reforçar determinado elenco de um clube. Mas havia critérios. O jogador pertencia ao clube. Seu contrato era com ele.

“Ah! Existiam comissões, porcentagens”. Sim, elas ainda existem. E como! Em vários setores da vida existem e normalmente ninguém as assume por razões óbvias. Só que hoje os jogadores de maior ou menor destaque de um clube não pertencem ao clube que você, torcedor, tira seu dinheiro do bolso para acompanhar, sem sua pressão arterial subir e seu coração parecer pular do peito quando ele entra em campo, quando ele joga.

Impossível que a maioria destes jogadores sinta amor pelo que faz. Sinta amor de verdade pelos clubes pelos quais passam constantemente. Eles são empregados dos empresários e não dos clubes. A realidade é essa e é assim que a banda toca há muito tempo no futebol. Não tenho nada contra empresários. Já disse várias vezes. Já dei aquele exemplo de que até um cabelereiro nos EUA tem empresário. O problema está no método de trabalho e relacionamento deste com os dirigentes do clube que recebem e usam a instituição para desenvolver, criar e ser a casa destas estrelas do futebol.
Quem sabe com o tempo não haverá uma relação mais transparente com o torcedor tendo direito de saber quanto custou o seu jogador, se o clube pode ou não mantê-lo, se vale à pena derramar lágrimas de tristeza ou gritos de felicidade por ele.

BRASILEIRO 2016

Uma nota rápida sobre o nosso Campeonato Brasileiro, com o Palmeiras a um passo de levantar a taça que já não via em seu domínio desde os anos de ouro da década de 90 e dos tempos da famosa academia de Ademir da Guia. Lentamente o Flamengo vai perdendo o Palmeiras de vista, como previa quando comentei aqui que a arrancada rubro negra se deu muito cedo e que era difícil manter o pavio aceso. Isso vale para outros clubes, como o Botafogo, que foi mais uma surpresa, talvez a maior entre os possíveis classificados para a Libertadores, o Santos e o Atlético MG jogando um futebol de boa qualidade, tendo este último praticamente abdicado já do Brasileiro para a disputa final da inexplicável e inconveniente Copa do Brasil.

Vale ressaltar a queda de rendimento e de força do Corinthians, parte pela perda de seu treinador, Tite, já ambientado ao sistema do timão, parte por uma exaustão natural de sua força de jogo. E também o Fluminense, que jogando praticamente sem ataque desde que Fred deixou as Laranjeiras, vem se utilizando de um contra-ataque, num sistema de jogo e um esquema tático, em que não condeno Levir Culpi, pois era a opção de que podia se valer, com um elenco de apenas 2 ou 3 jogadores de boa qualidade, optando por um contra-ataque otimizado pelos garotos do clube. Só que essa estratégia tem limites. E além do cansaço, mesmo de jogadores novos, desacertos de convivência e tal, ainda existe um degrau difícil de transpor que é o da esfera política, trazendo as eleições do clube e a mudança de presidente para dentro das 4 linhas, gerando incerteza na cabeça do jogador, que não sabe se vai ficar, se vai sair, e criando um ambiente de instabilidade para o sucesso de uma campanha.

É isso aí pessoal. Uma boa semana a todos!

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