Começo a crônica pela venda relâmpago da jovem promessa
rubro-negra, Vinicius Junior. Confesso que me pegaram de surpresa. Até alguns
dias atrás não havia observado o talento desse garoto de apenas 16 anos e
alguma notícia sobre a ideia do Flamengo de negociá-lo. Já me pronunciei sobre
essas transações. Por mais rentáveis e vantajosas financeiramente que sejam,
tenho minhas dúvidas que resolvam o problema crônico da falta de administração
transparente, da renovação e da qualidade do futebol brasileiro. O tempo dirá.
Do pouco que vi, em termos técnicos, e físicos também, tive
uma ótima impressão. E também me parece que o menino tem a cabeça no lugar. De qualquer
forma, mesmo parecendo contra a lei e liberdade de patrimônio, defendo que uma
promessa só saia de um país após estourar sua idade como amador. Ou seja, após
20 anos. O que, mesmo assim, é muito cedo. Mas, diante das regras de mercado
internacionais e nacionais, esse objetivo, que a meu ver seria bom para o
jogador e para o nosso futebol, em qualquer aspecto, hoje não passa de uma
fantasia. Então, pelo menos que o deixem amadurecer e sentir o gosto do futebol
brasileiro. Do contrário, não reclamem que haverá total dispersão de sua parte
ou falta de identidade numa provável convocação futura para a seleção de seu
país. Quanto ao comprador, Real Madrid, deve ter lá seu plano B caso a promessa
não vingue e seja uma decepção, o que é uma possibilidade.
Uma pena! Pois bastou das os primeiros passos e a criança
já vai embora andar longe de seus gramados e do estilo de futebol do seu país.
Por falar em gramados tivemos o uso de um sintético hoje como palco de Atlético
Paranaense 1 X Flamengo. Mais uma ideia infeliz. Mais uma cartada vira-lata de
quem quer copiar o modelo dos outros. E pior, do “soccer” do futebol americano,
sem nenhuma tradição maior nesse esporte. Pra quem não conhece, o jogo em
gramado artificial, devido a sua composição, como o nome já diz, é bem
diferente. O jogador trava, a bola trava. O passe curto e até o longo perdem
força devido ao atrito que o piso provoca. O quique e o som da bola são
diferentes e menos intensos do que num gramado comum. Isso sem falar em lesões
mais frequentes e na adaptação necessária, uma vez que o predomínio se dá em
campos de grama natural. Pra citar como exemplo, procure reparar, se puder, o
gol de empate do Atlético na cabeçada de Thiago Heleno. Com a força do cabeceio
ela teria chegado ao goleiro Muralha, após ter batido no chão, mais alta e mais
forte. Chegou mais baixa e goleiro é que, falhando na interceptação, a espalmou
para o alto.
Resumindo: inventar, no futebol, como diriam os antigos,
ainda não é a melhor ideia.
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