segunda-feira, 22 de maio de 2017

OS LIMITES FÍSICOS DO JOGADOR DE FUTEBOL


Meus caros, creio ser importante abordar este assunto, principalmente no momento em que vários acontecimentos, como resultados de partida, alguns mesmo atípicos, levantam esta questão.

O futebol força não é novidade. A Copa do Mundo de 1966 jogada na Inglaterra está aí para comprovar. Foi inclusive batizada de “A Copa do Futebol força”. A de 1974, na Alemanha, um pouco mais light, mas também com alguma predominância física. O fato é que devido à ausência de qualidade no mundo inteiro, não só no Brasil, e a evolução dos métodos de preparação física a cada dia, nos deparamos com situações oriundas exclusivamente desta ciência que está deixando de ser complemento para virar solução.

É claro que é um complemento fundamental. Sem necessidade de comparar épocas, até porquê recordes olímpicos e uma variedade de modalidades esportivas já colocaram em questão essa comparação equivocada. Na Europa, por exemplo, os clubes de ponta têm ciência de suas limitações técnicas. O número de craques da bola reduziu-se drasticamente. E embora a maioria dos clubes não cometa o erro de excesso de intensidade do futebol brasileiro (pois priorizam o toque de bola e a velocidade racional), a força física ganhou mais espaço ainda.

Não diria que os preparadores físicos e especialistas na área do exterior são melhores do que os nossos, mas com certeza estão adotando padrões bem mais racionais e sem escravização comercial. Isso permite a integridade física e o preparo adequado, mesmo havendo um certo exagero às vezes.

Aqui no Brasil, tomando algumas rodadas do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil etc, excluindo o perverso e absurdo calendário que já explanei aqui contra várias vezes, quase todos os preparadores físicos estão pegando pesado. Estão indo além da conta. Atendendo exigências iguais às que mencionei acima. Ou seja, não temos qualidade? Vamos na força. Resultado: estamos na metade do ano e está comum assistir cenas de lesões musculares por fadiga e outros acidentes ocasionados pelo excesso da dosificação.

Ontem, por exemplo, percebi isso em vários momentos. O meia do Sport ainda no primeiro tempo no jogo contra o Cruzeiro, que não me recordo o nome agora, pediu substituição com dores na parte posterior da coxa direita. No jogo do Fluminense, que alcançou um belo resultado calcado na força e num esforço muito grande, a séria lesão de Sornoza ficou evidente pela falta de coordenação que ele teve no lance que não fora devido ao gramado e sim à exaustão.

Vi outras lesões que vocês devem ter visto também por fadiga e exaustão. Os jogadores têm deixado o campo no limite. Maicosuel, do Atlético MG, mais parece um robô com a provável carga física que lhe foi aplicada. Fica evidente, basta olhar para o jogador há 5 anos e olhar hoje. Isso cobra uma conta. Estamos no meio do ano e a fadiga chegou, gente. A exaustão está aí. Quanto mais se excede um limite do corpo, mais trabalho de força empregue. Que pede um aumento da repetição, que quer mais intensidade, que precisa mais de resistência e aí... a corda arrebenta.

Atleta é ser humano. É jogador de futebol. O condicionamento físico é necessário para que ele desenvolva seus fundamentos e seu jogo, não para que ele seja atirado a uma batalha campal seguida da outra, com a carnificina dos calendários e a sequência dos jogos que se encarregarão de desgastá-lo. As consequências, no caso dos jovens, começam a médio e longo prazo. E a dos mais velhos é imediata.

Vamos ter bom senso e basear nosso esforço na procura de soluções técnicas, procurando variar o desgaste, não esquecendo que o jogo tem 90 minutos e que a temporada se estende até o início de dezembro. Estamos preparando jogadores de futebol para jogar partidas de futebol, não para outras modalidades bem mais pesadas. Bom senso! 

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